Fanfic: Alem da Sedução (terminada)
A noite que Anahí passou tentando de conciliar o
sono não alterou em nada suas convicções. Seu pai detestava ter que castigá-la,
inclusive quando merecia. E agora não tinha alternativa. Tinha que mudar o
parecer de sua mãe antes de fazer o próprio com seu pai. Não importava quantos
fossem os elementos contra, aquele era um desafio do qual não podia
desentender-se.
Como era habitual, encontrou à duquesa encerrada
com sua costureira. Os vai e vens mutável da moda eram a principal preocupação
de sua mãe. Por isso, assim que Anahí se mostrou não só indiferente mas também
incapaz de servir de cabide para provar um vestido elegante, Lavínia tinha
perdido quase todo interesse por sua filha. Plana como uma estaca, lamentava-se
com qualquer que queria emprestar ouvidos. Vem da família do pai. E, continuando,
estava acostumado a alisar as generosas curvas sob o vestido, como se alguém
pudesse atrever-se a duvidar de sua afirmação.
Anahí não acreditava que sua mãe o fizesse por
crueldade. Lavínia simplesmente não concebia uma vida onde algo importasse mais
que estar perfeitamente vestida. Para ser justos, se não tivesse sido pelos
esforços da duquesa, Anahí sabia que a considerariam ainda menos atraente. Era
verdade que sua mãe podia ser muito afetuosa, dessa maneira inconsciente dela,
embora Anahí estivesse tentada a esquecer isso agora.
Quando entrou no quarto, Lavínia se contemplava
frente a um espelho de pé. Sua costureira, uma mulher ainda mais idosa que
Ginny, era conhecida com o apelativo único de Madame. Rara vez falava, fosse
inglês ou francês mas, apesar de sua idade, aquela mulher era um gênio da
costura. A mãe de Anahí fazia cortar os vestidos no Worth de Paris, e depois os
fazia costurar em casa. Não era uma questão de economia, posto que Lavínia
detestava esses subterfúgios. Ela tinha Madame para costurar seu enxoval porque
sua costureira era capaz de lhe fabricar vestidos que fossem como uma segunda
pele.
Nesse momento, ela e a costureira manipulavam
metros de tecido sobre seu peito, pelo visto procurando a cor ideal para um
vestido novo.
- O pêlo de camelo plissado esmeralda, acredito -
disse Lavínia-, com a seda da mesma cor para o corpete e as anáguas.
- A cor é adequada - assentiu Madame franzindo
quase imperceptivelmente os lábios.
- Mãe? -disse Anahí, antes que as duas
continuassem o que certamente seria uma longa discussão. Lavínia a olhou pelo
espelho.
- Se tiver vindo para que interceda ante seu pai,
não há nada que eu possa fazer. Ele é quem manda nesta família. Além disso,
estou de acordo com ele. Recorda o triste que estava quando James e Evelyn se
casaram? Imagine como se sentirá quando se casar Peter e todas suas amigas
também tinham família. As mulheres necessitam algo no que ocupar-se. E não me
diga que pretende trabalhar como funcionária de correios. Nem sequer você
poderia estar tão louca.
Anahí albergava a esperança de que sua mãe não
alcançasse ouvir como lhe chiavam os dentes.
- Tenho um plano - disse, fazendo o possível para
que sua voz soasse agradável e segura de si mesmo-. O tenho há anos.
Sua mãe franziu o cenho, mas antes que pudesse
responder, o mordomo bateu na porta aberta.
- Perdão, Sua Excelência, Sir Patrick Althorp
acaba de apresentar-se e envia seu cartão.
Lavínia empalideceu tão bruscamente que Anahí
temeu que fosse desmaiar. Recuperou-se com um gesto brusco de sua cabeça bem
penteada.
- Por todos os Santos! -exclamou, com as faces
visivelmente rosadas-. Que não se dá conta de que não estou em casa para as
visitas? Diga ao barão que o verei mais tarde.
E despachou o mordomo com um gesto de sua fina
mão.
- Há algum problema? -inquiriu Anahí,
surpreendida por sua resposta. Nos últimos tempos, a duquesa e o pai de Derrick
eram unha e carne. Ao duque aquilo não parecia importar, mas às vezes Anahí se
inquietava por sua indiferença. A ela mesma, aquele homem não gostava de nada.
Era muito vigilante, pensava, como uma serpente a ponto de atirar um golpe-.
Tivestes alguma discussão com sir Patrick?
Sua mãe suspirou ruidosamente, mas não confirmou
aquela esperança nascente. Em seu lugar, trocou o tecido verde vincado que
sustentava na mão por um cetim de cor magenta escura. A cor sentava bem a Anahí,
mas em seguida Lavínia e Madame sacudiram a cabeça. Uma vez descartado o rolo
de tecido, sua mãe voltou a encontrar seu olhar no espelho.
