Fanfics Brasil - 10° Capítulo Coração enterno {AyA [finalizada]

Fanfic: Coração enterno {AyA [finalizada]


Capítulo: 10° Capítulo

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Capítulo 4


 


Anahí o olhou fixamente. Como proposta de
casamento, resultava bastante ofensiva, tanto assim, durante um longo momento,
nem sequer foi capaz de reagir. Amava Alfonso, mas estava passando da raia.
Acreditava que se casaria com ele para que pudesse tranquilizar sua
consciência? Pensava que estava tão se desesperada que não perderia a ocasião?
Pior ainda, estaria certo? Tremendo por dentro, compreendeu que não sabia se
teria forças para rechaçá-lo, embora se tivesse declarado pela pior razão
possível.


Para dar-se tempo, deu-se a volta, tirou duas
xícaras do armário e seguiu lhe dando as costas enquanto se concentrava em
normalizar sua respiração e em serenar-se. Enquanto sustentava uma bonita xícara
de cerâmica entre os dedos, conseguiu articular duas palavras com naturalidade:


- Por que?


A pele de Alfonso tinha uma matiz cinzenta sob a
tez cítrica, e Anahí soube que não lhe tinha resultado fácil pedir-lhe. Como ia
ser quando ainda esperava, em seu coração, a Dulce?


Como qualquer homem de negócios competente,
começou a esboçar as vantagens da fusão.


- Acredito que faríamos um bom casamento. Nós dois
somos profissionais, compreenderíamos a pressão a que estaria submetido o
outro, as exigências trabalhistas que minguariam o tempo que, normalmente,
disporíamos para estar juntos. Levamo-nos melhor agora que nunca, e as viagens
que temos que fazer daria uma pausa aos dois. Sei que está acostumada a ser
independente e a dispor de seu tempo a sua maneira - disse com cautela,
enquanto tentava adivinhar a acolhida que tinha tido sua proposta, mas era como
procurar expressões no rosto frio e liso de uma boneca de porcelana. -
Saberíamos quando seríamos um estorvo um para o outro.


O café parecia. Anahí jogou os o saco no lixo e
verteu o líquido fumegante, de delicioso aroma nas duas xícaras. Passou-lhe
uma, recostou-se na mesa e soprou com suavidade seu café para esfriá-lo.


- Se necessitamos tanto tempo a sós, para que
tomamos a moléstia de casarmos?


O rosto sombrio de Alfonso se suavizou ao
contemplar a cascata pálida de cabelo que se curvava, como braços viventes, em
torno dos ombros de Anahí.


- Anahí, se pudesse aceitar um frívolo namorico,
ontem à noite não teria sido virgem.


Tremendo, Anahí recordou que Alfonso era um bom
estrategista. Sabia como defender-se e atacar, e como aproveitar um argumento
débil. Não, não era uma mulher capaz de ter aventuras aqui e lá, porque nunca
tinha podido fixar-se em nenhum outro homem exceto nele. Acaso Alfonso era
incapaz de ver a verdade? Uma mulher que levava sendo virgem tanto tempo,
apesar das oportunidades normais para alterar essa condição, só podia ter uma
razão para ir a seus braços sem reparos, como ela tinha feito a noite anterior.


- O de ontem à noite esteve bem - prosseguiu Alfonso
com suavidade, e suas palavras se enredaram em torno do coração de Anahí,
aproximando-a cada vez mais a ele, submetendo-a a sua vontade. - Senti-me tão
bem dentro de ti que perdi um pouco a cabeça e, mesmo assim, senti como te
suavizava por dentro. Se tivesse podido esperar, teria perdido um pouco a
cabeça por mim? Começaria a gostar de mim?


Alfonso desceu da banqueta e se aproximou dela,
enquanto sua voz grave de veludo seguia seduzindo-a. De pé ante ela, bebeu seu
café, sem deixar de olhá-la por cima da borda da xícara.


Anahí também tomou sorvos de café, e o manteve na
língua para que suas papilas gustativas se deleitassem com o sabor amargo.
Podia sentir o rubor que se propagava por seu rosto, e de sua tez pálida que
deixava entrever inclusive rubor mais leve.


- Sim, eu gostei - reconheceu por fim com
estupidez.


- Seria um bom marido. Fiel, trabalhador, como
Milú, o cão do Tintín.


Anahí elevou a vista depressa e viu o regozijo que
faiscava nas profundidades de seus olhos dourados à luz de seu bom humor.


