Fanfics Brasil - Capítulo 21 Alem da Sedução (terminada)

Fanfic: Alem da Sedução (terminada)


Capítulo: Capítulo 21

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A carruagem deixou Poncho na esquina de Pall Mall e a praça St. James. Dali caminhou apressadamente em meio de uma vaporosa chuva de verão. Os homens passavam depressa a seu lado e seus guarda-chuvas uniformemente negros revoavam como asas de corvos por cima de suas cabeças. Vendedores e banqueiros, suspeitava ele, ansiosos para chegar em casa. Com um leve suspiro de alívio, separou-se do animado fluxo de gente e subiu a escada do clube do duque de Monmouth.
Era o maior clube daquela rua, dois largos pisos de janelas em arco coroado por um friso carregado de adornos. Dada a grandiosidade daquele lugar, não o surpreendeu que o porteiro na entrada (um homem triste com aspecto de empregado de funerária) não se alegrasse de ver aquele personagem bronzeado pelo sol, com um colete cor canário ligeiramente molhado.
– O duque acessará a ver-me - anunciou, e entregou ao homem seu cartão.
A tensão que Poncho sentia por aquela reunião iminente era tão grande que não pôde desfrutar da celeridade com que foi admitido quando o homem voltou. Abotoou a jaqueta enquanto subiam pela escada de mármore. O pai de Anahí não tinha por que ver sua excêntrica vestimenta.
O próprio Monmouth o esperava na porta de uma sala ampla, cheia de livros. Havia outros cavalheiros no interior, lendo, fumando ou jogando cartas tranqüilamente. Para impedir a entrada de Poncho naquele santuário, o duque assinalou imediatamente para o corredor.
– Podemos falar na sala de visitas - disse, e tanto sua voz como sua aparência eram secos.
Embora lamentasse ver aquela reação, Poncho não podia culpá-lo. Afinal, era o homem cuja filha ele tinha desvirginado. Quando entraram em uma sala escura, acudiu um garçom com um carro de bebidas, retirou-se e fechou a porta a suas costas. Os móveis, um conjunto de cadeiras e de mesas débeis, eram claramente os refugos do clube, com suas almofadas desgastadas e suas madeiras danificadas por fissuras e manchas. Com uma rudeza deliberada, Monmouth se serviu um bom copo de uísque, e não o convidou. Aproximou-se com o copo até a única janela da sala e olhou ao tráfico de carros na rua lá abaixo. Intuindo que deveria deixar que seu anfitrião se acalmasse, Poncho esperou que falasse.
Monmouth bebeu um gole de licor e se voltou para olhar seu visitante. Tinha uma expressão dura, os olhos alertas, mas inescrutáveis.
– Surpreende-me que tenha nervos de vir aqui.
– Não o teria feito –respondeu Poncho– se não fosse pelos impulsos de meu coração.
– Seu coração - repetiu Monmouth, e seu olhar se aguçou ainda mais. Estava a ponto de levar o copo à boca, e a sutil vibração do líquido demonstrava que não estava tão sereno quanto parecia.
Ao menos isso tinha em comum com Poncho.
– Estou apaixonado por sua filha - disse Poncho–. Queria pedir-lhe sua mão.
Monmouth deixou seu copo no batente da janela com um golpe seco. Respirava com dificuldade, tinha a cabeça inclinada e os punhos apertados. Poncho sabia o que o esperava assim que viu que o duque tomava fôlego.
Entretanto, não fez nada para evitar o explosivo golpe.
A força com que deu o surpreendeu. O golpe lhe nublou a visão e a pontada de dor lhe chegou diretamente ao cérebro. Quase imediatamente, começou a sangrar pelo nariz.
– Bem –disse, sustentando um lenço contra o nariz–, agora vejo de onde seus filhos tiram suas qualidades de pugilistas.
Monmouth parecia surpreso por seu próprio comportamento, embora fizesse todo o possível por ocultá-lo.
– Não pedirei desculpas por isso - disse–. Minha filha pode se encontrar em dificuldades neste momento, mas não tem por que rebaixar-se a casar-se com um pintor, embora este tenha gozado dos privilégios de um marido.
– Não são necessárias as desculpas, ganhei este nariz quebrado, como certamente merecia o golpe que me deu seu filho. O que não me mereço é seu desprezo por como ganho a vida. Talvez não tenha agido como um homem honesto em todos os aspectos de minha vida, mas em minha arte sempre dei tudo o que há em mim, como você mesmo pôde comprovar.
– arruinou sua reputação! –insistiu Monmouth, com o rosto completamente avermelhado–. Não me importa que Anahí haja dito que foi idéia dela. Você se aproveitou de minha filha. É maior que ela e deveria ter sido mais sensato. E se acreditar que pedi-la em matrimônio solucionará as coisas, está equivocado. Não permitirei que minha filha fique submetida a um ruim vilão, a um canalha desprezível que tem tinta debaixo das unhas!
