Fanfics Brasil - 2° Capítulo Coração enterno {AyA [finalizada]

Fanfic: Coração enterno {AyA [finalizada]


Capítulo: 2° Capítulo

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Anahí tirou a caixa do
armário e se sentou no chão para revisar seu conteúdo. As lágrimas lhe nublaram
a vista ao contemplar a primeira foto dela com Dulce. Céus, se tanta agonia lhe
produzia perder a uma amiga, que dor não sentiria Alfonso? Tinha perdido a sua
esposa e a seus dois filhos.


Anahí e Dulce tinham sido
amigas íntimas do colégio. Dulce tinha sido uma dínamo humana, uma jovem alegre
e brincalhona que tinha levado da mão a Anahí, mais reservada.


De olhos azuis cintilantes
e cachos de cor mel, seu entusiasmo pela vida sempre tinha resultado
contagioso. Quantos projetos tinha forjado! Não pensava casar-se nunca. Converteria-se
em uma célebre costureira e viajaria por todo mundo. Anahí só tinha sonhado
tendo uma família de verdade, uma família amorosa. Em algum ponto de suas
vidas, permutaram-se os papéis.


Dulce se apaixonou por um
prometedor executivo de olhos escuros que trabalhava na mesma empresa que Anahí
e, desde esse momento, Anahí soube que seu sonho nunca se faria realidade. Dulce
não tinha duvidado em renunciar a seu glamoroso futuro como costureira em troca
de Alfonso Herrera, de seus dois adoráveis e adorados filhos e do amor com que
a envolviam. Anahí se tinha entregue em silêncio a seu trabalho, que era seu
único consolo.


Tinha tentado não amar ao Alfonso,
mas logo descobriu que não era fácil controlar as emoções. Desde não havê-lo
amado antes de que Dulce o conhecesse, poderia ter posto freio a seus
sentimentos, mas foi desde o começo. Desde que o conheceu, soube que, para ela,
sempre seria algo mais que um colega. Eram seus olhos, pensou Anahí, tão
escuros e profundos... uns olhos que ardiam com uma intensidade própria. Roman
Caldwell Herrera não era nenhum afemine. Tinha impulso e ambição, além de uma
inteligência privilegiada com a que tinha subido na executiva da empresa como
um foguete. Sim, não era formoso: seu rosto tinha um ar tosco e um tanto
castigado; os maçãs do rosto eram muito altas; o proeminente nariz conservava a
seqüela de uma fratura; e tinha uma mandíbula sólida como o granito. Era um
homem capaz de lançar-se à vida e de amoldá-la a seu gosto. Sempre tinha
tratado a Sara com amabilidade, mas ela sabia que era muito pálida e calada
para interessar a um homem com uma personalidade tão arrebatadora.


Mesmo assim, o verão em
que convidou Dulce ao piquenique da empresa, não imaginou que Alfonso, nada
mais ver a beleza vibrante do Dulce, reclamaria-a para si. Mas assim foi, e Dulce
e Alfonso se casaram cinco meses mais tarde. Justin nasceu três meses depois de
seu primeiro aniversário e Shane, dois anos depois. Dois meninos preciosos, com
o atrativo de sua mãe e a determinação de seu pai, e Anahí os tinha querido porque
eram os filhos de Alfonso.


Manteve-se unida a Dulce,
mas sempre tinha tomado cuidado de não roubar tempo à família. Alfonso viajava
muito, e Anahí tinha limitado suas visitas aos dias em que ele estava fora da
cidade. Não sabia dizer por que, mas intuía que Alfonso tinha reprovado sua
amizade com Dulce, embora, que ela soubesse, nunca se tinha mani-festado a
respeito. Possivelmente só fora que Anahí despertava antipatia nele, embora
nunca tinha feito nada para merecê-la. Tinha tentado manter-se à margem e nunca,
nunca, tinha revelado a Dulce seus sentimentos para seu marido. Não tinha
sentido, só teria servido para afligir a Dulce e para que sua amizade se
desin-tegrasse.


