Fanfics Brasil - Capítulo 12 Alem da Sedução (terminada)

Fanfic: Alem da Sedução (terminada)


Capítulo: Capítulo 12

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jl muitas emoções ainda nos aguardam por aqui, besos e gracias pelos comentarios!!!


A galeria de arte Tatling`s estava situada na Bond Street, em um antigo edifício de tijolos de cinco andares e aspecto sólido. Uns toques de pedra mais clara emolduravam a vitrine e formavam um arco de inspiração medieval em torno da porta. Esse detalhe lhe dava um efeito de respeitabilidade e discrição, dois valores que nesse dia estavam destinados a ser postos a prova.


Sentindo o estômago revolto, Anahí deixou que Poncho a ajudasse descer da carruagem. Sua expressão estava marcada por um cenho franzido, e assim tinha sido durante toda a manhã. Anahí supunha que deveria sentir-se adulada de que sua negativa a ficar com ele o tivesse posto de mau humor. Possivelmente mais tarde, quando aquilo tivesse passado, sentiria-se adulada. Mas por agora, não obstante, o ânimo de Poncho não fazia mais que aumentar sua tensão.


Desejou não ter prometido que assistiria à exposição. Suspeitava que, como despedida, a noite anterior teria sido uma lembrança muito mais grata.


Certamente, deixar que Poncho viesse só teria sido uma amostra nada elegante de covardia. Ela tinha entrado em seu estúdio (na realidade se lançou em seus braços) sabendo perfeitamente onde se metia. O mínimo que podia fazer agora era apoiá-lo para enfrentar às conseqüências públicas de seus atos.


Se agora albergava a secreta esperança de não ver aquelas conseqüências, devia-se simplesmente a que era humana.


Recolheu o vestido para cruzar o pátio.


- OH, olhe - disse, fingindo uma leveza que não sentia-. Pôs um de seus quadros na vitrine.


Era uma cena moderna de casais passeando pela nova margem do Tamisa. A névoa suavizava os contornos das figuras enquanto uma fileira curva de luzes de gás surgia da névoa como um espectro. Era um quadro tenebroso, tão diferente de seu Godiva quanto fosse possível imaginar, embora se observasse o toque de Poncho no hábil manejo da luz.


- É quase ameaçador - disse-, como essa névoa se desprendendo do rio.


Poncho respondeu com um grunhido e depois pareceu arrepender-se de sua brutalidade.


- Não se vende - disse-, embora a técnica do pincel seja bastante boa.


Eu o compraria, esteve a ponto de dizer ela, e em seguida se deu conta de que ele não acreditaria.


Deveria lhe dizer quem sou, pensou Anahí. Sentiu que o rosto ficava frio com aquela súbita idéia, mas seu temor era mais do que inútil. Se esperasse, a revelação seria pior e, na realidade, já não tinha mais desculpas. Poncho não se prestaria a suspender a exposição agora. Tinha que cumprir suas obrigações com a galeria. Se ela contasse, antes que o fizesse outra pessoa, ao menos ele não se sentiria tão enganado.


Com gesto resolvido, tocou-lhe a manga com uma mão tremula


- Alfonso - disse.


Quando ele se virou para olhá-la, sua expressão se suavizou imediatamente.


- Estou me comportando como um besta, não é? -perguntou, interpretando mal seu tom-. E você não tem feito nada para merecê-lo. - Sorriu levemente e lhe cobriu a mão com a sua-. Sinto muito, duquesa. Sentirei sua falta mais do que esperava e a verdade é que me baixou um humor de mil demônios.


Maldita seja, pensou Anahí, sentindo-se culpada diante da ironia de vê-lo pedindo perdão. Respirou fundo para se dar coragem.


- Poncho - voltou a começar-, há algo que tenho que...


A porta da galeria se abriu antes que ela pudesse dar início a sua confissão.


- Por fim o encontro - disse um homem jovem de aspecto muito cuidadoso e vestido com sobriedade-. Começava a me perguntar se chegaria antes que o resto do público.


Com o pulso ainda acelerado, Anahí reuniu toda sua serenidade quando Poncho a apresentou a mister Tatling. Tratava-se do neto do fundador da galeria e, conforme observou ela, um indivíduo agudo a sua maneira. Seu olhar não vacilou nem um instante quando apresentaram a modelo de Poncho, embora fosse evidente pela atitude deste que era bastante mais que uma modelo. Quaisquer que fossem seus pensamentos íntimos, a reverência do Tatling a Annie Puente foi tão respeitosa como qualquer saudação recebida em sua qualidade de Anahí Portilla.