- Eu gosto de estar domesticado - continuou, e seu
acento marcado se suavizou enquanto sopesava as palavras. - Eu gosto da
estabilidade do casamento, a companhia que oferece; ter a alguém com quem beber
café em uma manhã chuvosa nas noites frias de inverno. Agora mesmo está
chovendo, não é agradável estar assim? –e pôs a mão no ombro e acariciou com os
dedos a delicada articulação; depois, deliberadamente, deslizou a mão dentro do
decote da bata, e introduziu os dedos sob a borda da camisola para acariciar as
curvas frescas e cheias de seus seios.


Anahí ficou imóvel, enquanto seu corpo tremia por
dentro pela quebra de onda de prazer.


Alfonso não jogava limpo; como ia pensar com
claridade quando seu corpo, desenhado pela natureza para responder às carícias
do homem a que amava, reclamava toda sua atenção? O raciocínio estava muito
bem, mas Alfonso lhe estava ensinando a marchas forçadas o pouco que sua mente
podia controlar o desejo natural de seu corpo.


Alfonso a observou com atenção e viu como seus
olhos se turvavam com a névoa da paixão.


Logo, Anahí fechou as pálpebras e respirou com
agitação entre seus suaves lábios entreabertos.


O coração de Alfonso também pulsava com crescente
rapidez ao sentir como seus seios se tornavam quentes pelas carícias, ao
perceber o cativante aroma de mulher que subia até seu olfato e lhe dizia, sem
que ele se precavesse disso, que Anahí estava ao seu dispor. Antes de que fosse
muito tarde, retirou a mão, mas a necessidade de tocá-la o impulsionou a lhe
rodear a cintura e aproximá-la a ele. O café de Anahí deu um perigoso vaivém e Alfonso
resgatou as duas xícaras e as deixou com cuidado sobre a pia. Então, estreitou Anahí
com firmeza, e seu suave corpo se acomodou contra o de Alfonso, amoldando-se
sem pensar aos contornos sólidos de seu corpo musculoso, e aquele acoplamento
arrancou uma exclamação dos lábios dos dois.


- Vê? - murmurou Alfonso com voz trêmula, e
enterrou o rosto na lustrosa seda de seu cabelo. - Juntos somos bons. Condenadamente
bons.


Anahí o envolveu com seus braços, e sentiu a
umidade da camisa ali onde a chuva o tinha molhado. O aroma fresco da chuva e
do outono se mesclaram com a fragrância masculina de Alfonso de forma sedutora,
e esfregou seu ombro sólido com o nariz. Que classe de casamento teria com ele?
Seria um céu ou um inferno? conformaria-se com o que ele pudesse lhe dar ou se
murcharia devagar por dentro agonizando porque ansiava tudo dele e o coração de
Alfonso sempre seria de Dulce? Naquele momento, de pé na cozinha, abraçados
como estavam, pensou que não podia lhe pedir nada mais ao céu, mas quando as
dificuldades do dia a dia a afligissem necessitaria mais dele?


Devagar, Alfonso moveu suas mãos fortes pelas
costas de Anahí, procurando e acariciando uma a uma todas suas costelas.


- Diga que sim, bebê - enrolou-a com voz rouca.


Era o primeiro apelido carinhoso que utilizava, e Anahí
sentiu que lhe derretiam as vísceras.


- Desejo-te, sempre te desejei, todos estes anos
nos que me dava suas delicadas costas. Jamais teria arriscado meu casamento com
Dulce indo por ti, queria-a muito. Mas sempre te desejei, e Dulce já não se
interpõe entre nós. Acredito que... Acredito que lhe teria agradado a ideia de
que cuidássemos um do outro.


Com o rosto oculto no ombro de Alfonso, Anahí
fechou os olhos, afligida. Quando Alfonso falava de Dulce, cada palavra era uma
adaga que lhe transpassava o coração. Como ia ser o bastante forte para viver
sabendo que jamais poderia substituir Dulce no coração de Alfonso?


Mas enquanto se retorcia por dentro de dor, Alfonso
a apertou um pouco mais contra ele, e o contato semeou o caos em seus
pensamentos, por si confusos. Alfonso intercambiou com suavidade suas posições;
recostou-se nos armários e abriu as pernas para suportar o peso de Anahí,
enquanto a apertava de forma íntima contra ele.