Anahí tinha saído com
outros homens, e ainda o fazia, mas sem comprometer-se com nenhum. Não teria
sido justo respirar uma relação mais formal quando lhe resultaria impossível
corres-ponder ao amor que pudessem lhe oferecer. Todos os que lhe perguntavam,
em brincadeira, quando pensava casar-se, recebiam a mesma resposta: estava
muito apaixonada por seu trabalho para lhe lavar as meias de nenhum homem. Era
uma desculpa típica e acalmada com a que protegia seu frágil coração, mas
também era uma mentira.


Nunca tinha desejado
derrubar-se no trabalho, mas era o único que ficava. Com aquela farsa tinha
enganado a todos... menos a si mesmo.


Alfonso tinha sido um
marido e um pai abnegado. O acidente na rodovia, dois anos atrás, esteve a
ponto de destrui-lo. E, de fato, tinha extinto sua alegria e o fogo ardente de
seu olhar. Dulce levava aos meninos ao colégio, quando um bêbado que retornava
a sua casa na hora matutina saiu do sulco e se chocou de frente com ela. Se não
tivesse morrido no ato, Anahí suspeitava que Alfonso o teria estrangulado com
suas próprias mãos, tão funda tinha sido seu desespero ao receber a notícia.


Justin morreu no impacto;
Shane, dois dias mais tarde. Duas semanas depois do acidente, Dulce morreu sem
ter saído do coma nem saber que tinha perdido a seus dois filhos. Durante essas
duas semanas, Anahí passou a maior tempo possível velando a sua amiga,
sustentando sua mão inerme e apressando-a para que lutasse por viver; embora
suspeitou que Dulce não quereria despertar de seu sono letal. Alfonso tinha
sido um elemento mais do cenário, sentado ao outro lado da cama, sustentando a
mão que luzia a aliança, com o rosto cinzento, cansado e impenetrável. Dulce
tinha sido sua única esperança, a última fresta de luz de sua vida, e aquela
frágil chama titilou e se apagou, sumindo na escuridão.


Anahí foi passando uma a
uma todas as fotografias, nas que ela e Dulce apareciam em diferentes fases de
sua infância e adolescência, embora também havia retratos dos meninos no berço,
dando seus primeiros passos e brincando de correr com energia. Alfonso aparecia
em algumas das imagens jogando com seus filhos, lavando o carro, serrando a
grama, realizando os trabalhos próprios de um pai e de um marido. Em uma delas,
Alfonso estava convexo de barriga para cima sobre a erva, vestido unicamente
com uns jeans curtos, sustentando em alto ao Justin. Seus braços morenos e
fortes suportavam com firmeza o peso do pequeno, e era evidente que o menino se
sentia a salvo nas mãos de seu pai, porque chiava de prazer. Sobre a erva,
junto a eles, Shane tentava ficar em pé, e tinha fechado uma minúscula mão
gordinha em torno do pêlo do peito do Alfonso em um intento por endireitar-se.


- Vê algo interessante?


A pergunta a sobressaltou,
e a fotografia escorregou de seus dedos e caiu na caixa. Anahí compreendeu que Alfonso
fazia a pergunta em geral, que não tinha reparado no angustiante desejo com que
ela contemplava sua fotografia mas, mesmo assim, seus enigmáticos olhos verdes
brilharam com receio enquanto ficava em pé e se alisava a saia.


- Sim. Levarei a caixa. Há
muitas fotografias de Dulce e dos meninos... se a ti não...


- Leva-lhe isso - disse Alfonso
com aspereza, e entrou no dormitório. Deteve-se no centro e passeou o olhar
pela habitação, como se nunca tivesse estado ali.


Tinha uma expressão
sombria, e sua boca parecia incapaz de voltar a sorrir. Às vezes sim sorria,
pensou Anahí, em certa medida, mas era uma careta cortês mais que uma  expressão de bom humor. A risada nunca se
refletia em seus olhos, nem se acendia o fogo antes patente neles.


