Fanfic: A Descoberta da Paixão . d&c - adaptada/terminada

Comentem queridas e querido *-*

— Isso nunca me ocorreu.

— Então por que falou nisso?
— Para convencê-la a ser razoável e vender-me o cavalo de que preciso. Se é imprudente e despreza as solicitudes de sua família e sua segurança por alguns momentos de tolice, também não deveria ter segredos.

— Nem imagina por que faço isso, Christopher.

— Não, mesmo. Até os quatorze anos, ninguém se interessava em saber o que eu fazia ou deixava de fazer. Vossa Alteza não pode avaliar sua felicidade. Não conheci meu pai, nem soube por que minha mãe me abandonou quando eu ainda era um bebê. Deixou-me berrando em uma cama desfeita de uma pensão, e a polícia não conseguiu encontrá-la. Só

souberam que ela era jovem e que estava falida, sem condições de sustentar uma criança. Mas quando se é aquela criança, tudo o que se conhece é a rejeição e o abandono.

Christopher suspirou. Era o mais longo discurso sobre si mesmo que já havia feito a alguém.

— Não precisa procurar simpatia em mim, princesa. Você pode traçar a árvore genealógica de sua família até os primeiros ancestrais. Tem irmãos que se preocupam com o que possa lhe acontecer. E tudo o que faz é dar as costas para eles!

— Sair disfarçada não é dar as costas para ninguém.

— Talvez eu tenha exagerado. Mas há de convir que também não se trata de um comportamento sério.

— Tem ideia de como estou cansada de ser responsável? Claro, eu sempre soube quem era. Nunca me permitiram que esquecesse tal coisa nem por um segundo. Estava com sete anos e já passava tropas em revista e recebia saudações. A maioria das crianças adormece durante as paradas militares. Se eu fizesse isso, figuraria nas primeiras páginas

dos jornais.

— Tudo bem, pertencer à família real não é um mar de rosas. Nunca pensei que fosse. Mas e quanto às pessoas que se preocupam com seu bem-estar? Como se sentiriam se aquele caubói bêbado a houvesse arrastado para algum canto?

Christopher percebeu que acertara o alvo, quando uma sombra toldou o olhar de Dulce.

— Teriam ficado inconsoláveis — ela admitiu, em voz baixa. — Quando nossos pais morreram por causa de um ciclone, achei que meus irmãos não voltariam nunca mais a sorrir.

— Ainda assim se arrisca a magoá-los por sua causa?
— Meus auxiliares diretos sabiam onde eu estava. Era dia claro, e me senti segura o suficiente.

— O que não impediu de ser atacada.

— Não.

— Quero que me prometa jamais fazer isso de novo.

— Se não, pretende contar a Cristian? É isso?

— Se concordar agir certo, não terei de fazer isso.
— Quer dizer, vender-lhe Carazzan?

— Uma coisa nada tem a ver com a outra. Eu não me rebaixaria a ponto de fazer uma chantagem, princesa.

Mas ele poderia, se quisesse. Dulce se via presa no pior dilema que já encarara. Não podia abrir mão de Carazzan nem de suas escapadas.

— Sejamos lógicos, princesa. Eu tenho as terras. Você, os meios que podem fazer deste garanhão uma lenda no meio equestre. Uma parceria entre nós é a única coisa que faz sentido.

— Não é a única. Há outra solução.

— O que tem em mente?

— Uma disputa entre nós.

— Como assim?

— Qualquer tipo de demonstração que você quiser, em cima de um cavalo.

— Suponho que irá montar o Carazzan.

Ela hesitou. Era o que pretendia.

— Posso escolher qualquer outro.

— Eu já contava com isso. Usando seu território e seus cavalos, qualquer contenda será parcial o suficiente. Nem precisará tirar essa vantagem extrema.

Dulce ergueu a cabeça, mais animada do que nunca.

— Está com medo de aceitar o desafio, Christopher?

— Jamais deixei de enfrentar um. Mas terá de ser alguma coisa diferente para nós.

— Há uma em particular que me deixa estimulada. A trilha de Nuee.
— Uma prova de resistência para subir o monte Mayat? Ficou louca? É uma das trilhas mais árduas do hemisfério sul.

— Será uma competição que valerá a pena. Se eu ganhar, o preço será o silêncio sobre minhas... atividades extracurriculares.

— E se você perder? — Ele estreitou os olhos.

— Concordarei em ficar em meu palácio como uma boa princesa, para sempre. — A perspectiva aterrorizava, mas seria um estímulo para vencer.

Christopher meneou a cabeça.

— Para o que está propondo, os interesses têm de ser um pouco mais

altos.

Dulce, apavorada, viu-o fitar o perfil aristocrático do belíssimo cavalo.

— Oh, não! Eu não arriscaria Carazzan.

— Nem mesmo pelas terras que deseja tanto?

Dulce o encarou.

— Quer apostá-las?

— De uma maneira ou de outra, Carazzan faz parte delas. O vencedor ficará com ambos. A única questão é saber se Vossa Alteza tem a coragem necessária para tentar.

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