- Encantado - disse, com um sorriso amável-. Alegro-me de que tenha podido vir.


Com uma rápida visita, levou-os a percorrer a exposição, distribuída em três salas amplas, de tetos altos e mobiliada ao estilo de um agradável lar de classe média alta. Olhando ao seu redor, não viu nada pretensioso, nada de mau gosto, justo a comodidade suficiente para que os visitantes relaxassem. Pequenos acertos florais adornavam algumas mesas bem polidas com cores que, claramente, tinham sido escolhidos para combinar com os quadros de Poncho. Anahí teve a impressão de que tudo parecia acolhedor, especialmente os samovares de chá.


- Podemos modificar o que você quiser - disse Tatling-, mas acredito que estará de acordo com que este acerto permite que as obras se complementem mutuamente.


Poncho assentiu com um gesto da cabeça e logo voltou para a sala maior, onde a Godiva se exibia em um cavalete dourado, separada de outros quadros. Deteve-se frente a ela e a olhou, com os dedos apoiados nos lábios com gesto pensativo. Mister Tatling se situou discretamente atrás.


- É uma excelente peça central - disse-. Como terá suspeitado, estávamos muito emocionados quando a desembrulhamos. Pensamos pedir sete mil.


Até Anahí ficou boquiaberta.


- Está louco! -exclamou Poncho-. O mais caro que conseguiu vender Leighton são seis mil libras. Tatling deu de ombros, mas seus olhos dançavam com a excitação de um vendedor nato.


-Mas Leighton não pintou sua Godiva. Além disso, às pessoas ricas se agradam de gabar-se do que gastou.


- Pode que isso seja verdade - disse Poncho-, mas, diabos, essa soma é uma fortuna.


A resposta do dono da galeria foi interrompida pelo tinido da campainha da porta de entrada.


- Que contratempo - disse Poncho, de repente decomposto. Esperava que Ruskin não viesse até mais tarde.


Presa da curiosidade, Anahí se virou para ver o famoso crítico. Embora vestido como um pastor evangélico, Ruskin era um homem atraente, magro e bem proporcionado, de espessa cabeleira ruiva ligeiramente grisalha. Por debaixo de suas sobrancelhas bem povoadas, apareciam uns olhos claros e acesos.


Poncho lançou um olhar distendido, e logo voltou a virar-se como se sua presença não o importasse absolutamente. Afastou-se com Annie a um canto e lhe conseguiu uma xícara de chá.


- Queria me dizer algo?


Não, não, não, pensou Anahí. Não era o momento de ter uma conversa enquanto aquele crítico estivesse presente na sala. Tinha ouvido falar de Ruskin, um homem tão obcecado com a pureza feminina que não tinha sido capaz de consumar seu matrimônio. Aparentemente, só visão do belo púbico de sua mulher o tinha escandalizado. Pensava que as mulheres eram como as estátuas, suaves e perfeitas e carentes de toda mácula. Acabou de beber o chá com um gole rápido que escaldou sua língua e o deixou. Quão último necessitava Poncho era que ela o distraísse com sua confissão quando tinha que enfrentar um homem como esse.


- Contarei mais tarde - disse-, depois que esse crítico se vá. Sua resposta pareceu divertida o Poncho, mas para Anahí a espera antes da partida de Ruskin se converteu em uma tortura. Cada vez que se abria a porta da entrada, os músculos se esticavam e atavam, e se perguntava se aquela visita, ou a próxima, seria alguém que ela conhecia. Mal se atrevia a olhar aos que se aproximavam da Godiva. Saberão, pensou. Embora não me conheçam saberão que eu sou a modelo quando me virem junto a Poncho.


Como intuindo seu mal-estar, ele não a apresentou às pessoas que se detinham a conversar com ele. Alguns a olharam de esguelha, mas ninguém disse uma palavra. Anahí se alegrava de ter elegido aquele vestido verde anódino com a gola tão austera. Com sorte, a confundiriam com uma vendedora da galeria. Por sua parte, Poncho estava extremamente relaxado. Alternava com o público com a mesma elegância de que tinha demonstrado com os amigos da Anna. Se não soubesse, Anahí jamais teria imaginado que seu sustento dependia do patrocínio das pessoas com quem falava. Já fossem de bom berço ou simplesmente ricaços, Poncho se comportava com eles como se fosse um deles, nem muito descendente nem muito altivo.


