Fanfics Brasil - Capítulo 18 Promessa Duradora (terminada)

Fanfic: Promessa Duradora (terminada)


Capítulo: Capítulo 18





Alfonso ardia de febre. Anahí mordeu o lábio e molhou o pano na fresca água de poço. E passou pelo rosto e depois seguiu para o pescoço e o torso.


Ouviu passos na escada, indicando a volta do Clint. Atrás dele ouvia outros passos mais lentos, que ela atribuiu ao velho Sam.


- O doutor está em casa dos Hennessy - disse Clint depois de chamar brandamente à porta.


Anahí mordeu o lábio.


- Não vai vir?


- Não pode senhora - respondeu Clint, negando com um gesto - Ao que parece, o senhor Hennessy se envenenou com algo. Não sabem se chegará amanhã.


Anahí deixou o pano dentro da água.


- Pobre Jenna!


Hennessy não era grande coisa, mas ainda assim valia mais vivo que morto.


- Dorothy está com ela - a tranqüilizou Clint - Jenna estará bem.


Sim, pensou Anahí: Dorothy, a esposa do doutor, era uma preciosa mulher que irradiava doçura e carinho. Ela se ocuparia da Jenna.


- Annie...


Anahí respirou fundo e olhou ao velho Sam.


- Diga-me.


- McKinnely pediu para te dizer que se ocupará de reunir as cabeças de gado.


Deus! Nem passou pela sua cabeça!


- Faria-me o favor de agradecer em meu nome?


- Pode deixar! - aduziu o velho Sam, enrugando o chapéu que levava na mão - Eu irei com eles.


- É obvio.


Anahí notou o claro desconforto do ancião, plantado na soleira do dormitório.


- Estará bem?


Antes, ocorresse o que ocorresse, sua resposta teria sido um inequívoco «Sim», mas agora já não estava tão segura. Estaria bem se Alfonso morresse?


Tanto demorou para responder que Clint respondeu por ela:


- Estará perfeitamente.


- Alegro-me por acreditar, meu jovem! - exclamou o velho - Mas, que eu recorde, a senhora Herrera tem boca, assim suponho que pode falar por si mesma.


- É que não vê que está ocupada? - contra-atacou Clint - Tem mais coisas na cabeça que...


Anahí sorriu e decidiu intervir na discussão antes que acontecesse coisa pior.


- Espero que a febre de Alfonso cesse esta noite.


O velho Sam dedicou ao estendido corpo de Alfonso um olhar cético. Ela procurou dar mais convicção a sua voz:


- Tudo irá bem, Sam, obrigado por seu interesse.


O ancião alisou a asa de seu chapéu.


- Então será melhor que reunamos já esses animais, ou Alfonso nos dará uma boa bronca.


Anahí contemplou o aceso rosto de Alfonso, úmido de suor. Daria qualquer coisa por ouvi-lo gritar enfurecido.


- Sim, ele faria isso mesmo. - disse, tentando infundir a sua voz toda a segurança que pôde reunir.


O velho encaixou o chapéu na cabeça.


- Pois então vou fazer que os meninos comecem a trabalhar duro. Seguro que estão vagabundeando por aí em lugar de preparar tudo. Não lhes pode deixar sozinhos nem um segundo - afirmou, e seguiu murmurando enquanto se afastava pelo corredor.


Anahí olhou para Clint, que seguia dando voltas no chapéu a seu estilo lento e despreocupado.


- Não o acompanha?


- Não.


- Não necessitam de você?


- Pensamos que eu seria mais útil aqui, ao estar Herrera doente, por meus conhecimentos médicos.


Clint explicou como se aquela fosse uma decisão muito razoável, apoiada na enfermidade de Alfonso, mas não soou convincente. Anahí o estudou com atenção.


- É por isso que você entra na minha casa armado?


