Fanfic: Coração enterno {AyA [finalizada]
Ao princípio, Alfonso se
manteve um tanto rígido, como se temesse ir-se da língua, mas com o passo das
horas, relaxou-se, inclinou-se para frente sobre a mesa com interesse e fixou o
olhar com intensidade no rosto de Anahí. Anahí não estava acostumada a
expor voluntariamente suas opiniões,
preferia observar; os anos de entrega a seu trabalho tinham proporcionado uma
visão precisa sobre os mecanismos ocultos da política do escritório, e sobre os
pontos fortes e fracos das pessoas com as que trabalhava. Com Alfonso, sua
acostumada cautela perdia força, apagava-se por completo de sua consciência. Abria-se
a ele em todos os sentidos, muito feliz de poder desfrutar de sua companhia
para pensar em proteger-se.
O rosto de Anahí, pelo geral
remoto e hermético, animava-se à luz de sua atenção, e seus olhos verde Nilo
perdiam suas sombras e destacavam-se de forma sedutora.
A conversa não se apagou
quando a levou a casa, e estavam tão absortos que, quando Alfonso estacionou
diante do bloco de apartamentos, permaneceram sentados no carro, como
adolescentes resistentes a pôr fim ao encontro, em lugar de entrar em tomar
café como expediente da noite.
As luzes banhavam com sua
luz chapeada no interior do Mercedes, esfumando todos os matizes de cor exceto
a negrume do cabelo e os olhos de Alfonso e o brilho pálido dos cabelos do Anahí.
Parecia etérea à luz de lua artificial jogada pelas luzes, e sua voz ressonava
com suavidade na escuridão.
Alfonso tomou sua mão sem
prévio aviso.
- Passei-o bem. Fazia
séculos que não podia falar com uma mulher. Não mantive nenhuma relação desde a
morte de Dulce. E não me refiro ao sexo - explicou-lhe com calma, - a não ser a
travar amizade com uma mulher, falar com ela e desfrutar de sua companhia, me
relaxar com ela. Acredito que isso é o que mais sentia falta. Esta noite... Enfim,
sente-me a vontade. Obrigado.
Anahí moveu a mão que Alfonso
segurava e lhe deu um apertão afetuoso.
- Para isso estão os
amigos.
Acompanhou-a até seu
apartamento. Anahí abriu a porta com a chave e colocou o braço no vestíbulo para
acender a luz, antes de dar a volta para voltar a olhar Alfonso. Dirigiu-lhe um
triste sorriso, porque lamentava que a noite terminasse. Tinha sido, sem
exagerar, uma das noites mais agradáveis de sua vida.
- Boa noite. Passei uma
noite agradável - muito mais que agradável. Tinha sido uma delícia.
- Boa noite.
Mas Alfonso não partiu.
Permaneceu na soleira, contemplando-a com sobriedade. Levantou a mão e lhe
acariciou a bochecha com o dedo indicador; depois, baixou-a para lhe rodear o
queixo. Inclinou-se para ela, e Anahí ficou fraca de espera, abriu os olhos
presa de um deleite febril. Ia beijá-la outra vez. Alfonso uniu sua boca a dela
com suavidade, e acariciou com tenra destreza os lábios entreabertos e
ofegantes de Anahí, embriagando-a com seu sabor quente. Anahí piscou e, por
fim, fechou os olhos devagar. Com um zéfiro como suspiro, recostou-se sobre
ele, e com Alfonso não necessitou nenhum outro gesto de fôlego.
Aprisionou-a entre seus
braços, apertou-a contra seu peito e aprofundou o beijo devagar, como se
temesse ir muito depressa com ela, ou queria lhe dar tempo para aceitar ou
rechaçar cada novo movimento.
Era impensável que o
rechaçasse. A naturalidade de Anahí carecia da vontade de dizer que não a Alfonso
em nenhum sentido. O calor de seu corpo viril a abrasava através dos objetos, e
era como uma baliza que a guiasse para ele. Rodeou-lhe o pescoço com os braços
e aceitou, ansiosa, a intrusão mais íntima de sua língua. Um calor nu,
ofegante, começou a crescer em seu interior, e desejou estar mais perto dele,
fundir-se de tal maneira com Alfonso que a carne dele fosse a sua.
As mãos de Alfonso se moveram,
inquietas, pelas costas de Anahí, desejando a terra prometida, embora
restringidas pelo firme controle que Alfonso exercia sobre si mesmo e a
situação.
