Fanfic: Biology (Repostagem)
Capítulo 02
Parei em frente à porta do laboratório de biologia, recuperando o fôlego
perdido ao subir seis lances de escada em trinta segundos. E também respirando
fundo pra agüentar alguns minutos com aquele ignorante do Armstrong.
- Tá enr.olando aí por que, Delafield? - ouvi aquela voz irritantemente metida
perguntar, logo que soltei meu último suspiro derrotado - Não sei você, mas eu
não tenho o dia todo.
Não vou nem comentar de quantas maneiras e com quantas palavras diferentes eu o
xinguei mentalmente antes de girar a maçaneta de um jeito grosseiro e entrar na
sala. Sentei no banco mais afastado possível dele e coloquei meu estojo sobre a
bancada, sem nem olhar pro verme todo esparramado em sua cadeira. Enr.olando pra
pegar minha caneta dentro do estojo, tudo pra não ter que encará-lo, não pude
deixar de notar um sorrisinho ridículo em seu rosto.
- Estudou? - aquela voz repugnante perguntou, se achando o maioral como sempre.
Como se eu precisasse, e como se eu tivesse tido tempo de estudar em quarenta
minutos.
- Eu não sei o senhor, mas eu não tenho o dia todo - respondi, mal educada,
ainda sem encará-lo - Então seria ótimo se o senhor me entregasse a prova de
uma vez.
Sem nada pra responder, óbvio, e com a maior cara de macarrão sem molho, ele se
levantou e veio na minha direção com a prova nas mãos. Parou bem atrás de mim,
e apoiou seus braços no balcão, um de cada lado do meu corpo.
- Você deve achar mesmo que eu não vou com a sua cara.
Ignorei aquela frase desnecessária, me encolhendo pra diminuir a proximidade
entre nós, e arranquei a prova que estava debaixo de sua mão.
Comecei a preencher o cabeçalho, e antes que pudesse fazer qualquer
coisa, senti seu hálito quente bem próximo ao meu ouvido.
- E isso me deixa cada vez mais fissurado em você.
Parei de escrever, e uma onda de medo tomou conta de mim. Abri a boca pra falar
umas poucas e boas pra ele, mas fui impedida por seu braço, que logo me abraçou
pela cintura com firmeza e fez meu pânico aumentar.
- Me solta! - exclamei, e sem pensar, enfiei minha caneta de ponta fina em seu
braço. Na mesma hora, ele soltou o ar pesadamente, tentando não gritar de dor,
e se afastou. Peguei meu estojo, desesperada, e a última coisa que vi antes de
sair do laboratório, com as pernas bambas de pavor, foi ele arrancando a caneta
que estava fincada em seu braço.
- Bom dia, classe - a professora Keaton disse, ao chegar na sala, e assim que
passou pela porta, deu uma boa olhada pro grupo de atletas da classe, que
retribuíram seu olhar da mesma forma. A srta. Keaton era nossa professora de
inglês, consagrada na escola por seu ótimo método de ensino e elaboração de
atividades extracurriculares bem sucedidas. Atividades essas que incluíam,
claro, pegações com alunos. Não devia ser fácil agüentar aquele monte de
testosterona fresquinha provocando-a no auge de seus 25 anos. Loira, alta e
invejada da cabeça aos pés, ela parecia uma modelo, e segundo as más línguas,
um certo professor morria de amores por ela.
Ele mesmo. Andrew Barker. Eu nem tenho vontade de dar uma voadora nela
quando vejo os dois conversando pelos corredores, sabe.
Voltando aos fatos, a srta. Keaton logo começou a passar matéria, e como eu era
meio lerda pra copiar, já comecei a escrever. Após quinze minutos e uma lousa
cheia de matéria, a professora se sentou em sua cadeira e de lá ficou
observando os idiotas musculosos que sentavam no fundão e riam de alguma
besteira que algum deles tinha falado. Sobre futebol, claro, porque era o único
assunto do qual eles entendiam alguma coisa a ponto de rirem de alguma piada a
respeito.
Eu particularmente não via nada de mais nessa srta. Keaton. Por mais que ela
fosse linda e aparentemente simpática, alguma coisa nela me incomodava. Fora o
fato de que ela podia ter o sr. Barker ajoelhado aos seus pés quando quisesse.
Não sei, meu santo não batia muito com o dela, acho que era isso.
- Com licença, Keaton - ouvi uma voz conhecida falar da porta, e quando ergui
meu olhar da folha, dei de cara com o último professor que queria ver.
