Fanfics Brasil - 33 Alem da Sedução (terminada)

Fanfic: Alem da Sedução (terminada)


Capítulo: 33

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Entretanto, seu corpo a traía porque começou a zumbir quando ele a ajudou a levantar-se para posar.




Mal tinha amanhecido no dia seguinte quando Poncho mostrou a cabeça na despensa de Farnham, uma sala cheia de prateleiras onde se guardava a baixela de prata e que, além disso, servia de sala de descanso de seu mordomo.


- Senhor! -disse Farnham, claramente surpreso. Ocultando um ligeiro rubor que lhe obscureceu a enorme cicatriz, fechou de repente o jornal que estava lendo-. Estava a ponto de engomar isto.


Poncho riu por ter surpreendido seu mordomo em uma falta, um homem tão estirado.


- Aha! Isto explica os rastros que encontrei em meu London News- disse, e fez ranger os nódulos, arrependido quando viu que Farnham começava a balbuciar uma desculpa-. É uma brincadeira homem. Não me importa que leia o meu jornal, nem sequer que deixe rastros, que tampouco é verdade. Quero alugar um cavalo para que Annie monte no Regent`s Park. E que o menino novo segure as rédeas.


O mordomo deixou o jornal a um lado.


- Entendo que o jovem Thomas está ajudando na lavanderia. A senhora Choate diz que tem braços muito fortes. Mas eu sem dúvida poderia ajudar a conter o cavalo.


Poncho pensou nessa possibilidade.


- Não. É muito grande. Poderia cobrir a vista. Ou a luz. Necessito o menino. A lavanderia terá que esperar.


- Esperar? -perguntou Farnham, em um tom que insinuava que esperar não era aconselhável.


Poncho não tinha nem a menor idéia do trabalho que requeria lavar a roupa, nem o importava, especialmente quando ardia de vontade de desenhar Annie montada nesse cavalo.


- Há algum problema? -perguntou, franzindo o cenho para dar a entender que esperava que seus desejos se cumprissem.


O mordomo fez uma careta mas não o decepcionou.


- Não, não - disse-. Pedirei o jantar à padaria e a senhora Choate poderá terminar como tinha previsto.


- Muito bem - disse Poncho, uma vez solucionado o problema-. Diga ao jovem que se reúna conosco no jardim dentro de meia hora.


Afastou-se assobiando, sentindo-se mais agudo e mais leve de espírito do que tinha estado desde que deixou a casa de sua infância. Naquele tempo, sua carreira acabava de decolar. Se agora este quadro correspondesse às expectativas que depositava nele, estava a ponto de um salto para a fama.


Além disso, Annie estaria fascinada com sua surpresa.




Fascinada não era a palavra que teria usado Anahí, especialmente quando Poncho pediu emprestadas umas calças ao jovem para que ela a vestisse.


- Tenho que ver suas pernas - explicou ele quando ela as sustentou no alto com gesto de desgosto-. Decidi que se sentará escarranchada. Mas não se preocupe. Cobriremos a parte de acima com um velho jaquetão. Ninguém que a veja pensará que não é um menino.


Anahí não era tão otimista. Em várias ocasiões importantes tinha vestido calças em público. Mostrar-se agora com elas era pior que vestir um bom disfarce.


- Mas, meu cabelo - objetou, fracamente.


- Recolha-o em um coque e o cobre com uma boina -disse ele, sorrindo como se tivesse devotado um presente.


Ela não teve coragem para estragar sua diversão.


Quando o jovem criado a viu com suas calças até o joelho, ruborizou-se como uma framboesa, e a cor lhe subiu por cima de seu cachecol onipresente, que esse dia era de cor verde com uma listra negra torcida.


Anahí não sabia se ela era a causa, mas o guri parecia mais tímido que nunca, e afundou a cabeça de tartaruga entre as capas de lã como se quisesse desaparecer. Quando soube que tinha vindo para sustentar as rédeas do cavalo, Anahí esteve a ponto de cair na risada. Não tinha necessitado ninguém que lhe segurasse as rédeas desde que tinha quatro anos. Annie Puente, certamente, era outra história. Uma garota de Londres como ela, e além pobre, certamente jamais subiu num cavalo.


Tendo isso em conta, tentou parecer o mais torpe possível.


Não esperava que Poncho pudesse distinguir entre a cabeça e a cauda de um cavalo, e se surpreendeu ao ver que a besta alugada era bastante decente, uma égua alta de cor cinza de imagem elegante. Embora não era tão fina como as éguas às quais Anahí estava acostumada, algo nela relaxou ao sentir um cavalo de verdade sob seu peso.