Anahí, que intuía que
estava a salvo com ele, beijou-o com ânsia desinibida, sem lhe importar que de
seu comportamento se desprendesse que sua atração para ele ia mais à frente do
sexo. Mas o sexo com ele seria maravilhoso, pensou com sensação de vertigem, e
se agarrou a ele. A destreza de Alfonso se transluzia em suas carícias firmes
mas suaves, na quietude com que abordava cada contato. Se a tivesse levado a
cama naquele preciso instante, Anahí o teria seguido sem nem sequer murmurar um
protesto.
Mas Alfonso cortou o
beijo, embora suspirou e apoiou a testa na de Anahí durante um instante, antes
de lhe baixar os braços e afastar-se.
- Agora, sim que é boa
noite. Se isto seguir assim, acabarei em baixa forma, assim será melhor que
pare. Verei-te na segunda-feira pela manhã, no escritório.
Anahí recuperou com rapidez
a compostura, e se envolveu com ela como se fora uma capa.
Tratou de dissimular sua
respiração entrecortada. Seu corpo se sentia traído, mas Alfonso tinha razão:
deviam parar ou já não parariam.
- Sim, boa noite - sussurrou,
antes de entrar em seu apartamento e fechar a porta sem fazer ruído.
Alfonso retornou ao carro,
mas permaneceu sentado durante um longo momento antes de arrancá-lo e partir.
Não, Anahí não era nada fria, em que pese a sua aparência e sua pose de
princesa de gelo. Não lhe tinha feito graça ir-se; seus sentidos clamavam pelo
consolo que encontraria em seu corpo suave e quente de mulher mas, não sem
certa surpresa, tinha compreendido que não podia possuí-la com a mesma rapidez
com que havia possuído as outras mulheres nos últimos dois anos. Era a amiga de
Dulce, e Dulce a tinha querido; sua consciência não lhe permitia tratá-la como
um objeto sexual. Além disso, tinha desfrutado jantando com ela. Anahí tinha um
agudo senso de humor, e quando relaxava, ficava realmente preciosa, com aqueles
olhos cintilantes e seu suave sorriso. E quando o beijava, o fazia com
sentimento.
Sua entrega incondicional
tinha estado a ponto de lhe fazer perder a cabeça. Sentir seus suaves quadris
apertados contra os dele bastava para que se esquecesse de tudo salvo do corpo
quente e feminino que tinha nos braços. Longe de diminuir, o desejo físico que
tinha sentido por ela durante anos, se intensificava à medida que ia conhecendo-a.
Tinha visto seu cabelo loiro platinado como um halo resplandecente em torno de seus
ombros e, naqueles momentos, desejava vê-lo em forma de leque sobre o
travesseiro. Anahí o esperaria arremesso na cama, com o corpo, esbelto e
gracioso, nu e os lábios cheios e trêmulos por seus beijos. Uma quebra de onda
de possessividade lhe fez apertar os dentes, e pensou na ducha fria que teria
que dar-se para poder dormir.
Se tivesse ficado com Anahí,
já estaria depravado e sonolento, liberado de todas as tensões.
Mas Anahí não era uma
mulher de usar e atirar. Não só porque trabalhavam juntos, mas sim porque
desejava algo mais dela. Uma aventura de uma noite não bastaria; queria lhe
arrancar todos seus segredos, estremecer uma e outra vez de prazer ao sentir o
corpo doce e ardente de Anahí unido ao dele. Pensou em ter um romance com ela,
mas se surpreendeu perguntando-se se um romance bastaria para satisfazê-lo.
Queria conhecê-la por inteiro, queria fazer em pedacinhos seu sereno controle e
averiguar mil e uma maneiras de lhe agradar.
Alfonso ia à deriva, e
necessitava de Anahí mais do que podia compreender, em todos os sentidos.
Não era só físico,
descobriu de repente. Podia falar com ela; era inteligente e amena, mas também
possuía o dom da serenidade que fazia possível desfrutar do silêncio em sua
companhia. Quando contemplava as sombras de seus exóticos olhos verdes, tinha a
sensação de que compreendia tudo, sem necessidade de falar. Mas era uma mulher
entregue a sua profissão; tinha deixado muito claro ao longo dos anos que
estava a gosto sozinha, sem um homem que monopolizasse seu tempo. Era provável
que Anahí lhe parasse os pés ao menor sopro de seriedade em sua relação, assim
devia ir devagar, lhe dar tempo para que se acostumasse a estar com ele.
Entretanto, duvidava de sua capacidade de ir devagar quando Anahí se entregava
a seus abraços e o beijava com tanto ardor. Desejava tombá-la sobre uma cama e
beijá-la da cabeça aos pés, os dar de presente sentidos com suas curvas tenras
e femininas. Mas, o que diria ela?
