Fanfic: Promessa Duradora (terminada)
Ao entrar no escritório se sentiu como uma intrusa. Anahí duvidou, chamou a si mesma de estúpida e cruzou a soleira. Terei que pôr em dia os livros. Embora Alfonso aceitasse muito melhor ficar na cama desde o dia que fizeram amor, isso não significava que o resto de seus problemas tivesse desaparecido. Por muito deprimente que fosse, devia comprovar a situação financeira exata do rancho. E isso significava que não só devia transpassar a soleira, mas também cruzar toda a estadia, sentar diante da mesa e acabar logo com isso.
Quando abriu as cortinas, olhou a seu redor. Aquele era claramente um território masculino. Tudo era muito familiar: a escura madeira que forrava as paredes, a pasta de couro salpicada de tinta, a robusta mesa, a impressionante e enorme poltrona colocada atrás dele... Primeiro de seu pai e agora de seu marido, o escritório era uma estadia pensada para refletir poder. Aguardou que a alagasse o familiar sufoco que sempre sentia. Ficou olhando por volta da mesa durante mais de dois minutos antes de compreender que esta vez não era assim, e também por que não o era.
Pela primeira vez, que ela recordasse, não estava vendo em sua mente a seu pai sentado naquela enorme poltrona, com o cenho franzido, ansioso de recitar a lista de seus fracassos daquele dia. Em lugar disso viu a imagem de Alfonso, com um meio sorriso, aguardando pacientemente que ela conseguisse lhe explicar o que fosse. Nunca trabalhoso, nunca com pressas, limitando-se a esperá-la. Aquele homem era um verdadeiro mago. Nunca tivesse acreditado que alguém pudesse acabar com o desconforto que sempre sentia naquela estadia, mas ao parecer o tinha conseguido.
Passou a mão pela mesa, suavizada pelo tempo, enorme e sólida. Como Alfonso. Enquanto abria o livro de contas olhou a seu redor com novos olhos. Em lugar de ver o passado viu seu potencial: com alguns toques decorativos, aquele escritório podia converter-se em um lugar muito acolhedor. Talvez o bastante agradável para que considerasse a idéia de seduzir seu marido ali mesmo. Criando algumas quantas lembranças agradáveis ajudaria em grande medida a abandonar o passado.
Sacudiu a cabeça para livrar-se daqueles pensamentos tão licenciosos. Se estava voltando uma desavergonhada! Sentou-se na grande poltrona da mesa. Fechou os olhos, aspirando o aroma de couro, a tinta, a homem.
Voltou sua atenção ao aberto livro de contas, seguindo as diferentes entradas com o dedo. Estava tão absorta em seus pensamentos que não reconheceu imediatamente o que estava lendo. Quando o fez, tudo se voltou vermelho: Seu marido não só era o homem mais atraente da região, mas também um dos filhos de puta mais matreiros que tinha conhecido nunca.
Um rangido do chão de madeira a fez levantar a vista dos livros. Alfonso estava na soleira, pálido, mas resignado.
- Filho de puta! - exclamou Anahí.
- Já sabe?
- Pensava me contar isso algum dia?
- Não, se pudesse evitá-lo. - admitiu.
- Mentiu para mim! - disse tão aniquilada que acreditou estar a ponto de partir-se em duas de dor, como um melão amadurecido.
- Nunca menti pra você.
- Não me disse que íamos perder o rancho!
- Não o vamos perder.
- Não me disse que o banco não tinha estendido o prazo da hipoteca!
- Não queria preocupar você.
A jovem estava imóvel como uma pedra, notando que se rompia por dentro.
- Não confiou em mim!
- Maldita seja, Anahí: sabia que estávamos a um passo da bancarrota. Por isso que casou comigo.
- Disse que éramos sócios.
- E somos.
Nunca poderiam ser iguais se Alfonso era capaz de ocultar algo assim!
- Não, não somos. Não somos mais que um homem e sua prostituta.
- Cuidado com sua linguagem se não quer que eu lave sua boca com sabão.
Anahí o olhou assombrada. Acaso acreditava que podia assustá-la a essas alturas?
- Não se atreva a me ameaçar!
- Eu nunca...
- Certo - conveio ela - Não o necessita. Limita-se a alinhavar contos de fadas ou meias verdades, e, quando lhe pressionam, diz que não tinha mentido.
