Fanfic: Promessa Duradora (terminada)
Alfonso teve o desplante de baixar a vista.
- Era Bryce o que se ouvia abaixo?
- Sim.
- Suponho que não era nada grave; de ser assim viria Clint, ou o velho Sam.
- Exato - conveio ela.
Anahí custou bastante deixar a bandeja com cuidado para evitar derramar a sopa. Que Alfonso tentasse ajudá-la não melhorava nada a situação. Exasperada, afastou-se o cabelo da face com um bufado.
- Quer parar com isso?
- O que?
- Parar de tentar ajudar. Parar de tentar se levantar da cama. Parar de tentar voltar a ficar doente! - exclamou, gritando de desespero.
Alfonso voltou a estender-se sobre os almofadões, olhando-a como se tratasse de uma nova e estranha espécie animal, potencialmente perigosa.
- Acredito que é a primeira vez que te ouço gritar!
Anahí apertou os dentes e não respondeu.
- Tenho que admitir que não parece muito com uma dama quando o faz.
Ela se permitiu o luxo de olhá-lo com ódio.
- Tem um bom jorro de voz!
Alfonso parecia encontrar aquilo muito divertido, enquanto que Anahí estava considerando seriamente se lhe atirar a sopa por cima da cabeça.
- Acredito que gostei de ouvi-lo - contínuo ele.
- Como?
Anahí estava tão atônita que deixou de inclinar a bandeja. Depois a baixou lentamente.
- Desde que começou a febre esteve indo daqui para lá, muito controlada, fazendo o estritamente necessário.
Anahí aproximou a mão à terrina de sopa.
- E que problema tem com isso?
- Não me deste nem um beijo de bom dia como é devido.
As mãos da Anahí se crisparam. Estava lutando consigo mesma para decidir se valia à pena ter que lavar a roupa de cama depois de lançar a bandeja contra aquela arrogante cabeça quando de repente compreendeu o significado do que Alfonso acabava de dizer. Estava de tão mau humor tão somente porque ela não o tinha beijado?
- Clint me contou que você mesma foi quem me cauterizou a ferida. Quero pedir desculpas pelo meu comportamento. Não recordo bem o que ocorreu, mas imagino que não deve ter sido agradável.
Anahí digeriu lentamente aquelas palavras, perguntando se sabia também que imediatamente depois desmaiou como um bebê.
- Cauterizar feridas não é nada agradável - conveio.
O rubor tingiu o rosto de Alfonso, e seu olhar ficou cravado em algum ponto da chaminé.
- Não acredito que tivesse sabido me comportar como é devido se estivesse consciente todo o tempo. A gente não pode evitar que sua cabeça o traia quando está ardendo de febre.
Anahí soltou a terrina de sopa. Seu marido estava envergonhado por ter gritado quando lhe aplicou na ferida uma faca vermelho vivo?
- Já imagino que a cicatriz não será nada bonita - acrescentou Alfonso.
- Está consciente que esteve perto de morrer? - perguntou-lhe sua esposa.
Ao menos conseguiu que Alfonso afastasse a vista do fogo. Seus olhos cinza prata olharam um ponto próximo onde ela estava.
- Entendo que estive perto.
- Foi algo mais que perto.
- Deve ter passado muito medo.
Tinha sido bastante mais que isso. Tinha sido um espantoso pesadelo. Algo aterrador.
- Acreditei que ia perder você.
Anahí não podia acreditar que tivesse escapado aquela confissão. Levava uma semana tentando não pensar naquela súbita revelação, evitando todo aquele tempo o que agora acabava de dizer.
Exalou um fundo suspiro que atraiu a atenção de seu marido para ela, mas o único que pôde ver naqueles profundos olhos verdes foi um reflexo de tudo o que tinha sofrido.
- Já tinha dito que não pensava em ir a nenhum lugar. - disse - Além disso, se tivesse acabado no cemitério, McKinnely teria intervindo, levando o gado para a ferrovia. O rancho recuperaria sua solvência e ficaria em muito boa situação.
A terrina de sopa voou para ele a tal velocidade que nem sequer teve tempo de agachar a cabeça. Acertou-lhe na maçã do rosto, salpicando também o travesseiro.
- Como se atreve?
Alfonso se enxugou os olhos, recolhendo uma parte de frango da extremidade de um deles.
Anahí estava de pé junto ao leito. Seu seio subia e baixava, dominado pela fúria.
- Como atreve você a sugerir que eu queria que morresse? - perguntou furiosa - Arruína nosso acordo, brinca sobre minha honra e depois fica aí jogado, sugerindo que sou tão mesquinha que um grito de dor e uma nova cicatriz vão fazer que te afaste!
Anahí segurou a parte de pão.
- A pouco me acusava de te subestimar! - continuou lhe arremessando o pão à cabeça - Permita-me que te diga eminente e poderoso senhor Herrera, que poderá ser tão atraente como o diabo, mas é um triste exemplo de marido!
- Ah, sim?
- Isso é, sim! É pior que Derrick! - gritou ela, arrojando agora o guardanapo, que aterrissou brandamente sobre seu peito - É pior que meu pai!
