Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*

Capítulo 51: Suplica

Um irritante e familiar bip ressoava perto ao meu ouvido. Lentamente, consegui mover cada parte de meu corpo, apenas para checar se eu ainda estava inteira. Meus olhos fechados se abriram devagar, revelando o mundo a minha volta. Uma mesma cortina branca, um mesmo sofá de gosto duvidoso.

Era como estar em uma de minhas lembranças, mas não do passado e sim de minha vida após ele. Era como ter resetado e voltado ao ponto de partida onde tudo era somente branco, somente o desconhecido e assombroso. Mas nada havia desaparecido dessa vez... O sangue saltando de minha boca... a dor insuportável... os rostos de meus pais... a casa... a medalha... Anahí... Gabriel... Christopher... Eu não havia esquecido.

Novamente, e com certeza, infelizmente, eu havia retornado para o hospital. Para o ponto de partida do que seria tudo por que passei até ali.

Tentei me mover, mas a dor percorreu todo meu corpo me fazendo soltar alguns gemidos. O bip acelerou, mas logo voltou à velocidade normal. Havia um pequeno tubo de plástico a meu nariz que começava a me irritar, então o tirei.

Respirei fundo e vendo que sair dali seria totalmente impossível em meu estado atual tive que me contentar em observar a única luz que emanava daquela cortina branca. Retirei uma mecha de cabelo que estava ao meu rosto e tentei pensar no que faria a partir dali.

Mas antes mesmo de começar a arquitetar meus próximos passos, alguém bateu a porta. Não falei nada, até porque me surpreendi com a falta de força até para falar umas poucas palavras.

Um jaleco branco, um estranho e esquecível nome do objeto que carregava no pescoço e seu rosto familiar. Era essa a descrição de Amanda, uma medica que eu e Christopher havíamos consultado tempos atrás onde buscar respostas era algo que fazíamos juntos.

Ao me ver acordada, se surpreendeu com minha súbita recuperação e retorno a consciência. Aproximou-se de minha cama e escreveu algo na prancheta que estava fincada a parte frontal. Terminando as anotações, se dirigiu ao meu encontro, seus olhos gelados e profundos. Talvez do desgaste do trabalho ou por eu estar ali em sua frente.

Se me lembro bem, ela nutria de uma pequena( ou não tão pequena assim) paixão pelo anjo. Isso não me importava. Ele era desejável, e isso Anahí já havia me contado. Fiquei supressa por pensar em tal assunto no estado em que me encontrava onde outros fatos eram mais importantes.

- O que eu temia acabou acontecendo... – disse ela sentando-se ao meu lado.

Eu não podia responder, minha voz estava fraca.

- Sei muito bem que eles vão lhe esconder isso, principalmente Christopher. Ele não costuma alimentar falsas esperanças, mas com você parece ser diferente...

Ela falava quase que aos sussurros. Não parecia zangada ou com um ataque de ciúmes, mas sim triste.

- Mas ele é seu médico... se ele prefere assim, que seja. Só quero lhe dizer algumas palavras antes de sair.

A encarei não entendendo o que a fazia ter aquela atitude. Mas o seu rosto, sua voz, havia sinceridade nelas.

- Você não deve me conhecer e eu também só a vi uma vez, ainda sim, quando ele apareceu ao seu lado e depois das atitudes que estava tomado, percebi que algo muito além do dever o guiava. Por isso o aconselhei até aquele médico, porque eu sábia do seu desejo de ajuda-la, mesmo relutante ao saber que ele ainda continuaria a lhe acompanhar. Eu tinha o pressentimento de que algo muito sério estava acontecendo com você, e percebi que ele também iria sofrer com isso. Mas... – ela fraquejou por um momento. – Mas eu não fiz nada. Deixei ele continuar.... e a suposta amiga dele também... – a médica se levantou. – Christopher é um homem frágil escondido sobre aquele ser dedicado e preocupado com seus semelhantes. E a maior fraqueza, a ponte entre a felicidade e a sua dor é você, Dulce. Somente agora percebi a insistência dele em tê-la ao lado. A maldita rede do passado o agarrou. Você não o conhece, não sabe pelo que ele passou, e tenho certeza de que nele não ira contar, mas saiba que tudo que está fazendo não só esta te mantando como a ele também. Por isso... por isso, eu imploro que pare o que está fazendo. Pare antes que todos se machuquem, antes que suas vidas possam ser destruídas.

Eu olhei assustada para ela. O quanto a Dr.Amanda sabia sobre o que estava acontecendo? Não acredito que Anahí havia contado para ela. Tenho certeza que foi ela, Christopher jamais envolveria outra pessoa nessa história.

Ela olhou para mim por mais alguns segundo e depois se virou.

- Não culpe Anahí... – disse como se soube-se o que eu estava pensando. – Ela está desesperada... não sabe o que fazer, então veio até a mim para desabafar. Somente eu e ela sabemos o que realmente está em jogo nessa sua atitude suicida... Por favor, pense no que falei...

Ela saiu pela porta, me deixando novamente sozinha. Eu só pude fazer uma pergunta. O que estava acontecendo ali?