Fanfic: +*¨^¨*+ Uma noite em Cozumel+*¨^¨*+ [TERMINADA]

Christopher estava mais nervoso do que nunca. De outro modo, teria persuadido ou, falando mais claro, saberia como fazer  Dulce se encontrar com ele para jantar em um restaurante local.
Precisou de três telefonemas para que Dulce falasse com ele por mais de trinta segundos. Ele admitiu que ter ido à casa dela fora um erro. Não teve a intenção de perturbar Alan, contudo estava perplexo em reencontrar Dulce e descobrir que podia ser o pai do filho dela. Acalentou a esperança de encontrá-la em território neutro. Precisava vê-la. Eles tinham de conversar.
Propôs saírem para um drinque no final da tarde. Ela contrapôs, sugerindo um café-da-manhã no sábado. Ele não conseguia lembrar-se de estar tão inseguro ao “negociar” um encontro. Não podia recordar um que tivesse mais importância para ele.
Dulce atravessou a porta do restaurante vestida com uma calça jeans que acompanhava fielmente suas curvas e uma camiseta que ressaltava a exuberância de seus seios. O cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo.
Provavelmente, ela não se vestira para impressionar, mas Christopher não conseguia parar de admirá-la. Não tinha se dado conta do quanto sentia sua falta. Dulce lançou um rápido sorriso para a garçonete e passou os olhos pelo lugar. Quando seus olhos encontraram os dele, seu sorriso desarmou-se. Ele sentiu uma opressão no peito. Houve um tempo em que sua face se iluminava ao vê-lo. Ele levantou-se para recepcioná- la na mesa.
– Onde ficou Alan? – perguntou.
– Maite, uma colega do escritório, está tomando conta dele. Ela o adora. – E sorriu. – Todos o adoram.
– Inclusive você – disse ele.
O sorriso dela ampliou-se.
– Eu sou a pior.
– Ou, no caso dele, a melhor – contrapôs ele.
Ela refletiu por um momento.
– Talvez.
A garçonete anotou os pedidos na comanda e se afastou. O silêncio pairou entre eles.
Christopher limpou a garganta.
– Um pedido de desculpas soaria ridiculamente inadequado.
Ela baixou os olhos e cruzou os dedos por cima da mesa.
– Desculpa por quê?
– Por não ter dito meu verdadeiro nome e por não procurar você. – Ele fez uma pausa quando a garçonete entregou o café. – Cresci com o sobrenome Uckermann, sem saber se uma mulher desejava a mim ou a meu sobrenome. Não sabia se poderia confiar em você. Dulce, você era boa demais para ser verdade. Quando me conscientizei de que me oferecia algo real, já era tarde. Fiquei acordado a noite inteira tentando encontrar o jeito certo de lhe falar.
– E não conseguiu – afirmou Dulce levantando os olhos. – Não pode mudar o fato de ter mentido para mim sobre quem você era. E não pode mudar o fato de nunca ter me procurado.
Ele desejou tanto poder pegar as mãos dela.
– O que você fez ao descobrir que estava grávida?
– Entrei em pânico. Tentei encontrar você. Mas você não existia. Tive fantasias extravagantes que você iria reaparecer – contou ela. Estampava no rosto um sorriso encabulado.
– Extravagantes como?
– Que você tinha sofrido um ataque de amnésia e esquecido meu nome. Mas nos meus sonhos, de repente, você recuperava a memória e não suportava minha falta.
Christopher riu, mas por dentro a tristeza lhe cortou o coração quando ele se deu conta do quão perto Dulce tinha chegado da verdade.
– Senti que tinha sido boba e estúpida. Como fui cair nessa de me envolver com alguém durante uma viagem de férias? Quando dei por mim estava grávida, e apavorada. – Ela cerrou os olhos, e ele desejou poder apagar-lhe essas memórias. – Tive medo de perder minha bolsa de estudos – arrematou ela. E balançou a cabeça.
– Mas você não perdeu, não é mesmo?
