Fanfic: Alem da Sedução (terminada)
Como de costume, Poncho dormiu como um tronco. Anahí teria querido seguir seu exemplo, mas aquela jornada a tinha deixado consumida em muitos pensamentos que agora turvavam seu sono. Ficou deitada na escuridão olhando o teto fundo da cama, escutando a respiração de Poncho e perguntando-se se atreveria a descer pela escada de mármore em busca de algo para comer.
À cozinheira da condessa não gostaria nada daquilo. Quando tinham se sentado para jantar, a mulher tinha irrompido no salão queixando-se do misterioso desaparecimento de uma parte de carne assada. Sebastian tinha rido e tinha assegurado que Poncho compraria outra parte, mas a cozinheira não se acalmou.
- Isto significa o fim da confiança - tinha augurado a cozinheira-. Em minha casa vivem ladrões!
Evangeline não se deixou impressionar pelo drama da cozinheira, e pediu que se retirasse. Infelizmente, o ambiente da noite não melhorou quando a cozinheira desapareceu. Sebastian não despintou um sorriso maléfico enquanto olhava seu prato, muito possivelmente divertindo-se com as imagens daquela tarde, enquanto Evangeline alternava entre lhe lançar dardos e tentar que Poncho ficasse de seu lado.
- Você sim que entende o trato que merece uma mulher. -disse, o que provocou em seu marido distraído uma espécie de bufo.
Quando lhe lançou um olhar de raiva, respondeu com olhos apagados, um olhar cheio de histórias e insinuações.
- O trato que merece uma mulher - disse, com voz leve-, não é sempre o que necessita.
Evangeline fingiu incomodar-se com aquele comentário, mas a Anahí não foi difícil adivinhar por que se ruborizava. O mais provável era que Sebastian conhecesse que coisas a excitavam como mulher, assim como Poncho conhecia seus pontos débeis. De fato, depois de tantos anos, era provável que Sebastian conhecesse com mais precisão as debilidades de sua mulher.
A idéia de viver com Poncho tempo suficiente para que se desenvolvesse esse tipo de relação era perigosamente atraente.
Poncho não pensava em nada disto. Passou a noite sumido em uma espécie de sonho, quase como se estivesse pensando em outro quadro. Para surpresa de Anahí, quando lhe perguntou se queria averiguar se tinha chegado a mala com seus utensílios de desenho, ele se limitou a dar de ombros.
Durante o jantar, dava a sensação de que não escutava nem a metade do que diziam.
Entre sua abstração e os pleitos verbais dos outros dois, Anahí deu aos espaguetes com mexilhões ao vongole a atenção que mereciam. E se tivesse sido bastante sensata, também teria comido do prato de Poncho. Ao diabo com aquilo de comportar-se como uma dama, seu estômago tinha que recuperar o tempo perdido.
Dias atrás, tinha-o ignorado, mas agora a fome voltava por seus poros. Com uma careta de resignação, afastou as mantas e abandonou a cama. O chão de lajota, uma superfície especial de pedra moída e polida, era como gelo sob seus pés. Lançando uma maldição, pegou o robe de Poncho aos pés da cama e cruzou as apalpadelas a elegante suíte, a essa hora banhada pela luz da lua.
Os aposentos que ocupavam se encontravam em um estado decadente mais, ainda assim, impressionavam, mobiliadas com cadeiras pesada, e velhas arcas situadas estrategicamente para que ela golpeasse os joelhos ao passar. A luz aquosa confundia as sombras, e o mesmo acontecia com os numerosos espelhos de molduras douradas. Em duas ocasiões tropeçou com a borda de um tapete turco e esteve a ponto de perder o equilíbrio.
Era muito esperar que Poncho a ouvisse e se levantasse.
Sua sorte quis que se encontrasse com Sebastian, que subia pela escada quando ela descia nas pontas dos pés. Ela o viu antes que ele a ela, mas não teve tempo de retroceder. As janelas, com suas pontas ogivais entrelaçadas, projetavam círculos de luz sobre sua cabeça e seus ombros. Em uma mão, Sebastian levava uma garrafa, na outra, uma cesta com pão. Subia lentamente, como se estivesse cansado, uma figura de aspecto amável, até que a viu. Então ficou onde estava, e em seguida lhe brilharam os dentes de lobo.
Com duas passadas, saltou a distância entre os dois.
- Descia para comer algo - disse ela, com a suficiente rudeza para desanimar qualquer um exceto a ele.
Alargando seu sorriso, Sebastian abriu as pernas para lhe bloquear o caminho.
- Então baixou o apetite, né?
- Estive doente durante o trajeto no navio. Deixei vômitos por toda parte.
Ele lançou uma risada gutural de prazer ao que ela não deu importância.
- Se o que pretende é me provocar asco, terá que se superar muito.
- E se você quer parecer atraente, terá que superar estes jogos infantis.
Ele lançou a cabeça para trás em uma risada silenciosa, mostrando o pescoço e com olhos entrecerrados que lhe conferiam certo atrativo. Mas se recuperou em seguida, e guardou a garrafa sob o braço para segurar sua bochecha em sua mão fina e de dedos compridos. Ela estremeceu com seu contato, mas não totalmente de desgosto.
