Fanfics Brasil - 55 Alem da Sedução (terminada)

Fanfic: Alem da Sedução (terminada)


Capítulo: 55

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Lavínia não se deu um momento para pensar enquanto subia pela escada curva. Não podia permitir-se pensar. Se o fazia, sabia que seus nervos a trairiam.
Althorp tinha perdido tudo. O matrimônio com o qual tinha contado para aumentar o capital político de seu filho se converteu em passivo. Para piorar as coisas, Derrick o tinha enfrentado. Ela tinha se deleitado ao ver seu inimigo cair tão baixo, mas sabia quão irritado estaria Althorp, suficientemente zangado para vingar-se dela.
Voltou a fechar a mão à altura do ventre, suarenta e tremula, sofrendo uma tensão que era uma mescla de medo e determinação. Quando Althorp se inteirasse que seu filho a tinha visitado, que tinha se devotado a salvar Anahí, procuraria sua perdição. Não importaria o que tivesse que pagar para arrojar luz sobre a verdade. Sua vingança seria pura e dura.
Nos braços, Lavínia ainda conservava os rastros de sua última reunião, sustentada antes que ele (e de que qualquer um) descobrisse o que Anahí tinha feito com Herrera. Sua ira a tinha aterrorizado porque não parecia ter limites.
– É sua última oportunidade! –tinha rugido ele, apesar de que a carruagem em que viajavam nesse momento passava por uma rua concorrida.
– Como pode fazer isto? –tinha suplicado ela, desesperada–. Você mesmo conhece os prejuízos da censura da sociedade. O que temos feito minha filha ou eu para que queira que padeçamos a mesma dor?
De repente, sua fúria se transformou em uma fria brincadeira.
– Você me deixou, não é assim?
– Os dois estavam casados. Além disso, não pode fingir que realmente me amava.
Lavínia nunca tinha visto olhos tão frios e mortos. Uma mão enluvada deslizou para lhe acariciar a face.
– Que hábil é quando mente a si mesma. O que você e eu compartilhamos não é um assunto tão corriqueiro quanto o amor. Mas vejo que esqueceste como tremia de excitação quando a fazia se arrastar de joelhos, como gemia quando a possuía com tanta fúria que seguia estando tenra em seu interior durante dias. Poderia a ter refinado, Lavínia, poderia tê-la levado a alturas que o torpe de seu marido não pode nem imaginar. Além disso, no profundo de seu coração, sabe, você está feita para mim, embora não tenha a coragem de reconhecê-lo. –Quando voltou a falar, sua voz se converteu em um grunhido que lhe arranhou os nervos–. Mesmo agora, se a tocasse, sei que estaria molhada.
A Lavínia faltou o fôlego, incapaz de falar ou de mover-se. Não era verdade. Ela não o permitiria. Ele era um homem doente e depravado e ela não se parecia em nada!
Ele sorriu quando leu o pânico em seu olhar.
– Sim, pode dizer que estou louco. Então poderá negar tudo o que digo. Já não importa. Você é uma pessoa útil, Lavínia, débil e útil. Pode ajudar meu filho a ter o futuro que merece.
– Derrick não agradeceria isso - se atreveu a dizer ela–; se soubesse o que chegaste a fazer por ele.
Althorp franziu o cenho. Embora estivesse apoiado contra as colunas, Lavínia de repente teve a impressão de que estava se afogando.
– Isso é uma ameaça? –inquiriu, e sua voz soou curiosamente suave e distendida–. Se é, advirto-lhe isso, esmagarei-a como um grão de uva. Se me trair com meu filho, os últimos meses que viveu parecerão uma brincadeira de criança comparado com o que virá.
– Não, não - balbuciou ela–. Jamais. Eu não...
Ele a silenciou lhe pondo a mão no pescoço. As molas da cadeira rangeram quando sua sombra se aproximou logo sua boca, e seu fôlego. Lavinia ficou paralisada como um roedor diante de uma serpente. Mordeu-lhe o lábio inferior, depois o superior, e em sua delicada pele ficou a esteira de um formigamento. Sim, pensou algo em seu interior muito primário para controlar. Lavinia deixou escapar um gemido quando ele a beijou com rudeza, e voltou a fazê-lo quando ele se afastou.
O beijo não tinha durado mais de uns segundos, mas sentia que a pele lhe pulsava grosseiramente dos pés a cabeça.
É o medo, disse-se. É só o medo.
– Se voltar a me falhar - disse ele, com voz rouca–, desejará não ter nascido.
Mas Lavinia já desejava não ter nascido. Não podia viver com aquele medo permanente, não podia comer nem dormir. Seu guarda-roupa, seu orgulho e sua alegria penduravam dela como sacos. As mãos tremiam constantemente. Pior que o medo, isso sim, a vergonha. Olhe o que tem feito, pensou. Olhe o que tem feito, tudo para proteger sua posição.
Deteve-se no salão do andar de cima, afligida por um asco que quase a fez vomitar.