– Minhas notas sofreram um pouco durante um semestre, mas eu recuperei. – Tomou um gole de café. – Foi difícil reconhecer que o tempo que passamos juntos significou tão mais para mim do que para você. Mas isso são águas passadas.
– É aí que você se engana – interrompeu Christopher.
Não podia permitir que ela continuasse a pensar assim.
– Pode parecer que sim, por eu não ter lhe procurado.
Mas pensei muito em você. Só não me sentia capaz de arrastá-la para dentro da situação que estava vivendo. Quando meu pai morreu, houve uma batalha pelo poder dentro da empresa. E a família contava comigo para chegarmos a um bom resultado. Fui tragado por aquele mar de lama. A cada dia uma nova crise. Quando tudo acalmou, eu quis procurar você, mas parecia que tempo demais havia se passado. Com certeza você já se transformara, e eu também não era o mesmo homem que havia caminhado pela praia com você em Cozumel. Não sabia se você sentiria as mesmas coisas a meu respeito. Mas eu nunca a esqueci. Nunca.
Ela mordeu os lábios.
– Parece que você conseguiu bons resultados para sua empresa.
– Mas não consegui bons resultados para você. Ou para mim. Ou para Alan.
– Não quero ser indelicada, mas nós conseguimos passar bem sem você.
– Pode ser – concedeu. – Mas estou me dando conta de que não tenho passado tão bem sem você.
Os olhos de Dulce arregalaram-se surpresos. Ele pode sentir uma corrente elétrica movendo-se entre eles. Ela inquietou-se.
– Já tivemos nossa chance. Coisas demais aconteceram desde então.
Ele sentiu um aperto na garganta. Jamais aceitaria aquelas palavras. No entanto, sabia que aquele não era o momento de se opor a ela.
– Mas e Alan?
Ela o fuzilou com o olhar.
– O que tem ele?
– Vai negar que sou o pai dele?
– Não vou negar que você fez o depósito e depois partiu – respondeu. E estava sendo cortante.
– Você não acha que vai chegar uma hora em que ele vai querer conhecer o pai? Tenho certeza de que é uma mãe fabulosa, mas até mesmo você vai concluir que ele precisará de um pai.
Ela suspirou.
– Alan é um excelente garoto e merece o melhor.
É por este motivo que não saio muito. Por ele, eu quero encontrar o melhor homem possível.
Christopher lutou com seu orgulho.
– E quanto ao pai natural dele? – suplicou.
Ela balançou a cabeça em sinal de abandono.
– Não sei como dizer de modo gentil, mas não estou certa de que será um pai presente. Você pode ser bonito, cheio de dinheiro e ser bom em demissões, mas nem sempre disse a verdade, não cumpriu promessas importantes e é um viciado em trabalho. Eu quero alguém que esteja interessado em brincar, jogar futebol, contar histórias antes de ele dormir e que esteja disposto a organizar festinhas com filmes da Disney.
E você é obcecado em levar os lucros do império Uckermann às alturas, sem se importar com o custo pessoal. E, além disso, é conhecido como o carrasco.
Christopher deixou-se queimar pelo desafio.
– Está dizendo que eu não estou qualificado para ser o pai de Alan?
– Sim. Estou lhe dizendo que uma boa porção de esperma não é indicação de caráter ou de potencial paterno.
Nesse momento, o celular tocou. Franzindo as sobrancelhas, ela o apanhou de dentro da bolsa.
– Oi. O que aconteceu? – Escutou por um momento, contraindo o rosto. – Oh, não. Vou já para aí.
– Olhou para ele e se levantou. – Desculpe, mas tenho que ir.
– O que houve?
– Catapora.
Ele levantou, sem hesitação.
– Eu quero ajudar.
Ela lhe arremessou um olhar de dúvida.
– Agradeço a intenção, mas de fato não é sua área.
– Talvez precise ser, se vou me transformar em um pai presente – disse ele. E encarou-a nos olhos. – Eu não tive nove meses para me preparar, mas quero a chance de ser o homem que Alan precisa como pai.
– E a chance de ser o homem que você deveria ter como marido, acrescentou silenciosamente.

CONTINUA...