Ficou em pé lenta e cuidadosamente. Apenas ficava sua dignidade, mas estava decidida a manter o pouco que lhe foi tirado. Atravessou o escritório até estar a dois passos de distância de seu marido. Elevou a cabeça até poder olhá-lo nos olhos, olhos cinza como de tormenta, que refletiam a mesma determinação que ela notava pulsar em suas próprias veias.
- Enganou-me - lhe disse - Acreditei em tudo o que dizia, tudo o que fazia. Acreditei que você gostava de como sou. Acreditei... Deus! Como fui tão estúpida... Acreditei que me respeitava.
De repente lhe escapou uma áspera gargalhada.
- Meu pai tinha razão: sou uma estúpida!
- Seu pai não tinha nem idéia de nada.
- O suficiente para suspeitar que algum homem utilizaria minhas debilidades contra mim.
Alfonso cruzou os braços. Plantado na soleira com aquelas largas costas, não deixava possibilidade de ela escapar. A mensagem estava tão clara como a ira que refletia seu rosto: Anahí não iria a nenhuma parte até ouvir o que tinha que dizer. Ela se colocou bem erguida, obrigando a seus braços a relaxar-se a ambos os flancos. Aquele era um jogo ao que ambos podiam brincar.
- Está claro que seu pai influiu muito negativamente em você. - disse Alfonso - Até ao ponto que chegou a casar com dois completos desconhecidos só para conservar uma parte de terra que teria sido melhor vender para poder se manter com o obtido. Mas claro, isso não podia fazê-lo.
- Fiz uma promessa!
- Sim. Uma promessa das que perduram, das que fazem sentir culpada e fracassada.
O rosto da Anahí precisou delatar sua surpresa, porque Alfonso assentiu com um gesto:
- Sim, eu também tenho feito algumas promessas como essa quando era um menino, estendido no beco, sangrando depois de ter recebido uma surra, soluçando porque ninguém me havia dito nunca «Bem-vindo a casa». Fiz uma promessa diante de Deus que estivesse me escutando, qualquer que fosse. Prometi-lhe que, se era capaz de me proporcionar um lar, uma mulher e um mínimo de respeitabilidade, eu faria todo o necessário para não decepcioná-lo até então. Nunca acreditei ter sido escutado, até que um dia apareceu você e aquela promessa se fez realidade entre meus braços.
- Não o entendo.
- Já, sei. Está tão ocupada me acusando dos mesmos defeitos que tinha seu pai que não pode acreditar que eu possua uma mínima decência.
Anahí cruzou de braços.
- Está me dizendo que é decente mentir?
Alfonso deixou escapar uma risada zombadora.
- Em realidade, nunca acreditei que isto pudesse sair bem.
- Você acreditou que o que me faz sentir na cama me cegaria tanto que passaria por cima sua arrogância?
Alfonso se afastou bruscamente da porta.
- Esperava que compreendesse que estava tentando evitar uma preocupação a mais para você, além de todas as que você mesma carregou nas costas durante todo esse tempo.
- E não ocorreu pensar que eu quereria saber?
- O que teria servido se soubesse? - perguntou Alfonso, encurralando-a com a pura verdade - O que teria feito você que eu não tenha feito?
Alfonso aguardou sua resposta, mas ela não tinha nenhuma que lhe oferecer. Não sabia o que poderia ter feito ela em seu lugar. Nem sequer sabia por que estava tão ofendida. Só sabia que o estava, e muito.
- Teria que ter me contado!
- Como queira. - respondeu ele, fazendo um gesto para os livros - Tenho que ir ver um homem para falar sobre um contrato. Continue dando uma olhada nos livros e, quando retornar, pode continuar com seu sermão e falar com o que mais te decepcionei.
Alfonso girou sobre seus calcanhares. Ele sempre caminhava pausadamente; entretanto, esta vez saiu dando grandes pernadas para a porta principal, inclinando-se para a direita devido a suas costelas ao meio sanar, o vivo retrato do orgulho masculino ferido. Deus sabia bem que ela tinha contemplado aquela atitude as suficientes vezes para reconhecê-la.
Houve algo que Anahí não reconheceu inicialmente, mas que registrou quando a culpa penetrou em sua consciência. Como tinha acabado sendo ela a culpada? A porta principal se fechou de repente. Foi até a janela e viu como Alfonso se dirigia furioso para o estábulo. O muito estúpido nem se pôs o casaco. Ao chegar sob o grande carvalho se deteve e se apoiou nele, esgotado.
