Fanfics Brasil - 3° Capítulo Alem da Sedução (terminada)

Fanfic: Alem da Sedução (terminada)


Capítulo: 3° Capítulo

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A mansão dos Knightsbridge bulia com a alegria de
seus convidados. Nada assentava tão bem aqueles amplos salões como as festas.
Estavam iluminados por centenas de velas de cera de abelha, com laços de fitas
carmesins. Cada porta era um bosque encantado de pinheiros recém cortados. O
aroma de negus açucarado e de perfumes franceses flutuava como o incenso no ar
quente. Resplandeciam os peitilhos, as jóias lançavam brilhos e os vestidos com
suas caudas acetinadas de pavão varriam os chãos de entalhes de mármore. A doce
melancolia de um noturno de Chopin flutuava no ambiente, quase abafada pelas
risadas.


Quando o relógio do salão deu a meia-noite,
ninguém manifestou o menor desejo de retirar-se.


Um dos assistentes se afastou dos gritos de
«feliz Ano Novo". Na calma relativa do salão azul, uma jovem magra, de
rosto sardento e uma cabeleira, semelhante a uma escova de esfregar de fios
vermelhos e dourados, observava concentradamente um retrato do anfitrião. O
quadro pendurado em cima do suporte da lareira desde essa manhã e Annie
Portilla, a única filha do duque de Monmouth, ficou, desde esse mesmo momento,
obcecada com o que aquele retrato sugeria.


A verdade é que não havia nada de errado no
quadro. A semelhança era precisa, a execução habilmente acertada. O artista
tinha feito seu pai posar de pé detrás da mesa de seu estúdio, com uma mão
descansando em um mapa-múndi e a outra ligeiramente apoiada sobre uma cópia
antiga do London Times. Uma luz suave e dourada, como de final de um dia de
outono, caía em ângulo de uma janela próxima para esparramar-se sobre a rica lã
negra da manga de seu casaco. No limite mesmo da cunha de luz que caía
inclinada, havia um pequeno leão de feltro convexo de lado. O leão era um
brinquedo da infância de Annie, guardado como um tesouro por um pai que tinha
tido quatro filhos e só uma filha. Ao vê-lo ali retratado, entre a luz e a
penumbra, sobressaltou-se, como se a imagem tivesse a força de um augúrio
estranho e inquietante. Na realidade, todo o quadro provocava nela um
estremecimento.


O aspecto de seu pai era ainda vigoroso, a
atitude segura, a mandíbula firme. Mas havia algo em seu olhar, um olhar que Annie
nunca tinha visto e que agora não entendia como era possível não ter reparado
antes.


«Como cheguei aqui?», dizia o olhar, e «O que
aconteceu com o mundo que eu conhecia?»


Nesse momento, pela primeira vez em seus vinte
anos, Annie pensou nessa figura não como seu pai mas sim como uma pessoa
parecida com ela. Apesar de seu título e sua fortuna, apesar de ser um cidadão
do império mais poderoso da Terra, ele também era capaz de duvidar. Em certo
sentido, aquela constatação a atemorizava mas, por outro lado, reafirmava-a em
sua decisão de ser ela quem decidisse sobre seu próprio destino.


Quando tivesse a idade de seu pai, Annie não
queria conhecer o arrependimento.


Dez anos mais e serei livre, pensou. Quando
chegasse esse dia, a herança de sua avó, administrada por um testamento, seria
entregue a ela normalmente. E então viveria como há muito desejava e não
responderia a ninguém mais que a si mesma. Mas só se conseguisse não se casar.


Sábia que um marido não a apoiaria em seus
projetos secretos.


O frufru de uma seda perfumada de
flor-de-laranjeira preveniu Annie que tinha companhia. Sua melhor amiga, Dulce Saviñon,
agora lady Hyde, deixou descansar sobre seu ombro uma delicada mão enluvada de
negro. As duas jovens eram atraentes, mas assim como Annie era magra como uma
espiga, Dulce era agradavelmente cheia. Também era bonita e tinha um cabelo
ondulado preso em um penteado da moda e a pele suave e cremosa. Tinham ido
juntas à mesma escola particular de jovens, as duas incorrigíveis brincalhonas.
Annie não podia contar às vezes que essas pestanas douradas de sua amiga as
tinham salvado de uma confusão. Quando Dulce posou seu olhar sobre o retrato,
tinha uma expressão de diversão estampada no rosto.


- Dizem que demorou três meses em seduzir lady
Piggot.


- O que diz! -espetou Annie, boquiaberta, nada a
tinha preparado para essa notícia.


Dulce riu baixo.


-Não me refiro a seu pai, tola. Falo de Alfonso
Herrera. O artista. Teve oportunidade de vê-lo enquanto trabalhava aqui?


