Fanfic: Alem da Sedução (terminada)
mais um capitulo extra
Com uma perna dobrada por debaixo da outra, Anahí estava sentada na beira da cama olhando como Poncho se vestia. Um após o outro, passou os botões pelas casas de sua camisa, aparentemente sem dar-se conta de sua atenção nem do bem-estar que ela sentia ao vê-lo levar a cabo essa simples tarefa. Aquilo também era intimidade, tanto como os beijos ou as palavras ardentes. Podia ser que não durasse, mas era doce. Sorriu quando o viu alisar o tecido branco e engomado que lhe rodeava o peito com tanta elegância. Era um gesto que transmitia satisfação, tanto pela habilidade de seu alfaiate como pela força de sua fina constituição masculina. Poncho poderia não ver na indumentária as armas que via sua mãe, mas experimentava um prazer profundo em vestir-se.
Aquele aviso de sua casa lhe fez sentir um nó na garganta. Poncho não era o único que escapava das coisas que tinha que enfrentar. Mas agora não havia nada que fazer a respeito. Não aqui em Veneza, com Poncho, tão real e tão quente junto a ela. Com o olhar, seguiu a mão que colocou a camisa dentro das calças, imaginando o que havia no interior, recordando como a havia possuído durante a noite.
Depois da primeira vez, Poncho tinha sido mais direto, e com toda sua grossura se refugiou dentro dela, com as mãos duras e suarentas lhe segurando as mãos.
- me abrace com os tornozelos - tinha pedido ele quando a iminência de seu orgasmo lhe obrigou a agarrar ar-. Agarre-me com os tornozelos por trás.
Agora, vendo como o olhava, Poncho sorriu preguiçosamente com os olhos entrecerrados.
- Se continuar me olhando assim, jamais sairemos do palazzo.
Devolveu-lhe o sorriso mais não respondeu, porque não estava segura do que queria. Tampouco estava segura do que ele queria, apesar da calidez que Poncho tinha esbanjado com ela.
Havia-lhe dito que a amava, mas aquelas palavras não acabavam de chegar a seu destino. Se tivesse se declarado antes que ela falasse com Cristopher, ela não teria duvidado em lhe responder com as mesmas palavras. Agora se perguntava se devia fazê-lo. Sem dúvida Poncho tinha um coração, mas ter um coração não era o mesmo que entregar-se a ela, não verdadeira nem plenamente, como tinha dado o seu. Qualquer que fosse a natureza de seu afeto, Poncho tinha demonstrado que não era um homem amante dos laços familiares.
Turvada, e resistente a expressar sua confusão, Anahí alisou as dobras do vestido azul que tinha entre as mãos. Era outro presente de Poncho, tão feminino quanto elegante, com umas franjas de cetim negro nas bordas. Assombrava-lhe que Poncho conhecesse seus gostos melhor que ela mesma e que ainda não intuíra o que lhe rondava pela cabeça.
- Poderíamos levá-lo conosco - disse, sem atrever-se a levantar o olhar.
- Levar a quem? -perguntou Poncho, acabando de arrumar o colete.
-Christopher - disse ela-. Estou segura de que desfrutaria da oportunidade de conhecer a cidade.
Claramente tomado por surpresa, ele guardou silêncio, e depois acabou de abotoar o colete de seda azul marinho.
- Ainda estará zangado comigo. Acredito que deveria lhe dar tempo.
- Nem sequer sabe que já se inteirou que quem é ele. Quer fazê-lo esperar, mordendo as unhas e perguntando-se se eu lhe contei isso?
- Então sou eu quem necessita tempo. Tempo para lhe dizer. Que diabos vou dizer. Meu Deus, Annie - disse puxando o cabelo para trás-. O que sei eu de como pensa um menino de quinze anos?
- Sabe que algum dia você também teve essa idade.
- E fui um condenado desastre, isso é o que fui.
- Ele precisa de você - sentenciou ela-. Veio até aqui só para conhecê-lo.
Poncho apertou os lábios, mas ao cabo de um instante sua irritação se desvaneceu com um suspiro pensativo.
- Tem razão. Tenho que fazer algo a respeito. E o farei. Mas não neste momento.
- Logo - insistiu ela, agarrando uma mão entre as suas. Estavam surpreendentemente frias e lhe apertou os dedos intumescidos-. Hoje.
Ele se inclinou levemente e quis beijá-la. Com o polegar lhe roçou a maçã do rosto e com a ponta dos dedos tocou seu cabelo. Deslizou a língua docemente em sua boca, sondando uma, duas vezes, antes de afastar-se com os lábios umedecidos. O coração de Anahí tinha acelerado visivelmente.
