Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*

Capítulo 49: Medalha

Lentamente, levei a chave até a fechadura. Percebi então que estava tremendo, talvez de nervosismo, talvez de medo... Eu não sabia o que se tinha no outro lado daquela porta. Poderia encontrar as resposta que tanto procurava, ou talvez descobrir algo que eu me arrependa... podia até mesmo não ter nada e ser uma grande ilusão...

Encaixei a chave a fechadura e a girei. Um estalo pôde ser escutado, indicando que a porta estava aberta. Meu coração acelerou ainda mais. Minha respiração estava na mesma velocidade. Eu precisava me controlar, aquele era momento que tanto esperei e fraquejar seria imperdoável.

Toquei a maçaneta e a movimentei fazendo a porta abrir. A empurrei lentamente, revelado o interior do apartamento. A primeira coisa que percebi foi o cheiro forte de mofo vindo imediatamente à entrada.

Minhas pernas tremiam... mas com esforço entrei. Anahí veio logo atrás. Eu sentia que ela me olhava pelas costas, observando se eu não teria um de meus ataques. Isso também me preocupava, mas tentei disfarçar.

- Bem... agora sabemos que você era um desleixada... – comentou ela, tentando fazer uma de suas piadinhas.

O motivo para ela dizer isso era que a sala que entramos estava com varias caixas espalhadas e moveis fora do lugar (todos feitos de madeira). Não havia nenhum eletrodoméstico, nada que fosse de grande valor. A poeira cobria o chão completamente. A única janela que se tinha na sala estava coberta por um tipo de lençol.

- Parece que eu ainda estava de mudança – conclui enquanto adentrava cada vez mais.

A sala não era grande, bem menor que a sala de visitas da casa de Christopher. Além da janela se tinha uma porta de branca no canto esquerdo da parede ao lado.

- O que vai fazer primeiro? – perguntou Anahí enquanto passava o dedo em uma das caixas averiguando a quantidade de poeira.

- Vou ver o que têm dentro delas... Talvez tenha alguma pista.

- O.k. Vou ver o que têm na outra porta.

Confirmei com a cabeça. Ela me olhou por um instante, demostrando novamente aquele olhar preocupado. Tentei mostrar um sorriso confiante, mas não consegui. Estava muito nervosa, eu ansiava por respostas. Anahí moveu-se para a porta e antes de entrar, disse:

- Qualquer coisa é só gritar.

- Certo...

Foquei-me nas caixas ao meu redor. Escolhi uma e retirando a fitas adesivas a tampa, consegui abrir. Na primeira havia roupas, todas minhas. Instantaneamente, me lembre de aonde havia as comprado. A maioria era de lojinhas de minha antiga cidade ou presentes de pessoas que eu não conseguia lembrar.

Deixei a primeira de lado e abri à segunda. Novamente roupas que me pertenciam. Pelo que pude comprovar pela quantidade que havia naquelas caixas, eu pretendia ficar um bom tempo naquele apartamento.

Na terceira caixa já havia objetos de cozinha. Alguns pratos, talheres e copos. Não consegui lembrar aonde os havia comprado, mas isso não me importava. Eu já estava ficando preocupada, pois nenhuma delas estava me revelando algo que era importante.

A quarta caixa havia materiais de pintura. Uma quantidade imensa de pinceis de vários tamanhos, tintas em frascos e algumas flanelas manchadas. O que me chamou a atenção foi uma pequena caixinha de madeira em formato de um mini baú. Ao abri-lo, encontrei uma medalha dourada amarrada a uma fita vermelha. Nessa medalha havia algo escrito em seu centro: “XI Festival Cultural Elizabeth Reis”.

Subitamente após eu ler, tive um de meus flashes:

Varias pessoas estavam ao meu redor, conversado de maneira desordenada como em uma multidão. Musica podia ser escutada de varias direções. Olhando ao redor, pude ver pais levarem seus filhos em pequenas barracas que vendiam comida. Jovens andando em grupo enquanto riam e conversavam. Homens que tentavam mostrar suas habilidades em jogos para as mulheres que passavam ou suas esposas. Varias obras de arte (todas pinturas) expostas como se estivessem sendo julgadas.

A minha frente se tinha um palco onde boa parte das pessoas mais próximas olhavam em sua direção. Acima do palco se tinha uma faixa onde pude ler: “XI Concurso Artístico Elizabeth Reis”.

Logo após eu conseguir ler, pude ver um homem surgir ao centro do palco com um microfone em mãos. Não sei como, mas eu sabia que ele era o prefeito daquela cidade.

- Você parece nervosa... – comentou alguém em meu ouvido, me fazendo ficar toda arrepiada.

Olhei para traz e dei de cara com ele, meu marido, Gabriel. Ele estava com o mesmo rosto que eu me lembrava do outro flash. Envolveu-me com seus braços em minha cintura e aproximou seu rosto ao meu.

- O que foi? – ele perguntou, sussurrando.

- Não sei... acho que...

- Espera ai! – disse ele se afastando e levantando uma sobrancelha com cinismo ao rosto – Dulce Maria não está confiante? Acho que estou tendo uma alucinação... – comentou levando a mão à testa, mas com um sorriso a boca.

- Você viu os concorrentes desse ano? – perguntei preocupada. – Não é estranho eu ficar...

- Pode parar! Você sempre me disse que sua arte era para ser apreciada. É o que ela está sendo feita aqui, apreciada.

- Eu quero reconhecimento, Gabriel...

- Sim, sim... é por isso que você vai ganhar esse concurso. Mas não esqueça que o mais importante é que está mostrando a sua arte.

Olhei para o chão meio relutante a aquelas palavras... Ele soltou um sorrisinho e se aproximou de mim me agarrando pela cintura novamente. Nossos rostos se aproximaram lentamente quando ouvi o prefeito anunciar.

- Agora descobriremos o vencedor do XI Concurso Artístico Elizabeth Reis...

Virei meu rosto para o lado, averiguando o pronunciamento. Gabriel apenas respirou fundo, se conformando.

- E o vencedor é Dulce Maria Savinon.

Aliviada e feliz com a vitória, segui em direção ao palco. Todos ao meu redor aplaudiram quando o prefeito colocou em meu pescoço a medalha dourada. Pude ver Gabriel acenar ao longe com um sorriso ao rosto e logo depois se retirar. Parecia que iria buscar alguém para me ver receber o prêmio. O prefeito estendeu algo a mais para mim. Era um cheque com uma quantia considerável de dinheiro que fazia parte do prêmio. Ao toca-lo, minha visão desapareceu.

Quando dei por mim, já estava de volta ao apartamento, segurando em minhas mãos a medalha que ganhará no passado. Senti no mesmo instante, uma forte dor de cabeça, me fazendo ter que apoiar meu peso às caixas ao lado. Não houve sangramento dessa vez, mas demorou um pouco para que eu recuperasse-me. Junto com a lembrança veio outras informações. Finalmente as coisas estavam começando a fazer sentido, mesmo que as respostas que eu desejava ainda não tivessem claras...