Fanfic: Amargo amor

Acordei na manhã seguinte, olhei para os lados e não vi nada. Só as lembranças que me ganharam de novo, eu precisava mudar. Levantei-me da cama e fui para o banheiro minúsculo que havia naquele quarto podre e encontrei Raquel, ajoelhada a frente do vaso sanitário. Desesperei-me quando ouvi aquele barulho horrível de ânsia.

- O que aconteceu Raquel? - Segurei seus cabelos no alto, para me assegurar que eles ficariam imunes a tamanha sujeira.

- Estou grávida Lana, grávida. - Ela falava de maneira inconformada, no primeiro minuto pareceu brincadeira, mas depois eu percebi que era sério, não se brinca com isso.

- De quem Raquel? Quando descobriu, precisamos dar um jeito nisso. Primeiro passo, arrumar um emprego. - Sentei-me ao seu lado, e ela logo se jogou em cima de mim, estava com uma cara péssima. 

- Está tudo bem Lana, não vou mais viver aqui. Ele vai me ajudar. Vai me tirar daqui e eu vou ser feliz. - Ela dizia sorrindo e ao mesmo tempo chorava, Acordei na manhã seguinte, era como se tentasse se convencer de que o que ela dizia era a realidade. Eu sabia que não, não era assim. Mesmo sabendo que ela iria ficar mais fudida ainda agora que está carregando uma criança no ventre, resolvi não assusta-la. Fiquei em silencio e fiz daquele um momento nosso, o momento da nossa reflexão.

Sabe quando o mundo perde a graça? Então. Neste momento tudo que eu preciso é de um bom porre, mas um porre que dure mais que um dia. Preciso de uma bebida que me deixe enlouquecida a vida toda. É duro passar por essa vida lucida. Triste é ver a vida passar e não fazer nada para que passe melhor. Triste é não ter ninguém que faça a merda toda valer a pena. Você, Thomaz, você.

- Lana, Lana. Ei Lana, está surda? Você está desde ontem neste quarto! Dormiu com a Raquel? Estou cansada de vocês duas. Eu não sou obrigada a sustentar duas vadias que não querem sequer trabalhar, pra pagar a porra do colchão que ficam fazendo sujeira.  Não vai me responder? – Ela falava alto, e tudo o que ela dizia se encaixava, ela só estava me ajudando. Ela estava completamente certa.

- Estou fora. Estou saindo fora dessa merda de vida, não quero mais saber dessa porra toda – Levantei-me do chão, sem me importar com a Raquel que estava deitada nos meus braços, na pior situação. Encarei Marta que estava encabulada com a minha confissão, ela não dizia nada, só me olhava surtar. Ela não parecia acreditar, e nem eu. 

Peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão, na verdade peguei tudo. Meus sonhos, meus segredos, meus medos e minhas vontades.  Peguei também um papel que encontrei em cima da cama, todo surrado. Sai daquele lugar, e deixa lá dentro o meu passado, a fim de construir uma vida nova.