Fanfic: Coração enterno {AyA [finalizada]
Tinha que afastar-se dela. Ficou em pé e deu
voltas com desconsolo pelo dormitório, de novo enterrando os dedos no cabelo. Por
que tinha que ficar ali tombada e olhá-lo com aqueles olhos enigmáticos? Não
conseguia compreendê-la. Acreditou que, ao possuí-la, reduziria-a à mesma
categoria que todas as mulheres que tinha tomado nos últimos dois anos. Anahí
perderia seu mistério e ele já não se sentiria tão obcecado com ela, mas não
tinha sido assim. Anahí tinha revelado um segredo que acrescentava seu mistério
e, de novo, refugiou-se em seu eu distante e inalcançável.
De repente, a situação se fez intolerável. Sentia-se
asfixiado e lhe lançou um olhar furioso pelo pânico que o consumia.
- Droga - murmurou com total desagrado. - Ouça,
está bem?
Anahí elevou uma magra sobrancelha.
- Estou bem - estava serena e proprietária de si
mesmo, como de costume.
- Tenho que ir - murmurou Alfonso. - Sinto muito, sei que estou me comportando como um
tolo, mas não posso... - interrompeu-se e moveu a cabeça, perplexo. -
Chamarei-te amanhã.
Estava na soleira antes de que Anahí recuperasse a
voz.
- Não precisa. Estou bem, de verdade.
O olhar que lhe lançou Alfonso foi quase agressivo;
depois, desapareceu e, poucos segundos mais tarde, Anahí ouviu uma portada. Em
seguida, levantou-se da cama e foi fechar a porta com chave; depois, se
encolheu de novo entre os lençóis e gemeu quando seu corpo protestou pelo
movimento.
De modo que a frágil camaradagem que tinha ido
tomando corpo entre eles já tinha sido destruída por um rápido e abrasador ato
de luxúria. Isso era quão único tinha sido para ele, embora ela tinha ido a
seus braços com amor. Sabia que sua relação era muito incipiente para suportar
a tensão do ato carnal. Alfonso a havia possuído, e ela tinha visto, a fúria e
a vergonha em seus olhos quando não a olhava. Como era tão sensível a ele, intuía
que tinha estado pensando em Dulce e lamentando os momentos de abandono sobre o
tapete.
Anahí não chorou; tinha albergado esperanças, mas
o sonho tinha sido tão fugaz que nem sequer tinha tido tempo de acreditar-lhe. Alfonso
se tinha ido mas, de todas as formas, nunca tinha sido dela, ao menos, no que
realmente importava. Não lhe tinha entregue sua confiança, nem seu amor. Seu
desejo por ela não tinha tido muito sentido, de todas as formas.
« E agora o que?», disse-se. Poderia seguir
trabalhando na mesma companhia que Alfonso, vendo-o todos os dias? Ou tinha
chegado ao ponto em que já não podia mais, em que teria que atuar com covardia
para não perder a prudência? depois de tudo, tinha sido valente durante mais
anos dos que queria recordar, e a valentia não lhe tinha dado mais recompensa
que uma tristeza constante no coração e um apartamento vazio. Tinha trinta e
três anos, já tinha deixado atrás a idade ideal para casar-se e ter filhos, e o
amor que sempre tinha desejado a tinha esquivado.
Sua vida se resumia em que era proprietária de um
bonito apartamento, de um carro chamativo e em que tinha esbanjado seus anos
amando ao marido de sua melhor amiga. O tempo, e a vida transcorriam de forma
inexorável, escapando de seus braços abertos sem nem sequer deter-se olhá-la.
A meia-noite era o momento de planejar o futuro,
quando o passado tinha demonstrado ser estéril. Permaneceu arremesso,
esforçando-se por raciocinar apesar da dor. Para seu próprio bem, teria que
procurar outro trabalho. Nunca se esqueceria de Alfonso se o visse todos os
dias. Começaria a procurar um emprego a sua medida na segunda-feira pela manhã
e não temia que lhe custasse muito trabalho; tinha travado muitas amizades
durante seus anos no Spencer Nyle, enquanto se entregava à profissão que nunca
tinha desejado. Dulce tinha sido a ambiciosa, a que urdia magníficos planos que
mandou a passeio assim que conheceu Alfonso. Quão único Anahí tinha ansiado
sempre era uma pessoa a quem amar, um homem que a olhasse com devoção, meninos
aos que poder querer e criar o melhor possível e um lar que lhes procurasse um
remanso de paz e afeto de cara ao resto do mundo. O homem que a amaria não
seria Alfonso, compreendeu de novo, e a dor a assaltou com a mesma força e
crueldade que a primeira vez.
Do que lhe serviria deixar Spencer Nyle se seguia
suspirando por um homem inalcançável? Já era hora de que se esquecesse de Alfonso
e começasse a procurar a alguém que pudesse corresponder a seu amor. O rosto
magro e inteligente de Christopher surgiu em sua mente, e Anahí conteve o
fôlego.
Christopher?
