Fanfics Brasil - Para que servem os poetas(DyC)

Fanfic: Para que servem os poetas(DyC)


Capítulo: 5? Capítulo

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E chorou, principalmente, pela perda de sua Dulce, a sua mulher, aquele que ele sabia que deveria ser dele para sempre, mas estava perdida.
"Mainha, num dá meu endereço pra ela. Nunca. Aqui é feio, mainha, aqui é ruim. Mas eu vou agüenta mainha. Só num dá pra endereço pra ela...", ele pensou. E escreveu uma carta cheia de vitórias e belezas, de companheirismo com pai e com o patrão, cheia de possibilidades na escola noturna e no " bom emprego" que o pai lhe tinha ajeitado.
Se Christopher não conhecia Drummond, também não conhecia Fernando Pessoa. Mas nos próximos meses que passou trabalhando para Tonhão ele podia sentir, como nos versos do poeta:
" Uma tristeza informe...
O meu espírito intranqüilamente dorme...
Um torpor impregna de cansaço
a minha própria dor".
Por que Christopher não reagia? Ele era novo mas desconfiava das contas de Tonhão. Achava que a convalescença do pai demorava demais, havia muito de mentira na sua conversa de " ver outro emprego". Já que Tonhão se virava muito bem só com o menino, ele poderia achar outra coisa... Havia também suas saídas escondidas e os regressos com fedor de pinga. Por que Christopher não falava com o pai, não devolvia o emprego a ele, não reagia diante dos excessos de carga horária, não procurava a escola noturna ou via emprego mais leve, mas adequado a um adolescente? Por que suportar, sofrer, calar?
Christopher se punia. Tudo que pudesse lhe acontecer de ruim, de sacrifício ou cansaço ainda lhe parecia pouco, diante da dor que sentia por ter abandonado Dulce.
Todos os dias, mesmo que tentasse fugir da própria lembrança, havia um momento em que eles estava disperso, ou descansando de pés inchados num banquinho à porta da mercearia, ou à noite, nos instantes que precediam o sono ou servindo algum cliente, havia um momento em que Christopher pousava os olhos num vulto, na rua... ou as sombras do teto acabavam se juntando... ou a menina que lhe pedia um doce no balcão... Ah, havia o momento em que vulto, sombras ou menina se transformava em Dulce. Era ela que ele via, ser sorriso assustados ou seu choro triste na despedida.
E quando isso acontecia, a dor vinha junto. Sentia o peso no peito, como se invisíveis dedos de ferro apertassem seu coração. Ele tinha certeza de que seu silencio havia matado o amor de Dulce. Tinha mentido. Tinha calado na hora em que deveria mais que nunca falar de amor. Tinha essa culpa, essa louca culpa sim.
"Filho querido: Deus te proteja e a teu pai. Fico feliz em saber que José está bom. Só não entendo por que ele não voltou a trabalhar e te fez voltar pra casa. Aqui está tudo arrumado pra missa do galo, o padre Manuel prometeu uma missa muito bonita. Só que meu Natal vai ser triste, sem meu filho e sem meu marido. Mas Deus é quem sabe".
-Menino claro que tu vai-reclamou Tonhão.-Imagine ficar aqui sozinho no Natal...
Tonhão era também da diretoria da Associação Comercial de Vila Nhocuné, cuja sede funcionava num barracão do teto de zinco da área larga. Onde aconteciam arrasta-pés aos sábados. Por muita insistência do patrão, Christopher havia estado por lá alguns fins de semana, tempo pouco, só para tomar um guaraná e sentir-se ainda mais sozinho, vendo casais dançando. Uma ou outra garota pedia para encará-lo, mas Christopher nessas hora só conseguia sentir mais saudade ainda de Dulce. Seus passeio acabavam triste-mar era Natal, como dizia Tonhão.
-Toma. Esse é presente -Tonhão tinha o rosto corado, desde o meio-dia vinha bebericando um licor. Estendeu um bolinho de notas para o rapaz.
O que é isso?
Tu merece. Trabalhou feito homem, neste tempo todo. Sabe, Christopher? Estou mesmo pensando. Tu não quer ficar de vez, aqui, no quartinho? O teu pai... Bom, teu pai nem sei se me serve mais. Ele podia voltar pra terrinha. A gente continua mandando o dinheiro pra tua mãe e tu fica aqui. Posso até melhorar o salário. Um pouco, sabe como é. Mercearia não dá tão bem nos dias de hoje como já deu. Mas tu... Tu me ficava de vez. Até registro, eu faço.
"Do jeito que fez com meu pai?", pensou Christopher. "Na promessa pra São Nunca?", mas não respondeu. Pegou o dinheiro, agradeceu. Ficou de pensar. Trabalho duro por trabalho duro, por que se era ele, Christopher, quem tinha agora a obrigação de ser o chefe da casa...então que José fosse embora. Ele, Christopher, dava conta de tudo. Ia cumprir sua sina.



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Autor(a): nanda

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-Pode ser, seu Tonhão. A gente conversa.-Bom menino. Agora se apronte pra festa. E à meia-noite tem o culto. Se quiser aparecer...Christopher agradeceu, mas sabia que não iria ao culto. Pelo menos nisso o rapaz se reservava opinião. Não aparecia na igreja do patrão, continuava fiel, à sua maneira, à religião da m ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • Mirian Postado em 24/07/2007 - 09:00:28

    Nossa pobre Christopher, que so foi assumir seu amor depois de muito sofrimento...ja terminou a historia neh? muito legal...e diferente...bjo

  • bely_dyc Postado em 22/07/2007 - 20:06:39

    oiee! eu lia essa web em um forum! gosto muito dela! continua postando, bjoss!


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