- Entra, Armstrong - ela sorriu, toda gentil, e ele logo caminhou até ela,
ficando de frente pra classe.
- Eu tenho um recado pra dar - ele disse, e todos pararam de copiar pra ouvi-lo
(menos eu) - Os alunos que estão de recuperação em biologia laboratório farão a
prova na última aula de hoje. Procurem o professor Turner e façam a prova na
classe onde ele estiver.
Quando ergui meu olhar pra lousa, tentando continuar copiando sem ligar
pra ninguém ao meu redor, notei que todos me olhavam. Lancei olhares
incomodados pro lado, e encarei o professor Armstrong, que devolvia meu olhar
de um jeito furioso. Sua camiseta branca meio colada ao corpo me distraiu por
alguns milésimos de segundo, até que eu bati os olhos em seu antebraço. Havia
um curativo nele, bem onde eu o tinha machucado com a caneta ontem. Fiz aquela
legítima cara disfarçada de ‘se fodeu`, e comecei a balançar uma caneta entre
meus dedos, num sinal claro de que se ele resolvesse aprontar alguma, eu ainda
tinha várias canetas de ponta fina pra enfiar onde eu bem entendesse nele.
Captando a mensagem, ele logo tratou de sair da classe, agradecendo a
professora Keaton. Segurei muito uma gargalhada e continuei copiando, com um
sorriso maligno no rosto. Canetas de ponta fina eram ótimas aliadas na luta
contra professores desagradáveis, dica.
Naquele dia, fiz a prova de recuperação na aula do Turner, nosso professor de
história, sem problemas. Como a sala em que ele estava ficava no quinto andar,
resolvi chamar o elevador pra descer e ir embora. Pode me chamar de sedentária,
eu deixo. Assim que o elevador chegou e a porta se abriu, dei de cara com a cena
mais confusa do meu dia. O sr. Barker conversava e ria animadamente com o
professor Armstrong dentro do elevador, e assim que me viram, pararam de falar.
Cada um teve uma reação diferente: o sr. Barker sorriu, parecendo feliz em me
ver; já o Armstrong abaixou seu olhar de um jeito irritado pro chão e logo
depois passou a fitar seu relógio, fingindo interesse nele.
- Bom dia, Delafield - o professor Barker cumprimentou, e se não fosse
por aquele sorriso dele, eu não teria entrado naquele elevador. É meio perigoso
entrar num cubículo com um professor que te adora e outro que te odeia, ainda
mais quando não se tem uma câmera filmando tudo.
- Bom dia, professor - sorri, meio nervosa, parando entre os dois e notando que
havia dois botões iluminados no painel, um indicando o sétimo andar e o outro
indicando o térreo. Acho que nunca torci tanto pra ficar sozinha com o sr.
Barker, e olha que superar todas as vezes em que desejei isso era muito. Agora
que já estava lá dentro, era esperar pra ver quem me acompanharia até o térreo.
E talvez agüentar alguns segundos a menos de um metro de distância de um certo
professor idiota durante o trajeto.
O elevador subiu, e quando as portas se abriram no sétimo andar, quase me
agarrei no braço dele quando o sr. Barker deu um passo em direção à porta. E só
pra melhorar, não havia ninguém esperando pra entrar e me salvar daquele
martírio.
- O que o senhor vai fazer aqui, professor? - perguntei, tentando disfarçar meu
nervosismo.
- Eu marquei uma reunião com a professora Keaton sobre um projeto
interdisciplinar pro segundo ano - ele sorriu, parecendo bastante empolgado e
me deixando mais brava ainda - Até mais, Delafield. E não esquece de me trazer
aquele documentário amanhã, Armstrong.
- Pode deixar, Barker - ouvi o professor Armstrong dizer, sem emoção na voz, e
logo depois a porta se fechou, me deixando sozinha com ele. Pensei em apertar
um botão qualquer e parar em algum andar pra fugir daquele ambiente perigoso,
mas assim que minha mão avançou na direção do painel, ele segurou meu braço com
força e me puxou num movimento brusco.
- O que é isso? - quase gritei, quando ele segurou meu outro pulso e me
prensou na parede - Me larga!
- Cala a boca - ele murmurou, e sem aviso, me beijou. Tentei me desvencilhar
dele e não o deixar aprofundar o beijo, mas a pressão que ele fazia contra meus
lábios era tão forte a ponto de fazer minha boca latejar. Mesmo me esforçando
ao máximo pra não deixar que aquilo passasse de um selinho indesejado, senti
meus músculos cederem à pressão que ele exercia e abrirem passagem pra sua
língua.
