Fanfic: Lost Memories (Vondy) *Terminada*
Capítulo Final: Somente Lembranças...
Por que ele estava daquela maneira? Eles estavam ali, a razão para eu desejar a morte e abandonar a vida, as duas coisas mais preciosas em minha vida estavam bem a minha frente e eu não conseguia alcança-los.
- Não importa mais? – indagou Gabriel. – Por que não importa mais?
O encarei ainda tentando entender a razão para aquelas perguntas.
- Não estou entendendo... – falei.
- Está na hora de entender... – disse Arthur. – Por que não importa mais? O que não importa mais?
Até mesmo meu filho estava estranho. Eu estava começando a ficar com medo.
- Que erros? – perguntou Gabriel. – Que erros você cometeu para sentir que merece isso?
Foi então que comecei a perceber em que direção ele desejava que a conversa seguisse.
- Gabriel... você está me assustando. Não precisamos falar sobre isso, nós estamos juntos de...
- O que não importa mais? – interrompeu Arthur.
Eu ainda não conseguia entender a insistência de falar sobre algo tão...
- É medo? – falou de repente Gabriel. – Medo de encarar a realidade?
- Que realidade? – falei sem pensar. – A de que vocês estão mortos? Que eu iria passar o resto da minha vida sozinha, lamentando meus erros?
- Que erros? – repetiu novamente.
- Para! – gritei. – Para! Você já sabe a resposta!
- Sei? – ele parecia indiferente mesmo vendo meu estado. - E qual seria?
Fechei meus punhos. Gabriel estava sendo cruel comigo. Que tipo de brincadeira era aquela?
- É medo? – falou Arthur. – Medo de encarar a realidade?
- Não sejam hipócritas! – vociferei nem ao menos percebendo que eu estava falando com uma criança. – Vocês não ficariam desesperados? Que não saberiam o que fazer se suas vidas desmoronassem na sua frente. Que não iriam encontrar uma razão para viver depois que o que lhe mantinha vivo já havia partido.
- E isso não é medo? – falou Gabriel.
- Sim! – gritei com raiva. – É tão ruim assim uma pessoa não saber o que fazer? Vocês não sabem o que eu senti! Não sabem pelo que eu passei!
- E qual foi seu erro?
Aquilo já estava me irritando profundamente.
- Por que... – tentei dizer, já começando a chorar de tanta raiva.
- Qual foi seu erro?
- Ter ganhado aquela maldita medalha! – gritei novamente. – Pensar que eu um dia poderia me tornar uma pintora. Acreditar que fazendo sacrifícios... – lágrimas começaram a aparecer diante de meu rosto, lágrimas de minha autoria – ser uma total louca ao pensar que o trabalho era mais importante que a família...
Comecei a soluçar enquanto chorava desesperada por expor aquilo tudo diante de Gabriel e Arthur...
- Então foi um erro eu acreditar em você? – perguntou Gabriel. – Foi um erro seus pais lhe apoiarem a vida toda a seguir esses sonho?
De repente, enquanto ele falava, lembranças de momentos expressos em suas palavras invadiam minha cabeça. Momentos em que Gabriel me levava em seus passeios com o intuito de me deixar inspirada. Dos dias em que minha mãe ensinava pequenos truques de pintura que havia aprendido. Cenas em que meu pai visitava a exposição de trabalhos na escola... de todos esses pequenas ocasiões...
- Quando você começou a trocar a família pelo trabalho? – perguntou Arthur.
Então me lembrei de meus pais... Dos dois anos que fiquei sem visita-los... eles devia estar com ódio de sua filha... Deviam achar que eu era uma ingrata... que havia os abandonado...
Novamente tive outras visões... essas que não eram minhas. Meu pai indo para cidade grande, batendo de porta em porta vendendo antigos quadros que eu havia pintado...
- Ele fazia isso quase todo dia – comentou Gabriel. – Havia me pedido para não lhe contar...
Observei minha mãe entrando em varias salas de exposições tentando apresentar meu trabalho para algum dono de eventos...
- Seus pais nunca sentiram ódio de você, nunca lhe acharam uma ingrata, nunca imaginaram que você havia os abandonados, eles simplesmente acreditavam em você. Somente desejavam que você alcança-se seu sonho.
Eu já não conseguia parar de chorar...
- Agora me diga, que erro você cometeu? –perguntou Gabriel. – Eu cometi.
Olhei para ele assustada sem entender.
- Deixei de acreditar em você... deixei de ter esperanças que você poderia realizar seu sonho... Imaginei que estava se afastando de nós... Que iria esquecer sua família... Eu levei Arthur embora... eu me descuidei e tirei a vida dele e a minha. Se há algum culpado, fui eu...