- Vêem comigo - disse ele, como um personagem sedutor em uma novela-. Tenho algo especial que mostrar.
- com certeza que sim - disse Anahí, cruzando os braços.
Desta vez, a única coisa que sacudiu Sebastian com a risada foi o peito.
- Nada disso, asseguro-lhe. Dificilmente esperaria que, nada mais me conhecer decida algo sobre seu futuro sexual com tanta rapidez. Diferentemente de Poncho, leva mais tempo prender-se de minha personalidade. Não, o que quero mostrar é outra coisa, algo de interesse artístico que poderia jogar luz sobre a intrincada rede que somos Poncho, Sebastian e Eve. Além disso, tenho prosciutto nesta cesta, e um dos vinhos doces espumosos mais apetitosos. É um Prosecco, Annie, o orgulho do Veneto.
Seu ventre a delatou ao responder com um sonoro rugido.
- Vê? -perguntou Sebastian, com um ronrono de voz-. Sei eu o que necessitam as mulheres.
Seu sorriso de súplica, por manipulador que fosse, era muito encantador para resistir. A verdade era que ela queria entender melhor Poncho, e isso significava entender sua história com seus amigos.
- Nada de truques - insistiu-. Mostrará o que seja e depois me deixará ir.
- Absolutamente - prometeu ele-. Pode ser que não seja tão civilizado como Poncho, mas nunca possuiria uma mulher contra sua vontade.
- É uma mulher genial - disse ele-. É condenadamente genial.
Sebastian a tinha conduzido a uma sala na água-furtada do palazzo, que tinha servido durante um tempo de mezanino de um pintor, neste caso, evidentemente, de Evangeline. Era um espaço matizado e acolhedor, com paredes de obra vista e um chão de madeira coberto por uma capa de pó. Um xale pendurava de um prego de uma das vigas do teto e um volume de poemas do Browning compartilhava a superfície de uma mesa desmantelada com uma paleta cheia de tinta. Sem dar importância a estes detalhes de ordem caseira, Sebastian sustentou um candelabro diante da última empresa artística de sua mulher. As chamas da vela oscilaram, e Anahí supôs que aquele efeito se devia à embriaguez.
Aquela possibilidade não a atemorizou como poderia lhe haver acontecido com outros homens. Em Sebastian o álcool não parecia alterar a personalidade em nenhum grau discernível. Anahí suspeitou que estivesse muito acostumado a enganar para que se importasse.
- Poncho não merece nem lhe sustentar uma vela - sentenciou-, e Deus sabe que um aprendiz como eu pode ainda menos. - Sacudiu a cabeça e agarrou a garrafa que tinha ao lado daqui a cinqüenta anos o mundo estará preparado para apreciar seu dom. Então se lamentarão de havê-lo ignorado.
Anahí não era muito perita para negar aquilo. Só sabia que aquele quadro era a obra mais estranha e turbadora que jamais tinha visto. Era um retrato de Poncho, Sebastian e Eve, mas só em parte. Suas figuras pareciam lascas de vidro, e as partes mudavam de um corpo a outro de modo que peitos, olhos e mãos se juntavam em uma só confusão. As cores chiavam com uma mescla de raiva e pesar, com uma sensualidade estranha e sugestiva. «Sou feio», parecia dizer o quadro, «mas sabe que não pode desviar o olhar».
Aquela composição a assustou. Adivinhou nela uma ameaça, ou possivelmente uma advertência, e embora Evangeline mal conhecesse Anahí, era como se a mensagem falasse diretamente com ela.
- É muito impressionante -disse- tanto que chega a ser inquietante.
Imediatamente se deu conta de que o agradava seu comentário.
- Sim - disse Sebastian-, sabia que o entenderia assim.
Sua expressão a surpreendeu. Poncho sustentava que Sebastian amava sua mulher, mas ela não tinha acreditado até ver aquelas lágrimas de orgulho aparecendo em seus olhos.
Tocou-lhe o braço antes que ele levasse a garrafa do Prosecco aos lábios.
- Já-lhe disse o que sente?
A garrafa desceu, uma brusca sacudida do vinho resplandecente. Quando Sebastian riu, era como se soluçasse.
- Tantas vezes que não as posso contar. Ela tem medo de acreditar, tem medo de reconhecer que é melhor que qualquer um de nós. E a seguir, finge que detesta quão injusto é o mundo, que uma mulher é igual a qualquer homem, mas na realidade, a secreta verdade é que quer que Poncho e eu sejamos seus heróis. -Tomou um gole, comprido e sedento e saudou o extraordinário quadro-. Isso não acontecerá, Eve. Você tem mais que dizer com seu dedo mindinho que nós dois juntos.
Autor(a): annytha
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Poncho tem algo que dizer, pensou Anahí. Possivelmente o diga mais brandamente, mas tem algo que dizer. Entretanto, guardou silêncio. Suspeitava que Sebastian o soubesse. E possivelmente, como uma verdade secreta, necessitava que sua imagem de Evangeline baixasse as fumaças ao Poncho. Temendo haver-se informado de mais do que esperava, Anahí, s ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 416
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elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40
amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo
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biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16
preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52
AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:49
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46
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