Fanfic: - Meio irmãos . d&c

Acordei no dia seguinte sentindo que algo de ruim me esperava. Talvez fosse a tal conversa que teria com o meu pai. Suspirei e fui quase me arrastando até o banheiro. Christopher resolveu ir dormir no apartamento dele, apesar de eu implorar muito pra dormir comigo, o que já contribuiu para o meu mal humor matinal. Tomei um banho pra relaxar, me vesti sem pressa, e fui ainda me arrastando até a cozinha. Papai estava sério, lia o jornal e tomava café. Sorri e lhe beijei a bochecha, ele me olhou e sorriu. 

- Bom dia, pai. 

- Bom dia, dormiu bem? 

- Não - fiz bico

- O que houve? - riu 

- Saudades do meu amor. - ele rolou os olhos 

- Se viram há algumas horas. 

- Sim, mas já estou com saudades. - ele negou com a cabeça ainda sorrindo - Pai. - respirei fundo e ele me olhou, eu estava curiosa, e fosse o que fosse, preferia saber de uma vez - O que queria conversar comigo? - ele suspirou deixou o jornal na mesa e me olhou sério 

- Tome seu café, depois conversamos. - assenti ainda mais nervosa. Afinal, pra que tanto mistério? Tomei meu café sem conseguir afastar aqueles pensamentos da cabeça. Terminei o mais rápido que pude. Meu pai já estava na sala vendo tv. Me levantei, coloquei as coisas na pia, e fui até onde ele estava. Me sentei ao lado e ele ao me ver desligou a tv. Ok, era realmente sério. - Filha, eu quero que me escute e não me interrompa.. - assenti - Lembra que te disse sobre a transferência da faculdade e sobre voltarmos pro México? - assenti novamente e mordi o lábio ansiosa - Não se discute mais, voltaremos. - disse de uma vez e abri a boca incrédula. Foi como um golpe certeiro. Ia dizer algo mas ele prosseguiu - Sei que é complicado pra você, mas entenda que é por motivos maiores. - fez uma pausa - Christopher ia te dizer, mas preferi contar eu mesmo. Já está praticamente tudo acertado.. Vamos dentro de alguns dias. - eu já chorava baixinho, apenas escutando, mirava o chão realmente chateada pelo rumo que tudo havia tomado, fazer o que?! Não era uma escolha apenas minha. - Sabe que ficar aqui seria arriscar um mal a vocês. - me abraçou e me beijou a cabeça, soltei o ar e deitei a cabeça no peito dele - Vai ser bem melhor, filha, estaremos em casa e vocês seguros. 

- Eu sei - sussurrei e me soltei do abraço voltando a me ajeitar no sofá, me deitei e coloquei os pés sobre as pernas dele, ele sorriu de leve e limpou minhas lágrimas 

- Sabe por que temos que ir tão logo. 

- Sei. - bufei - Talvez seja mesmo melhor. - ficamos um tempo em silêncio 

- Também temos que conversar sobre outra coisa, filha, e estou falando muito sério. - o encarei esperando que falasse e ele suspirou - Preciso que me diga, sinceramente, o que sabe sobre essa menina. - me sentei rapidamente buscando meus chinelos no chão, me levantei e passei a andar pela sala, ri tentando disfarçar o nervosismo 

- Como assim, pai? Eu já disse que não sei de nada. 

- Dulce - me olhou bravo e me encolhi, abraçando o próprio corpo - Sabe que isso não é uma brincadeira. - abaixei a cabeça tentando buscar forças. Eram coisas demais pra um dia só. 

- Pai, sei que não é uma brincadeira.. - tentei - Mas, eu realmente não sei nada. - menti e de imediato me senti mal por isso, mas não era o momento - Poncho entendeu mal, ok? Só não podemos permitir que ela se aproxime do Miguel. - pedi um pouco desesperada e ele assentiu 

- Sim, não vamos permitir, se acalme. - me fez sentar novamente - Você não precisa ir a faculdade essa semana. - coloquei o cabelo atrás da orelha e fiz bico 

- Quero ir. 

- Tudo bem, mas já está tudo acertado. 

- Quero me despedir de todos. - ele concordou. O resto do dia passei jogada na cama, como todo domingo tedioso, mas dessa vez pior. Eram tantas coisas na cabeça.. Voltar ao México, encarar minha mãe, refazer minha vida, deixar tudo o que conquistei, fugir de uma delinquente, proteger o meu filho, tudo ao mesmo tempo e misturado. Definitivamente, eu não estava num bom momento. Mas sabia que tinha que ser forte, pelo menos alguém me enchia de alegrias, e esse alguém era o meu bebêzinho que logo estaria nos meus braços. 

O resto da semana foi bastante corrido. Arrumar malas, documentos, despedidas, lágrimas, ansiedade, medo, tanta coisa.. Mal tive tempo de ficar com o Christopher, e quando nos viamos, brigavamos. 

Chegou o dia da viagem, como sempre estavamos brigando. Eu acordei extremamente nervosa. Sinceramente, não queria ter que voltar assim tão rápido. Mas teria que encarar. Eu estava morrendo de medo do que aconteceria quando visse minha mãe. Apesar de Christopher ter me dito que tudo estava melhor, fazia muito tempo que eu e ela não conversávamos a sós, e isso realmente me assustava. Pra piorar, o meu medo enorme de aviões, junto com o nervosismo todo do resto, deixou tudo com uma pitadinha a mais de estresse. 

- Dulce, quer ficar parada? Tá me deixando tonto. - reclamou e eu bufei 

- Estou me sentindo mal. - ele me olhou, agora preocupado, se levantou de onde estava e foi até o meu lado 

- O que está sentindo? - vi que meu pai nos olhava com o cenho franzinho e suspirei 

- Só estou nervosa, sabe que tenho medo de viajar em aviões, e voltar me deixa apavorada. - ele assentiu e me abraçou. Aproveitei um pouquinho do abraço, mas logo voltei a andar de um lado pro outro - Ainda vai demorar? - olhei pra onde a fila estava formada, mas nem sinal de movimento. 

- Filha, se aquiete. - Christopher me puxou pra sentar ao lado dele. Eu estava realmente enjoada e tentei controlar enquanto pude. Ele me abraçou de lado, e fazia carinhos nas minhas costas tentando amenizar. 

- Está melhor? - perguntou baixo apenas pra que eu escutasse, o olhei e neguei com uma careta. Deitei a cabeça no peito dele e ele voltou a me abraçar. Alguns minutos depois entramos no avião e senti que era definitivo. Suspirei pesadamente e me ajeitei deitando em Christopher, esperando dormir toda a viagem. E foi o que aconteceu, graças a Deus! Pelo menos dormir me fez esquecer do enjôo e meu pai não desconfiou de nada. Pelo menos por enquanto..