Fanfic: Atraida - Série Hearing Damage - Volume um - HOT

Levantava-me da cama com uma raiva eminente no
olhar, teria de ir à escola após acordar com uma ressaca daquelas. As coisas em
casa não eram as melhores. Minha mãe, querida Juliet, vivia brigando com meu
pai, e a situação estava ficando a cada dia mais insuportável.

Tomei um banho rápido, vesti uma camiseta preta,
uma meia arrastão e meu shorts jeans, coloquei um habitual all star preto
surrado, peguei minha mochila cheia de broches, de minhas bandas favoritas: My
chemical romance,Muse, Panic at the disco, Kings of Leon, entre outras. Gostava
de variar. E fui de uma vez para a escola. Chegando lá coloquei meus queridos
amigos, fones de ouvido. E aumentei o som em quanto escutava qualquer musica do
Panic, para acalmar os ânimos. Via varias pessoas passando por mim, mas, não
tinha idéia o que comentavam ao me ver . Entrei na sala, sentei no fundo. Abri
meu diário, que era preto de veludo e comecei a rascunhar algumas palavras.

“Querido diário,
o4 março de 2005.

Como sempre a
manha em casa tinha sido terrível, acordei com os berros de meus pais, me
alertando para a realidade, e me fazendo lembrar minha terrível ressaca. Agora
mesmo  com uma terrível dor de cabeça,
estou com meus fones de ouvido no ultimo volume, faço de tudo para me desligar
desse mundo.” 

Ao sentir a presença de alguém, logo fechei meu
diário. Era o professor Tarso.

- Ever, suas notas estão péssimas, sugiro que
estude. – disse me entregando meu teste de matemática.

Dei de ombros e o embolei dentro da minha bolsa.

As aulas passaram com sua lerdeza habitual, ao
fim do período escolar, andava impacientemente a caminho do Blaizer’s , um bar
legal, que me encontrava com meus amigos, que por sinal não eram da escola.

- Ever – disse Damen me abraçando.

Trocamos um beijo ardente, em quanto ouvíamos
nossos amigos rirem.

Eles estavam bêbados, conclui ao ver que a risada
nunca terminava. Era sempre assim , eles sempre estavam ou bêbados, ou
Drogados. Nunca tive nenhuma conversa seria, e sem bebidas com eles. Os chamava
de amigos, por que eles me ajudavam a esquecer do mundo, e de meus problemas.
Amigos de verdade eu nunca tive. Desde quando entrei na escola, percebi que meu
lugar não é em lugar nenhum, sou uma extraterrestre que caiu de pára-quedas
nesse planeta tão ridículo chamado TERRA. Estar com eles, no Blaizer’s me
ajudava a fingir ser inclusa em algo, em algum grupo.

- E então gatinha o que é que você manda hoje ? –
perguntou Damen em quanto apertava minha bunda com força.

- Desculpa, só consegui maconha – disse
estendendo um saco de papel, onde estava a maconha.

- Esta bem, só porque somos amigos – disse
apertando minha bochecha. – E ai quem vai querer! – disse balançando o saco.

Todos riram, e levantaram as mãos.

Damen foi o primeiro que eu conheci. Tudo começou
com as brigas de meus pais. Eu não andava com gente como eles, eu era uma
menina “normal” , sofria de bullying na escola, mas nos tempos de hoje é
difícil alguém que não sofra. Mas, fora isso, era normal. Tinha uma ou duas
meninas que conversavam comigo, mas, me sentia feliz, por ter minha família.
Minha mãe eu costumava dizer ser a melhor do mundo. Tratava-me tão bem, com
aqueles olhos verdes tão acolhedores, sempre disposta a mover montanhas por
mim. Até que ela descobriu que meu pai a traia. Desse dia em diante o inferno
começou, ela o amava demais, ele tinha sido seu primeiro e único amor. Ela
queria se divorciar, mas, era e é muito dependente dele, seja financeiramente
como sentimentalmente, por isso estão nesse inferno até hoje, quase um ano
depois. Por isso sou o que sou hoje, sem o apoio da única pessoa que se
importava comigo. Eu cai.

