Fanfic: O Amor do Pirata - AyA [♥ adp- FINALIZADA]

As asas do tempo pareciam cortadas porque a semana se arrastava com desesperante lentidão. Anahí passou essa semana torturada, ainda que fez tudo o possível por não o demonstrar. Mas o passava muito mau de noite, e não podia ocultar seus olhos, enrijecidos pela falta de sono e pelas lágrimas.

Todas as noites permanecia desperta muito tempo depois que sua mãe tivesse dormido a seu lado, esperando e rogando que Alfonso viesse procurá-la, que a arrastasse com ele para seu quarto. Tontamente imaginava que Alfonso lhe pedia perdão, que lhe dizia que ela era a única mulher que ele desejava, que Gabby não significava nada para ele. Mas suas fantasias não podiam durar muito tempo, porque a realidade voltava a sua mente e as lágrimas rolavam silenciosamente por suas faces. Depois de dormir sete noites no quarto de sua mãe, Anahí soube que Alfonso não viria. Mas, por Deus, por que lhe doía tão terrivelmente?

Ninguém, exceto sua mãe, sabia onde passava suas noites agora, porque ninguém a via entrar nem sair do quarto de Marichelo. Os outros supunham que nada tinha mudado, mas Alfonso e Gabby conheciam a verdade, pensava Anahí.

Supunha que Alfonso sentia-se aliviado ao ver que ela não estava naquela primeira noite, porque dessa maneira não tinha tido que lhe dizer pessoalmente que outra mulher tinha ocupado seu lugar. Nem sequer se tinha aborrecido essa noite, nem nenhuma das noites seguintes, e isto era o que mais magoava a Anahí... Que ele pudesse esquecer-se totalmente dela.

Os dias eram muito duros porque via Alfonso e Gabby falando e rindo juntos. Mas Anahí mal podia suportar as noites, porque sabia que Gabby estava em seus braços, que compartilhava o quarto com ele e que o fazia feliz.

Alfonso estava todos os dias de muito bom humor sempre sorridente. Madeleine e Maloma não podiam entender por que Anahí se mostrava tão abatida nem por que Marichelo olhava para Alfonso com tanta hostilidade que ele encontrava divertida. E quando Madeleine perguntava a Anahí que lhe acontecia, só dava desculpas.

A última hora da tarde do oitavo dia depois da chegada de Gabrielle, Marichelo encontrou Anahí junto ao pátio, olhando pensativamente ao formoso cavalo branco. Marichelo Puente raras vezes perdia a paciência, porque era uma mulher calma por natureza, mas Alfonso acabava de ordenar-lhe que levasse uma mensagem a Anahí. Marichelo lhe tinha dito o que pensava dele, e ele se limitou a caçoar de sua ira. Marichelo seguia alterada, mas ao acercar-se a Anahí, e atrair a atenção de sua filha, conseguiu controlar sua fúria.

- Alfonso faz questão de que se reúna com todos à hora do jantar - disse Marichelo , rangendo os dentes para não dizer mais.

- Para que me ignore como fez durante esta última semana? Não posso suportar o evidente prazer dessa mulher ao atrair toda a atenção de Alfonso.

- Eu só transmiti sua mensagem - replicou Marichelo. Depois adicionou pensativamente - Ele se sentia aborrecido ontem à noite quando não desceu para comer, e a mim pessoalmente me encantaria voltar a vê-lo irritado.

- Como me levanta o ânimo, mamãe - sorriu Anahí -, se esta noite tiver uma dor de cabeça, acredita que poderá trazer-me um pouco de comida?

- Com toda segurança - riu Marichelo.

- Alfonso está no salão? - perguntou Anahí, séria novamente.

- Sim.

- E ela... ?

- Estava sozinho quando falou comigo - disse Marichelo.

- Bem, devo pedir-lhe algo. Se não está de acordo, terei muitas dores de cabeça no futuro - disse Anahí com certo humor em sua voz.

- Que lhe pedirá?

- Deixe que eu fale primeiro com ele, mamãe, e depois lhe direi - replicou Anahí. Pôs-se a andar pela grama, enquanto sua mãe se perguntava que se proporia.

Quando Anahí entrou na escuridão do salão, sentiu-se desalentada ao ver que Alfonso já não estava só. Estava de pé, de costas à lareira, frente a Gabby, que estava sentada no sofá. Aléia acendia as velas do lustre.

Os olhos de Anahí se encontraram com os de Alfonso, e o sorriso preguiçoso dele a decidiu a falar-lhe de imediato, mas quando se acercou ao sofá, pôs-se rígida ao ouvir a voz de Gabby.

- Bem, é a futura mamãezinha.

Em outra ocasião, Anahí teria rido ante semelhante comentário, porque era mais alta do que Gabby, mas neste momento não o encontrava em absoluto divertida.
- Espero que se sinta melhor hoje - continuou Gabby, aludindo à ausência de Anahí a noite anterior.

Gabby levava um formoso vestido de renda negro sobre uma anágua de seda da mesma cor de seus olhos. Estava formosa e o sabia, e lhe alegrou ver que Anahí o notava.

- Posso falar contigo... a sós? - Perguntou Anahí a Alfonso com tranqüilidade, ignorando a Gabby.

- Realmente deveria ensinar bons modos a esta moça, Alfonso - comentou Gabby, indignada.

- Tem razão - replicou Alfonso, sorrindo -. Mas não agora.

Tomou Anahí pela mão e a levou ao pátio dianteiro, deixando Gabby, furiosa, no sofá. Uma vez que se afastaram um pouco da casa, Anahí se deteve e o olhou.

- Alfonso, quero que me libere de minha promessa. Quero ir-me da ilha agora.

- Eu acredito que sempre quis ir-se - disse ele com um sorriso zombador, com seus olhos cheios de alegria.

- Sim, mas...

- Por que teria de ser diferente minha resposta à que lhe dei da última vez que falamos disto?

- Você sabe por que! - gritou ela, e imediatamente seus olhos tomaram uma cor turbulenta -. Não tem nenhuma razão para deter-me mais tempo aqui!

- Bem, por que diz isso, pequena? - caçoou ele.

- Me permitirá ir-me agora?

- Não - replicou ele.

- Muito bem, Alfonso - respondeu ela com frieza -. É teimoso, e sempre o foste.

- Me alegra ver que se rende tão facilmente - riu Alfonso -. Agora, vamos, quase chegou a hora do jantar.

Tomou-a pelo braço para levá-la para a casa, mas ela se afastou dele.

- Não jantarei contigo esta noite - disse com altivez.

- Não? - arqueou as sobrancelhas.

- Creio que dentro de alguns minutos terei uma terrível dor de cabeça. Na realidade, creio que nos próximos dias terei muitas dores de cabeça e outros mal-estares.

- Não começará outra vez com este jogo, Anahí! .-disse ele severamente.

- Vai pro inferno! - lhe espicaçou ela, voltou-se e correu para a casa.