A ira de Monmouth enchia o ar como gelo ardente, mas Poncho não se intimidou. Ganhou o direito a apresentar-se de igual a igual ante este homem, não por nascimento, mas sim porque finalmente tinha demonstrado, embora só fosse a si mesmo, que estava preparado para recolher o mando que o antigo marquês tinha abandonado. Graças à idéia que sua mãe tinha de treinamento, os músculos lhe tinham endurecido com o trabalho manual, e seus dedos tinham ficado manchados de tinta depois de horas trabalhando a toque de caixa com os livros de Northwick. Também sentia que seu coração se fortaleceu, de uma maneira que não tinha esperado. Depois de tantos anos separados, ele e sua mãe tinham vivido como estranhos, uma relação que se parecia muito à sua com Cris. Agora pensava que com trabalho e paciência possivelmente todos acabariam amigos.
Por isso, sentia-se mais rico, e mais seguro de si mesmo. Quando respondeu à acusação de Monmouth, o fez com toda a dignidade que pôde, considerando que tinha um lenço empapado de sangue esmagado contra o nariz.
– Grande parte do que diz é verdade, e as promessas de reforma não significam nada até que demonstre sua veracidade. Mas acredito que posso convencer sua filha de que sou sincero. Além disso, acredito que ela se alegraria de me dar uma oportunidade.
– As pessoas rirão dela - disse Monmouth, embora menos exasperado que antes–. Dirão que está desesperada se casar-se com você.
– É o mais provável - conveio Poncho–, embora não acredito que ela sucumba a seu próprio orgulho. Ainda assim, é uma mulher excepcional. Merece o melhor, incluído um marido com um título nobiliário, se isso for o que deseja. Por isso penso lhe dizer algo que em quinze anos não contei a ninguém salvo a Anahí. Não pertenço aos comuns. Sou o sétimo marquês de Northwick. Por razões pessoais, não reclamei o título até agora. Compartilhá-lo com Anahí não pode apagar o que tenho feito, mas confio que ninguém dirá que se casou com uma pessoa inferior.
Monmouth ficou olhando com grandes olhos, tão assombrado quanto Poncho esperava vê-lo.
– Não me disse isso - disse, quando recuperou a voz–. Não posso acreditar que não tenha me dito isso.
Poncho já imaginava, mas ao ver sua suspeita confirmada encheu o coração de admiração.
– Quando sua filha e eu nos separamos –disse– ela albergava algumas duvida em relação a meus sentimentos. Imagino que não queria que me visse obrigado a casar se não estava segura de que eu faria isso de boa vontade.
– Acaso está dizendo que ela também está apaixonada?
– Acredito que, efetivamente, assim é.
– Bom - disse Monmouth, claramente confundido.
Voltou-se para a janela manchada pela chuva, acariciando as bordas perfeitamente recortadas da barba. Voltava a ser o homem que Poncho tinha retratado, querendo fazer o bem, mas sem saber exatamente o que era isso. Depois de uma pausa que pareceu interminável, ofereceu a Poncho o balde com gelo do uísque.
– Pegue um pouco - disse, mal-humorado–. Inchará o nariz.
– Obrigado - disse Poncho, aliviado de poder por fim jogar a cabeça para trás.
– É verdade que o defendeu - reconheceu Monmouth a contra gosto–. Praticamente jurou que o tinha obrigado a fazer o que ela queria. Suponho que chegou o momento de deixar que Anahí tome suas próprias decisões, posto que é muito provável que o faça de qualquer maneira. – Suspirou com um acento de resignação que só um pai pode expressar–. Pode vir nos ver amanhã. Se minha filha desejar vê-lo, eu não impedirei, mas tampouco alegarei nada em sua defesa.
Poncho apartou o gelo para agradecer, mas Monmouth o manteve a raia com um olhar, meio advertência, meio divertido.
– Minha filha pode ser horrivelmente teimosa, senhor Herrera. Será seu assunto convencê-la para que lhe dê uma oportunidade.
– É tudo o que peço, uma oportunidade - disse Poncho, e se despediu do duque com uma reverência formal.
Muito intranqüila para dormir, Anahí dava voltas em sua cama coberta com um leve lençol. Essa noite, sua cunhada tinha celebrado uma festa na casa de Evelyn em Londres, e ela tinha sido a convidada de honra. Lissa lhe confessou que aquilo era sua maneira de pedir desculpas por ter demorado tanto em lhe dar seu apoio.
Anahí tinha se emocionado, mas também se turvou, porque tinham convidado Derrick.
O distanciamento com seu pai estava custando ao jovem um alto preço, e não custava perceber. Tinha olheiras e usava o cabelo despenteado. Segundo os rumores, Althorp estava furioso por aquela renovada lealdade para com Anahí, além de outras decepções que Derrick não podia saber.
A confissão da duquesa tinha impactado Anahí, mas, de uma maneira triste, não a tinha surpreendido. Possivelmente sua mãe não a amasse. Possivelmente as lágrimas que tinha chorado tão copiosamente eram um sinal de remorso e não só lamento por ter sido descoberta. Em qualquer dos casos, Anahí suspeitava que sempre se guardasse de abrir seu coração. O perdão poderia vir com o tempo, mas nunca a confiança.
