Fanfic: A Descoberta da Paixão . d&c - adaptada/terminada

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Reta final já *O*

— Não é necessário exagerar com as obrigações de nobreza, senhora.

— Estou apenas querendo agir com imparcialidade. Se ficar doente, não estará em condições de terminar a disputa.

— Mesmo assim, ficarei no chão.

Christopher não queria mesmo dividir um leito com ela.

— Bem, se tem medo de não poder se controlar...

— A senhora gosta mesmo de brincar com fogo, não é, Alteza?

— Sei que você não me acha atraente. Então, não haverá perigo.

— O que a fez pensar que não a acho atraente? Hoje mesmo já lhe disse que é muito bonita.

— Mas tem um jeito estranho de demonstrar isso.

— Se eu seguisse meus instintos, não discutiria sobre quem ficaria deitado lá. Nós ocuparíamos a cama juntos. — Christopher apontou as chamas. — E manter esta cabana aquecida seria o último de nosso problemas.

Dulce foi até a lareira e remexeu os gravetos, para ter tempo de recompor-se. Assustou-se quando Christopher tirou-lhe o atiçador das mãos e os dedos de ambos se tocaram.

— Você tem a mania de confundir tudo, Alteza.

— E você não tem o direito de dizer-me o que posso e o que não posso fazer.

Ele apertou-lhe a mão e depois afastou-se.

— Está bem. Se quiser, pode apagar o fogo. Mas não espere que eu torne a acendê-lo, se enregelar durante a noite.

— Pensa que não sei como se acender um fogo?

— Tenho certeza. Está segurando o atiçador como se fosse uma espada.

— Talvez seja por causa da prática como espadachim.

— Ah, isso eu gostaria de ver! A princesa guerreira esgrimindo...

— Parece que não acredita em mim.

Ainda por cima, caçoava dela! Dulce revoltou-se.

Queria não gostar de Christopher, mas, com aquela intimidade crescente, tornava-se impossível. Só lhe restava lamentar que a promessa presente no beijo não se cumprisse.

— Não é isso, Dulce. Mas é difícil, para mim, aceitar uma educação que inclua esgrima e não culinária.

— É porque você não faz parte da nobreza.

Dulce percebeu que ele tomara a frase como crítica, o que a desanimou. Toda vez que as barreiras de classe social começavam a ceder, ela dizia alguma coisa errada.

Mas a culpa era de Christopher. Se ele não invocasse a posição dela a cada minuto, ela também não teria de responder à altura.

Engraçado... Quando se beijaram, Dulce poderia jurar que ele esquecera. E ela também. Jogou o instrumento de ferro no solo. Christopher ameaçava os sonhos que Dulce sempre acalentara e a fazia desejar coisas a que não tinha direito: um lar de verdade, crianças, uma existência normal. Ter filhos com Christopher...

Era uma loucura, admoestou-se, mas era verdade. Precisava muito dele.

Agarrou-se à possibilidade de que, no dia seguinte, esqueceria tudo aquilo.

— E quanto à cama, Christopher?

— Vamos tentar sua sugestão.

O coração de Dulce disparou. Ele aceitara, justo naquele momento em que ela se debatia entre desejos e emoções.

— Prefere se acomodar do lado de fora ou encostada na parede?

Dulce ensaiou um dar de ombros para disfarçar as emoções que a envolviam.

— Tanto faz.

— Então, ficarei do lado da parede.

Christopher tirou as botas, arrumou dois travesseiros sobre o colchão, esticou-se sobre ele e cobriu-se com dois dos cobertores.

— Você não vem?

— Não estou cansada — a princesa mentiu.

— Não perca tempo. Amanhã será um longo dia.

Assim como aquele, Dulce refletiu. Primeiro, a cavalgada; depois, o longo trajeto feito a pé deixaram-na exausta. Mas não podia resolver-se a deitar ao lado de Christopher. Temia não só que ele não se controlasse, como também por suas próprias atitudes.

Dulce ficou sentada durante meia hora em uma das cadeiras desconfortáveis, sem se mexer, mirando o fogo que se extinguia devagar. Quando o frio começou a penetrar-lhe nos ossos, entendeu que não poderia adiar por mais a decisão.

Christopher adormecera.

Dulce descalçou as botas sem fazer barulho e, com cuidado, deslizou para baixo das mantas.

Tivera a impressão de uma largura maior do leito. Ou talvez não houvesse avaliado bem o tamanho de Christopher. Assustou-se quando a coxa tocou na dele, mas ele não se mexeu.

Dizer a si mesma que era ótimo Christopher estar dormindo profundamente não lhe acalmou a ansiedade. Queria que ele acordasse e a tomasse nos braços. Devia estar mesmo ficando louca.

Por ser solteira e não ter parentes próximos além de seus ir mãos, Dulce ficava muito sozinha no esplendor do palácio e na vila do campo. Mas nunca sentira solidão, até encontrar Christopher. Aquela altura, não lhe agradava nem um pouco a ideia de desfrutar todos aqueles vestíbulos, galerias, salas de estar e jardins em companhia de seu séquito. Queria alguém com um significado especial. Para tomar junto com ele o café da manhã. Para conversar, depois de um dia cheio de compromissos sociais. Para ser abraçada durante o sono.

Um homem que a amasse.

Não poderia ser Christopher.

Ele desprezava o mundo em que ela vivia, embora admitisse que a achava atraente.

Se Christopher ganhasse a prova, levaria Carazzan, estabeleceria o haras, e Dulce o veria só em ocasiões oficiais. Se ela vencesse, ele iria embora de Carramer, e assim também o perderia.

Nenhuma das perspectivas pareceu-lhe interessante, nem mesmo a de sair vitoriosa.

Christopher mexeu-se e encostou-se nela. Dulce virou-se de lado e tentou ignorar as batidas rápidas de seu coração. Não conseguiu, e a imaginação incendiou-lhe os anseios. Escorregou devagar para a beira do colchão e puxou a coberta fina.

A ansiedade cedeu lugar a um sono intermitente.

Depois de algum tempo, Dulce acordou e viu que o fogo estava quase apagado. Ela quase morria de frio.

Com um suspiro de resignação, encostou-se em Christopher. O calor daquele corpo aqueceu-a. Tornou a adormecer, pensando em como seria bom se Christopher pudesse afastar a solidão de sua vida.

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