Estava caminhando em uma noite chuvosa , estava
longe de minha casa, havia perdido meu dinheiro, e só tinha como voltar a pé.
Resmungava algumas palavras, quando percebi estar perdida. Comecei a chorar,
nunca tinha ido tão longe assim de casa. Até que quando passei por uma pequena
viela , vi Damen. Logo o achei muito lindo, ele estava com uma camiseta do
Nirvana, fumando algo, que não sei bem dizer o que era. Perto dele, tinha mais
algumas pessoas, todas também de preto. Fingi não ter visto nada e continuei
caminhando.

- Ei – disse Damen. – Ei menina. – E correu atrás
de mim.

Comecei a andar mais rápido, estava com medo, e
perdida. As lagrimas saiam dos meus olhos de um jeito incontrolável.

- Espera não vou te machucar – disse em quanto
jogava seu cigarro no chão. – É serio, vem cá.

Mesmo que cada centímetro do meu corpo dizia que
eu era louca, e não deveria ir, eu fui. A beleza dele havia me hipnotizado.

De cabeça baixa me aproximei.

Ele levantou meu rosto com delicadeza.

- Nossa, mas você é muito linda – disse alisando
meu rosto devagar.

O encarei, por alguns minutos.

- Q-quem é você? – perguntei hesitante.

- Sou Damen, e o que uma belezinha dessas faz
caminhando em ruas tão sombrias a essa hora da noite?

- Eu me perdi, pego dois ônibus para ir pra casa,
e perdi meu dinheiro, o ponto mais próximo que  pude ficar foi algumas quadras daqui, e agora estou procurando minha
casa.

Apenas quando acabei de dizer tudo a ele, que me
dei conta estar completamente louca, ele era um estranho, não poderia ter dito
aquelas coisas.

- Perdida? Hm.. Venha comigo, eu posso te ajudar
a se encontrar.

- Não obrigada, eu me acho.

Ele me segurou pelo braço

- Eu insisto.

Engoli a seco, e fui com ele.

E então aquela foi a primeira vez que entrei em
um bar de verdade. Lá só tinha roqueiros, e góticos. Deu-me até um pouco de
medo, e vergonha. Estava vestida como uma filhinha da mamãe, roupas rosa ao
extremo e todos os afins.

Ao adentrar no bar, todos me olharam. E eu me
reprimi todinha de medo. Aquele era o Blaizer’s. Bar tão aconchegante para mim
agora.

Depois disso conversamos, e ele me deu dinheiro
para voltar para casa. Como estava com o uniforme da minha escola. No outro dia
ao sair, me deparei com ele. Ele me cobrou o dinheiro, e disse que a divida
ainda não estava sanada. E que de tempos em tempos cobraria um favor.

Acabou que nos tornamos amigos, e sempre que saio
da escola, vou direto ao blaizer’s me encontrar com ele. Atualmente estamos
meio que ficando, na verdade não sei se esse é o termo certo. Ele é tão mais
velho do que eu, não devo passar de uma brincadeira. O caso é que passo a maior
parte do tempo com ele e uns roqueiros loucos que não vale a pena mencionar do
que em casa.

Definitivamente minha vida mudou depois que o
conheci, não sei dizer se sinto algo por ele ou não. Mas, acho que encontrei
uma nova base agora. Damen, é safado, vive ficando com um monte de gente perto
de mim, e sempre me trata do jeito Bad boy dele, mas, me sinto bem com ele. É
como se mesmo se comportando assim , eu sinta que ele se importa comigo.
Afinal, desde o inicio ele que me ajudou.

- Damen, eu vou embora.

- Mas, já? A festinha mal começou – disse me
puxando para perto dele.

- Já.

- E para onde você vai? Para casa? Viver aquele
inferno todo?

- Tenho que procurar Demetri, você não disse que
queria Crack? Tenho que ver o que faço para ele me liberar.

Damen riu. E me deu um beijo ardente. Em quanto
suas mãos caminhavam pelo meu corpo.