Alfonso afundou as mãos
nos bolsos dos jeans, como se tivesse que fazer algo para não fechar os punhos.
Tinha os ombros contraídos, como se estivesse lutando contra as lembranças que
evocava aquela habitação. Tinha dormido com Dulce naquela cama, fazia amor com
ela, tinha jogado com os meninos os sábados pela manhã quando corriam a
despertá-lo. Anahí se apressou a recolher a caixa e desviou o olhar de Alfonso
para não ter que presenciar sua angústia. A angústia era tanto de Alfonso como
dela. Amava-o o bastante para desejar que recuperasse a Dulce e assim voltasse
a sorrir. De todas as formas, sempre seria de Dulce, porque Alfonso não tinha
deixado de amá-la. Ainda chorava sua morte, ainda sofria por sua perda.


- Terminei no quarto dos
meninos –disse com voz remota. - Já guardei todo e... - lhe atou a voz, e ao Anahí
lhe encolheu o coração. Alfonso inspirou com aspereza e lutou por manter o
controle.


De repente, seu rosto se
distorceu pela raiva, girou em redondo e deu um murro na penteadeira; os
frascos de perfume e os cosméticos que salpicavam a superfície tremeram com
estrépito.


- Deus! Quantas vidas
malogradas! –amaldiçoou com virulência e, depois, quando seu corpo cedeu sob o
peso da fúria e a dor, agarrou-se a penteadeira. Até que não lhe tinham
arrebatado a sua família, Alfonso nunca tinha conhecido o fracasso.


A morte era definitiva,
permanente, sobrevinha sem prévio aviso... e tinha destruído a vida que ele
tinha criado para si.


- Em certo sentido, perder
aos meninos foi pior que perder a Dulce - disse com voz apagada. - Eram tão
jovens, não tinham tido oportunidade de viver. Não chegaram a jogar na equipe
do colégio, nem a ir à universidade, nem a beijar a suas namoradas pela
primeira vez. Não fizeram amor, nem viram nascer a seus filhos. Não lhes deu
tempo.


Anahí apertou a caixa
contra seu peito.


- Justin beijou a sua namorada
- disse com voz trêmula, e esboçou um pequeno sorriso apesar da dor. -
Chamava-se Jennifer. Havia quatro Jennifer em sua classe, mas me assegurou que
sua Jennifer era «a mais bonita. Plantou-lhe um beijo nos lábios e lhe pediu
que se casasse com ele, mas ela se assustou e saiu correndo. Justin me disse
que ainda não estava preparada para casar-se, mas que não lhe tiraria o olho de
cima. Essas foram suas palavras exatas - acrescentou Anahí, e proferiu uma
gargalhada.


Tinha imitado a maneira de
falar de Justin, zombadora e brusca para um menino de sete anos, e Alfonso
sorriu. Olhou-a e, de repente, seus olhos quase negros lançaram brilhos
dourados. Proferiu um som afogado e, depois, prorrompeu em gargalhadas. Até
jogou a cabeça morena para trás para dar passo a aquela risada grave e
saudável.


- Meu Deus, era duro de
cortar - riu Alfonso entre dentes. - A pobre Jennifer não teria tido
escapatória.


Como tampouco a tinha a
pobre Anahí. Justin tinha herdado seu rude encanto de seu pai. O coração lhe
deu um tombo para ouvir sua risada, as primeiras gargalhadas autênticas que
tinham emerso de sua garganta em dois anos. Alfonso não tinha falado dos
meninos, nem de Dulce, desde o acidente. Tinha guardado sob chave todas as
lembranças e a dor, como se, de outra forma, nem sequer tivesse podido realizar
as funções mais básicas.


Anahí trocou de postura,
ainda com a caixa nos braços.


- As fotografias... Se
alguma vez as quiser, são tuas.


- Obrigado - Alfonso encolheu
os ombros, como se quisesse relaxá-los. - Está sendo mais difícil do que
acreditava. Segue sendo... quase insuportável.