- Dizia algo de um plano?
- Sim -disse Anahí, tentando fazer provisão de
seus dotes de persuasão- Quando receber a herança de vovó quero criar cavalos
árabes. Estou segura de que posso me dedicar a isso e ter êxito. Tem que
reconhecer que tenho todas as qualificações necessárias.
- Todas, exceto uma - objetou sua mãe-. De meu
ponto de vista, ainda teria que estar dotada de um pênis.
O impacto daquelas palavras a queima roupa fez Anahí
emudecer.
- Não tenho... Não tenho por que ter um pênis
para...
- Anahí. -Sua mãe silenciou sua vacilante resposta-.
Seja razoável. Em primeiro lugar, demoraria uma eternidade em obter que as
pessoas concedessem sua confiança. E, além disso, que tipo de homem se casaria
com uma mulher que vai montada em um potro?
- Mas se eu não me quero casar. Venho dizendo há anos.
- Acha que não quer se casar, mas te direi uma
coisa...
Anahí cobriu o rosto com as mãos para abafar um
grito.
- me acredite - continuou sua mãe-, pensará de
outra maneira quando tiver trinta anos e estiver completamente sozinha.
Anahí pensou que não era o momento para mencionar
que sua intenção era recorrer aos amantes como substituto do matrimônio.
Afinal, não casar-se não significava que tivesse que viver como uma monja.
- Não pensarei de outra maneira foi quão único
disse, quando deixou cair as mãos. Sei que você e papai só querem que seja
feliz, mas estou segura de que não seria feliz como esposa do Derrick.
- Isso é uma tolice - reprovou sua mãe-. Derrick
Althorp é um jovem perfeitamente agradável. E não tem nada de repulsivo. Tem
boas maneiras, bons dentes e é forte como um boi. Além disso, sempre me
agradaram os homens loiros.
E então, por que não se casa você com ele? Pensou
ela, mas foi o bastante pronta para tragar suas palavras.
- Vamos - disse sua mãe, com tom leve, e uma
expressão estranhamente dura-. Está se portando como uma romântica perdida,
algo que nunca vi entre seus defeitos. Acredite-me o que digo, um matrimônio
por amor não se parece em nada às novelas.
- Não me importam os matrimônios por amor. O que
me importa é ser livre.
- Livre? -A risada que soltou sua mãe era algo
menos alegre-. Só as putas e as velhas viúvas são verdadeiramente livres.
- Não me entende - disse Anahí.
- Sim te entendo insistiu sua mãe-. É só que não
estou de acordo contigo.
Depois dessa confissão, não havia nada mais que
dizer.
Sob um céu nublado, Anahí tinha saído a galopar
com sua égua pelas terras de Knightsbridge, esporeando sua montaria até que dos
flancos começou a brotar o vapor do suor, enquanto o animal lançava partes de
terra e grama com cada golpe de seus cascos. Nem sequer isso a apaziguava. Como
podia apaziguá-la, quando Flick, o cavalo que tinha alimentado com uma
mamadeira quando mal era um filhote, logo poderia se transformar na montaria de
um estranho?
Tinha que haver uma maneira de conseguir que seu
pai voltasse atrás. Ela não podia render-se, porque render-se significaria uma
vida miserável para ela e Derrick.
Por outro lado, podia realmente renunciar ao
prazer maior de sua vida? Renunciar aos cavalos? Aos cuidados que estava
acostumada a lhes prodigalizar? Sobre tudo, podia pôr em perigo o futuro de
Ginny?
Maldita seja, Se sua mãe não tivesse uma atitude
tão inflexível! Anahí não estava segura de que tivesse direito a obrigar seu
pai a escolher entre sua filha e sua mulher. Olhando com objetivismo, havia
algo pior, e era que tampouco estava segura de que a decisão do duque se
inclinaria a favor dela.
Freou Flick até alcançar o passo, respirando com
a mesma dificuldade que a égua. Esta, claramente excitada, saltava sob seu
peso. Que nobreza de espírito! E que horrível seria sentir saudades! Teria
desejado que Evelyn e James não tivessem voltado para o campo, embora soubesse
que seus irmãos não apoiavam sua posição. Toda sua família estava contra ela,
todos e cada um deles.
Sem ajuda dos seus, não sabia o que fazer.
Com Dulce, ao menos se distraía. Quando se
encontrou com ela essa tarde, sua amiga tinha grandes notícias. Seu sogro tinha
morrido inesperadamente e seu marido herdava o título de conde.