Eu me debatia desesperadamente, tentando dar uma joelhada em suas partes ou
então mordendo seu lábio, mas ele estava tão colado em mim que eu mal conseguia
mexer qualquer músculo. Tentei gritar, mas abrir a boca pra emitir algum som só
piorou minha situação. Olhei pro painel do elevador e vi que ainda estávamos no
quarto andar. Sem nenhuma chance de defesa, o único jeito seria continuar me
debatendo até machucá-lo de alguma forma ou fazê-lo desistir.
Lentamente, ele foi escorregando suas mãos, trazendo meus pulsos junto, até
colar meus braços ao lado do meu corpo. Continuou me segurando firme, e me
beijando intensamente. Seus músculos evidenciados pela blusa justa que ele
usava se contraíam, muito próximos do meu tronco, e por pior que a situação
fosse, era inegável concluir que ele estava em excelente forma física. Quando
olhei para o painel e vi que estávamos no segundo andar, ele abriu os olhos e
encarou os meus, ainda me beijando. Uma sensação esquisita percorreu meu corpo
quando nossos olhares tão próximos se encontraram, o que só me deixou mais
trêmula.
Ele partiu o beijo, puxando meu lábio inferior devagar, e se afastou, ainda com
aquele olhar intenso fixo no meu. A porta do elevador se abriu, chegando ao
térreo lotado de gente, e sem dizer uma palavra, ele enxugou a boca com as
costas de uma mão e saiu andando, como se nada tivesse acontecido. Incapaz de
me mexer por algum motivo desconhecido, fiquei encostada na parede do elevador,
tremendo da cabeça aos pés e com o coração acelerado.
De susto e indignação, é claro, afinal não é todo dia que o professor
que você mais odeia te beija no elevador.
- Meg? - ouvi a voz de Shannon me chamar, não sei quanto tempo depois, e quando
olhei na direção da porta, a vi parada com um olhar preocupado - Você tá
pálida, o que houve?
- N-nada, s-só uma tontura - gaguejei, com a voz falha, e torcendo pra que
minhas pernas bambas me agüentassem, saí do elevador - Vamos, minha mãe já deve
estar me esperando.
Shannon não fez mais perguntas, apesar de não ter acreditado totalmente na
minha resposta, e me acompanhou até a saída. Durante o dia inteiro, a lembrança
daquele beijo e daquela sensação esquisita me assombrou, e à noite, o sono
demorou a chegar. Eu me revirava na cama, tentando afastar os olhos do
professor Armstrong dos meus pensamentos, até acabar pegando no sono.
- Hoje você tem aula com o Barker? - Shannon perguntou, enquanto subíamos as
escadas pra chegar às nossas classes.
- Tenho, por quê? - perguntei, distraída ouvindo música, ou pelo menos
tentando. Só de me lembrar das aulas que eu teria hoje, meu estômago revirava.
Fazia exatamente seis dias que eu não via nem sombra do Armstrong, e hoje eu
teria a última aula com ele. Um calafrio percorreu minha espinha, mas eu fingi
que nada tinha acontecido e continuei canta r.olando a música que tocava no meu
iPod.
- Por que você não fala com ele de novo sobre o professor Armstrong? - ela
sugeriu, solidária - Sei lá, de repente ele resolve te ajudar dessa vez.
- Ele vai me ajudar como, falando pro Armstrong que eu fui lá pedir ajuda pra
ele? - retruquei, balançando negativamente a cabeça - Não vou falar nada, não
quero meter mais ninguém nisso. Vai que o Armstrong inventa alguma besteira
sobre mim e até o Barker começa a me dar C de média.
- Bom, você que sabe - Shannon encerrou, derrotada - Eu falaria com o Barker de
novo depois de receber aquela prova de recuperação com um C gigante e injusto,
mas a decisão é sua.
- Eu vou pensar no que vou fazer - suspirei, entrando na classe enquanto
Shannon entrava na classe ao lado. Até o ano passado, ela era da minha classe,
mas nesse ano a diretora aprontou alguma com as re-matrículas e ela acabou
caindo numa classe separada. Estávamos tentando fazê-la mudar de classe, mas
aquela joça de diretora de alguma maneira estava implicando com a gente. Pode
parecer exagero, mas o mundo parece conspirar contra mim às vezes.