Não o utilizaria; ele merecia algo melhor. Mas a
realidade era que se sentiu atraída por Christopher mais que para nenhum outro
homem exceto Alfonso. Se a convidasse a sair outra vez, aceitaria. Depois de
tudo, pensava deixar seu trabalho, e isso eliminaria os perigos existentes em
uma relação entre um chefe e sua secretária. Inclusive aprenderia a amá-lo.
Possivelmente nunca o amaria com a ferocidade e a entrega com que amava Alfonso,
mas havia distintas classes de amor no mundo e todas elas eram muito
apreciadas. Não pensava seguir as rechaçando. Seus valentes planos morreram
logo que tinham sido concebidos. O timbre estridente da porta a despertou antes
das sete da manhã. Anahí se levantou a tropeções da cama e teve que procurar
uma bata para poder abrir a porta. Apoiou-se na superfície de madeira com
cansaço, estirando músculos doloridos, e perguntou com cautela:
- Quem é?
- Alfonso.
Anahí ficou rígida, repentinamente alarmada. Como
ia esquecer-se dele se não deixava de entrar em sua vida? Não queria seguir
sofrendo. Não tinha querido pensar na maneira em que a havia possuído porque a
superava, porque ainda era incapaz de aceitar que a tinha feito dela e se foi,
sem mais. Dulce se havia interposto entre eles, sempre o faria.
- Anahí - ordenou-lhe em voz baixa quando ela não
abriu a porta. - Temos que falar. Me deixe entrar.
Anahí, consciente de que se dispunha a rematá-la, mordeu-se
o lábio, e abriu a porta. Tornou-se a um lado quando Alfonso entrou no
apartamento e lhe lançou um olhar fugaz antes de olhar para outro lado.
- Café?
- Sim, litros de café. Não preguei olho em toda a
noite.
Isso parecia. Trocou-se de roupa; levava uns jeans
e uma camisa vermelha que faziam maravilhas com sua tez cítrica, mas as rugas
de seu rosto estavam mais marcadas que nunca, e tinha sombras escuras em torno
dos olhos. Estava sombrio, quase lúgubre. Seguiu-a à cozinha e, enquanto ela
preparava o café, sentou-se na borda da alta banqueta da cozinha, apoiando um
pé na travessa do assento e estirando a outra perna. Observava-a com atenção,
perguntando-se como podia estar tão imperturbável quando era evidente que a tinha
tirado da cama. Salvo pelo grosso matagal pálido de seu cabelo, estava tão
distante como uma estátua de alabastro, serena e formosa à vista, mas pouco
tentadora ao tato.
- Desejo-te - disse de repente, e Anahí se
sobressaltou e o olhou com olhos muito abertos. - Tinha planejado te fazer
minha - prosseguiu, enquanto calibrava cada matiz de sua expressão, estudando
suas reações. - Ontem à noite não perdi o controle, propus-me a te possuir desde
o momento em que te tirei pela força da festa. Ia fazer te minha e, depois, me
esquecer de ti. Mas não saiu bem , disse em voz baixa.
Anahí contemplava a cafeteira como se a lenta
destilação do café dentro da jarra de cristal a fascinasse.
- Eu diria que tudo saiu conforme o planejado - comentou
com forçada despreocupação. - Não tenho nenhuma referência, mas eu diria que,
no que diz respeito a seduções, foi tudo um êxito. Nem sequer me ocorreu dizer
que não.
- Aí foi quando tudo começou a ir mau. Era virgem
e não podia me esquecer de ti. Fiz-te correr um grande risco por minha perda de
controle...
Anahí elevou a cabeça quando a ideia de uma
gravidez cruzou por sua mente pela primeira vez. Olhou-o fixamente durante um longo
momento, fazendo contas na cabeça e, depois, apoiou-se no armário.
- Acredito que estou a salvo – murmurou. - As
datas não coincidem.
- Graças a Deus - suspirou Alfonso, e fechou os
olhos. - Não poderia havê-lo suportado. Já tenho bastante carga sobre minha
consciência.
- Sou adulta - assinalou Anahí com brutalidade,
para desprezar o alarme de sua própria mente, - Não tem que te sentir
responsável por mim.
- Eu sei, mas me sinto responsável de todas as formas.
Dulce te queria - disse Alfonso, olhando-a com intensidade. - Teria amassado a
qualquer um que te tivesse feito sofrer, e eu tenho feito o possível por te
fazer sofrer. Ela quereria... quereria que cuidasse de ti - inspirou fundo, com
os olhos cintilantes e o corpo rígido pela tensão. - Anahí, quer se casar
comigo?
Autor(a): theangelanni
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Capítulo 4 Anahí o olhou fixamente. Como proposta de casamento, resultava bastante ofensiva, tanto assim, durante um longo momento, nem sequer foi capaz de reagir. Amava Alfonso, mas estava passando da raia. Acreditava que se casaria com ele para que pudesse tranquilizar sua consciência? Pensava que estava tão se desesperada que n&at ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 377
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:42
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:41
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:40
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:39
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:37
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:36
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*
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jl Postado em 06/10/2011 - 08:04:33
Haaaaaain meu pai quase chorei, tão lindo e simples o final, mas tão feliz *--* EEEE quero a proxima *-*