Apesar de todas as loucuras que eu já havia feito
depois de entrar para o grupinho dele, ainda era virgem. Por isso sempre que
via que as coisas iam esquentar se continuássemos juntos, eu ia embora com a
desculpa de Demetri. Demetri era um traficante que fornecia as drogas que
usávamos e vendíamos no bar de Damen. Eu era encarregada de consegui-las,
porque as pegava de graça, e depois pagávamos. Nenhum de nos era rico, o único
que trabalhava era Damen, ele era o dono do Blaizer’s, o que só nos rendia
bebidas mais baratas, e pra mim ele liberava a bebida , afinal eu era de menor,
então esse era o “favorzinho” que ele fazia, e em troca eu pegava as drogas.
Damen, me fazia fazer isso por ser a mais bonitinha do grupo. E pela minha
carinha inocente por debaixo de minhas roupas de roqueira, Demetri confiava em
minhas palavras.

- Esta bem, mais vê se consegue mesmo!

- É um pouco difícil, Crack é mais caro, ele
embaça em pegar de graça e pagar depois.

- Mancada do Demetri, ele sabe que a gente sempre
paga.

Dei de ombros.

Ele me puxou com força, e me beijou.

- Até mais minha gatinha.

Sai sem falar nada.

Caminhei mais um pouco e logo cheguei à rua em
que Demetri morava. Era uma viela para ser exata, a aquela viela era sinistra,
e lembrava a viela que havia visto Damen pela primeira vez. Naquela viela só
tinha uma única casa a de Demetri, mas era grande, e escura. A casa de Demetri
ficava no fim. Caminhei de cabeça baixa, e até chegar a casa de Demetri, vi o
que sempre via quando ia lá. Vários casais praticamente transando nas paredes,
gente usando drogas. Finalmente cheguei ao fim da viela, bati na porta de
Damen, e quem abriu fui Jane. A Irma de Demetri que era prostituta por sinal,
na casa dele acontecia de tudo, tudo mesmo.

Ela estava de sutiã preto, e uma saia curta
jeans. Ela tinha o rosto coberto de piercings.

- Ah, se não é nossa pequena Ever – disse
alisando meu rosto e me fazendo estremecer de medo. Todos dizem que ela é
lesbica, e se ela quisesse algo comigo teria que aceitar, pois o irmão dela era
muito perigoso.

Apenas assenti. Ela soltou uma breve risada e por
fim me deixou entrar.

- Onde esta Demetri ?

- Esta lá em cima querida.

Subi as escadas com pressa. E logo comecei a
escutar os gemidos altos, que ecoavam pelas paredes da casa. Nunca tinha subido
na parte da cima da casa de Demetri, lá tinha muitos quartos, e todos estavam
com as portas fechadas, e eu bem sabia o por que. Segui por um longo corredor e
vi uma porta aberta. Lá estava Demetri. Logo vi que tinha uma linda mulher com
ele, ela estava dançando pra ele, que parecia não estar gostando muito da tal
dança. Ao me ver ele mandou ela parar. Ela saiu do quarto bufando de raiva, e
ao passar por mim me lançou um olhar diabólico, logo após esbarrou em mim com
força. Aproximei-me do quarto.

- Demetri? Posso entrar ? – disse com
cordialidade.

Demetri era bonito, e isso eu não podia negar.
Ele era branco, tinha olhos verdes, e os cabelos ruivos como fogo. Seu corpo
era escultural. Ficava me perguntando porque ele traficava e prostituia todos
os rostos bonitos que ele encontrava pela frente, dava para ele ganhar um bom
dinheiro como modelo.

- Claro que pode minha cara Ever.

Tinha apenas alguns meses que andava com eles,
uns cinco para ser exata, e eu era a carne nova do pedaço. Todos queriam me
pegar, pela minha cara de inocente, segundo Damen. Por isso que ele viva me
abraçando e me beijando, meio que fingíamos ter um lance, um lance que estava
me deixando louca, tinha quase certeza de estar apaixonada por ele.

- Entao, Demetri...

- Para que tanta cordialidade – ele riu –
Sente-se aqui – disse batendo no sofá.

O quarto onde ele estava era lindo, com certeza a
parte mais bonita da casa. A casa no geral era muito bonita para ter sido feita
em uma viela, o quarto dele, era a única parte da casa que não passava medo
algum. As outras partes pareciam ter saído de algum filme de terror. Já o
quarto dele não, parecia o quarto de um príncipe. E ele se comportava como um.
Ele e Damen tinham um vocabulário muito rico. Ficava me perguntando por que
escolheram essa vida.

