Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*

Capítulo 54: Não posso...

- Co... Como... Como assim? – foi tudo que consegui dizer.

Ela segui-o em direção a porta e antes de fecha-la e disse:

- Tire você uma conclusão...

E logo depois fechou a porta. Ela me deixou ali, com milhares de perguntas formando rapidamente em minha mente. Senti que minha cabeça iria explodir. Eu precisava me controlar, respirar fundo e tentar assimilar tudo aquilo.

Se eu havia pintado aqueles quadros retratando momentos importantes de minha vida, então o homem só poderia ser Gabriel. Sendo assim... quem seria a criança ao lado dele? Não... não poderia ser o que eu estava pensando...

A constatação de que eu poderia ter um filho com Gabriel só me fez ficar mais desesperada. Como nem mesmo meu próprio filho veio me visitar? Eu não conseguia aceitar... Na verdade e precisava era me acalmar, nem mesmo eu sabia se tinha um filho mesmo com ele. Não havia nenhuma memoria até aquele momento que pudesse dar esse indicio, ou havia?

Eu precisava de mais informações, precisava encontrar as respostas para essas perguntas que não paravam de surgir. Comecei a pensar no que fazer em seguida, me preocupando principalmente com o alerta de Anahí.

 As chances de eu morrer só estavam aumentando, agir o mais rápido possível era a única maneira. Mas no estado em que eu me encontrava era bastante complicado.

Mexer meu corpo estava se tornando mais fácil com o tempo, mas as dores ainda continuavam. Até mesmo para falar estava difícil e foi um enorme sacrifício trocar algumas palavras com Anahí. Tão difícil que acabei tossindo um pouco de sangue logo após ela sair...

O resto da tarde passou lenta... e eu não aguentava mais ficar ali parada. Eu estava sendo consumida por dentro. Em um ato meio irresponsável, decidi tentar me levantar e pelo menos andar um pouco pelo quarto.

Coloquei uma grande força em minhas costas, tentando me erguer. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, ouvi a maçaneta da porta se mexer. Voltei a minha posição anterior rapidamente. E quem surgiu me provocou um enorme frio na barriga. Era Christopher...

Ele segurava uma bandeja de comida nas mãos. O rosto bastante melancólico e triste, me fazendo duvidar se aquele era realmente o anjo que eu conhecia. Seus olhos evitavam me olhar, e devagar ele se aproximou da cama.

Por alguma razão, meu coração estava acelerado. Eu... eu não conseguia raciocinar direito... o choque de vê-lo daquele modo, totalmente arrasado, era enorme... Era eu que o estava fazendo sofrer dessa maneira? Meu coração doeu ao pensar nisso... Acho que eu não conseguia imaginar o tamanho do estrago até contempla-lo pessoalmente. Naquele momento, percebi que me importava com Christopher bem mais do que eu imaginava.

Ele era meu anjo protetor, meu porto seguro, a pessoa que havia se oferecido para me ajudar mesmo não me conhecendo. Não acredito que perguntei para Anahí sobre a razão dele se importar tanto comigo, mas eu precisava saber...

- Trouxe sua janta... – disse ele em um sussurro.

- Obrigada... – falei.

Ele colocou a bandeja em meu colo e se virou. Me esforcei um pouco para poder ficar sentada e percebi que ele me olhava ao canto dos olhos, preocupado.

- Ajuda? – perguntou ainda virado.

- Não... obrigada...

- Entendo... – comentou ele. – Você se tornou independente bem rápido...

Mudei minha visão da bandeja de comida para ele.

- O que quer dizer... – ainda era difícil de falar e algumas vezes eu dava umas pausas - ...com isso?

- Eu... eu não vou deixar...

Ele não respondeu a minha pergunta e ainda por cima me fez ficar sem entender a outra afirmação.

- Não estou entendendo você...

- Dulce, se lembra daquela promessa que lhe fiz?

“Prometi para mim mesmo que não iria deixar você recuperar sua memória”, lembrei.

- Sim... me lembro.

- Quem bom... Pois saiba que ainda pretendo cumpri-la. Eu sabia sobre o apartamento a muito tempo, e também sabia sobre os quadros que estavam nele, pois eu havia o visitado alguns dias antes de você. Escondi isso de você, e não me arrependo. Também não me importo se me odiar por não lhe contar.

Percebi que as mãos dele estavam fechadas, como se segura-se algo dentro de si.

- Sei que você tinha uma família... e que esquece-la é impossível. Mas, ainda assim, mesmo sendo difícil, mesmo sendo doloroso para você, eu não posso deixa-la recuperar sua memória. Não posso deixa-la morrer...