A pergunta não interrompeu o tranqüilo giro de seu chapéu. A resposta refletia idêntica despreocupação:


- Devo ter esquecido de tirar o cinto, com todo o barulho.


Anahí não acreditou nem por um segundo.


- Senhor...


- Apenas Clint, senhora.


- Senhor Clint, não sou nenhuma estúpida. Nem acredito que Alfonso caiu do cavalo, nem acredito que você tenha se esquecido de tirar a pistolera.


- Alfonso me disse que você sabia pôr firmes aos homens, senhora - respondeu, sem alterar o ritmo com que girava o chapéu.


- Não parece muito difícil, quando todos insistem em me tratar como se fosse uma menina.


Clint soltou uma risada diante sua irônica frase, tão desenvolvida como sua forma de comportar-se. Estava começando a ser muito irritante. Anahí voltou a respirar fundo, levantou a xícara que continha infusão de casca de salgueiro e tentou que Alfonso bebesse um pouco.


- Senhor Clint...


- Sim?


- Sabe usar bem essas pistolas?


- Não sou tão ruim, senhora.


Ela entendeu que queria dizer que podia acertar ao que se propor.


- Quero que me faça um favor.


- Exatamente.


- Se alguém se aproximar do rancho, quero que dispare.


- Em algum lugar em particular?           


- Entre as sobrancelhas não seria nada mal. Se não puder ser, dispare no coração.


O chapéu deu um pequeno salto entre suas mãos antes que Clint respondesse com sua habitual reserva:


- Devo entender que não faremos perguntas?


- Se fizer bem seu trabalho não haverá necessidade.


- Nisso estou de acordo.


Anahí retirou o cataplasma que cobria a ferida de Alfonso. A carne parecia mais inflamada que antes.


- Houve melhora? - quis saber Clint.


- Acredito que está mais inchado, e começam a brotar umas manchas vermelhas.


- Maldita seja! - resumiu Clint com resignação.


O vaqueiro se dirigiu para a chaminé e acrescentou um novo tronco ao fogo. Avivou as chamas ajudando-se de um fole até conseguir que irradiassem mais calor. Os três passos que teve que dar Anahí para aproximar-se de seu lado lhe pareceram uma eternidade. Entregou-lhe a comprida e afiada faca e ele o aceitou com gesto severo.


- Esperava que o cataplasma fizesse efeito - disse Clint, colocando a faca sobre o fogo.


- Eu também. - ela admitiu.


- Teremos que cortar e cauterizar a infecção.


A frase era desnecessária, estando como estavam começando com o procedimento. Anahí ficou olhando como se esquentava a folha. A ponta começou a avermelhar; logo estaria ao vermelho todo o fio, e ela teria que aplicá-lo contra a ferida de Alfonso, ouvir seus gritos, cheirar a carne queimada. Sentiu náuseas e começou a sentir duvida.


- Quer que eu faça? - perguntou Clint.


Ela tentou sobrepor-se a suas náuseas.


- Já discutimos outras vezes: não sou bastante forte para segurá-lo; você sim, de modo que me toca fazê-lo - disse, tomando fôlego - Teremos que fazer em dois passos, devido à forma em que se curva a ferida


- Comprovou-o bem?


Ao menos cinco vezes.


- Sim. Com uma só vez não é suficiente.


- Maldita seja! - sussurrou ele - Se essa bala que o roçou tivesse seguido uma trajetória reta, em lugar de ricochetear na costela.


- Se não tivesse ricocheteado nessa costela estaria morto.


- Nisso você tem razão - disse Clint, preparando-se.


Uma parte da Anahí desejou não tê-la. Não estava segura de poder fazê-lo.


- Eu o sujeitarei - disse Clint - Você cortara a carne infectada.


Anahí segurou a faca pequena e cortou cuidadosamente a malha morta e infectada, tentando não ouvir os gemidos de Alfonso, pois sabia que o que viria a seguir faria que o de agora parecesse uma excursão campestre. Olhou para Clint enquanto enxugava o sangue que emanava da ferida. Seu rosto estava tão pálido como o dela.


