Fanfics Brasil - Para que servem os poetas(DyC)

Fanfic: Para que servem os poetas(DyC)


Capítulo: 6? Capítulo

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-Pode ser, seu Tonhão. A gente conversa.
-Bom menino. Agora se apronte pra festa. E à meia-noite tem o culto. Se quiser aparecer...
Christopher agradeceu, mas sabia que não iria ao culto. Pelo menos nisso o rapaz se reservava opinião. Não aparecia na igreja do patrão, continuava fiel, à sua maneira, à religião da mãe.
Pelas dez da noite, a festa da Associação Comer de Vila Nhocuné estava animada. Musica de forró e lambada, tantos casais dançando. Muita gente no salão conhecia Christopher do empório; o rapaz se viu cumprimentado por uns e outros clientes. Viu mesmo a mocinha Lúcia lhe sorrir e acenar, ficando depois encabulado e tapando a boca com a mão. Christopher sorriu de volta, dessa vez. Ela era legal. Sempre aparecia à saída da aula, comprando chiclete, e teve mesmo uma vez em que perguntou por ele não estava na escola. Christopher deu de ombros, não queria falar de si. Naquele outro dia. Mas era véspera de Natal. É preciso ter amigos, na véspera de Natal.
-Quanto tempo, estou te procurando...
Christopher lentamente desviou os olhos da menina Lúcia, lentamente tentou recordar de quem era aquela vez. Foi um gesto largo, virar-se, abaixar o olhar, reconhecer a dona da voz, reconhecer o sorriso e o rosto bonito que estava ali, à sua frente.
À sua frente. Nem como visão, nem como desejo noturno, nem como punição por sua covardia. Era ela.
Dulce.
Christopher falou devagar:
-Dulce. Aqui?
A menina foi contando depressa:
-Minha tia...Minha tia vinha pra são Paulo. Tu nem sabe o que eu tive de fazer pra ela me pagar a passagem pra São Paulo! E depois...Pedi o endereço pra tua mainha. Ela deu. Mas achar isso aqui, em São Paulo! Só agora tive coragem de pegar o ônibus. E achar a rua. E o homem na mercearia falou que eu te achava aqui. E eu... O que foi, Christopher? Tu ta sentindo alguma coisa? O que está acontecendo?
E a imensa necessidade de falar. Então Christopher tremia. Christopher apertava os braços de Dulce, que de tensos, aos poucos, fora amolecendo...Via seu rosto quase assustado, que depois foi-se abrindo num sorriso, quando ela compreendeu as palavras que Christopher dizia, melhor, que ele despejava, enxurrada louca, desesperado para que a menina ouvisse e entendesse:
-Eu te amo, Dulce. Eu te amo, te amo, te amo, nunca acho que homem algum amou assim na vida inteira, te mais que o mundo, por que te larguei lá?, nunca mais na vida vou fazer isso, porque se ficar aqui eu morro, Dulce. Eu morro de triste e de só, e da dor de ficar longe de ti. Eu te quero mais que a vida e só nessa terra eu entendi isso, Dulce. Dulce, meu amor, meu mais que amor, meu tudo, Dulce, vida minha...
Foi ela quem ofereceu os lábios, calando o turbilhão de palavras que seu ex-silencioso namorado não conseguia deixar de dizer.
E foram tantos beijos loucos...e foram tantos carinhos sussurrados, e foram tantas confidencias dos meses de solidão e foi tanta certeza que se abriu diante dos olhos de Christopher, como se por meses ele estivesse cego em sua dor e punição. Sua luz, Dulce. Dulce o fazia ver e entender.
Naquela noite mesmo, Christopher saiu do empório de Tonhão. Acompanhado de Dulce, foi firme conversar com o homem e fazê-lo ver que era muito jovem para destruir seu futuro como ajudante, ficando sem escola, sem profissão. O pai chegou de madrugada, meio bêbado, pouco deve ter assimilado a conversa do filho, não reconheceu a mocinha decidida que o acompanhava. Mas o que José não entendeu na hora ficou sabendo no dia seguinte, pelo agora, de novo, patrão. Retomava o posta, ia maneirar no vicio, tinha família pra cuidar, afinal de contas.
Christopher ficou uns dias na casa da tia de Dulce, em São Paulo. Retornaram juntos para a cidade nordestina, para estudarem, fazerem panos de uma vida e um futuro.
Christopher, que nunca leu Drummond, Fernando Pessoa....ou Camões. Mas se conhecesse o poeta, poderia sentir-se como Jacob, no poema de Camões. Depois de servir por sete anos o pai de Raquel esperando casar-se com ela, Jacob descobriu que teria de trabalhar tanto para desposá-la:
"Mas servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida!"
THE END


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Autor(a): nanda

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  • Mirian Postado em 24/07/2007 - 09:00:28

    Nossa pobre Christopher, que so foi assumir seu amor depois de muito sofrimento...ja terminou a historia neh? muito legal...e diferente...bjo

  • bely_dyc Postado em 22/07/2007 - 20:06:39

    oiee! eu lia essa web em um forum! gosto muito dela! continua postando, bjoss!


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