Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*

Capítulo 48: Apartamento 32

Quando entrei no carro, Anahí apenas o ligou e começou a andar.

- Obrigada por...

- Para onde vamos? – interrompeu ela, com um tom meio áspero.

Acho que ela estava sob o efeito da bebida, ou talvez já tivesse uma ideia do que estava acontecendo.

- Setor 14°, Rua 02.

Ela virou na próxima esquina e prossegui-o com o trajeto.

- Quando descobriu? – perguntou ela de repente.

- Como assim?

- Que era um endereço.

- Você... você sabia?

Ela demorou alguns segundos para responder.

- Não... mas presumi vendo o envelope em sua mão.

Fiquei a observando.

- Durante a festa. Não tinha nada para fazer e decidi folhear uma lista telefônica. Foi quando percebi que um dos papeis do envelope era um endereço.

- Hum... por isso saiu mais cedo? – perguntou me observando com o canto dos olhos rapidamente.

Fiz uma pausa antes de responder. Lembrei-me da cena que presenciei com Christopher...

-Não. Christopher apareceu e... bem... ele bebeu mais do que devia...

- Ele foi à festa?- exaltando surpresa.

- Não viu ele?

- Claro que não vi. E não acredito que ele bebeu! Alguma coisa deve ter acontecido...

Preferi não comentar.

Continuamos uma boa parte do percurso sem falar. De vez enquanto, eu pegava Anahí me olhando de relance, como se estivesse tentado entender o que eu estava pensando. Naquele momento, eu estava decidida a contar tudo para ela, não esconder nada, nem mesmo o meu objetivo.

Antes que eu fala-se algo, o carro parou. Olhei pela janela e avistei um enorme condomínio. Não era dos mais sofisticados, mas um apartamento ali deveria custar mais do que eu pensava.

Levei a mão à maçaneta.

- Espera... – disse Anahí antes que eu abri-se a porta. - Preciso ter algumas questões esclarecidas antes de eu continuar com isso.

Retirei a mão da maçaneta e respirei fundo. Eu sábia que algo assim viria. Respirei fundo e deixei ela começar.

- Ele sabe? – seus olhos expressando preocupação.

- Não. Está dormindo. Bebeu tanto que apagou...

Ela soltou um suspiro desanimador.

- Beber realmente não é para ele... – ela olhou seria para mim. - Agora, quero saber por que esta fazendo isso, por que está jogando sua vida fora?

- Que vida? – perguntei indignada com aquelas palavras. – Eu não tenho vida! Você sabe disso! Tudo que tenho desapareceu, minhas lembranças, minha memória, minha vida sumiu!

- Mas você pode ter uma...

- Eu não quero ter uma vida nova! – a interrompi bruscamente. - Quero de volta o que perdi. Quero saber por que minha família se esqueceu de mim, por que nem mesmo meu suposto marido veio me visitar... – então, percebi que falei de mais.

Anahí me olhou assustada.

- Vo... você disse marido?

- Eu ia te contar depois...

- Depois quando? Meu deus Dulce! Como escondeu isso de mim? E agora isso, você casada! Achei que confiasse...

- Você não apoia a minha decisão. Por que contar a você? – retruquei.

Ela me encarou. Não sabia o que dizer.

- Droga... droga... – resmungou abrindo a porta. - Não acredito que vai continuar... Não posso aceitar você correr perigo dessa maneira... E tenha certeza que Christopher vai reagir bem pior a isso.

 Sei disso... E não precisei falar para ela que também estou ciente de que tenho, pelo menos, alguma ideia de todo o impacto que aquela minha decisão e a minha atitude fará. Sai do carro logo depois dela. O vento gelado da noite me cumprimentou e percebi que não era uma boa hora para visitar um apartamento.

- Mesmo que eu não aceite, vou ficar ao seu lado. Mesmo que não transpareça, você pode confiar em mim. – falou Anahí.

- Entendi...

– Não, não entendeu! Agora vamos ver esse apartamento...

Entramos na recepção. O porteiro estranhou uma visita naquela hora, mas não ao ponto de impedir que prosseguíssemos. Havia um elevador no final da sala. Enquanto subíamos, acabei perguntando algo que só havia notado naquele momento:

- Como sabe se é esse o prédio certo?

- Conheço essa rua, e só a um condomínio nela.

O elevador parou. Era o quinto andar.

- E como sabe qual é o número do apartamento? – perguntou ela.

- Na chave que veio no envelope têm um pequeno número gravado. Só percebi quando recuperei o envelope.

Christopher também deve ter percebido quando investigava a chave. Mais uma informação que ele não me contou...

Seguimos pelo corredor. Todos os inquilinos já deveriam estar dormindo. Não demorou a avistarmos a porta com o mesmo número da chave: apartamento 32. E ao ficar em frente, meu coração acelerou de nervosismo. E no fundo, eu já começava a sentir uma dorzinha em minha cabeça...