Fanfic: A Descoberta da Paixão . d&c - adaptada/terminada

Obrigado pelos 1.000 comentário gente *-* Vocês são uns amores … falando em amores ..
Quem quase morreu com o Christopher no domingo legal hoje levanta a mão ! \O/

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Se perfeição matasse ele já teria caído mortinho *-*

CAPÍTULO VII

A chuva pesada deixava a superfície de barro escorregadia como gelo. E a descida do assim chamado trajeto mais fácil tornou-se bastante arriscada. Dois passos para a frente e um para trás era o máximo que conseguiam fazer.

Era de desanimar, Dulce pensou, ainda mais com a desaprovação que sentia por parte de Christopher. Não podia contar o verdadeiro motivo por que insistira em ficar. Ele não a agradeceria por sacrificar-se em função dele.

Entretanto, aquilo não lhe parecia um sacrifício, Dulce refletiu. Se fosse ajuizada, naquele momento estaria em um helicóptero, de volta para um lugar seguro e quente.

Em vez disso, porém, caminhava com dificuldade pela lama junto com um homem que não a queria a seu lado. Mas tinha de confessar que não trocaria a presente situação por nada nesse mundo.

Dulce começava a invejar os cavalos pela tração extra que as quatro patas lhes conferiam. Montar estava fora de questão, e as pernas doíam, mesmo antes de completar os dois quilômetros em direção à cabana de apoio marcada no mapa. Se aquele era o caminho melhor, ela alegrou-se por não terem voltado por onde haviam vindo.

Christopher ajudou-a a ultrapassar mais um tronco caído que bloqueava a trilha.

— Os turistas que vêm por aqui devem ser loucos.

— Onde está seu espírito aventureiro? — Dulce sorriu, determinada a não dar-lhe o gosto de demonstrar cansaço.

— Decerto no mesmo lugar em que você deixou o seu.

Ela empinou o queixo.

— Ainda não admiti a derrota.

Christopher estava furioso com Dulce, mas teve de admirar-lhe a coragem. Enlameada, ensopada e exausta, a princesa mantinha-se quase bem. Tentou imaginar Marian enfiando os pés no lodo até os tornozelos e com o senso de humor intacto. Não conseguiu.

A princesa deveria mesmo ser perseverante. Tinha mais coisas em jogo do que ele. Isso sem contar o que teria de ouvir dos irmãos, quando soubessem daquela aventura.

Por que Dulce não aproveitara a oportunidade de ir embora? Se fosse sua ex-mulher, já estaria longe. A princesa, ainda que tendo a melhor desculpa do mundo, escolhera ficar. Não podia ser por causa dele. Então... seria pelas terras e por Carazzan.

Fazia horas que não pensava no cavalo como prêmio, Christopher admirou-se. Desde que Marian o impedira de comprar Carazzan, a ideia de reverter a situação ocupara-lhe a mente sem cessar.

Naquele momento, contudo, só Dulce lhe interessava. Tinha de fazer um grande esforço para percorrer a trilha em segurança.

A chuva cedera um pouco, mas o caminhar ainda era lento e perigoso.

Um pequeno deslize, de homem ou animal, poderia terminar em muitos metros despenhadeiro abaixo.

Estremeceu ao imaginar Dulce escorregando da beira. Só percebeu que lhe apertava demais o braço quando ela gritou.

— Está me machucando, Christopher.

— Eles vão acabar descobrindo. — Afrouxou o aperto, mas não a soltou.

As manchas de lama no rosto dela deixavam-na com um ar jovem e inocente. Veio-lhe à lembrança uma de suas mães adotivas limpando-lhe a face com uma ponta de um lenço embebido em água. Pela primeira vez, ele entendeu o instinto.

— Quem... e o quê?

— Seus irmãos descobrirão o que aconteceu.

— Pretende contar-lhes?

— Bom Deus, claro que não! O que eu teria a ganhar com isso?

— Diga-me você.

Christopher não conseguiria Carazzan com isso. Era mais provável que o atirassem para fora do país pelas orelhas.

— Não ganharei nada se a trair, Dulce. Mas sua ausência causará falatórios, e boatos se propagam com uma rapidez incrível.

— Meu pessoal é absolutamente confiável.

— Também achava que o meu era. Até que um sujeito, um dos mais dignos de confiança, ajudou a acobertar o fato de minha ex-mulher estar em Paris com outro homem.

Christopher recordou todos os telefonemas para casa, enquanto estava viajando pelo sul do Pacífico. Até aquela ocasião, ainda não achara estranho que as únicas vezes em que conseguira falar com ela, fora quando ela ligara. O resto do tempo Marian dissera que estivera fazendo compras, ou no chuveiro, ou dormindo, ou sabe-se mais o quê.

— Você a amava muito, Christopher?

— Pensava que sim, mas nada que me fizesse entrar para a Legião Estrangeira. Não sejamos tão trágicos.

— O fim de um amor sempre se aproxima da tragédia.

— Você deve saber...

— Posso ser inexperiente, mas isso não quer dizer que não saiba o que é o amor.

Christopher deu-se conta de que não queria imaginá-la nos braços de outro homem, mesmo que os dele estivessem fora do páreo.

Resolveu mudar logo de assunto:

— Já que teremos de passar a noite aqui, vamos esquecer as histórias pessoais?

— Sobre o que prefere conversar? Criação de cavalos? Linhagens?

— Não! — Não pretendia ser rude, mas conversar sobre reprodução com ela o deixava inquieto.

— Porque isso lhe lembra Carazzan? Esqueci-me do quanto você gosta daquele cavalo.

Estranho. Antes, Christopher teria dito que só Carazzan lhe importava.

Naquele momento, não tinha essa certeza. Por que o ousado projeto de criação dos melhores cavalos de sela do mundo começava a parecer insuficiente? Teve medo de que a resposta estivesse a seu lado.

— E temos de falar? Poupar energia para a caminhada parece-me mais sensato.

Ela virou-se, espalhando lama com as botas.

— São todas as mulheres ou apenas eu?

— Como é?

— Sinto muito que sua ex-mulher o tenha ferido tanto. Mas odiar todas as outras não vai resolver o problema.

— O que a faz achar que odeio as mulheres?

— E não?

"Como você está errada! E como é magnífica, apesar de suja de barro, cansada e com os cabelos molhados caídos sobre o rosto!"

Beijá-la para mostrar-lhe o engano não pareceu uma solução para Christopher. Assim, fixou-se no caminho obscurecido pela neblina.

Dulce tomou o silêncio como uma resposta.

— Então, deve ser de mim que você não gosta. É porque sou uma princesa?

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