- Obrigada.


- Não há de que.


Clint lhe deu outro pano para substituir o que tinha deixado cair ao chão e indicou com um gesto a chaminé.


- Assim que a faca esteja completamente vermelha, pegue-a e coloque-a sobre o corte - lhe disse.


Anahí se envolveu as mãos em largas tiras de lençol.


- Sei o que tenho que fazer.


O que não sabia era se poderia fazê-lo. E se desmaiasse? E se o fizesse mal? Começou a tremer como uma folha. Tragou saliva e procurou sobrepor-se. Ia fazer, porque não tinha outra opção. Pensou em Alfonso, na forma em que a apoiava, na forma em que sorria quando ela perdia os estribos, na delicadeza com que a tratava, como se acreditasse de verdade que era perfeita tal como era; em sua ternura, e no muito que a desejava. Os tremores cessaram. Ia fazer!


A faca ficou vermelha. Respirou fundo, segurou-o pela manga, ficou em pé e deu meia volta. O quarto começou a dar voltas. Mordeu o lábio, mas seguia vendo-o tudo impreciso. Começaram a lhe doer as mãos devido ao calor que irradiava da faca. Isso a ajudou a centrar-se. Apressou-se a aproximar-se do leito. Tinha que fazê-lo bem, porque não tinha o menor desejo de repeti-lo mais de uma vez.


Clint afastou os lençóis.


- Agora - ordenou. - Conte até dez enquanto o mantém contra a carne.


Anahí tentou convencer-se de que não era mais que carne o que estava cauterizando. Aplicou a faca e o aroma de carne queimada invadiu tudo, junto com o uivo de agonia de Alfonso. A conta até dez pareceu eterna. Ao acabar afastou a faca e voltou a colocá-la sobre o fogo.


Sua visão se obscureceu mais ainda. Sabia que faltava muito pouco para desmaiar. Era muito, todo aquilo era muito. Respirou fundo, e o horrível fedor invadiu seu olfato. Logo que teve tempo de chegar até a bacia.


Quando se acabaram as arcadas se voltou para a chaminé. A faca voltava a estar vermelha, tinha que continuar. Escapou-lhe um gemido.


- Você está bem, senhora?


Que importava se o estava ou não? Tinha que está-lo.


- Perfeitamente - respondeu.


Olhou para Clint um segundo. Sua palidez era já algo esverdeada, mas seguia ali, mantendo seu marido imóvel, fazendo o que tinha que fazer. Ela não podia ser menos.


- Tão somente uma vez mais - suspirou ela.


Podia fazê-lo. Só teria que contar de novo até dez e teria acabado.


- Tão somente uma vez mais - fez coro Clint em voz baixa.


Anahí segurou a faca, e esta vez agradeceu o terrível calor que sentiu nas mãos. Isso lhe proporcionava algo no que concentrar-se, em lugar daquele negrume asfixiante que lhe nublava a vista. Agora logo que via nada mais que um pequeno círculo que compreendia a ferida que estava cauterizando e o instrumento com o que o fazia. Pousou a folha na ferida e começou a contar resolutamente, enquanto Alfonso emitia um afogado rugido e Clint soltava juramentos. Para quando chegou até dez logo que podia ver o que tinha diante.


- Tem boa aparência - declarou Clint com alívio.


Ela deu um passo atrás, às cegas.


- Temos que repeti-lo?


- Não.


A última coisa que recordava era haver pedido ao Clint que sustentasse a faca. Depois, tudo se voltou misericordiosamente negro.


Uma semana mais tarde Anahí baixou as escadas e encontrou ao Bryce, o mais jovem dos peões, esperando-a na sala.


- Que tal está o senhor Herrera?


Ela apertou os dentes e se obrigou a sorrir.