Talvez não rechaçaria a
proposição de um romance. Depois de tudo, era uma mulher adulta e moderna e, a
julgar por seu ardor, estava desejosa de deitar-se com ele, embora Alfonso
sabia que Anahí mantinha sua vida privada à margem do trabalho. Isso seria um
ponto em seu contrário, mas acabaria persuadindo-a. Não a apressaria, esperaria
a que ela mesma baixasse o guarda. Não sabia dizer por que, mas tinha a
sensação de que abrigava certo receio para ele. Possivelmente fosse receosa com
todos os homens. Dulce se tinha perguntado em voz alta várias vezes se Anahí
não teria tido um namorico com um homem casado que a tivesse deixado marcada.
Anahí escondia bem sua
vulnerabilidade, Alfonso se perguntou que homem teria sido tão idiota de gozar
de toda aquela palidez gloriosa em sua cama e, logo, deixá-la escapar.
Anahí não esperava voltar
a ter notícias de Alfonso aquele fim de semana, assim, quando ao dia seguinte
pela tarde respondeu ao telefone e ouviu sua voz, estremeceu-se de prazer.
Entretanto, Alfonso se adiantou a sua saudação.
- Anahí, Henry sofreu um
enfarte, e bastante grave.
Atônita, Anahí esteve a
ponto de soltar o telefone, mas o segurou com força. Seu chefe não parecia a
típica pessoa afligida do coração. Era miúdo, enxuto e muito ativo. Era um
viciado no golfe, fazia jogging todos os dias e, que Anahí recordasse, não
cometia nenhum dos excessos desaconselhados pelos médicos. Não era tão dinâmico
como Alfonso, mas Anahí sentia um grande afeto por ele.
- Viverá? - perguntou por
fim, em voz baixa, sem rodeios.
- Está com um pé dentro e
outro fora. Chamou-me sua esposa; agora mesmo estou no hospital - Anahí ouviu
que alguém lhe dizia algo. - Espera um momento- Alfonso cobriu o fone com a mão
e suas palavras ficaram reduzidas a um matagal ininteligível de sons. Depois,
dirigiu-se outra vez a ela, em tom brusco. - Henry levou pra casa vários
informe para repassá-los durante o fim de semana, e os necessitaremos amanhã.
Poderia ir recolhê-los a sua casa? A governanta te deixará passar.
- Sim, claro - aceitou Anahí
de forma automática. - Que informe necessita?
- O estado de contas
Sterne e o gráfico de crescimento previsto. Melhor, revisa toda a maleta e tira
o que acha que possamos necessitar. Deixo-te, até amanhã.
- Mas, em que hospital...?
- começou a dizer Anahí, mas o clique do telefone a interrompeu.
Bom, não podia fazer nada,
de todas as formas. Ao dia seguinte teria mais notícias sobre seu chefe, e
possivelmente o prognóstico seria menos difuso que «com um pé dentro e outro
fora». Afligida pela repentina enfermidade do senhor Graham, penteou-se
depressa e se dirigiu de carro até sua casa. Obedecendo instruções a governanta
a deixou passar, e a minúscula mulher contou a Anahí os detalhes. O senhor
Graham se levantou com bom aspecto, e tinha jogado nove fossas ao golfe. Depois
do almoço se queixou de dores no braço esquerdo até que, de repente, sofreu o
ataque.
- Estas coisas podem
ocorrer em qualquer momento – disse a
governanta com solenidade enquanto movia a cabeça. - Nunca se sabe.
- Não, nunca se sabe -
concordou Anahí.
Foi à manhã seguinte,
quando a convocaram a uma reunião extraordinária no escritório do senhor
Edwards, quando Anahí compreendeu que o enfarte do senhor Graham poderia afetar
de forma drástica a seu trabalho. Alfonso também estava presente, com expressão
consternada em seus olhos escuros enquanto a observava.
Anahí lhe lançou um olhar
fugaz e se estremeceu ao pensar em seus beijos. Não podia sustentar aquele
olhar intenso e concentrar-se em seu trabalho, e isso resultava angustiante.
Até estando submetida a uma grande pressão, sempre tinha sido capaz de cumprir
com suas obrigações; resultava irritante descobrir que Alfonso podia
desequilibrá-la com um só olhar.
Autor(a): theangelanni
Este autor(a) escreve mais 24 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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- Anahí, sente-se, por favor - convidou-a o senhor Edwards, com expressão amável em seus olhos sagazes. Anahí sempre tinha combinado com o senhor Edwards, mas era a primeira vez que lhe pedia que assistisse a uma reunião. Sentou-se e entrelaçou as mãos com calma no colo. &n ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 377
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:39
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:37
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:36
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:33
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*