Ante a insistência de Anahí, contou a verdade a seus irmãos com o argumento de que possivelmente eles também teriam que esperar o estalo de outros escândalos. Apesar de que as lágrimas de sua mãe pareceram sortir maior efeito neles, os três filhos também a observavam com certas reservas.
Inteirar-se de que a mãe teve uma aventura sem dúvida tinha que mudar a opinião de um filho.
Em parte por isso Anahí tinha vacilado em compartilhar toda a verdade com Derrick. Apesar das súplicas de sua mãe de não arriscar-se a enfurecer Althorp, seu pai tinha deixado a escolha a Anahí.
– Você é a pessoa que está mais perto dele - havia dito–, e possivelmente todos guardamos muitos segredos. Se pensar que ele estará melhor, então deveria saber.
Mas acaso Derrick estaria melhor? Acaso saber a verdade o eximiria de ter que dançar os compassos ditados por seu pai? Era provável que Althorp não merecesse um filho como Derrick, mas merecia Derrick odiar a seu pai? Já tinha demonstrado que tinha alguma suspeita. Possivelmente com isso era suficiente.
Sem ter tomado uma decisão, Anahí o encontrou sozinho no salão de Evelyn.
Com uma careta por ter sido surpreendido naquele estado melancólico, Derrick devolveu uma miniatura da mulher da Evelyn sobre a lareira.
– Nunca vi meu pai assim - disse, sem preâmbulos–. Por que não pode respeitar minha decisão de apoiar uma amiga? Fica furioso e logo se encerra a beber. Juro que envelheceu dez anos nas últimas duas semanas. Tentei falar com ele, mas ele se nega. Se não soubesse o que acontece, juraria que tem medo.
–Possivelmente é verdade - disse Anahí, lhe acariciando a manga.
Derrick a olhou fixo.
– O que você sabe Anahí? O que é o que todos sabem que não me contam? Seus irmãos estão muito estranhos comigo a noite toda, sua mãe não cruzou nenhum olhar comigo e seu pai me perguntou se necessitava umas férias.
Anahí suspirou.
– Quero que pense antes que responda. Se seu pai tivesse feito algo horrível, quereria de verdade sabê-lo?
– Algo horrível a você?
– Só indiretamente. E o que fez, o fez por você.
Franzindo o cenho, ele a puxou para que se sentasse no sofá.
– Conte-me - pediu.
E isso fez Anahí. O absoluto controle de si mesmo com que ele escutou chegou ao coração de Anahí. Desculpou-se por ser quem contasse, mas ele o agradeceu.
– Se tiver que escutá-lo –disse– prefiro que me conte minha melhor amiga.
Que Derrick a considerasse sua melhor amiga também a intimidou. Ficou olhando as mãos apertadas.
– O que fará?
– Não sei. Se lhe disser que me inteirei, pode que tome com sua família.
– Mas não teria por que fingir!
– Meu pai e eu passamos muito tempo fingindo. Isto não seria nada novo.
Havia toda uma história atrás dessas palavras que ela, supostamente sua melhor amiga, nunca tinha intuído. Isto está mau, pensou. Alguém deveria conhecer e amar tudo o que é Derrick. Certamente, se por acaso ele tivesse sentimentos por ela, aquele alguém não deveria ser Anahí.
– Fale com o Peter - disse, com sua voz mais firme–. Não estaria de mais que se animasse um pouco depois que aquela bailarina de ópera o deixou. Além disso, ultimamente demonstrou mais sensatez. Não iria mal pô-la em prática contigo.
Derrick sorriu.
– Terei-o presente - disse ele, com um indício de sua antiga docilidade.
Não era um remédio, pensou ela mais tarde, enquanto dava golpes a um teimoso travesseiro. Entretanto, era um sinal de que os dois tinham empreendido o longo caminho que os levaria de volta.


E não esqueçam de darem uma olhada em As Duas faces!!!


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Autor(a): annytha

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jl: que bueno que esta se atualizando, muitas novidades aqui, ja estava com saudades dos seus comentarios!!! NataliaLeal: obrigado por ta marcando presencia tambem aqui, capitulo dedicado as duas!!! Anahí finalmente tinha conseguido dormir quando um golpe surdo despertou de seu sono. Havia alguém na sala de estar, alguém que aparentemente tentava entrar. Era possível qu ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 416



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  • elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40

    amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo

  • biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16

    preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52

    AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*

  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50

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  • jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46

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