Como nas três primeiras aulas os professores resolveram passar muita matéria,
nem tive muito tempo de pensar em nada. Durante o intervalo, eu e Shannon nem
conversamos direito, porque enquanto eu ouvia música no volume máximo, ela
estudava química. Perdida em pensamentos, logo voltei à realidade quando
novamente vi o sr. Barker conversando com o professor Armstrong na porta da
sala dos professores, super empolgados. Os dois riam e gesticulavam, e o sr.
Barker dava cada gargalhada divertida que me dava vontade de rir junto só de
olhar.
Mas apesar de sentir meu coração acelerar ao ver o professor Barker, olhar pro
Armstrong pela primeira vez depois do incidente no elevador me deu um aperto no
peito. Ele estava com uma blusa social roxa escura lisa, uma calça jeans preta
justa e um All Star da mesma cor. Enquanto ele caminhava lentamente em direção
à cantina, ainda conversando, uma pergunta passava pela minha cabeça. Como eu
nunca tinha reparado em como ele era bonito? Consideravelmente alto, corpo bem
definido, cabelos bagunçados de um jeito atraente... É, talvez eu estivesse
ocupada demais copiando relatórios ou então odiando seu jeito de ser pra
prestar atenção em sua aparência. Mas mesmo sendo lindo, nada me faria sentir
algo bom por ele. Nada mesmo.
Senti Shannon me cutucar, e tirei os fones do iPod, acordando pra vida.
Senti Shannon me cutucar, e tirei os fones do iPod, acordando pra vida.
- Vamos, o sinal já tocou e eu tenho prova agora - ela disse, fazendo uma
careta entediada.
- E eu tenho aula do Hammings - resmunguei pra mim mesma enquanto me levantava,
tensa por causa das aulas de biologia que se aproximavam cada vez mais. Por que
todos os professores não podiam ser fisicamente iguais ao meu querido professor
de geografia, feios, balofos e calvos? Não ser obrigada a ver meu professor
infinitamente insuportável e igualmente sexy usando calças justas facilitaria
muito a minha vida.
- Bom dia, classe - o sr. Barker sorriu, parando na porta da classe enquanto eu
ainda terminava de copiar a matéria de geografia da lousa - Hoje nossa aula
será um pouco diferente.
Na mesma hora, todas as cabecinhas que estavam na classe se viraram pra ele.
Quando algum professor dizia que a aula seria ‘diferente`, era porque sairíamos
da classe ou algo do tipo, o que era bem raro. Com um sorriso sapeca no rosto,
o professor Barker continuou:
- Nós iremos ao anfiteatro assistir a um documentário bem interessante que o
professor Armstrong me emprestou.
Sem precisar dizer mais nada, todos os alunos começaram a se amontoar ao redor
da porta, empolgados com a simples idéia de sair daquela classe monótona. Eu
apenas segui o fluxo calmamente, dando um tchauzinho ao passar pela classe de
Shannon e vê-la tranqüila entregando a prova de química. Pra variar, ela
parecia ter ido bem.
Chegamos ao anfiteatro, que ficava no quarto andar, e logo todos
ocuparam as poltronas mais próximas da tela, que abrangia uma parede inteira.
Pra evitar que os retardados mentais da minha classe atrapalhassem minha
concentração com seus comentários desnecessários, me sentei mais pro fundo,
literalmente excluída de todos. Tudo que eu queria era tentar prestar atenção
no documentário em paz, afinal, eu já estava me sentindo bastante confusa
sozinha e não precisava de mais ninguém me perturbando.
O sr. Barker colocou o documentário no DVD e apagou as luzes, nos deixando no
escuro quase total. Meus olhos, ainda desacostumados à escuridão, estavam fixos
na tela, então eu acho que dá pra entender porque eu quase morri de susto ao
sentir alguém sentar ao meu lado.
- Posso me sentar aqui? - ouvi o professor Barker sussurrar, já sentado. Até parece
que ele sabia que não precisava pedir permissão pra nada quando a pessoa em
questão era eu.
- Claro - respondi baixinho, inspirando seu perfume gostoso.
- Não gosta de sentar mais pra frente? - ele perguntou, com o rosto
parcialmente iluminado pela luz do telão.
- Não muito, eu acabo não conseguindo prestar atenção com muita gente falando
em volta - murmurei, com um sorrisinho simpático - E o senhor?
Ele soltou uma risadinha sem graça e fez uma careta, como se estivesse
desconcertado.