Tinha traído a responsabilidade mais sagrada de uma mulher, a de amar e proteger seus filhos. Agora via quanto se equivocou ao tentar obrigar Anahí a casar-se com Derrick. A nova atitude de dignidade de Anahí o confirmava.
Sua filha havia retornado de Veneza mudada. Tão teimosa como sempre, mas mudada. Estava interiormente tranqüila, segura de suas emoções, como se por muitos desafios que a esperassem, soubesse que seria capaz de enfrentá-los, que seria fiel ao seu sentido pessoal do bem e do mal.
Agora Lavinia tinha que fazer o mesmo. Era sua única esperança no mundo. Duvidava que pudesse salvar sua reputação ou seu matrimônio, mas possivelmente podia salvar sua alma.
Respirando para dar-se coragem, bateu na porta do estúdio de seu marido e esperou a que este a deixasse entrar.
Uma vez dentro, ele se sentou detrás da larga mesa com sua coberta reluzente de pórfiro vermelho. Seu sorriso, cansado, mas acolhedor transpassou-lhe o coração afligido pela culpa. Lavinia tinha esquecido como havia se sentido adulada ao conquistá-lo, não só porque se tratava de um duque mas sim porque tinha sido um grande homem. Não era uma grande beleza, como o pintor de Anahí, mas a aparência de seu marido tinha sido agradável e normal, um contraste com a sua, pensava, sem deter-se jamais a pensar no pouco agraciada que podia chegar a ser ela.
– Lavinia - disse ele, e afastou um monte de papéis. Ela imaginou que se trataria de assuntos da propriedade ou inclusive negócios do governo. Geoffrey sempre tinha tido êxito montando alianças, um negociador não muito sutil, mas respeitado. Se não tivesse sido assim, duvidava que Althorp tivesse querido sua filha para Derrick. Deveria ter ido a ele do começo, pensou, sentindo-se novamente horrorizada por sua estupidez. Poderia ter me odiado, mas tinha o poder para proteger a todos.
Agora Geoffrey inclinou a cabeça, perplexo ante seu silêncio.
– Tenho que falar contigo - disse ela.
– Sim?
Ela tragou saliva.
– Derrick tornou a propor matrimônio a Anahí. Contra os desejos de seu pai.
O rosto do Geoffrey se esticou em um gesto que poderia parecer de desaprovação. Lavinia ignorava se estava dirigido a ela.
– Por seu tom de voz, suponho que o rechaçou.
– Sim. Mas não vim vê-lo por isso. –Embora tivesse as mãos geladas, sentia as gotas de suor que lhe caíam pelas costa rígida. Mordeu os lábios e deixou que as palavras saíssem de um puxão–. O pai de Derrick está me chantageando. Eu... tive uma aventura com ele. Faz anos. Ameaçou-me contar-lhe isso se eu não garantisse que Derrick teria êxito em sua demanda. Pensava que se Anahí se casasse com Derrick, você poria sua influência a serviço da carreira de seu filho.
– Mas se já apóio sua carreira. É meu secretário, Deus me livre. Dei-lhe grandes responsabilidades. Todas as que possa dirigir.
– Althorp queria para Derrick algo mais que ser o braço direito de alguém. Pensa que seu filho deveria ser Primeiro-ministro.
As expressões no rosto de seu marido eram verdadeiramente estranhas. Quaisquer que fossem suas emoções, a indignação não estava entre elas. Levantou-se lentamente, deu a volta à mesa e se apoiou na beira. Se Lavinia não o tivesse conhecido tão bem, haveria dito que queria ganhar tempo.
– E bem - disse esfregando a barba–. Eis aí o que se chama uma ambição, embora se Althorp espera vender Derrick, não conhece seu filho tão bem como acredita. Posso perguntar por que me decidiu dizer isso agora? Ou é porque se não o fizer, acha que Althorp o fará?
Lavinia lutou contra o impulso de baixar o olhar.
– Sim - reconheceu–, em parte. Mas também é porque já não posso continuar vivendo assim. Tenho-lhe feito mal, Geoffrey. A minha própria filha. Difundi rumores a respeito dela. Assegurei-me que todos soubessem quão complicada é. Afugentei a seus demais pretendentes para me assegurar de que não teria ninguém para escolher exceto Derrick - confessou, e a mandíbula lhe tremeu ao ver o gesto de assombro de seu marido–. Sei que agi mal. Não posso nem descrever o horrivelmente envergonhada que me sinto.
Por um momento comprido Geoffrey se limitou a olhá-la. Ao cabo de um momento, suspirou.
– Ai, Lavinia, fomos um par de tolos.
– O que quer dizer?
Ele voltou a guardar silêncio um momento, e em seu olhar, por alguma razão, não havia só tristeza, mas também uma amarga diversão.
– Eu sabia do seu caso com Althorp.
Lavinia se sentiu como se o chão se abrisse a seus pés.
– Sabia?
– Inclusive posso dizer quando aconteceu. Foi naquele ano que dirigi aquele comitê para pressionar a favor do financiamento do metro na Câmara dos Lordes. Pensava que esses túneis conformariam o futuro de Londres e a converteriam na cidade mais forte e rápida do mundo. Olhando retrospectivamente, em minha obsessão por conseguir que a lei passasse, descuidei de todo o resto. Dava por assentado seu carinho, amor. Simplesmente supus que me esperaria.