O criado também sabia tratar à égua, esfregava-lhe o focinho e lhe dava pedaços de cenoura.


- Você - chamou Poncho-. O menino novo. Tome cuidado de não espantá-la com esse cachecol.


- Thomas - disse o criado, com um suspiro abafado, e meteu a ponta solta do cachecol debaixo do casaco.


A passo lento, como se passeasse com um ancião, Thomas conduziu Annie e o cavalo e cruzaram as portas do Regent`s Park. Dali seguiram até a capela do St. Dunstan e ao redor do lago por onde passeavam os barcos. Finalmente, em um canto tranqüilo de grama perto dos restos invernais do Jardim Botânico, Poncho ordenou que parasse. Apesar da leve capa de neve no chão, havia visitantes passeando pelo parque. Os operários se apressavam por chegar ao trabalho, os criados passeavam com os cães e as tutoras do Cumberland Terrace levavam os pequenos ao zoológico. Passaram duas jovenzinhas elegantes e, para alívio de Anahí, não dedicaram a ela nem a seu companheiro um segundo olhar. Anahí alcançou escutar o final de sua conversa quando passaram a seu lado, algo a respeito de umas luvas púrpura e um chapéu amarelo pouco afortunado. Não pôde deixar de perguntar-se se sua proprietária era alguém que conhecia.


Por um momento, sentiu-se dividida, tendo saudades seu velho estilo de vida e, ao mesmo tempo, temendo-o. Poderia não saber quem era no mundo de Poncho, possivelmente estava dando-se por satisfeita, mas ao menos era livre para escolher seu próprio caminho. Quando Poncho elevou uma mão para acariciar o pescoço da égua, Anahí lhe lançou um cálido sorriso de gratidão.


- Este lugar está bem - disse ele, entrecerrando os olhos ao olhá-la. Em seguida olhou para o lago brilhante e revestido de gelo-. Há boa luz ambiente.


Anahí tinha se acostumado a considerar a importância da luz. Observou-o enquanto ele instalava sua cadeira dobradiça e colocava o caderno de esboços sobre os joelhos. Sorriu-lhe uma vez antes de começar e logo se perdeu na distração de sua arte, por obra do qual o mundo ficava anulado. Poncho fazia as caretas mais assombrosas, como se aquelas contorções o ajudassem a desenhar. Como um violoncelista, pensou ela. Só se expressando com todo o corpo conseguia que sua paixão se projetasse em seu trabalho.


O jovem Tom, que jamais tinha visto uma demonstração desse tipo estava ainda mais fascinado que ela.


- Mantenha-a quieta - advertiu Poncho, quando a fascinação do criado o levou a afrouxar as rédeas-. Demorarei só um momento em acabar.


Um momento se converteu em um quarto de hora, logo em meia hora. Além de fazer descansar o peso em uma pata e logo na outra e enquanto tentava morder o cachecol do criado, à égua não parecia importar a falta de atividade. Anahí se entretinha observando Tom. Este, intimidado pela recente repreensão, lançava olhadas às escondidas a Poncho cada vez que pensava que o artista não o via.


- Não o morderá -sussurrou ela, entre dentes- embora tenha esquecido seu nome.


Aquelas palavras surpreenderam o jovem, que teve vontade de olhá-la, e então ela também ficou assombrada. Seu olhar se parecia com o canto de um zarapito, uma aguda amalgama de emoções. Tinha os olhos de cor azul primavera, era mais velho do que ela pensava e muito mais triste. Em certo modo, era um olhar adulto, embora ainda não fosse o olhar de um homem. Tinha pestanas grossas, com pontas agudas de cor castanha, o que realçava ainda mais seu tom claro. Com esses olhos tão encantadores, a poucas pessoas importaria o horror que seu cachecol ocultava, por muito grande que fosse. Ou possivelmente não. Possivelmente a beleza fantasmal de seu olhar faria que aquela desgraça fosse ainda pior.


- Sim, senhorita - disse, baixando suas suaves pálpebras.


A cor lhe alagou a testa, rosada como uma rosa do campo. Anahí se perguntou se estava envergonhado porque lhe tinha falado.


Envergonharia-se um criado de falar com a amante de seu amo? Caso que ela fosse a amante. Anahí ignorava se existia um nome para o que ela se transformou em sua relação com Poncho.


Ao menos, não um nome que ela quisesse pronunciar.


- Você monta, senhor? - inquiriu o criado.


