Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*

Capítulo 56: Hora de Encontrar

Voltei para casa no outro dia. Claro, que o anjo, mesmo não indo mais me ver, não queria me liberar. Mas eu insisti para todas as enfermeiras que vinha de que eu já estava melhor. Acabou que um médico que eu nunca havia visto em minha vida apareceu para me examinar e me deu alta.

Na saída para o hospital, Anahí estava me esperando. Entrei no carro e logo depois partimos. Ficamos o caminho inteiro sem nos falar. Isso realmente me incomodou, pois eu não gostava daquele clima tenso. Mais era mais do que obvio que aquilo iria acontecer depois de tudo que aconteceu...

Chegando em casa, encontrei o anjo deitado no sofá assistindo tv. Era a primeira vez que eu o via fazendo algo sem ser ficar enfurnado naquele quarto ou cozinhando para nós.

Da onde eu estava dava para notar que ele nem mesmo queria trocar uma palavra comigo. Decidi ir para meu quarto. Deitei em minha cama respirando fundo e agradecendo pela sensação de conforto que ali trazia. Minhas próximas decisões seriam extremas e eu precisava de força para continuar, tanto por causa de Christopher quanto por Anahí.

Eu finalmente sabia de uma maneira de recuperar minhas memorias. De saber o que aconteceu com meus pais, Gabriel e meu filho. Não acreditei quando pensei na palavra “filho”. Fiquei imaginando como ele poderia ser... Se tinha meus olhos ou os de Gabriel...

Me lembrei da lembrança que tive com Gabriel durante o festival. A pessoa que ele provavelmente iria chamar deveria ser nosso filho... E pensar que eu tinha uma criança só fez mais perguntas aparecerem.

Por que nem mesmo meu filho não veio me ver? Por que eu vim para essa cidade sozinha? E meus pais, eles também haviam se esquecido de mim? Ainda havia aquele quadro com a lapide e a carta que veio no envelope. Sem contar os segredos de Christopher que por mais que eu não deveria, era inevitável não me perguntar sobre eles. Quem era aquela mulher da foto? Por que ele deu aquele vestido que era supostamente dela para mim? Onde ela deveria estar? E eu ainda tinha em minha cabeça as palavras de Anahí que diziam que ele estava me usando...

Eram tantas questões que eu quase enlouqueci ao tentar responde-las. Talvez eu nem encontra-se a resposta para todas, mas eu não iria desistir.

A noite chegou. Segui em direção a cozinha para o jantar. Dessa vez Anahí iria jantar conosco. Me sentei a mesa bem ao lado dela. O anjo colocou os pratos e logo depois as panelas. Começamos a nos servir e logo estávamos comendo. Nada de especial, como sempre, mas continuava com um adorável sabor.

E como era de se prever, o silêncio parecia que iria nos acompanhar. Foi então, que inesperadamente, o anjo disse:

- Peço que não entre mais em meu quarto...

Respirei fundo.

- Peço desculpa e garanto que não farei mais... mas, quero que não me esconda mais nada do que descobrir sobre mim.

Ele me encarou.

- Isso não posso garantir. Tenho uma promessa a cumprir...

Novamente respirei fundo.

- Mentir está incluso?

Ele apenas voltou a sua refeição. Anahí levou a mão à cabeça, contemplando a tensa situação presente ali.

- A chave do se apartamento está em sua escrivaninha – avisou o anjo.

- Não vai me proibir de ir lá? – insinuei.

Anahí deu uma cotovelada perto a minha barriga pedindo para que eu para-se.

Novamente, ele não disse nada. Tenho que falar que eu odiava aquela situação. Trocar aquelas palavras com o anjo me faziam ter vontade de chorar, de lhe pedir desculpas mesmo sem ter de fazer isso, de tentar colocar na cabeça dele que a minha decisão já estava tomada. Mas isso tudo seria perda de tempo ali.

Eu deveria ter aberto o jogo desde o inicio. Desde o dia que eu havia decidido recuperar minha memória... agora era tarde.

O jantar terminou sem mais nenhuma palavra dita. Escovei os dentes e dirigi ao meu quarto. Realmente a chave do apartamento estava ali. E olhando para ela, percebi que eu não poderia perder mais tempo, que esperar a poeira abaixar seria um erro. Isso porque eu sentia que o anjo poderia acabar sim, me fazendo mudar de ideia...

Abri a mesinha da escrivaninha e contei o dinheiro que eu havia ganhado alguns dias atrás. Era o suficiente. Peguei a lista telefônica e liguei para um taxista.

- Sim... amanhã de manhã – eu disse, já no fim da conversa. – Estarei esperando...

Desliguei logo em seguida. Peguei então o envelope e coloquei em minha bolsa junto a chave do apartamento, e algumas roupas. Era a hora de voltar para minha cidade natal... a hora de voltar para casa... a hora de encontrar as respostas...