Eu não conseguia reagir a aquelas palavras. Gabriel realmente achava isso, realmente pensava que era o culpado?
- A vida só não aceitou essa injustiça – falou Arthur não parecendo ressentido pela declaração do pai. – Ela desejava que você tivesse uma nova chance, que tivesse um novo começo.
- Mas... eu... eu não quero ficar sem vocês! Não quero ficar sozinha! Mesmo... Mesmo que eu não tenha culpa, e eu sei que você também não tem! Ninguém tem culpa!– foi então que percebi... – Ninguém tem culpa... nós podemos seguir em frente.
Foi então que Gabriel fez a pergunta que eu nunca mais irei esquecer:
- E o que ficou para traz?
Novamente me vieram várias lembranças à cabeça, mas dessa vez eram memórias que eu havia conseguido depois do acidente... Eram memórias de dias ao lado de Anahí e dele: Christopher.
Somente naquele momento que percebi que Christopher tinha um passado muito parecido com o meu. Ele também perdeu tudo que lhe era importante, ele também sentiu que seu mundo havia acabado...
- Ele é realmente uma pessoa forte... – comentei com as lágrimas ainda saindo por meu rosto. – ele não desistiu da vida... ele continuou em frente...
- Mesmo seguindo em frente Christopher ainda era assombrado por seu passado... isso até você aparecer...
- Ele estava me usando! – declarei logo em seguida. – Estava me usando como substituta dela. Ele nunca realmente se importou comigo, eu... eu era somente uma forma de traze-la de volta...
- No momento em que ele te conheceu, no instante em que decidiu te ajudar, não hora em que te levou pra sua casa, nos dias que se passaram se dedicando somente a você. Tudo isso foi mentira? Tudo isso foi pensando apenas em si mesmo? – indagou Gabriel.
Impressionou-me o fato dele defender dessa maneira o anjo.
- Mas...
- Dulce... se você encontra-se alguém que lembra-se muito a mim – disse Gabriel –Iria lembra-se também que a cada momento que você passa-se com ela fizesse as lembranças de seu passado aflorarem, que mostra-se que a pessoa que você tanto amou já não está mais ali. E ao mesmo tempo lhe trouxe-se momentos felizes, momento que ele antes achava que só poderia viver ao lado de quem ele já havia perdido.
- Eu... Eu... eu iria querer que essa pessoa... – abaixei minha cabeça. – que ela não fosse embora... que não desaparece-se...
Tudo estava ficando claro em minha mente. Christopher poderia sim ter de certo modo me usado, mas não era essa sua intenção e nunca foi. Ele só queria meu bem, ele só se preocupava em não me perder, em não me deixar ser ferida... Ele sabia que esse poderia ser meu fim... que a verdade era mais dolorosa e assombrosa do que eu poderia imaginar...
- O que eu fiz... as coisas que eu disse a ele... – me sentia horrível, e minhas lagrimas não paravam de sair. – Ele nunca ira me perdoar...
Nesse momento percebi que Gabriel estava desaparecendo junto a Arthur. Eles começavam a oscilar como a água quando uma pedra cai em sua superfície.
- Nós temos que ir agora... – declarou Gabriel. - Acho que você sabe o que fazer...
Meu coração acelerou. Eu não queria vê-los partir, não de novo.
- Por que? Por que você me disse todas essas coisas? Por que tentar tanto assim me mostrar a verdade?
- Porque nós te amamos...
E logo depois eles sumiram como se nunca tivessem ali. Novamente me senti sozinha, novamente comecei a chorar por partirem. Logo comecei a sentir uma dor tremenda em todo meu corpo e principalmente em minha cabeça. Senti sangue sair por minha boca, por meus ouvidos, meu nariz e até mesmo meus olhos. Era uma sensação horrível... e então, tudo mudou.
Meu mundo, minha vida, minha visão... tudo isso se resumia a apenas a escuridão, ao negro, ao vazio. Não sei quanto tempo havia se passado até tudo clarear, até tudo ter cores. A primeira coisa que senti foi dor em minha cabeça, depois senti que eu tinha um corpo, braços, pernas, mãos, dedos. Eu conseguia senti-los e meche-los, mesmo que bem pouco. Foi então que percebi que podia mexer mais alguma coisa. Abrir os meus olhos foi como libertar um pássaro após ele cantar implorando pela sua liberdade durante anos e anos, ou mesmo abrir a janela que iluminava o quarto mais escuro da casa, lhe dando vida. Minha visão, meu mundo, minha vida estava ganhando cor e forma.
