Fanfic: A Descoberta da Paixão . d&c - adaptada/terminada

Obrigado pelos comentários meninas *-*
Não percam o bebê na Hebe amanhã !

CAPÍTULO VIII

Do lado de fora da choupana, Christopher atacou as toras com a fúria de um possesso. A obscuridade mal lhe permitia ver o alvo do machado, mas tinha de matar sua frustração para não entrar e fazer uma coisa da qual ambos depois se arrependeriam.

Sua vontade era abraçar Dulce, beijá-la até perder o fôlego e se perder em seu corpo, fazendo-a sua.

— O que está acontecendo comigo? Será que estou me tornando perito em me meter em encrencas com as mulheres?

Rachou lenha até ficar com todos os músculos doloridos. Ótimo.

Isso o impediria de pensar em Dulce.

A tática funcionou por dez segundos.

Naquela noite ela nem parecia uma princesa, toda desarrumada, mesmo assim resplandecente.

Contudo, Dulce fazia parte da nobreza e era virgem. Pensarem tornar-se seu primeiro amor deixou-o sem fôlego. Pelos beijos trocados, deduziu que ela aprenderia rápido. Sem demora, juntos alcançariam as estrelas.

Christopher não costumava ser poético, muito menos com a pessoa errada.

Deu outra machadada violenta, e mais um pedaço de madeira partiu-se.

Ao erguer o instrumento, Dulce já lhe ocupava os pensamento de novo. Não podia se esquecer de que ela era de outra classe social. Já cometera um erro que lhe serviria de lição para toda a vida.

O futuro de Dulce fora determinado desde o nascimento e não incluía o casamento com um fazendeiro americano sem linhagem. Uma igreja lotada de familiares do lado da noiva e um vazio por parte do noivo pareceu-lhe uma imagem digna de humor negro.

Desferiu mais um golpe. A lâmina atingiu o tronco, e o choque repercutiu em seu braço. Reconheceu que estava derrotado.

Largou o machado e juntou a madeira cortada. A lenha serviria para aquecer uma noite longa e fria.

Ao entrar, encontrou Dulce inclinada sobre a mesa. Os culotes apertados delineavam a silhueta adorável. O perfume dela mesclado com o cheiro da comida deixou-o nostálgico do lar, que, na realidade, não tivera.

— Tente comer, Christopher. Tirei os pedaços queimados de cima, e o restante ficou aproveitável. Acho.

Christopher esforçou-se para falar qualquer coisa, mas só lhe ocorria dizer-lhe que a amava.

Desejar não era o mesmo que amar, ele corrigiu-se.

Confiara várias vezes e sabia aonde isso o levara. Pais adotivos, parentes postiços, Dan Uckermann, Marian. De todos, só Big Dan cumprira as promessas, mas, assim mesmo, no final acabara ferindo o filho.

Não era culpa de Big Dan se ele era dotado de um mau coração.

Mas, embora irracionais, a dor e o sentimento de abandono ainda atormentavam Christopher.

— Isto deve bastar para hoje — ele ouviu-se dizer, ao colocar a lenha em uma arca ao lado da lareira.

— Que bom...

Dulce serviu-lhe um prato de comida e sentou-se o mais longe o possível. Christopher deveria agradecer pela distância e admirar-lhe a força de caráter que tornava isso possível. Porém, sentiu-se solitário. Vazio.

Enquanto comia, pensava que era melhor mesmo ela afastar-se.

Afinal, não era mulher para ele. Mas os argumentos não o persuadiram.

— Devo mesmo estar faminto, pois não estou achando esta comida tão ruim assim. — Christopher caçoou, molhando metade do sanduíche que sobrara do almoço no molho de tomate.

Dulce não achou muita graça no comentário. A refeição estava horrível, mas não havia escolha.

Assim que terminaram, Dulce tirou a mesa e levou a louça até a pia minúscula de aço inoxidável a um canto.

Christopher não moveu um dedo para ajudá-la. Melhor. Assim não ficaria perto dele.

Ela abriu a torneira, e a água veio com cor de ferrugem.

— Deixe escorrer por alguns segundos para limpar os canos — Christopher sugeriu. — Com toda essa chuva, não temos de preocupar-nos em esvaziar a caixa.

Dulce jogou um pano de prato na direção dele.

— Por que não enxuga, em vez de dar ordens?

— Você é quem manda, princesa.

— Não me chame assim. O correto é Alteza no primeiro encontro, e senhora daí para a frente — explicou, com raiva.

Ao olhar para ele, Dulce arrependeu-se. A expressão impassível não escondeu a fúria.

Apesar de eles se conhecerem havia apenas uma semana, a máscara de indiferença não a enganava.

Bem, o troco fora merecido. Christopher a rejeitava por ela ser quem era.

Assim, não poderia culpá-la por corresponder às expectativas.

Sem uma palavra, Christopher foi até a pia e começou a enxugar os pratos que Dulce estendia.

Rápido, a tarefa terminou. Ela espiou ao redor, à procura de alguma coisa para fazer, e assim ocupar-se. Christopher interpretou mal esse gesto.

— Se quiser, pode usar a cama. Dormirei no chão.

Dulce ainda não pensara em como fariam e, naquele momento, deu-se conta das limitações da cabana. Talvez uns três metros e meio por dois e meio. Uma porta de madeira bruta e uma janela. Sobre um estrado havia um colchão, cobertores do exército e travesseiros. No outro canto, a lareira. Entre eles, duas cadeiras de espaldar reto e uma

mesa, todas em madeira crua.

Os mantimentos, em uma prateleira superior. Nem mesmo um sofá onde ele pudesse dormir.

Ao cair da noite, a tempestade retornara com força e batia na janela.

O vento uivava e passava por baixo da porta. Dividir o leito seria a única coisa sensata a fazer. Como Christopher demonstrava não querer fazer amor com ela, tudo ficava mais simples. Mas o alívio de Dulce veio repleto de desapontamento.

Por que não o deixava dormir no chão e pronto? Se Christopher passasse uma noite desconfortável, ela poderia levar vantagem no trecho final da competição, no dia seguinte.

Sua dignidade, porém, protestou. Apesar de magoada, não o deixaria pegar uma pneumonia.

— Podemos partilhar a cama, Christopher. É grande o suficiente para nós dois.

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