- Hoje - conveio ele, sussurrando junto a seus lábios-. Hoje, mas não neste momento.
Para Poncho, aquele dia não foi mais que uma sombra da alegria que tinham compartilhado antes. Em lugar de entregar-se à cidade, limitaram-se a caminhar por suas ruas. Uma tristeza obscurecia o sorriso de Annie. Ele quis lhe fazer um presente e pagou muito por um par de máscaras nos animados becos do armarinho. Uma estava adornada com plumas de cor esmeralda, a outra grafite com diamantes vermelhos e dourados. Com a esperança de fazê-la rir, sustentou a máscara de plumas com seu enorme nariz ante seus olhos.
- Poderíamos voltar para o carnaval do próximo ano - sugeriu-. Então veríamos A Sereníssima em seu melhor momento.
Ela o observou elevando umas discretas pestanas. Um ano é muito tempo, parecia dizer sua expressão. Realmente acredita que ainda estarei contigo?
Poncho, que não queria ouvir essas palavras pronunciadas em voz alta, assinalou para um café ao outro lado da praça pavimentada
- Olhe - disse-, vamos adquirir calor com um café.
Antes que ela pudesse responder, um grupo de pequenos escolares fez sua entrada na praça, dando-se trancos e rindo, dando gritos muito similares aos grasnidos dos pássaros. Ao passar, fizeram Anahí cambalear e Poncho teve que segurá-la pelo braço para que não perdesse o equilíbrio.
- Está cansada - disse, sabendo que tinham estado passeando muitas horas.
- um pouco - concedeu ela-. Não me importaria voltar.
Anahí não disse o que ambos pensavam que ao passear por toda a cidade, ele não tinha feito mais que postergar sua promessa de falar com Cris. Poncho se perguntava se Annie sabia que seu silêncio lhe arranhava a consciência mais que qualquer reprimenda.
Pesaroso, conduziu-a até o cais mais próximo e chamou um gondoleiro. Ao partir, umas nuvens se acumularam por cima dos tetos de telhas vermelhas, provocando uma mudança no tempo tão visível como o ânimo de Annie. Durante todo o dia, Poncho tinha visto sua própria conduta através do olhar dela, não só a propósito do que tinha feito com Cris em Veneza, mas também do que tinha feito durante toda sua vida. Sabia que não se comportava honrosamente, mas jamais tinha tido uma compreensão tão vívida do pecado.
Divertiu-se na culpa, contemplando Cristopher, como o símbolo de sua vergonha, em lugar de vê-lo como uma pessoa.
Agora se dava conta de que sua vergonha não tinha nenhum valor.
Só importava a mudança. Só importava cumprir com suas obrigações. Foram do Rio dei Fuseri até o Rio di São Moise. Naqueles canais, podiam passar até três botes de uma vez, e em alguns lugares, sós dois. As paredes cor ouro desgastado dos edifícios se elevavam a ambos os lados por cima de suas cabeças, e passavam por debaixo de pontes que roçavam com a cabeça, enquanto restos de outros barcos flutuantes se chocavam contra a proa curvada para cima. Se tivesse querido, Poncho poderia haver tocado as muralhas. Este é o desafio, pensou seguir adiante sem importar o estreito do caminho.
Apesar de sua determinação, desejava que Annie tivesse declarado que o amava. Se ela acreditava nele, sabia que encontraria a força para enfrentar o filho de seu pai.
Mas ela não acreditava nele.
Se não acreditava, por que teria Cristopher que acreditar ao que ele tinha defraudado muito mais que a Annie?
Sentindo a pele intumescida, ajudou-a a descer do bote no ancoradouro dos Guardi. O canal era baixo e de águas turvas. Poncho olhou para as janelas do palácio. O vidro lançava brilhos de suas primorosas molduras, e as flores de lis no alto refletiam os raios do sol poente.
Possivelmente Cristopher já não estivesse. Possivelmente tinha sido tão grande sua decepção que voltou para casa.
Annie lhe tocou a manga do casaco e esfregou as mãos contra a lã.
- Não se preocupe Poncho. O perdoará.
- E o que acontecerá se o decepcionar?
- Teria que se esforçar muito para isso - respondeu ela com uma risada breve-. Suspeito que até umas migalhas lhe assentariam bem.
O repentino ruído de umas vozes iradas interromperam sua resposta. Falavam em inglês, vozes ruidosas e masculinas e tão aristocráticas que Poncho sentiu um calafrio.
- Meu Deus! -exclamou uma das vozes-. Aí está!