- Se quiser ser minha, terei que me casar contigo
- tomou o queixo de Anahí entre os dedos e a obrigou a levantar a cabeça para
poder ver seu rosto. - Não é a classe de mulher capaz de conformar-se com
menos. Ofereço-te um compromisso, uma relação legalizada com todos os direitos
que isso te outorga. Serei-te fiel; prefiro um compromisso com uma só mulher
que um milhar de encontros noturnos com mulheres cujos nomes nem sequer
recordo. Conhecemo-nos, sabemos o que podemos esperar um do outro. E somos
amigos; podemos falar sobre o trabalho, sobre centenas de coisas que temos em comum. Nossa
associação seria a inveja de muitas pessoas.


Ele tinha tudo calculado, todos os raciocínios lógicos
pelos quais seu casamento não podia falhar. Seu lar seria uma prolongação do
escritório, com o sexo como a cereja do bolo. Anahí podia imaginá-lo guardando
arquivos suas respectivas maletas antes de equilibrar-se um sobre o outro com
desejo desenfreado, esquecendo-se da ética trabalhista para sucumbir à fera
necessidade de unir seus corpos segundo o ritual imemorial que garantia a
sobrevivência da espécie.


As mãos de Alfonso se fecharam sobre ela com
brutalidade, e Anahí percebeu sua repentina tensão.


- Antes de que lhe ditas, há algo que deve saber -
uma nota áspera, logo que revelada, indicava o pouco que desejava lhe dizer o
que estava pensando, mas em uma negociação sempre sopesavam os prós e os
contra, e Alfonso estava abordando seu matrimônio como uma fusão de sociedades.
- Não quero filhos - disse com aspereza. - Nunca. Desde que perdi Justin e Shane,
não suporto estar com crianças. Se quiser filhos, retiro-me, porque não posso
lhe dar isso. –a dor contraiu seus traços, mas o controlou, e uma expressão de
lúgubre resignação ocupou seu lugar. - É que não consigo superar... - lhe atou
a voz, e Anahí percebeu como erguia os ombros, como se suportassem uma carga
que não tinha reflexos de desaparecer.


Anahí tragou saliva enquanto se perguntava quantas
propostas matrimoniais foram seguidas de uma declaração sincera, por parte do
futuro marido, das razões pelas que a noiva não devia casar-se com ele. Quantas
mulheres quereriam casar-se com um homem que oferecia companhia em lugar de
amor, um homem que não queria formar uma família e que teria que viajar com
assiduidade? E recordou o que havia dito a noite em que embalou as coisas dos
meninos: que não tinha podido dormir na mesma cama com uma mulher desde a morte
de Dulce. Nem sequer poderia compartilhar as noites com ele! Uma mulher tinha
que estar louca para aceitar uma proposta assim, pensou Anahí. Loucamente
apaixonada.


Deu um passo atrás e contemplou o rosto sombrio e
severo de Alfonso, o rosto que tinha visto em seus sonhos durante anos. Pensou
fugazmente em seu sonho de ter filhos, os filhos de Alfonso, e se despediu dele
com suavidade. Depois de tudo, esses filhos não tinham sido mais que quimeras,
enquanto que Alfonso era de carne e osso, e se o rechaçava naqueles momentos, a
felicidade podia ficar para sempre fora de seu alcance. De modo que Alfonso não
a amava; sentia afeto por ela, respeitava-a, o bastante para querer legalizar
sua relação. Às vezes ocorriam milagres e, enquanto vivessem juntos, sempre
caberia a possibilidade de que chegasse a amá-la. Mas, embora nunca lhe
entregasse seu coração, estava lhe oferecendo tudo o que podia. Anahí podia
rechaçá-lo por orgulho, mas o orgulho não substituiria o calor do homem vivo
nem lhe faria amor com a paixão selvagem de que Alfonso fizera a noite
anterior. Com sua sabedoria instintiva de mulher, Anahí compreendeu que, sempre
que a desejasse com tanta intensidade, tinha uma pequena possibilidade de fazer
entrar outra vez em calor seu coração invernal.


- Sim - disse com calma. - E agora, o que ocorre?


A breve aceitação prática não o desconcertou...
sua única reação foi uma inspiração profunda que inflamou seu peito e, depois,
apertou-a de novo contra ele.


- O que eu gostaria de fazer é te despir e te
fazer minha na primeira superfície horizontal que possa encontrar...


Anahí o interrompeu com um gemido.


- O chão outra vez! - protestou com humor.


- Ou a mesa. Ou pia - a poderosa reação do corpo
de Alfonso dizia a Anahí que, embora falasse em brincadeira, seu corpo ia a
sério.




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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 377



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  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:39

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:37

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:36

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:33

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*


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