– Meu Deus - disse ela, quase incapaz de acreditar em suas palavras–. Tinha sabido. Tinha sabido todo este tempo.
–Sim - repetiu ele, e estendeu uma mão para lhe acariciar o cabelo–. Quando percebi o que estava acontecendo, dava-me conta de que a tinha julgado mal. Não sei o que tinha pensado dizer, mas suponho que terá quebrado aquela relação assim que eu deixei de dedicar tanto tempo a outras coisas. Decidi que seria mais fácil se não pedisse explicações - recordou, e riu em silêncio–. Disse-me mesmo que o fazia para respeitar seus sentimentos. Para ser sincero, entretanto, meu orgulho não queria reconhecer que preferia a outro homem.
– Nunca! –replicou Lavinia, e lhe agarrou as mãos. Ela não tinha preferido Althorp. Não podia–. Agi como uma estúpida, e possivelmente estivesse um pouco sozinha, mas nunca o preferi. Nem sequer era amável, exceto a princípio. Assim que conseguiu o que queria, mostrou sua verdadeira natureza.
Geoffrey lhe apertou as mãos.
– Sinto muito, carinho. Não teria por que ter vivido tudo isso sozinha. Na realidade, tinha começado a pensar nos últimos tempos que possivelmente tinham reatado sua relação. Confesso que me sinto aliviado de ouvir que só se trata de uma chantagem.
Lavinia estremeceu. Só uma chantagem!
– Muito temo que possivelmente leve a cabo suas ameaças. Agora que Derrick se rebelou, talvez decida que não tem nada a perder. Poderia contar a todos o que fizemos.
– Mas, Lavinia, estou seguro de que não é mais que um blefe. Diga o que disser a respeito de Althorp, tem um sentido da auto preservação muito desenvolvido.
– Mas não viu como está furioso!
Geoffrey lhe agarrou o rosto com as duas mãos.
– Ele não iria querer que Derrick se inteirasse. Eu, sim. Acredito que sempre teve rancor dos privilégios dos quais gozamos pessoas como nós. Mas não contaria ao mundo. Ele adora esse menino. Sem dúvida se zangou porque Derrick não evitou Anahí, mas a idéia que seu filho o odeie o destruiria.
– Não estou tão segura. –Lavinia sacudiu a cabeça, recordando a cólera de Althorp, recordando, apesar de seu desejo de esquecer, seu brutal beijo–. Ai desejaria não tê-lo conhecido nunca! Sobre tudo, desejaria poder desfazer o que tenho feito a nossa filha. Se não a tivesse pressionado tanto, não teria fugido.
– Cala-se - disse Geoffrey, lhe pondo um dedo nos lábios–. Anahí tomou suas próprias decisões, mas nada disso importa agora. Se tiver rechaçado Derrick, é que pensa por si só. E necessita que sejamos fortes e que não esbanjemos energias pensando «o que aconteceria».
Sua gentileza a emocionou e Lavinia ocultou o rosto em seu peito. O corpo de Geoffrey era sólido, seus braços lhe davam mais consolo que outros braços que tinha conhecido. Quaisquer que fossem seus sentimentos retorcidos para Althorp, quando seu marido a estreitou, Lavinia soube que amava o homem com o qual se casou com uma intensidade que roçava a dor.
– Temos que contar a Anahí - disse–, em caso de que Althorp seja tão irracional como você diz. Não seria justo que ouvisse da boca de outra pessoa. Além disso, merece saber o que fiz para afugentar seus pretendentes. Se houver alguma possibilidade de que encontre outra pessoa, terá que confiar em seus encantos.
Lavinia fechou os olhos e estreitou com força as costas de Geoffrey, incapaz de reprimir um impulso de rancor. Havia dito que lamentava. Era realmente necessário que se rebaixasse a tanto? Para começar, não podia se dizer que sua filha tinha gozado de uma multidão de pretendentes. E o que aconteceria se contava a seus irmãos? Todos teriam pena de Anahí e todos odiariam a ela.
– Não estou segura de que possa enfrentá-la - disse–. Estará muito zangada.
– Eu a ajudarei - disse ele, com uma ternura que a envergonhou–. Juntos sairemos disto.
Lavinia não entendia como era possível que contar a verdade pudesse ser outra coisa que horroroso. No momento, isso sim, no refúgio acolhedor de seus braços, quis acreditar que sobreviveria.


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Autor(a): annytha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 416



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  • elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40

    amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo

  • biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16

    preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46

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