Anahí baixou a cabeça,
incapaz de responder ou de olhá-lo sem tornar-se a chorar. Estava sendo uma
experiência tão traumática, que começava a duvidar de sua própria capacidade de
superá-la, mas não queria ficar mais difícil. Se Alfonso punha-se a chorar, ela
morreria no ato. Uma parte da agonia que havia sentido depois do acidente era
pelo Alfonso, porque sabia o muito que estava sofrendo. Nem sequer tinha sido
capaz de rodeá-lo com o braço em nenhum dos atos religiosos; Alfonso se tinha
mantido erguido e rígido, com a cara pálida e a expressão retraída, isolado
pela dor de todos os que o rodeavam.


Quando Anahí elevou a
vista, Alfonso estava sentado sobre a cama em que tinha dormido com  Dulce, e sustentava a camisola de seda em suas
fortes mãos. Estava cabisbaixo, e deslizava a seda entre os dedos uma e outra
vez.


- Alfonso... - Anahí se
interrompeu, sem saber o que dizer. O que podia dizer?


- Ainda me acordo de noite
e a busco na escuridão - disse com aspereza."- Esta é a camisola que usava
a última noite que estivemos juntos, a última noite que lhe fiz amor. Não
acostumo a não tê-la a meu lado. É um vazio que sangra que não desaparece por
mais mulheres que possua.


Anahí proferiu uma exclamação
e abriu de par em par seus olhos verdes como o Nilo, antes de fechar as
pálpebras com força.


- Surpreende-te, Anahí,
que tenha estado com outras mulheres? Fui fiel a Dulce durante oito anos, nem
sequer beijei a outra mulher embora, às vezes, quando estava de viagem, jazia
acordado na cama toda a noite, agonizando por uma mulher. Mas ninguém mais
servia, tinha que ser ela. Assim a esperava voltar para casa, e não pegávamos o
olho em toda a noite.


Anahí retrocedeu ao sentir
a punhalada que lhe tinham atirado aquelas palavras. Não queria ouvi-lo. Sempre
tinha procu-rado não pensar no Alfonso na cama com Dulce, não invejar a sua
amiga, e se tinha esforçado sem cessar por impedir que o ciúmes estragassem sua
amizade. Tinha-o obtido quando Dulce vivia, mas as palavras do Alfonso lhe
estavam rasgando a alma; faziam surgir imagens em sua cabeça que Anahí não
queria ver. Deu-lhe as costas para não ouvir o que dizia. A cama rangeu e, de
repente, Alfonso a estava agarrando pelos braços e obrigando-a a olhá-lo. Tinha
a cara pálida e cheia de raiva, e lhe pulsava o pulso na têmpora.


- O que acontece, Santa Anahí?
Está tão enclausurada em seu convento mental que não suporta ouvir falar de
pessoas normais que desfrutam do pecaminoso prazer do sexo? - grunhiu, e Anahí
ficou gelada em suas mãos, atônita pela fúria que tinha estalado nele.
Vagamente, compreendeu que não estava zangado com ela, a não ser com o destino
que lhe tinha arrebatado a sua esposa e o tinha deixado com os braços vazios
mas, mesmo assim, Alfonso, iracundo, era um homem temível.


Sacudiu-a, como se
quisesse castigá-la por estar viva e morna, quando Dulce se foi para sempre.


- Sigo sem poder dormir
com outra mulher –disse com voz áspera pela dor. - Não me refiro ao sexo.
Deitei-me com outra mulher apenas dois meses depois da morte de Dulce, e me
aborreci por isso à manhã seguinte... diabos, assim que terminei. Senti-me como
se lhe tivesse sido infiel, e tão culpado, que retornei a meu quarto do hotel e
vomitei. Nem sequer desfrutei de muito, mas na noite seguinte, repeti, para me
sentir culpado outra vez. Tentei me castigar, me fazer pagar por estar vivo
quando ela estava morta. Houve muitas mulheres depois. Quando... necessito de sexo,
sempre há uma mulher disposta a ficar comigo. Necessito de sexo e o estive
praticando, mas não posso dormir com elas. Quando se termina, tenho que ir.
Ainda me considero o marido de Dulce, e não posso dormir com nenhuma outra
mulher que não seja ela.




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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 377



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  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41

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  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40

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  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:39

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:37

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:36

    Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*

  • jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:33

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