Poncho o olhou surpreso. O menino, Tom, recordou desta vez, não havia dito mais de meia dúzia de palavras desde que tinham saído da casa, e permanecia mudo desde que tinham deixado Annie à porta do estábulo. Imaginou que perguntava por que tinha visto Poncho passando a mão pela pata dianteira esquerda da égua. Era um costume cultivado da juventude, um habito no qual sua mãe sempre tinha insistido.


Terá que trazê-los tal como os tiraste que estábulo, estava acostumado a dizer. E se tiver algum problema, diga ao cavalariço. Cuidar das criaturas que dependem de você é uma medida do homem.


Só o tinha esquecido uma vez. O cavalo havia se tornado coxo e ela o tinha obrigado a limpar o estábulo durante um mês. Ainda se lembrava de sua humilhação. Os criados do estábulo sabiam que não os castigariam por aproveitar-se da queda em desgraça do jovem amo. Enfureceram-se com ele como se fosse um peão. Naquela época, Poncho tinha detestado cada minuto daquelas exaustivas tarefas, mas agora a lembrança lhe inspirou um sorriso nostálgico.


A marquesa sempre tinha sabido ensinar uma lição. Poncho supôs que ainda sabia.


- Estava acostumado a montar - disse, acariciando a crina do cavalo agitada pelo vento- quando ainda era um menino.


- Gostava?


Poncho se sentia intrigado pela ousadia daquele menino. Não o olhava mas se notava a tensão em seu esqueleto desajeitado, e Poncho pensou que sua resposta era importante. Por que, não teria sabido dizê-lo, mas quem sabia que tolices os meninos colocavam na cabeça nessa idade.


- Eu gosto de montar - disse-, mas eu gosto mais desenhar.


- Suponho que gosta disso mais que qualquer outra coisa.


Poncho fez uma careta. O tom do menino era estranho, quase desafiador. Acaso pensava que um homem de verdade deveria ter predileção pelos cavalos mais que pela pintura?


- Sim - reconheceu, ainda confundido-. Eu gosto de desenhar mais que qualquer outra coisa. Por isso me converti em pintor.


Tom assentiu com um gesto da cabeça como se isso fosse exatamente o que esperava, e seguiu acariciando o pescoço do cavalo.


- Parece que ainda tem bom olho - disse o guri-. Era o melhor cavalo do estábulo. Tem que ter custado dinheiro - disse, olhando Poncho às escondidas-. A criada disse que também tinha comprado os vestidos de miss Annie.


Poncho reagiu um pouco irritado.


- Ouça - advertiu-, se o que tenta é falar mal de como Annie ganhou esses vestidos, já pode...


- Não -disse o menino elevando uma mão para negá-lo- só observava que é muito generoso com seu dinheiro.


Só observava! Pensou Poncho, e sua diversão pôde mais que seu aborrecimento. Aparentemente, as escolas nacionais levavam a cabo um trabalho mais fino do que tinha suspeitado.


- Então, o que pretende? Um aumento do pagamento?


- Não, senhor. Foi generoso também com meu pagamento.


- Isso é questão de Farnham.


Quando o menino deu de ombros, seus olhos desaparecendo atrás do cachecol. Aquele costume despertou a curiosidade de Poncho. O que ocultava Tom, que pensava que ninguém a não ser ele podia levar? Poncho o tinha acreditado muito tímido para relacionar-se com outros, mas por sua maneira de falar tinha revelado uma considerável embora curiosa serenidade. Possivelmente o único que precisava era um pouco de apóio para abrir-se. A Poncho não importaria se tentasse. Nunca tinha gostado de ter criados muitos rígidos.


Tocou Tom no braço, mas os estreitos ombros do criado estremeceram e se afastou. Quando falou, tinha a cabeça inclinada para baixo com gesto resolvido.


- Será melhor que veja como está miss Annie - disse, caminhando para o pátio de seixos rolados-. Faz já um bom momento que está sozinha. Poderia haver gente má por aí.


Poncho riu brandamente pelo nariz. Longe de lançar calúnias sobre seu caráter, parecia que o jovem Tom também se deu conta de que «miss Annie» era um verdadeiro tesouro.


 


 



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Autor(a): annytha

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mais uma vez gracias por comenta, besos!!!   Anahí não podia acreditar quão rápido tinha progredido seu retrato. Poncho trabalhava como um possesso, ou ao menos como um homem que não precisava comer nem dormir. Diante de sua insistência, ela esquentava a cama, mas passaram muitas noites em que era a única que se deita ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 416



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  • elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40

    amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo

  • biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16

    preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46

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