Fanfics Brasil - Para que servem os poetas(DyC)

Fanfic: Para que servem os poetas(DyC)


Capítulo: 1? Capítulo

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Christopher nem devia ter idéia de quem fora Carlos Drummond de Andrade. Provavelmente nunca havia lido um poema dele. Mas sentia dentro de si, batendo com uma força impressionante, as sensações descritas nas palavras do poeta:
"Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco".


Seco, seco....coração seco, olhos secos. Quanto tempo Christopher preparou o discurso , anteviu Dulce á sua frente, despediu-se dela tentando dizer ao menos possível, explicar sem justificar, partir sem ficar com vergonha? Isso era inevitável, ele teria de partir. E nessa viagem talvez tivesse de virar homem com mais rapidez do que seus quinze anos permitiam.
-Cheguei cedo?- Dulce surgindo diante dele como passe de mágica.
Olharam-se: Dulce, pele dourada e cabelos cacheados, castanhos. Morena da cor do mel, olhos castanhos, riso tímido. Que encarava com timidez ainda o namorado...Christopher; tantas vezes a menina tinha quase medo dele, da sua intensidade. De quando ele não conseguia dizer coisa alguma e apenas mergulhava nos olhos dela...
Dessa vez Christopher desviou o olhar. Ombros curvos, mãos tão apertadas uma na outra eu as veias salientavam-se, como se o gesto das mãos pudesse destravar sua boca, facilitar a conversa.
-melhor sentar ali, Dulce.
A praça. Um fim de tarde quente, na cidade familiar, terra de gente morena, terra de verão eterno, cidade onde nascera Dulce e toda a família de Christopher.
-Christopher...O que foi?
- eu vou ter de ir embora- só isso ele conseguiu dizer, do discurso decorado. E esperou.
Dulce esperou com ele.
Então, enquanto Christopher tinha vontade de falar sobre o amor tão fundo que sentia por ela, que ás vezes mais doía do que acalmava...
A vontade de contar como ficava á noite, antes de dormir, revendo em sua mente cada pedaço de pele, carne, cabelo e sorriso que formavam Dulce...Enquanto ele mordia na boca o desejo de dizer "eu te amo" e sabia, mesmo aos quinze anos, que nunca mais na vida ia amar outra mulher daquele jeito...Enquanto sofria com a vontade de pelo menos tentar dizer tudo aquilo que nunca conseguira falar nos meses de namoro, ele começou, com facilidade, a fizer outras coisas. Coisas que pela primeira vez na vida conseguia falar sem tropeços e sem duvidas:
-vou embora, Dulce. Que chance tenho aqui nessa terra? Sou repetente da escola. Sou burro, num diz que não, é verdade. Nem emprego tem aqui. Estudar pra quê? Daqui a pouco, tem exercito. Se eu não arrumar serviço agora, daqui a pouco é que não consigo nada mesmo...
Olhar rapidíssimo, mínimo, para o rosto sério de Dulce. Depois desviou o olhar e ficou vendo a arvore magrela da praça, uma vizinha gorda carregando frutas na cesta, a igreja enfeitada antecipadamente para as festas juninas.
-Christopher... mas tu nunca me disse nada assim antes. De sofrer pó essas coisas, de querer mudar. Nunca disse.

- É que antes...Antes num dizia porque num adiantava dizer. Mas agora...- apertou a mão no bolso da camisa. Com a passagem de ônibus dentro do envelope.-Painho mandou me buscar. Tem trabalho pra mim, trabalho bom, em são Paulo. E eu vou.
-Nunca disse de teu pai, também antes...-Dulce não acusava. Só dizia em voz triste.
Que cortava feito faca no peito de Christopher, voz que doía mais que tapa, se ele pudesse, preferia bater um prego na língua do que dizer o que ia ter de dizer...-ah, destino, vida!
Mas tu volta, não voltas, Christopher?-uma pausa longa.- Tu me amas Christopher?
Passou um moleque correndo com a pipa, passou seu Ermelindo com um cavalo, passou um caminhão levantando poeira na estrada de terra, passou a gente conhecida a vida inteira. As saudades latejando no peito, sentimento que Christopher esmagou depressa, como se faz com um inseto. Nada de fraquejar.



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Autor(a): nanda

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-Não, Dulce. É adeus;- Então tu nunca gostou de mim. Foi tudo mentira entre a gente. Não é, Christopher?- as lagrimas.-Fala, homem! Uma vez na vida, fala!Lágrima grossas rolando pelo rosto da moça e que coragem Christopher tinha de tocar naquelas lagrimas? Que jeito de dizer que ele podia dizer de amor, não podia promet ...



Comentários do Capítulo:

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  • Mirian Postado em 24/07/2007 - 09:00:28

    Nossa pobre Christopher, que so foi assumir seu amor depois de muito sofrimento...ja terminou a historia neh? muito legal...e diferente...bjo

  • bely_dyc Postado em 22/07/2007 - 20:06:39

    oiee! eu lia essa web em um forum! gosto muito dela! continua postando, bjoss!


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