Alfonso sentiu uma débil esperança.
- E como é isso?
- Ao menos eles nunca se incomodaram em tentar que os amasse! - exclamou Anahí, dando alguns passos para ele - Eles se conformavam com minha cooperação, mas você não, você tinha que ter tudo!
- Certo - conveio, sem o menor sinal de arrependimento.
Alfonso não a perdia de vista: se desse um passo mais seria dela.
Anahí deu uma palmada no braço, sem força; carregada de ira, mas calculada para não fazer mal.
- Não fazia mais que me obrigar a te dar mais e mais, e agora que o conseguiu, engana-me! - sussurrou.
- Não estou enganando você, carinho.
- Sim, é o que tem feito! Acaba de dizer que não tinha te beijado!
Alfonso apanhou sua mão e a puxou.
- E é verdade.
Anahí se sentou ao bordo da cama, muito erguida e disposta a lutar, agora que acabava de confessá-lo tudo. Alfonso lhe acariciou as mãos e depois a rosto.
- Acreditei que talvez pensaria que já não te servia de nada - confessou.
- Não te entendo.
- Estava aqui estendido, tentando imaginar por que foste tão pouco carinhosa comigo durante estes últimos dias.
- Estive cuidando de você!
- Sim, sei, cuidando tal como o teria feito McKinnely.
- Nada disso: McKinnely teria dado alguns murros.
Alfonso soltou uma gargalhada que lhe provocou uma grande onda de dor nas costelas.
- Você derramou a sopa!
- E agora tenho que limpá-la - respondeu ela, fazendo gesto de levantar-se.
Alfonso a sujeitou com mais força no pulso para evitá-lo.
- Isso mais tarde. Quero te dar uma explicação.
Os verdes olhos de sua esposa se cravaram nele, enquanto seus lábios se apertavam com força. Tudo nela advertia claramente que mais valia que a explicação fosse satisfatória.
- Ocorreu-me pensar que você tinha casado comigo acreditando obter um homem forte, e que talvez o que ocorreu a alguns dias podia ter feito você trocar de opinião sobre a pessoa que contraiu matrimônio.
- Isso é uma estupidez!
Anahí o olhava com um gesto tão ofendido que Alfonso sorriu.
- Isso demonstra o quanto estúpido pode se tornar um homem quando obriga a alimentar-se a base de papa.
- Não te servi papa.
- Pois não se parece em nada a um filé.
- Seu estômago está muito fraco para comer filé.
- O que estou é muito fraco para tomar papa.
Anahí suspirou, contemplando o desastroso estado do leito.
- Enfim... parece que terá que voltar a tomar papa.
- Exatamente.
Sim, quando se gelasse o inferno. Os dedos de Alfonso pousaram em sua cintura.
- De modo que estava muito preocupada se por acaso me perdesse.
- Estava preocupada, sim - disse ela, desviando a vista para a janela.
Alfonso sorriu, assombrado que sua esposa pudesse seguir tão formosa e moderada enquanto lhe desabotoava os dois primeiros botões do vestido. Ao apartá-lo ficou à vista a veia que pulsava em seu pescoço, forte e veloz.
- Para ser sincero, acredito que se estivesse em seu lugar também me inquietaria a possibilidade de te perder.
Pôde ver que ela tragava saliva, sem apartar ainda a vista da paisagem que se via pela janela.
- Sim?
- Exatamente - respondeu ele, pousando o dedo sobre aquela veia e sorrindo ao notar que o pulso se acelerava ainda mais - Acostumei a ter você perto.
- Ah.
- De verdade que parecem tão interessantes essas nuvens?
- Não - disse ela, justificando como sempre, embora Alfonso comprovou que seguia sem decidir-se a apartar a vista delas.
- É que, se pudesse me emprestar um pouco de atenção, tinha pensado que talvez... Nós pudéssemos...
Isso sim conseguiu que toda ela se voltasse para ele.
- Acaso ficou louco?
Se Alfonso não tivesse sabido o muito preocupada que tinha estado por ele, aquele grito ofendido tivesse aberto em seu orgulho alguns ocos do tamanho de uma bala de canhão.
- Você não gostaria?
Conseguiu lhe soltar outro botão antes que ela se desse conta. Imediatamente lhe sujeitou a mão, lhe impedindo de chegar até a pele que tanto desejava acariciar.
- Não pode! Quer dizer, não podemos... - Anahí se deteve bruscamente, procurando sem dúvida um término aceitável que definisse o que desejava lhe dizer, mas por fim se rendeu e optou pela lógica - Está ferido!
Alfonso passou os nódulos acima e debaixo da bela fila de botões que ela protegia com tanta diligência.
- Parece-me que teremos que domesticar um pouco seu lado selvagem.
- Não tenho nenhum lado selvagem!
- Sim que o tem, pequena - replicou - E eu me considero um homem muito afortunado por isso.