Me sentei devagar ao lado dele. Ele me encarou
por alguns minutos com uma expressão ilegível.

- Mas, e então o que vai ser dessa vez?

- Eu queria um kg de Crack.

- Um kg gracinha ? você não acha que é muito?

- Não, o bar anda bem movimentado, vamos
conseguir vender.

- Um kg então. – ele sorriu, se levantou e depois
voltou com um saco de papelão. – Aqui esta.

Peguei e o olhei por alguns instantes. Eu nunca
havia conversado com ele, sobre nada. Só chegava pedia , e saia. Mas, naquele
dia eu queria muito fazer isso, tinha muita curiosidade, então resolvi ir
falando aos poucos.

- Algum problema ? – disse ele ao notar que não
tirava meus olhos dele.

Sempre bem arrumado, cabelos no lugar e cheiroso.
Se não fosse o que ele era, daria um ótimo rapaz para se apresentar para a mãe
como namorado.

- Nenhum – me levantei desistindo de minhas
perguntas.

Demetri, apesar de seus olhos piedosos, tinha um
tom de voz opressor, e todos tinham muito medo dele, por não saberem nada dele.

- Demetri? – disse me virando para ele.

- Sim

- Por que ontem quando te pedi Crack você não me
deu, e hoje foi tão fácil conseguir?

Ele deu de ombros.

Entao entendi o recado, todos falam que ele é o
“rei” daquele pedaço, e agente a simples prole , que apenas o obedece. Sai do
quarto. Desci as escadas e fui embora.

Voltei para o Blaizer’s . ao entrar vi que o
movimento estava começando a ficar grande. Apesar de ser segunda-feira.

- Damen? – disse entrando na sala aonde ele
chamava de “escritório” nos fundos do bar dele.

O bar de Damen, era assustador como já disse, e
os fundos também , tudo era preto demais,assustador demais.

Quando por fim me aproximei do escritório,
comecei a ouvir uns gemidos, e fiquei torcendo para não ser o de nenhuma mulher
com Damen.

Ao entrar foi frustrada pelas minhas esperanças,
os gemidos vinham da mesma mulher que tinha visto sair da quarto de Demetri.
Ela era mesmo muito bonita, tinha um corpo lindo, cabelos macios e sedosos,
diferentes do tipo de garota que tinha nos roles que freqüentávamos.

Entrei no escritório, deixei o saco em cima da
mesa, e sai tentando reprimir minhas lagrimas, naquele momento tive a
confirmação que amava Damen.

Damen me viu entrar, e me viu sair. Me viu
fazendo as duas coisas, ainda concentrado em fazer o que a tal mulher pedia
“enfiar, bem forte” .

Fui caminhando chorando, sentia uma dor
inexplicável em meu peito. Eu nunca tinha gostado de ninguém , então não sabia
ao certo como eram essas coisas. Já tinha 15 anos, e já tinha feito muitas
coisas, menos me apaixonar. Coloquei meus fones de ouvido, e aumentei o som no
Maximo deixando as palavras de Brandon Urie vocalista do Panic at the disco
ecoarem em minha mente.

Peguei dois ônibus e enfim cheguei em casa.

Morava no interior de Empaire Croll, e estudava
em um colégio técnico no centro da cidade. Por isso todos os dias passava por
isso. Entrei em casa em silencio em quanto o relógio marcava nove horas da
noite. Tomei um banho rápido, fui para meu quarto. Entrei na internet, tinha
trabalho da escola para fazer. E tinha que ajudar na manutenção do site do bar
de Damen. Ah, Damen, se você soubesse como eu te amo.

Sempre tinha vários shows no bar dele, e eu me
encarregava das divulgações. Logo eram onze da noite, peguei meu maço de cigarros,
e sai pela porta dos fundos, que tinha em meu quarto, porta que dava para rua.
Tinha sido feita por mim estrategicamente. Aos lados de minha casa tinha um
pequeno bosque, cheio de arvores, e depois mais casas, e chácaras. Encostei na
parede e comecei a fumar, encarando o céu estrelado.