Poncho se virou e viu um bote largo e de fundo plano amarrado junto ao último degrau. Os três homens robustos que o dirigiam não demoraram para encarapitar-se a saliência manchada pelas marés. As costas de Poncho, Annie pronunciou um gemido abafado. Poncho mal teve tempo para vê-la empalidecer antes que um dos homens lançar-se sobre ele.
Annie lançou um grito quando viu os dois caírem com o impacto. Teriam caído à água se Poncho não tivesse detido o impulso agarrando-se nas grades de uma janela.
- Coloquem-na no bote - ordenou o homem que estava em cima dele.
- Nem por mil demônios! -rugiu Poncho, e sua exclamação foi recompensada com um punho do tamanho de um presunto que lhe deu com tudo no nariz.
Sentiu como se rompia a cartilagem e o sangue brotou, rápido e morno.
- Bode - grunhiu o homem, e dobrou o braço para um segundo golpe. Poncho não teria respondido com a mesma ferocidade se não tivesse visto os outros dois tentando empurrar Annie para colocá-la em seu bote. Ela resistia mais eles não demoraram em dominá-la. Dando graças a Farnham com todo seu coração, Poncho parou o golpe tal como este lhe tinha ensinado, embora sentisse a dor de cheio no antebraço. A joelhada que atirou na entre perna de seu atacante foi mais efetivo e o direto no queixo o fez dobrar-se e cair para trás.
Poncho conseguiu levantar-se, sangrando como um porco, e a mente convertida em tal redemoinho de fúria que não duvidou em lançar-se sobre os outros dois. O segundo homem foi despachado para o canal - com um estratégico chute no traseiro. E enquanto chapinhava na água, Poncho agarrou o terceiro pelo pescoço e lhe estrelou a cara contra a parede do palazzo Guardi.
- Noooo - gemeu Anahí, uma reação que ele não entendeu.
Sem lhe fazer caso, Poncho voltou para estelar o suposto seqüestrador contra a muralha. Se lhe tinha quebrado o nariz, não via por que não teria que fazer o mesmo a outro.
- Quem são? -perguntou, com uma voz fanhosa, como se estivesse resfriado-. E que diabos pensavam fazer?
O indivíduo fez uma careta de dor quando Poncho dobrou seu braço por trás. Apesar de sua aflição, não parecia atemorizado.
- Eu poderia te fazer a mesma pergunta - grunhiu, tentando virar a cabeça para lhe lançar um olhar de ira-. Tem que estar louco para havê-la trazido a Veneza. Acreditava que ninguém se daria conta do desaparecimento da filha de um duque?
- Desaparecimento de quem? -perguntou Poncho, que começava a divertir-se-. Meu Deus, vejo que se equivocaram de garota!
Aquelas palavras acabaram por surpreender o homem. Olhou Annie e depois Poncho e novamente a Annie. Algo em sua maneira de olhar inquietou Poncho. Não era uma maneira de olhar alguém que não conhecia.
Annie pigarreou, o rosto tão ruborizado como antes tinha estado pálido.
- É meu irmão, Peter - disse-. E os outros são Evelyn e James.
- Encantado - disse o que saía da água, sua voz muito mais seca que sua roupa-. Deus me livre, Anahí - disse, tirando a jaqueta para espremê-la-. Ao menos poderia haver dito quem é.
Poncho sentiu uma pressão que pulsava na cabeça. Separou-se do homem que lhe tinha apresentado como Peter.
- O que quer dizer isto de que poderia me haver dito que...?
Ela deixou cair a cabeça como se um peso a dobrasse. Se não tivesse sabido que tudo isso era ridículo, haveria dito que Annie estava envergonhada.
- Annie? -insistiu inquieto por aquela evasiva.
Peter se virou onde estava e esticou o casaco enrugado.
- me permita - disse, com uma pequena reverência-, Alfonso Herrera, que o apresente lady Anahí Portilla, se é que você não está acima destas formalidades.
- Peter - murmurou Anahí, e aquela palavra foi toda uma confissão em si mesmo.
Poncho ficou olhando, e as peças começaram a encaixar, por muito pouca vontade que ele tivesse de vê-las.
- Lady Anahí - repetiu meio ausente-, a filha do duque de Monmouth. E por que fingia que era uma criada?
QUEM QUER MAIS???
Autor(a): annytha
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- Sim, por quê? -perguntou a sua vez o homem que tinha se lançado em cima. Poncho o identificou como Evelyn. Agora via a semelhança de família, agora que tinham deixado de golpeá-lo, nos cachos vermelhos e loiros e na pele salpicada de sardas. Ainda dolorido pelo joelhada que Poncho havia dado entre suas pernas, Evelyn grunhiu enquanto se ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 416
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elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40
amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo
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biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16
preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52
AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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