Fanfic: "Dois em um" (vondy)

Luis: quer dizer que você estava na festa do meu pai? Não acredito! – a pequena confeitaria próxima ao parque pareceu o paraíso para Dulce. Enquanto ele havia pedido apenas um cappuccino expresso, ela não hesitou em pedir um café da manhã completo com direito a bolo, pães, suco e um pouco mais. Ficou um pouco envergonhada ao ver a cara de espanto dele, mas preferiu relaxar, afinal era assim com todos os seus amigos, e não via porque ele não se tornar mais um. Estavam sentados próximo a vidraça que dava uma ampla visão do gramado verde do parque, um pouco afastado de onde estavam todas as pessoas trabalhando. E depois de Luis muito insistir, ela estava contando o que tinha ocasionado aquele atraso. – e esses seus amigos hein! – disse sorrindo e ela sorriu também.

Dul: sabe que eu nem me toquei que era a festa do seu pai... quer dizer, eu nem tinha prestado atenção no seu nome quando a Angelique me falou, e na festa muito menos, eu fiquei distraída com outras coisas... – ele prestava ao máximo atenção no que ela estava falando. Mas quem era essa tal Angelique? Só podia ser a sócia dela é claro, Chris tinha comentado que ela tinha uma sócia quando se falaram a pouco no telefone. – Christopher? – ela estalou os dedos duas vezes até que ele pareceu despertar.

Luis: o que? – respondeu meio distraído.

Dul: eu to te chamando...

Luis: ta? – “você é o Christopher idiota!” – ah sim! Oi? – ela sorriu.

Dul: agora eu que digo, você parece meio tenso... – falou imitando-o e ele sorriu.

Luis: é pode ser... – suspirou. Tinha ido atrás do irmão justamente para botar um pouco daquela tensão pra fora, afinal ele sabia mais do que ninguém o que estavam passando. Mas aquela ruivinha havia mudado totalmente seus planos... e agora conversando com ela, aquilo havia voltado, e isso não era bom. Olhou-a por alguns instantes e percebeu que também era observado. Não sabia o porque, mas sentia uma grande vontade de contar pra ela, se abrir, mas não podia, não mesmo... as únicas mulheres que confiava nesse mundo eram sua mãe e sua irmã, as outras eram apenas as outras. Não era de se deixar levar por nenhuma mulher e não seria agora que faria isso. – não sei pra onde vai tudo isso que você come! – tratou logo de mudar de assunto, o que ela estranhou, mas preferiu não comentar.

Dul: espero que isso tenha sido um elogio!

Luis: ah foi, pode ter certeza! – falou num tom mais cafajeste e ela percebeu.

Dul: obrigada... – meio sem jeito e ele praguejou mentalmente. Mas o que diabos estava acontecendo? Nada que fazia ou falava parecia a coisa certa, era como se estivesse fazendo de tudo para agradá-la quando deveria estar acontecendo o contrário. Aquele visível desinteresse dela o estava incomodando, geralmente as garotas percebem logo as suas intenções e aceitam ou dão o fora de uma vez. Mas ela parecia não estar nem um pouco preocupada com isso... despertou dos seus pensamentos quando a escutou sorrindo e foi a sua vez de ficar sem graça. – tem certeza que você ainda precisa da minha companhia? Por que se você quiser eu posso muito bem sair e te deixar sozinho com as suas ideias... – fez um gesto batendo o garfinho de bolo na cabeça e ele sorriu.

Luis: eu to adorando a sua companhia... – falou com toda a sinceridade e ela sentiu isso. – de verdade Dulce, só que... eu to com uns problemas... – Dulce ficou o mirando enquanto ele parecia estar travando uma batalha dentro de si. É claro que não era fácil se abrir com um estranho que você acaba de conhecer, o entendia perfeitamente, já ia falar isso, mas ele se adiantou – meu pai... – deu um suspiro – a gente discutiu hoje... não foi a primeira vez e também sei que não foi a última – sorriu triste – eu só acho que... ah esquece! – negou com a cabeça já se arrependendo de ter sido tão fraco, agora que suas chances estavam zeradas mesmo...

Dul: hei relaxa... ela lhe tocou o braço de leve e ele a mirou – eu sei que deve ser difícil pra você falar disso... acredito que pra todo mundo seja, ainda mais com alguém que você nem conhece...

Luis: não, o problema não é você, sou eu! – ela assentiu compreensiva – deixa pra lá – tomou um gole do seu café tentando quebrar aquele clima.

Dul: ah eu conheci a sua irmã na festa! – ele arregalou os olhos e acabou se engasgando com o café, deu duas tossidas rápidas e ela se preocupou. – tudo bem?

Luis: tudo... – foi se recompondo e ela deu um sorrisinho discreto. Havia lembrado desse detalhe só agora e achou que serviria para mudar o assunto, já que ele pareceu tão mal... mas não tinha como não achar graça agora, ele estava com o rosto vermelho e havia respingado um pouco de café na sua camisa branca. – mas que droga! – tentou limpar em vão a mancha que já estava impregnada ao tecido – é engraçado né, pode rir! – ela negou com a cabeça prendendo o riso.

Dul: eu não sou tão má assim...

Luis: ah bom saber... – deu um sorrisinho também – mas então, você conheceu a Hilary? - perguntou temeroso

Dul: ah sim, pois é. É uma ótima garota – sorriu – ela é conhecida de uma amiga minha que tava comigo... – falou meio que escolhendo as palavras – ela tava com uns amigos também, muito legais...

Luis: Daniel e Vanessa? – ela assentiu – sei... – percebeu que ela havia ficado meio estranha. – e ela... falou de mim? - hesitante

Dul: não, não falou... a gente só ficou conversando umas besteiras lá, nada demais...

Luis: ah que bom! Digo, que bom que vocês se conheceram né? Legal! – ela assentiu mais uma vez e foi terminando a sua fatia de pão. Havia lembrado de Hilary ter dito algo sobre problemas com a família também, principalmente com o pai. “Não quero conhecer esse aí tão cedo”, pensou. Achou melhor não dizer muita coisa, afinal não ia se meter naquela família que já parecia tão complicada.

Luis a observou comendo igual uma criança e sorriu. Por mais que não quisesse falar sobre sua vida pessoal, se sentia bem com ela, só não queria misturar as coisas. Não tinha como negar, aquela garota tinha algo diferente que não sabia o que era e na verdade não estava nenhum um pouco interessado em descobrir, não mesmo, tentou se convencer disso. Talvez não fosse uma boa ideia seguir adiante com isso, na segunda-feira ela conheceria o verdadeiro Christopher e as coisas poderiam não acabar bem. Ela havia lhe despertado coisas que pensou estarem adormecidas e teve pensamentos que costumava não ter na presença de uma mulher. Já tinha quebrado a cara uma vez, e jurou a si mesmo que não aconteceria novamente. Sentir aquelas coisas de novo estavam totalmente fora de seus planos, não dava certo, nunca daria. O melhor mesmo era se afastar, decidiu. Sentiu um pouco pesar por isso, o que acabou lhe deixando mais confiante ainda em sua decisão. Sabia que se continuasse a vê-la poderia acontecer aquilo novamente e isso não era bom!

Conversaram a tempo de ela terminar o seu café e ele disse que tinha que ir, pois tinha algo importante a fazer. Despediram-se com um aperto de mão e ela prometeu não se atrasar na segunda.

*-*