Uma cortina branca tremulava ao canto do que para mim era um quarto. O sol brilhava pela janela, mesmo coberta por aquela cortina. Sim, eu estava em um quarto, mas algo me dizia - eu mesmo me dizia - que aquele não era um quarto normal, um quarto comum.
Aquele pequeno local parecia estranho, como um mundo novo ao descobri-lo. Havia também, algumas coisas conectadas a mim, que se ligavam a uma maquina que fazia um barulho de bip...bip...bip... acho que aquilo me dizia se eu estava viva, mas eu não tinha certeza. Eu não tinha certeza de nada.
Retirei aqueles cabos que estavam grudados ao meu corpo e me arrisquei a me mover. Senti como se cada musculo do meu corpo estivesse congelado me fazendo ter um grande esforço para simplesmente me sentar na cama.
O quarto não tinha muita coisa. Uma cama, um sofazinho ao canto de coloração azul marinho, uma maquinha que agora não bipava mais e só fazia um biiiiiii irritante e uma porta branca.
Tentei me levantar e quase cai da cama. Mais depois de algumas tentativas eu já estava andando, ou quase. Segui em direção a porta e a abri.
E em frente a ela, olhando em sua prancheta, estava o meu guarda-costas. A pessoa que havia sido meu pilar de sustentação, que havia sido a força para eu continuar em frente mesmo sendo algo que ele não queria. Em minha frente estava meu anjo da guarda.
Ele olhou para mim assustado, não acreditando no que estava diante de si. Pude ver que uma lagrima começou escorrer de seu rosto. Sua boca abri-o para me dizer algo, mas eu fui mais rápida.
Eu o abracei com toda a força do meu corpo. O agarrei agradecendo por ele ainda estar ali, por ele ainda existir. Manchei seu jaleco com minhas lagrimas de felicidade. E decidi que nunca mais iria deixar escapar aquele pedaço de minha felicidade, aquele novo começo de minha vida. Que iria construir ali minhas novas lembranças. Que eu iria viver minha segunda chance...
Ainda hoje tento imaginar onde havia sido aquela conversa com Gabriel e Arthur. Eu havia ficado em coma de novo por cerca de 2 anos... Teria sido esse o tempo daquela conversa? Teria sido o destino sentindo novamente pena de mim, me dado uma terceira chance e ainda me feito confrontar a verdade?
Talvez toda aquela conversa tenha sido criada pela minha mente. Talvez eu já tivesse a resposta dentro de mim e não quisesse ver por ter medo de confrontar a verdade. Talvez tudo aquilo tenha sido uma ilusão, apenas uma epifania. Então eu nunca havia reencontrado Gabriel e Arthur? Que seja... tudo isso agora faz parte do passado... tudo isso agora são somente lembranças...
Autor(a): Walter
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1018
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anne_mx Postado em 29/03/2016 - 03:03:38
O fim eu n entendi ficou meio que sem nexo sla mais a fic foi incrivel e muito bem escrita !!!
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thailavondy Postado em 01/06/2012 - 18:15:16
eu é que tenho que agradece-lo por mais uma vez me aguentar quando pegava no seu pé pra postar, e vc mais uma vez arrasou. Sinceramente não imaginava esse fim, acho que vc conseguiu seu objetivo:fazer emocionar e criar misterios envolventes, uma coisa é certa a dul conseguiu essa nova oportunidade para recomeçar quando ela passou a se dar bem com suas lembranças
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thailavondy Postado em 30/05/2012 - 15:12:07
depois quando eu te elogio vc fica todo "que é isso" "imagina" olha ai que capitulo maravilhoso e cheio de misterio e surpresa
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megstar Postado em 28/05/2012 - 22:15:30
Mas ja vai ser o ultimo, poxa. Posta mais q to q não me aguento d curiosidade. Bjss
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maah_torres Postado em 28/05/2012 - 20:36:34
posta maaais
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maah_torres Postado em 28/05/2012 - 20:36:33
posta maaais
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thailavondy Postado em 28/05/2012 - 15:32:30
meu capitulo que quase me fez chorar vc ainda me mata Walter poxa não pode me dar esse susto, como assim o proximo é o ultimo? o.o, to chocada, to abalada e nem sei o que dizer e isso é raro!!! Poxa to muito doida e olha vou digerir o capitulo e depois volto e faço um comentario mais decente :)
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thailavondy Postado em 28/05/2012 - 13:45:24
ta me devendo um post mocinho
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thailavondy Postado em 28/05/2012 - 13:42:49
ta me devendo um post mocinho
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thailavondy Postado em 25/05/2012 - 18:09:28
muito curiosa!!! quero muito ler a web!!!!