- Nem é muito por isso... - ele respondeu, sorrindo de um jeito envergonhado -
Eu vim sentar aqui pra fazer companhia pra você.
- Companhia pra mim? - repeti, tentando disfarçar minha vontade de abraçá-lo
até cansar - Não precisa sentar aqui só por minha causa, professor. Eu tô
acostumada a ficar sozinha.
Observação: o homem inalcançável de quem eu era super a fim tava dizendo que
queria me fazer companhia, e o que eu fazia? Repelia o cara. Eu não mereço
viver.
- Mas não devia, Delafield - ele murmurou, com a voz um pouco chateada - Eu não
gosto de te ver sozinha na classe, sempre copiando a matéria de geografia.
Às vezes eu acho que as pessoas da sua classe não te dão o devido
valor... Nunca tentaram descobrir o quão interessante você pode ser.
A cada palavra, o professor Barker me deixava mais encantada. Era sempre
comovente ouvir uma pessoa dizer algo tão bonito sobre você, daquele jeito
sincero, ainda mais se essa pessoa for tão especial como ele era pra mim.
- O senhor acha isso mesmo? - sussurrei, sorrindo esperançosamente. Ele sorriu
de volta de um jeito fofo e assentiu.
- Eu acho - ele disse, baixinho, e pegou minha mão que estava apoiada no braço
da poltrona - Você é uma garota incrível, Delafield. De verdade.
Abaixei meu olhar pras nossas mãos juntas, toda arrepiada. Era mesmo verdade?
Ele estava segurando minha mão? Ele olhou na mesma direção que eu, e colocou
sua mão por baixo da minha, com a palma pra cima, entrelaçando nossos dedos.
- Obrigada, professor - eu gaguejei, com a voz quase inaudível, e ergui meu
olhar pra ele - Eu também acho o senhor um homem incrível.
Sua mão era quase o dobro da minha em tamanho, macia e quentinha. Talvez a mão
mais gostosa de segurar no mundo. Com um sorrisinho adolescente, o sr. Barker
voltou a me encarar, com seus olhos Verdes brilhando muito em meio à escuridão,
e eu percebi que seu rosto se aproximava do meu devagar. Fiquei séria, com medo
de alguém olhar pra trás e nos ver, mas ele colocou uma mão em meu rosto, como
se me impedisse de virar e checar essa possibilidade.
- Eu já tomei esse cuidado, pode ficar tranqüila - ele sorriu, acariciando
minha bochecha com seu polegar. Sorri também, com o coração acelerado. Milhares
de coisas passavam pela minha cabeça. Eu estava prestes a ser beijada pelo
professor que eu mais admirava nesse mundo. O cara mais perfeito que eu já
tinha conhecido, que nunca mostrou um defeito sequer durante os três anos em
que me deu aula. E que era treze anos mais velho que eu.
Mesmo com tantos conflitos, apenas fechei os olhos e deixei as preocupações de
lado.
Nossos lábios se tocaram e eu logo permiti que ele aprofundasse o beijo,
brincando calma e intensamente com a minha língua. Deslizei minha mão pelo
ombro dele na direção da nuca, quase prensada entre o encosto da cadeira e seu
rosto, e embrenhei meus dedos naqueles cabelos macios. Andrew (acho que agora
tenho intimidade suficiente pra chamá-lo pelo nome, certo?) apertou com mais
força a minha mão, me fazendo sorrir. Logo ele partiu o beijo, deixando seu
rosto próximo do meu e me encarando de um jeito bonitinho.
- Acho melhor te emprestar esse documentário pra você ver em casa - ele riu
baixinho, e eu assenti, ainda assimilando tudo que tinha acontecido. Durante o
filme todo, nós ficamos de mãos dadas disfarçadamente, até que o documentário
acabou e ele se levantou para acender as luzes. Várias pessoas, incluindo Amy
Houston, acordaram assustadas com a claridade repentina.
- Até mais, professor - sorri, tentando não dar bandeira do que tinha
acontecido quando ia passar pela porta, mas ele logo fez uma cara meio brava e
disse:
- Espera, Delafield, eu preciso conversar sobre um assunto sério com você.
Engoli em seco, nervosa, e esperei até que o anfiteatro estivesse vazio.