Anahí ficou olhando-o, sem dúvida procurando um argumento razoável que lhe fizesse renunciar ao que ela via como um disparate. Alfonso não pôde evitar sorrir. Depois de toda uma semana desfrutando de seus cuidados, com aquelas mãos tocando continuamente seu corpo, seu doce aroma sempre a seu lado, praticamente admitindo que o amava... Demônios! Não pensava deixar dissuadir nem que colocassem uma bala entre as sobrancelhas.
- A cama parece um desastre - protestou ela, sem compreender ainda a inutilidade de levar à contrária.
- Isso não o nego.
Alfonso afastou as mantas de repente, e ela saltou da cama como se acabassem de lhe acender um fósforo no traseiro.
- Mas o que está fazendo? Volta agora mesmo!
Deus, que bela estava quando se zangava!
- Sabe carinho? Sempre pensei que as mulheres duronas fossem iguais os corvos, só servem para incomodar.
Anahí pôs os braços cruzados, disposta a batalha.
- Eu não grunho.
- Nisso tenho que discordar de você, mas decidi que eu gosto.
- Vai me deixar louca. - disse ela, enquanto o renda do pescoço vibrava contra a garganta devido a sua forte respiração irritada - Posso perguntar o que pensa que está fazendo?
Alfonso tirou as pernas do leito.
- Vou a seu quarto.
- Por alguma razão em particular? - disse ela, começando a abotoar os botões que lhe tinha solto.
- Claro - disse ele, respirando fundo para reunir forças e ajeitar o torso - Pelo motivo que se nega a deitar comigo neste atoleiro de sopa, pensei em trocar de cama.
- Não vou deitar com você e ponto, assim pode voltar a se deitar.
Alfonso sentiu uma dor no flanco. Precisou respirar fundo várias vezes. Teria apoiado as costelas com o braço, mas sabia que, se mostrava esse ponto de debilidade, ela o utilizaria contra ele mesmo.
- Não pode ter nada contra uma cama limpa.
Anahí abotoou o último botão. Assim que terminou, suas costas se endireitaram de repente, como se aquilo tivesse reforçado seus argumentos.
- Tem a cabeça muito dura, senhor Herrera, mas sei que precisa tentar esta loucura para entender por que não deve se mover.
Alfonso a olhou com suspeita.
- Isso é uma provocação?
- Tão somente estou apelando ao sentido comum.
- Exatamente - disse ele, sujeitando-se na cama - E, se aceitar essa aposta, o que é que ganho?
- Sua saúde.
- E se ganhar você?
- Fica na cama e abandona este comportamento tão escandaloso até estar melhor.
Alfonso reconfortou em saber que Anahí não desejava que abandonasse definitivamente aquele comportamento.
- Não me mover não é um grande incentivo para mim.
Anahí suspirou, resignada.
- E suponho que tem uma alternativa melhor...
- Certamente que sim.
Sua esposa voltou a cruzar os braços.
- E suponho que não pensa em deitar até me explicar isso.
- Isso mesmo. - disse ela constrangida.
- Não senhora.
- Então diga. - a repôs, fazendo um rápido gesto com a mão.
- Se consigo chegar ao outro aposento, você deitará comigo e deixará que te acaricie.
- Está muito doente para fazer isso.
- Felizmente para você, eu tenho outra opinião a respeito.
- Já me dei conta.
Anahí ficou olhando-o um momento com gesto inescrutável, até que por fim lhe disse:
- Está bem: se conseguir chegar até o outro dormitório, farei o que deseja.
- O que eu disse foi acariciar um pouco, mais aceito a sua idéia, de fazer o que eu deseje.
Ela moveu a cabeça de um lado a outro, como se sua paciência estivesse a ponto de esgotar-se, mas Alfonso se deu conta de que em seus olhos havia uma faísca de diversão. Não estava tão contra aquela idéia como demonstrava. Antes que começasse a fazer força para ficar em pé, ela levantou a mão para que se detivesse:
- Se eu ganhar, fará tudo que eu te diga até que te recupere de tudo. Ou melhor; até que eu diga que está recuperado.
Alfonso lhe ofereceu a mão.
- Trato feito.
- Trato feito - disse ela, estreitando-lhe.
façam suas apostas, quem vai ganha essa???
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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jl a aposta ta feita heim!!!! ahhhh adorei, desculpa a demora pra posta, minha net não anda colaborando!!!!besos te adoro!!! Ato seguido se afastou alguns passos. Alfonso respirou fundo várias vezes preparando-se para a penosa experiência de ficar em pé. À quarta vez se levantou trabalhosamente. Tentou erguesse, mas suas costelas lhe ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 927
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annytha Postado em 13/01/2012 - 20:05:22
desculpam pela demora pra posta, tava outra vez sem net, mas ja estamos quase no final dessa web, logo teremos surpresas aqui, assim tambem como novas historias!!!
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:41
Essa web me cansa as ezes de ler.... é muito blá blá blá neh, mas De certo que foi o rodrigo mesmo U_U
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:40
Essa web me cansa as ezes de ler.... é muito blá blá blá neh, mas De certo que foi o rodrigo mesmo U_U
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:36
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