Fanfics Brasil - 52 Promessa Duradora (terminada)

Fanfic: Promessa Duradora (terminada)


Capítulo: 52

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A chaminé rangeu um tronco. Anahí respirou fundo para não desconcentrar-se e aceitou a provocação que acabava de lhe lançar.


- Sim.


- Tem coragem, tenho que reconhecer.


- Sim, tenho, e certamente agora mesmo estou utilizando a última fibra que restou.


Alfonso elevou uma sobrancelha, mais não aproveitou para se enganar, de modo que continuou:


- Não estava o acusando de me enganar. Estava tentando explicar que... que...


Deus, era tão humilhante ter que admiti-lo... Por fim conseguiu dizê-lo, em um arranque de sinceridade:


- Não estou acostumada que sejam amáveis comigo, e não sei como reagir.


- Acho que nessa escola lhe ensinaram o quanto é importante o poder de um simples «obrigado».


Anahí desviou a vista para a janela. Ali encontrou seu próprio reflexo olhando-a fixamente, uma sombra fantasmal vestida de branco, em que só destacava o sombreado dos olhos. Nesses momentos se sentiu tão insustancial como aquele reflexo. Mordeu o lábio, apertando forte. Confessaria tudo, para poder deixá-lo atrás. Deveria construir seu matrimônio sobre isso.


- Não é fácil esquecer a forma em que me educaram.


Ali, tão erguido sobre o leito, Alfonso parecia tremendamente grande e obstinado. Sua voz não soou paciente nem a menosprezava quando disse:


- Ninguém pediu que esquecesse.


Mas sim que o fazia: o fazia com cada gesto amável para ela. Entretanto, Anahí não conseguia expressá-lo com palavras. Quando a olhava fazia sempre com respeito. Mas esse respeito desapareceria se contasse tudo. Desapareceria, mas tinha que contar-lhe porque já não podia viver com aquelas mentiras nas costas. Umedeceram-se os secos lábios e continuou:


- Meu pai era muito rigoroso.


- Já tinha dado conta disso.


Anahí quis voltar a umedecer os lábios, mas não tinha suficiente saliva na boca.


- Tinha estabelecido umas regras muito rígidas.


Sentiu náuseas ao recordá-lo.


- Parece que por aqui todo mundo estabelece regras e por pouco, acreditam ter direito a te dar ordens.


- Sim, bom... meu pai era o mais rigoroso de todos.


- Os pais normalmente são.


Anahí sentiu um calafrio que a sacudiu de cima abaixo.


- O meu era mais que a maioria. Eu o decepcionava constantemente.


O frio que estava acostumada a penetrou em sua pele e voltou a estremecer. Fechou os olhos para não ver a impaciência no olhar de seu marido.


- Sei que parece que estou procurando desculpas. Não é certo.


Anahí deixou o quinqué sobre a mesa. Alfonso não voltaria a olhá-la com respeito nunca mais.


- Desejava um filho - confessou.


- Isso ocorre a muitos homens, mas depois aceitam a suas filhas.


- Quando soube que eu seria sua única descendente, meu pai decidiu me ensinar o necessário para levar o rancho, mas nunca me dei muito bem.


- Claro que não.


Aquela resposta a feriu no mais fundo. Tinha esperado que seu marido a visse mais capaz do que era na realidade. Conseguiu manter a cabeça erguida por pura força de vontade. Soltou os dois botões superiores de sua camisola.


- Não fazia mais que decepcioná-lo. Tentava uma e duas vezes, mas nunca podia ser tudo que ele necessitava que fosse.


Engoliu saliva, desejando poder ter coragem de olhá-lo nos olhos. Soltou outros dois botões.


- Não quero passar o resto da vida te decepcionando.


- Estou seguro de que não foi nenhuma decepção para seu pai. As meninas são sempre muito especiais para seus pais.


Os olhos da Anahí se encheram de lágrimas. Deu-se a volta e deixou que a camisola caísse até a cintura.


Alfonso começou a amaldiçoar, completamente dominado pela ira. Ela procurou manter a cabeça erguida e as costas muita ereta. Sabia bem o que seu marido estava contemplando: as três brancas cicatrizes que cruzavam as costas. Eram as marcas que provavam seu fracasso. Marcas que nenhum pai infligiria a um filho de que estivesse orgulhoso. Marcas que ela mesma mereceu devido a sua natureza impulsiva. De repente Alfonso deu um grito, e o silêncio voltou opressivo. As molas da cama rangeram. Um tronco estalou na chaminé, emitindo um assobio. Anahí não pôde suportar mais a tensão.


- Não consegui fazer que meu pai se sentisse orgulhoso! - estalou; depois respirou fundo, contou até três e explicou - Não quero falhar com você também. O problema é que não sei o que você deseja, não sei como quer que me comporte. Parece feliz quando discuto com você, mais não sei se poderei estar discutindo todo o tempo...


O tato do algodão que voltava a cobrir as costas sossegou suas palavras. Não o tinha ouvido chegar, mas ali estava depois dela. Pousou as mãos sobre seus ombros e a girou para ele.


- Por quê?