Annie negou com um gesto da cabeça.


- Só o vi passar, no salão. Estava cheio de tinta
e tinha um olhar selvagem, parecia um paciente do hospital psiquiátrico de
Bedlam. Acredito que nem sequer percebeu minha presença.


- Estaria concentrado em sua arte - disse Dulce,
assentindo com gesto de entendimento-. Minha mãe diz que é um Don Juan
consumado. Diz que nenhuma mulher decente posaria para ele.


- E bem -respondeu Annie- não pode ser um Don
Juan muito eficiente se tiver demorado três meses para seduzir lady Piggot.


- Ninguém diz que ela não estivesse disposta a
ceder antes. Aparentemente, gosta de saborear suas conquistas - disse Dulce, a
recém casada, lambendo o lábio superior-. Bocado após bocado, por assim dizer.


- Já. -Annie ignorou uma súbita onda de calor que
a alagou em alguma região interior-. Seguro que gosta de tê-las com a língua
para fora e ofegando.


- Não me importaria ofegar. Meu marido é quase
tão aborrecido como seu noivo.


- Derrick não é meu noivo.


- É como se fosse -respondeu Dulce- Sabe que seus
pais teimam nesse matrimônio.


Annie sabia, e tinha sabido muito antes que ele
começasse a lhe propor matrimônio. Derrick Althorp era o filho de um
latifundiário da região, agora empregado como secretário de seu pai. Ao longo
dos anos, tinha sido o refúgio de Annie contra seus irmãos. Sereno quando eles
eram impetuosos, pormenorizado quando eles a provocavam.


Não era que Annie tivesse pensado casar-se com Derrick.
Para ela era como um irmão e, além disso, um irmão bastante afetado. Por outro
lado, a baronia do pai de Derrick dificilmente podia comparar-se com o ducado
do dela. Para Annie estes assuntos importavam menos que a suas amigas, mas se
dispunham a lhe pôr grilhões nos pés, o mínimo que podia fazer era procurar não
afundar. Entretanto, seu pai via em Derrick um jovem «digno de confiança». Sua
mãe simplesmente o adorava. Cada vez que Annie estava com ela, por sorte não
muito freqüentemente, sua mãe encontrava uma desculpa para cantar seus
louvores. Annie começava a pensar que a duquesa tinha alguma debilidade por
ele. Sobre tudo, isso sim, seus pais acreditavam que Derrick era precisamente a
influência estabilizadora que sua jovem e selvagem filha necessitava. É hora de
assentar a cabeça, seu pai estava acostumado a dizer. Deveria trocar esses seus
cavalos por um marido.


Annie estremeceu. Trocar sua liberdade por um
jugo, ao contrário. Derrick era um homem tão conservador quanto equilibrado.


- Ao menos não é gordo - disse Dulce, cujo marido
era um homem bem roliço-. E no mínimo gosta de você.


Mas ter certo apreço por ele piorava as coisas. Annie
sabia que não era bastante perversa para encará-lo como faria com alguém que se
mostrasse prepotente. Também não gostava tanto. Em uma ocasião, Annie tinha se
apaixonado. Era jovem e aquilo não tinha acabado bem, mas a experiência a tinha
ensinado que suas paixões podiam alcançar um alto grau de agitação.


Desanimada, ficou olhando o quadro de Poncho
Herrera, como se este ocultasse o segredo de seu destino. A luz da vela revelou
uma magra fissura no marco dourado. Assim será minha vida, pensou, se não puder
me desfazer de Derrick.


- Não decidimos nada - disse em voz alta.


- Logo se decidiria - advertiu sua amiga-. Não me
surpreenderia nada que o bom Derrick voltasse a propor matrimônio a você esta
noite. Seus irmãos se dedicaram a lhe lançar piscadas durante toda a noite.


- Vá lá - disse Annie, suspeitando que tinha
razão.


Dulce riu e a estreitou pela cintura.


- Quer que a esconda no sótão como estava
acostumado a fazer na escola?


- Não - suspirou Annie-. Chegou o momento de
fazer saber a todos qual é minha postura.


 


Bastante capitulos pra começa.


Continuo com mais comentarios!!!


besos a todas!!!



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Autor(a): annytha

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ciitah dedicado a vc, minha primeira leitoras, gracias pelo comentarios!!!! O irmão mais velho de Annie, Evelyn, que tinha deixado sua mulher em casa indisposta devido a sua última gravidez, tinha a duvidosa honra de assegurar-se de que sua irmã mais nova não adoecesse apoiada na parede. Inclusive em uma festa familiar, Annie não era da ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 416



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  • elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40

    amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo

  • biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16

    preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:49

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:48

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:47

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46

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