- O que foi? - perguntei, confusa, enquanto ele nos fechava lá dentro, e recebi
um beijo como resposta. Andrew me abraçou pela cintura, me puxando pra bem
perto dele com vontade, e eu passei meus braços por seu pescoço, ainda surpresa
com aquela atitude inesperada. Ele me levantou do chão, sorrindo durante o
beijo, e eu segurei firme em seus ombros deliciosos. Eu só podia estar
sonhando, não era realmente possível eu estar beijando Andrew Barker, o homem
mais perfeito da face da Terra. Ele desacelerou o beijo após alguns
maravilhosos minutos, transformando-o em vários selinhos, até que parou de me
beijar e ficou me olhando, ainda sem me deixar tocar o chão.
- Desculpa, eu vou fazer você se atrasar pra próxima aula - ele disse,
alarmado, acordando do transe e parando de me segurar como se estivesse fazendo
algo proibido (e se formos pensar bem, estava mesmo).
- Tudo bem, eu não me importo - sorri, ainda abraçando-o pelo pescoço - Não
acho que vá conseguir prestar atenção em alguma coisa hoje depois disso tudo.
- Pelo menos você tem a opção de não prestar atenção - ele riu, com seus braços
firmes ao redor da minha cintura - E eu, que tenho que estar sempre concentrado
no que vou explicar? Tô ferrado hoje!
- Imagina, o senhor sempre consegue explicar tudo direitinho - eu respondi,
ainda sorrindo de um jeito besta ao observá-lo - E além do mais, o senhor deve
estar acostumado com esse tipo de coisa.
- Esse tipo de coisa? - ele repetiu, com um sorriso curioso no rosto - Você
quer dizer que eu tô acostumado a beijar alunas?
Fiquei séria, sem saber o que responder por alguns segundos, até acabar
confessando:
- E não é verdade?
O sr. Barker fez uma cara surpresa e riu, jogando a cabeça pra trás. Eu já
disse que adorava quando ele fazia isso? Pois é, descobri que essa risada
conseguia ser ainda melhor quando meus braços estavam ao redor do pescoço dele.
- Quem tá acostumado a esse tipo de coisa é o Armstrong - ele falou, fazendo
cara de quem não aprovava muito esse comportamento, e na mesma hora minha
expressão ficou séria - Que por sinal, já deve ter começado a aula sem você a
uma hora dessas.
Só de lembrar que Thomas Armstrong existia, meu estômago deu uma fisgada.
Revirei os olhos, tentando parecer inconformada por ter que desfazer aquele
abraço gostoso, e não assustada por pensar em estar a menos de 50 metros de
distância do Armstrong.
- Ei, escuta - ele sussurrou, me puxando pra trás da porta que ele mesmo tinha
acabado de abrir - Vê se faz uma cara bem séria quando sair daqui, como se eu
tivesse te dado uma bronca ou algo do tipo. Vai parecer que eu realmente
conversei sobre algo sério com você quando seus amigos te virem.
Gente, pega só o sr. Barker
todo maroto! Que lindo, meu Deus, ele realmente conseguia se superar com aquele
sorrisinho danado no rosto.
- Pode deixar - sorri, tentando não voar nele e fincar minhas unhas naqueles
ombrinhos divinos.
- Eu te procuro amanhã pra gente... Conversar - ele murmurou, aumentando aquele
sorriso daqueles que iluminavam o meu dia, e me deu um selinho demorado antes
de me deixar sair do anfiteatro. Pra mais uma aula de sofrimento com o
professor Armstrong, que hoje não conseguiria tirar meu bom humor por nada
nesse mundo.
Autor(a): Nique
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 03 - Com licença, professor - eu falei, interrompendo a explicação do Armstrong ao abrir a porta do laboratório. Ele apenas parou de falar e me olhou de cima a baixo, com uma cara de desprezo, erguendo uma sobrancelha. - Como eu estava dizendo, o relatório de hoje deverá ser entregue na próxima aula, p ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 628
Para comentar, você deve estar logado no site.
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juliaqueiroz Postado em 21/10/2012 - 13:27:14
Amei *-* SEGUNDA TEMPORADAAA :D
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vitoriakarine Postado em 08/08/2012 - 17:03:21
EEI, já terminou que pena :( e a segunda temporada? ;'(
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giovana74 Postado em 11/01/2012 - 00:31:56
Essa web é demais!!!
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susannevondy Postado em 07/11/2011 - 22:08:35
aaaaaaaaaaaaaaaa ja terminou? quero a segundaaaaaaaaa temporadaaaaa
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:06:06
POsta mais
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:05:57
Posta mais
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:05:16
Posta mais
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:04:48
Posta mais
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:04:30
Posta mais
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maah001 Postado em 03/11/2011 - 18:04:18
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