Era um traço de seu caráter que ela já tinha visto, totalmente diferente da alma torturada que puxava os cabelos observando defeitos que só ele podia reparar. Ganhou essa segurança, pensou Anahí, porque a lembrança dessa luta lhe diz que deu o melhor de si.


Conhecia homens que possuíam títulos nobiliários, mas estavam longe de adotar uma atitude tão discreta.


Nem sequer Ruskin o alterou. O crítico voltou para eles depois de visitar as três salas, sua testa de pastor evangélico obscurecida por um ligeiro cenho.


- Tem você um domínio muito apurado do realismo - disse, com uma voz judiciosa, grave e um tanto pomposo-. Entretanto, faria bem em cultivar uma temática um pouco mais espiritual. Possivelmente poderia seguir o exemplo de mister Holman.


- Ou de mister Millais? -sugeriu Poncho, com a mesma gravidade. Inclinado a cabeça de tal maneira que só Anahí podia ver seus olhos diabólicos. Ela recordou que Millais era o artista que se casou com a mulher que Ruskin tinha repudiado.


- Certamente, John Millais também possui um grande talento - admitiu o crítico, depois de pigarrear.


Assim que Ruskin se despediu, Anahí deu um golpe no ombro de Poncho.


- É horrível - exclamou-. Pobre homem!


Ele não duvidou de que ela conhecesse o escândalo, nem tinha razões para duvidá-lo, posto que era um assunto de domínio público.


- Na realidade, pobre homem - disse abafando uma risada- Effie Ruskin era um tesouro. Em qualquer caso, não o haveria dito se não me tivesse aconselhado copiar Hunt - disse, estremecendo - a descrição mais amável que posso dar de sua obra é que é massa de asperezas banais.


- Mesmo assim - disse ela, embora por debaixo de sua censura aparecesse um sorriso.


Ele entendeu o sorriso, e lhe apertou brandamente a mão. De repente, esqueceu o que ia dizer e lançou uma exclamação de surpresa.


- Meu Deus, Annie! Tem os dedos congelados. -Sem preocupar-se com os olhares alheios, tirou-lhe as luvas e lhe esquentou as mãos levando-as ao peito.


- O que acontece, querida? Está preocupada de que lhe reconheçam no quadro? Não deveria preocupar-se, sabe. Se der às pessoas algo que pensar, será que sou um homem afortunado.


Se Anahí não tivesse estado tão tensa, teria posto-se a rir. Estava ali precisamente para que a reconhecessem. Tinha imaginado milhares de vezes como elevaria o queixo para desafiar o primeiro par de olhos que a reconhecessem, como os desafiaria a que dissessem algo, demonstrando com cada fibra de seu corpo que não se envergonhava o mínimo.


Quão único não tinha imaginado é que seria tão difícil.


- Estou bem - disse, apertando a mandíbula para antecipar-se ao bater de seus dentes.


Não de todo convencido, Poncho lhe acariciou a face com o dorso da mão.


- Estou seguro de que Tatling a deixará descansar em seu escritório.


Ela sacudiu a cabeça com um gesto tão enérgico que seu coque estremeceu.


- Não -disse- não sou uma covarde.


E então se ouviu a campainha da porta, para demonstrar que mentia. Anahí deu um coice e ficou paralisada dos pés a cabeça.


O duque e a duquesa do Monmouth acabavam de entrar.


Anahí não atinava respirar. Tinha a respiração entupida na garganta, e o coração também, e lhe era impossível tragar. De todas as situações que tinha imaginado, enfrentar seus pais era a última. Pensou que alguma outra pessoa seria portadora do escândalo, uma de suas companheiras de escola ou uma daquelas amigas de sua mãe tão amantes da fofoca. Tinha pensado que teria tempo para escapar para a casa da Dulce em Gales, e não ter que encontrar-se em sua casa nos piores momentos da indignação paterna.


Que cega tinha sido! Teimosa e estupidamente cega!