- Está muito bem. Falta muito pouco para que possa ficar de novo em pé e dizer-lhe ele mesmo.


O moço sorriu de orelha a orelha.


- Imagino que não é muito agradável suportá-lo como doente.


Alfonso teria sorte se Anahí não o assassinasse antes do sol nascer.


- Por que diz isso?


- Meu pai ficou insuportável quando teve que ficar de repouso por culpa de uma perna quebrada - disse o moço, sorrindo. - Minha mãe jurou que ia ficar louca, porque ele não fazia mais que tentar ficar em pé antes do devido.


- O senhor Herrera é um pouco ambicioso sobre sua recuperação.


- Mas, vai ficar bem?


- Oh, sim.


Talvez não das feridas que ela pensava lhe infligir, mais do tiro que tinha sofrido, é obvio que sim.


- Estamos muito alegres.


Anahí supôs que o plural englobava a todos os peões.


- Queria você algo?


- Sim - disse o moço, avermelhando até ficar da mesma cor que seus cabelos - O senhor McKinnely trouxe já as cabeças de gado. Pensávamos as manter perto de casa, mas necessitamos uma grande área cercada.


- Por que não utilizam a perto que tiramos dos pastos do norte e a colocam ao redor do arroio daqui atrás? Se houver postes suficientes talvez baste para encerrar a todas as cabeças de gado.


O menino avermelhou ainda mais.


- Isso está muito bem pensado. Acredita que o senhor Herrera estará de acordo?


- Suponho que sim.


O moço não se moveu de onde estava, e Anahí supôs que desejava que ela subisse para perguntar-lhe. Sentiu que a frustração lhe corroia as vísceras. O que acreditava aquele jovenzinho que ia dizer Alfonso? Dispunham do mesmo material que antes, a mesma quantidade de terreno aberto, a mesma quantidade de água disponível.


O vaqueiro seguiu olhando-a fixamente. Por fim Anahí disse:


- Irei perguntar.


Subiu irada a escada, passo por diante do quarto de Alfonso e se deteve. Não pensava entrar ali de maneira nenhuma. Assim que formulasse a primeira pergunta, seu marido tentaria imediatamente levantar-se da cama para fiscalizar a construção do curral. Ainda lhe faltava muito para estar restabelecido, mas, como todos os homens, não queria nem ouvi-lo sequer. Aguardou dois minutos mais e baixou de novo as escadas.


- Está de acordo o senhor Herrera?     


- É uma idéia magnífica. Adiante com ela.


Quando o menino saiu a toda pressa da casa, Anahí disse que em realidade não tinha mentido. Era uma boa idéia.


- Anahí!


A chamada provinha do piso superior. Ela não fez o menor caso, dirigiu-se à cozinha e preparou uma bandeja com sopa e pão. Acrescentou um copo de água. O bolo de maçã o deixou onde estava: aquele homem não merecia nenhum doce.


Quando chegou ao alto da escada, Alfonso voltou a gritar. Abriu a porta e o olhou, exasperada:


- Foi você que armou todo esse escândalo?


 



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Autor(a): annytha

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Alfonso teve o desplante de baixar a vista. - Era Bryce o que se ouvia abaixo? - Sim. - Suponho que não era nada grave; de ser assim viria Clint, ou o velho Sam. - Exato - conveio ela. Anahí custou bastante deixar a bandeja com cuidado para evitar derramar a sopa. Que Alfonso tentasse ajudá-la não melhorava nada a situação. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 927



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  • annytha Postado em 13/01/2012 - 20:05:22

    desculpam pela demora pra posta, tava outra vez sem net, mas ja estamos quase no final dessa web, logo teremos surpresas aqui, assim tambem como novas historias!!!

  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:41

    Essa web me cansa as ezes de ler.... é muito blá blá blá neh, mas De certo que foi o rodrigo mesmo U_U

  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:40

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37

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  • jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:36

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