Fanfic:  Feitiços do Amor- AyA [♥] (adp) [FINALIZADA]

— Que espécie de maluca é você? — Christopher explodiu. — Tem idéia do risco a que se expôs?
— Já havia feito isso antes. Aprendi o truque com... com o melhor amigo de meu irmão — ela corrigiu a tempo. Ainda era cedo demais para tentar falar sobre sua tragédia. — Ele dava aulas de caratê no exército e sempre dizia que, em algumas ocasiões, um grito e o elemento surpresa são suficientes para espantarmos um agressor. Funciona.
— Nem sempre. E não com mulheres. Sou a favor da igualdade, mas os homens são maiores e mais fortes do que as mulheres, e você não teria nenhuma chance num confronto físico. Não pode contar com a certeza de que um agressor vai fugir assustado por causa de meia dúzia de gritos!
— Bem, consegui espantar os homens que o atacaram. Felizmente, porque não poderia derrotá-los usando os punhos — ela riu.
— Espero que se lembre disso no futuro. Não corra riscos. É mais seguro buscar ajuda.
— E onde esperava que eu fosse buscá-la? Na festa de onde havia saído? Só havia bêbados e drogados naquele lugar, e quem ainda estava em pé tinha coisas mais interessantes para fazer, ou perderia um tempo enorme vestindo as roupas antes de sair.
— Céus! O que fazia num lugar como esse?
— Fui convidada por uma colega de trabalho. Ela insistiu muito, e eu decidi usar uma velha fantasia e divertir-me. Foi um engano. Não bebo, não uso drogas, e um dos convidados tentou me levar para o quarto. Para sua sorte, decidi sair da festa minutos depois de ter entrado nela.
— Também não gosto muito de festas. Beber está muito distante do que considero divertido.
— Seu irmão bebe?
— Muito raramente. Eu costumava beber quando estava zangado ou aborrecido, mas Alfonso é mais equilibrado e sóbrio. Ele pode ser duro e tem o temperamento mais carrancudo de todos nós, mas é alguém com quem todos querem contar num momento de dificuldade.
— Ele não gosta de mim.

— Dê tempo ao tempo, e vai ver que está enganada. Enquanto isso, tente alegrar-se, está bem? Tem um emprego e um lugar onde ficar até que se recupere dessa violência. Todo mundo tem problemas, mas o ser humano é capaz de superar obstáculos, mesmo quando os considera intransponíveis. É só uma questão de tempo e determinação.
— Obrigada — Anahí respondeu sorrindo. — Você é um bom homem.
— Bom, sóbrio, limpo, modesto e lindo. E ainda nem mencionei meus pontos fortes!
— Comparado a seus irmãos, você é...
Alfonso abriu a porta do carro antes que ela pudesse concluir a frase. Ele ofereceu um copo descartável a Anahí e entregou o outro a Christopher antes de ligar o motor.
— Está quente — avisou, remechendo do bolso da jaqueta uma lata e encaixando-a no porta-copos do painel.
— O que é isso? — Christopher perguntou com uma careta de desgosto. — Cafeína fria? Por que não pode beber café como a maioria dos normais?
— Eu bebo café de manhã. —Alfonso engatou a marcha com um olhar significativo para o irmão.
— Ah! Viu esse olhar? — Christopher perguntou a Anahí. — Quando ele olha desse jeito para alguém, é inútil tentar argumentar. Nós o chamamos de "o olhar". Tive a oportunidade de vê-lo encerrando uma briga de socos com ele.
— Não tenho a menor intenção de discutir — Anahí prometeu.
Alfonso brindou-a com "o olhar", prolongando-o por alguns segundos antes de olhar para a frente.
Anahí encostou-se no assento de couro e imaginou se não estava cometendo o maior engano de sua vida.