Como não ter imaginado que seu pai estaria interessado no pintor que tão recentemente - e tão habilmente- tinha pintado seu próprio retrato. Quanto a sua mãe, o que podia ser mais natural que acompanhar a seu marido? Poncho era o menino mimado da sociedade, e sua obra estava tão na moda como o casaco com borda de renda negra que Lavínia vestia. Paralisada, Anahí viu que a duquesa entregava seu casaco à criada da galeria. Uma onda de pânico varreu seu peito, uma reação tão alheia a sua experiência que quase não a reconheceu. Foi como um espasmo do coração. De fato, tivesse desejado que assim fosse.


Em qualquer momento, sua mãe se viraria e seu pai... Meu Deus!, Derrick seguia-os, seu pretendido e nunca desfalecente noivo. Cravou as unhas até quase perfurar a pele.


Meu Deus, por que não tinha contado a verdade a Poncho quando tinha tido a oportunidade?


Algo nela se rompeu algo que nunca se quebrara. Ela, cujo valor sempre tinha estado à altura de qualquer desafio, não podia enfrentar isto, não agora, não frente de Poncho. Agarrou-o pelo braço e quase o arrastou, pela segunda e depois a terceira sala até uma porta que conduzia a uma pequena área da cozinha. Na penumbra se adivinhava a baixela, taças sujas, latas de chá, variedades de oolong e pekoe.


Poncho esfregou o pulso quando ela o soltou.


- De acordo - disse, com olhar inquieto e a boca aberta anunciando sua risada-, por que não me conta seu problema?


Meus pais vieram, queria dizer ela. Sou a filha do duque do Monmouth. Usei-o para arruinar minha reputação e para que não me obriguem a me casar, e é provável que o tenha incluído em um escândalo do qual as pessoas falarão durante anos. Se tiver sorte, meus irmãos não lhe darão uma surra. Se não a tiver, meu pai tentará o expulsar da cidade. Levei-me como uma egoísta, já o vê. E embora pensasse que tinha tudo bem planejado, fica tragicamente manifesto que não foi assim. Não merece isto e não o culparia se me odiasse pelo resto de seus dias.


Ante a idéia de que Poncho pudesse odiá-la, lhe entupiram as palavras na garganta.


- Mudei que opinião - disse, com o fôlego entrecortado-. Quero ir a Veneza.


Sabia que estava dando um passo em falso, sabia com cada fibra de seu ser. Escapar era uma vergonha, por não dizer um simples adiamento do inevitável. Apesar do qual, assim que fez a declaração, sentiu-se aliviada de um enorme peso. O que importava? Estava obrigada a enfrentar à catástrofe mais tarde. O que necessitava agora era tempo. Para pensar. Para planejar. Para estar com Poncho. Na realidade, nesse momento, um adiamento parecia um presente do Todo - poderoso.


Poncho sacudiu a cabeça, confuso, mas com uma esperança nascente. Afligido por emoções encontradas, Anahí lançou os braços ao pescoço.


- Por favor - suplicou-, por favor, vamos a Veneza.


Deslizou-lhe as mãos dos cotovelos até agarrá-la pelos braços. Anahí saltitava de impaciência.


- Mãe de Deus - disse Poncho, Sorrindo- suponho que não estará pensando em ir agora mesmo?


- Não - negou ela com uma voz rouca e sugestiva -. Neste momento quero ir para casa.


Anahí percebeu que Poncho ficava sem fôlego, um som breve e adulador. Seu olhar se obscureceu e com a boca se apoderou de seus lábios. Foi um beijo tão cru e poderoso que ela se esqueceu de tudo o que não fosse ele. Poncho se esmagou contra ela, do peito até os joelhos, e lhe colheu com força o traseiro, sua ereção como um vulto ardendo sob suas roupas. Logo se esfregou contra seu corpo e derramou em sua boca um grunhido de prazer.


Ela não tinha nenhuma dúvida de que ele se alegrava de sua decisão.


- Agora? -perguntou Poncho, lhe roçando a bochecha até queimá-la.


- Sim - respondeu ela, e puxou ele para a porta do beco.


Ele não sugeriu que agarrassem os casacos nem que se despedissem de mister Tatling. Poncho era uma criatura da carne. Quando saíram ao ar gélido, ele simplesmente pôs-se a rir e começou a correr.


 


 



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Autor(a): annytha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 416



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  • elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40

    amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo

  • biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16

    preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46

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