Anahí pensou que talvez doessem às costelas. De repente seus ombros, aqueles largos ombros que nunca tinha contemplado em outra postura que não fosse erguida, desabaram-se; a cabeça se inclinou, tirou o chapéu. A jovem não podia ver exatamente o que estava fazendo, mais tinha visto passar a mão pelo rosto varias vezes suficientes para reconhecer o gesto: um gesto de dor.
Sentiu um crescente desconforto que a destroçava por dentro. A culpa tirou suas garras. Tinha-o ferido, tinha-o ferido no mais fundo. Oh, Deus! Mais do que odiava a habilidade que possuía para feri-la, aborrecia sua própria habilidade para feri-lo. Maldita seja! Tudo era culpa dela! Se tivesse acreditado nela, se lhe tivesse contado toda a verdade, o teria compreendido. O teria aceitado com calma, e poderiam ter passado por isso junto.
Mas isto era... Quando o viu afastar da árvore suspirou. Isto era... de repente compreendeu a verdade: O que tinha feito era muito próprio do caráter daquele homem.
«Vem aqui»
Quantas vezes tinha pronunciado aquela frase, oferecendo seu ombro para consolá-la? Quantas vezes, no pouco tempo que levavam juntos, havia-se interposto entre ela e algo que considerasse uma ameaça? Derrick. Aaron. Millicent. Tinha ombros tão largos como às montanhas que custodiavam seu lar. Desde o dia em que se conheceram não tinha feito mais que as utilizar como escudo para ela. Deus! Aquele homem esquivava e apartava os problemas iguais a outros apartam pedras. Então, por que tinha esperado outro comportamento em relação às más notícias? Desde o começo tinha deixado claro que acreditava que as damas precisavam ser tratadas com tato e delicadeza. Evitar as más notícias não era mais que um novo gesto protetor.
Ao vê-lo desaparecer dentro do estábulo se mordeu o lábio. Sem dúvida pensava cavalgar até a ferrovia para conseguir aquele contrato. Montar Shameless seria uma tortura para suas costelas. Clint poderia ocupar-se daquilo, mas o contrato era muito importante para o rancho e Alfonso não queria arriscar-se a deixá-lo em outras mãos. Tinha-lhe feito uma promessa, e estava claro que pensava cumpri-la.
«Em realidade, nunca acreditei que isto pudesse sair bem. »
O que tinha querido dizer com isso? Não podia significar que não acreditasse que ela manteria sua parte do acordo; isso não teria nenhum sentido. Estavam casados; algo assim não podia menosprezar-se. Viu sair Shameless do estábulo, com Alfonso sobre seu lombo. Conteve o fôlego, esperando... não, desejando que olhasse para cima, mas Alfonso se afastou cavalgando sem sequer girar a cabeça. Anahí soltou a cortina, que voltou para seu lugar.
Oh, Senhor, nem sequer sabia bem o que era que sentia. Estava zangada, confusa, mas também se sentia culpada. O livro de contas, aberto sobre a mesa, atraiu sua atenção. Talvez nele estivesse a direção para sair daquela confusão. Talvez, quando Alfonso retornasse, pudessem falar. Se não conseguiam esclarecer aquele mal-entendido, ao menos ela poderia desculpar-se. Foi para a mesa, deixou-se cair na poltrona com um suspiro e girou o livro para ela.
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Autor(a): annytha
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jl como dizem por ai, todo mal vem por um bem não é mesmo, e nesse caso não foi diferente, Poncho perdeu o trato, mas Anahi foi pra lá de uma boa esposa e cuidou muito bem do maridão!!!besos amando os comentarios!!! Alfonso deteve o Shameless frente à casa quando já escurecia. Não recordava nenhum outro momento de sua ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 927
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annytha Postado em 13/01/2012 - 20:05:22
desculpam pela demora pra posta, tava outra vez sem net, mas ja estamos quase no final dessa web, logo teremos surpresas aqui, assim tambem como novas historias!!!
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:41
Essa web me cansa as ezes de ler.... é muito blá blá blá neh, mas De certo que foi o rodrigo mesmo U_U
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:40
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:39
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:38
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:37
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jl Postado em 22/12/2011 - 16:08:36
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