Aquelas simples palavras, sussurradas com voz rouca, obrigavam-na a desvendar tudo, a expor sua debilidade, sua insensatez, arruinando talvez para sempre a boa opinião que ele pudesse ter dela. Anahí olhou à frente, à altura de seu peito. Tentou manter o domínio sobre si mesma contando os pêlos que o cobriam enquanto explicava.


- Já disse que conhecia Puma.


- Sim.


Era incriminado o que tinha notado em sua voz?


- Quando estava marcando alguns bezerros recebi um suspiro no rosto - continuou - Custava-me muito comer. Puma me trouxe um pouco de sopa.


O silêncio de Alfonso era ensurdecedor. Anahí acabou de contar a fileira inferior de pêlos: vinte e cinco.


- Foi muito gentil, muito amável.


Manteve os olhos fixos em seu peito, contando desesperadamente. Notou que seus dedos se crispavam, convertendo-se nos punhos. Ao chegar a cinqüenta teve que seguir falando. Oh, Deus!


- Deixei que me beijasse.


Conteve o fôlego, esperando sua indignação, sua incredulidade.


- E?


Setenta e cinco. Setenta e seis. Setenta e sete.


- Meu pai viu. Ficou furioso.


- Por causa de um beijo?


Oh, sim, por um beijo. Recordou o rosto de seu pai, sua cólera. O terror que ela sentiu quando começou a descarregá-la sobre alguém: sobre ela.


- Insultou Puma, chamando-o de índio asqueroso, e me chamou de estúpida por ter me rebaixado a me entregar a ele.


Não houve resposta. Alfonso não fez nem o menor gesto que delatasse seus pensamentos. Oitenta. Oitenta e um. Oitenta e dois.


- Disse que não podia confiar em mim.


Por fim, Alfonso fez algo: suas mãos deslizaram nos ombros. Com um último olhar de esperança, Anahí desejou que seu marido a tirasse das mãos, que oferecesse algum consolo, que confiava nela. Entretanto, embora seus dedos se roçassem, Alfonso não tomou sua mão, não disse que nada daquilo era importante, não pronunciou nenhuma das palavras que ela tinha esperado com toda esperança. Anahí não teve outra alternativa que prosseguir sua confissão:


- Enviou-me para fora do rancho.


Deus! Como podia doer tanto ainda?


- Maldito!


O áspero desabafo de Alfonso jogou por terra sua concentração. Já não sabia se estava em cento e um ou em cento e dez, mas o que importava isso? A ira que havia em sua voz fez adivinhar o que estava pensando. Se somente tinha sido um beijo, por que seu pai tinha a enviado para longe? Sabia, porque cada dia dos quatro anos passados no colégio da senhorita Penélope todos se encarregaram de lhe recordar o delito que havia cometido. Não importava quantas vezes tinha tentado proclamar sua inocência, nem diante quem: a dúvida sempre estava ali. Não havia por que esperar que Alfonso reagisse de outro modo.


Ao compreender desejou desaparecer, esconder sua derrota. Entretanto pigarreou e cravou os olhos nos fortes músculos da mandíbula de seu marido. Devia chegar até o final, lhe contar toda a verdade. Acreditasse ou não, ela devia tentá-lo.


- Juro que só foi um beijo e que nunca, nunca voltei a permitir que ninguém me beijasse.


Sua declaração ficou flutuando um momento no silêncio da estadia.


Foi Alfonso quem pôs fim a aquela insuportável situação. Entretanto, não pronunciou as palavras que ela tanto desejava. Em seu lugar estendeu os braços para ela, muito lentamente para não sobressaltá-la. Anahí se sentiu tão compenetrada com aquela resposta que teria jurado que pôde sentir a suave brisa que agitou suas roupas com aquele movimento. Sua camisola revoou e colou a seu corpo quando ele começou a fechar os botões da cintura. Seus nódulos roçaram os seios sem intenção. Fazia-o lenta e deliberadamente, e ela não conseguia interpretar seu gesto mais que como desinteresse. Ao dar-se conta foi como se cravassem uma faca na alma.


- Agora não me desejará nunca mais - disse, dando por finalizado o inevitável.


Alfonso se deteve, apoiando o dorso de suas mãos sobre sua clavícula.


- Por que diz isso?


Era uma pergunta lógica. Ela respondeu com idêntica racionalidade:


- Se qualquer outra mulher estivesse aqui de pé, quase nua, você não estaria vestindo ela de novo.


Não, pensou Alfonso: estaria já cavalgando para matar o filho da puta que tinha marcado as costas; mas não podia enterrar duas vezes seu pai.


 



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Autor(a): annytha

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mileponnyforever: simplesmente adorei, e tem toda razão, gracias por comenta!!!jl é e espero que tenha toda razao, que dessa vez eles possam realmente se entender.gracias capitulo dedicado aos dois!!! - Sinto muito. Estou acostumado a me mover bastante quando vejo que golpearam grosseiramente a minha esposa. A pele que notava sob suas mãos estava arrep ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 927



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  • annytha Postado em 13/01/2012 - 20:05:22

    desculpam pela demora pra posta, tava outra vez sem net, mas ja estamos quase no final dessa web, logo teremos surpresas aqui, assim tambem como novas historias!!!

  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:41

    Essa web me cansa as ezes de ler.... é muito blá blá blá neh, mas De certo que foi o rodrigo mesmo U_U

  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:40

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:36

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