Fanfic: Believe - when my dream come true...

Não era normal que eu tremesse desse jeito, e como tocar se eu estava tremendo? – Ainda não gosto do que ele causa em mim, esse efeito de raios e estrelas dentro do meu corpo é estranho, e incomoda... e ele não para de me fazer sentir assim, alias, acho que ele nem mesmo sabe que me deixa assim, e se soubesse não pararia, mas se tentasse parar, não conseguiria, porque o fato dele simplesmente existir já me deixa assim.

Passei a alça do violão pelos ombros, e fiquei ali olhando pra baixo...

- Luan... – Rober disse e ficou quieto, olhando para ele. E eu também levantei a cabeça pra olhar, e ele estava fazendo um sinal de negativo, balançando a cabeça, e seja la o que isso significava, eu acho que foi isso que me fez ficar um tempo a mais la dentro, um tempo que foi crucial pra que a minha vida mudasse não da água pro vinho, mas do preto & branco, pra um grande arco íris.

Ele voltou a olhar pra mim, como se estivesse esperando, e a essa altura do campeonato eu não ia conseguir enrolar mais, então fiz o que era preciso, estiquei a mão pelo braço do violão, fiz a primeira nota, e comecei a tocar.
Evitei o tempo todo olhar para ele, se olhasse ficaria com tanta vergonha que provavelmente esqueceria até como era a letra da musica, e enquanto eu pensava nisso, resolvi cortar a primeira parte da musica, e ir quase direto pro refrão, mudei para a nota Sol, que é o tom da musica, e cantei:

‘Hoje eu aqui vim declarar esse amor que cresce em mim, mas você parece não estar afim...’ 

E antes de entrar no refrão lembrei que sempre discordei da cifra dessa musica, a ultima nota do refrão de acordo 

com o Luan, quando a compôs é Dó, mas eu sempre prefiri colocar a nota Sol, e estava acostumada a fazer isso quando

 tocava essa musica sozinha, em casa, mas agora eu não poderia trocar, tinha que tocar do jeito que ele compôs a musica,

afinal, se ele compôs assim, era assim e pronto. E mantive meu pensamento na letra, e ao mesmo tempo, e mais fixamente 

em não trocar o Dó, por Sol.

‘Eu sei que esse amor pode ser impossível, mas sei que você pode ficar comigo... Então eu te esperarei aqui’ 

– Que letra linda, ele compõe muito bem, e não trocar por Sol, não trocar por Sol... ‘Eu sei que esse amor pode ser impossível

 mas sei que você pode ficar comigo... Então eu te esperarei’- Não trocar por Sol... Dó, La e ...’ te esperarei aqui’ Sol. 

Reinou um silencio constrangedor naquele camarim, e eu me senti assasinando todo o trabalho que ele teve quando escreveu 

aquela musica, e porque... depois de tanto pensar em NÃO TROCAR POR SOL, ainda sim, eu toquei a nota Sol? No momento em que

 eu pensei em sair correndo dali...

- Como eu não percebi antes? – e eu sentia o olhar pesado dele olhando para os meus dedos no braço do violão, ainda naquela maldita 

nota errada. – É claro que é Sol em vez de Dó, ta obvio pra mim agora.

O que? Ele não só tinha percebido que eu tinha errado, mas também tinha concordado comigo que aquela nota sempre esteve errada, e agora, 

estava certa? Não era possível, alias, era inimaginável que um dia eu, que aprendi a tocar sozinha, concertaria um erro dele, que é o ídolo 

adolescente, o tal Fenômeno Meteórico.

- Ta brincando, eu errei. – Eu disse, ainda me cobrando por ter me concentrado em não errar e como sempre, errado. Ele provavelmente só queria me

 confortar, deve ter sentido minha vergonha e por isso disse que concordava.

- Não, eu sempre achei que estava errada, mas não consegui encaixar outra ota, que coubesse na musica. Você achou... o Sol.

Fiquei ali, parada, só olhando pra ele tentando encontrar um fundo de inverdade no que ele estava me dizendo, mas como sempre aqueles olhos eram

 tão verdadeiros, que era impossível que ele estivesse tentando em enganar, ou me consolar... Ele realmente concordava comigo, e ele ainda continuou:

- Você tem uma voz linda, já pensou em cantar profissionalmente?- Sim, pensei.

- Não! – Eu disse.

- Pois deveria pensar. Você tem voz de artista, toca bem a ponto de me corrigir, é carismática e bonita – gelei – não tem como não dar certo!

Ou eu estou ouvindo muito mal, ou ele realmente disse que eu sou bonita. Mas o que mais me chama a atenção é ele me dizer que eu daria certo, cantando. 

Claro que eu já pensei nisso, mas é sonho, nunca contei pra ninguém, e ninguém nunca percebeu e ele ali, em poucos minutos conseguiu desvendar um sonho 

que eu tranquei dentro de mim por anos, e o mais inacreditável de tudo, ele estava sonhando comigo!

- Acho que não, não tem muito espaço para meninas na musica sertaneja. – Era verdade, poucas tiveram musicas que tocaram na radio, Marica Cecília, ou Paula Fernandez... 

Estar entre elas seria inacreditável.

- O que não quer dizer que você não possa dar certo. Também não tinha espaço para jovens na musica sertaneja, e eu to aqui hoje. – Claro que ele me convenceu,

 como sempre.

- Mas pode não dar certo, e eu vou quebrar a cara. E é tão difícil começar, alguém acreditar em você... – e antes que eu terminasse de falar ele me interrompeu dizendo:

- Eu acredito em você. 

E eu não precisava mais de nenhum motivo para sair daquele camarim e gritar pro mundo que eu tinha vontade de cantar pra multidões, que dentro do meu coração eu sempre

 acreditei que isso um dia fosse acontecer, mas que nunca falei nada não só por medo de não dar certo, mas porque nunca tive apoio dos meus pais, meus amigos sempre me disseram

 que eu daria certo, mas meus pais nunca acreditaram, e desde que eu era pequena, eles me encaminham para a profissão dos dois, e agora eu estava ali, de frente com o meu ídolo, 

aquele o qual eu sempre admirei, mas no fundo não me conhecia, e mesmo assim entendeu o que eu tinha dentro de mim, e mais nada nesse mundo poderia me impedir agora de ir atrás 

desse sonho, se ele acreditava, então eu agora, também acreditava. E mesmo que meus pais fossem contra, era o que eu queria, e o que eu faria. E eu respondi:

- Obrigado, Luan, por me dar forças... acho que agora eu tenho forças pra sonhar.

E ele respondeu:

- Eu que agradeço, alias acho que finalmente encontrei o meu Sol.