- O que me transforma em condessa - disse, com um
ar de melancolia. Estava estendida de costas sobre a cama de colunas de Anahí e
usava um vestido cinza com listras negras cruzadas. A barra do vestido,
primorosamente tecida, tinha um rebordo de borla trançada. Até Lavínia tinha
mostrado sua apreciação com um estalo da língua ao vê-la passar. Essa maneira
da Dulce de estar estendida não faria nenhum bem a seu vestido, mas nesse
momento não se importava.
Anahí se sentou junto a ela na cama.
- Não está contente de ser condessa?
- Bom, sim, suponho que estou contente. Na
realidade, não conhecia pai de Andrew, assim não posso fingir que sentirei
falta dele. Mas, mesmo assim, estaremos de duelo sempre. Tal como estão as
coisas, raramente saio de casa com um vestido assim. É tétrico como um
mausoléu, Anahí. Todos os espelhos estão cobertos. Vão recobrir de palha os
caminhos de acesso à casa. -Franziu o nariz e tocou o primoroso vestido aqui e
lá-. Sou muito jovem para vestir luto.
- Não sei, acredito que o negro te dá um aspecto
etéreo.
Dulce sorriu e agarrou as mãos de Anahí. Ao fim
de um instante, recordou o motivo de sua queixa.
- Depois de amanhã viajamos a propriedade. Está
em Gales, Anahí. Gales! Um lugar absolutamente impronunciável e esquecido de
Deus. Quem sabe quanto tempo ficaremos ali. Segundo Andrew seu pai era um velho
avaro que deixou o lugar em ruínas. Demorará séculos para pôr as coisas em
ordem como gosta.
- Mas seguro que você não terá que ficar tanto
tempo.
Dulce se ruborizou e começou a alisar a borda de
uma manga.
- Andrew diz que não dorme bem se eu não estiver
com ele. -O rubor de suas faces se acentuou ante o bufar de Anahí-. Sim, já
sei. Havia dito que é gordo e aborrecido, e o é, exceto...
- Exceto o que?
- Exceto que é muito reconfortante o ter perto de
noite, me abraçando, sabe.
Anahí podia imaginar poucas coisas menos
reconfortantes que ser abraçada de noite por um dissimulado possessivo como
Andrew Saviñon. Teve que fazer um esforço para calar-se.
- E bem - disse, com resignação-, parece que as
duas seremos prisioneiras da retidão durante um tempo.
Dulce assentiu com um murmúrio, e logo sacudiu as
pontas de seus sapatos negros de pelica.
-Anahí, estava pensando, está segura de que não
quer se casar com Derrick Althorp?
- Não posso acreditar que você também - gemeu Anahí-.
Alegro-me de que esteja contente, Dulce, mas certamente sabe que não seria meu
caso. Nem tampouco seria de Derrick. Imagina-o tentando puxar as rédeas de meu
cavalo? Não demoraríamos em nos lançar um no pescoço do outro.
- Suponho - concedeu Dulce, e se reclinou sobre um
cotovelo-. Mas não entendo como pensa tirar seus pais de cima de você.
Certamente, poderia me acompanhar a Caerna não -sei -quantos. Não há grande
coisa que fazer ali, me entenda, mas o pai de Andrew tinha umas cavalariças
decentes, e ao menos teria uma pausa das repreensões de sua mãe.
- Não lhe viu a cara. Jamais deixará que isto
escape das mãos, e não importa quanto tempo esteja ausente. O que deveria fazer
é fingir que vou com vocês, e em seguida fugir com um teatro de variedades.
Depois disso, até minha mãe teria que renunciar à idéia de me casar.
- Ja, ja - disse Dulce-, se ao menos soubesse
cantar.
Anahí tinha mencionado a idéia como uma bruma,
mas agora uma faísca a iluminou.
- Espera um momento - disse-. Já sei o que
necessitamos, o que não merecemos você e eu.
- Estou segura de que não quero saber - disse sua
amiga-, embora o olhar já tivesse acendido. Ao que parece, Dulce não era ainda
uma condessa em toda regra.
- Uma brincadeira - disse Anahí, com o pulso que
começava a alterar-se se antecipando ao que vinha-, como estávamos acostumadas
a fazer na escola. Um último hurra antes que nossas famílias nos sacrifiquem na
fogueira da respeitabilidade.
Agora estavam as duas sentadas sobre a cama, mãos
juntas.
- Nada muito perigoso - advertiu Dulce-, e nada
no que pudessem nos pilhar.
- Juro-lhe isso - assegurou Anahí-. Ninguém
saberá, exceto você e eu.
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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mandycolucci, sem problemas migah, sei bem como é isso das aulas.mas gracias por volta a comenta, ja tava com saudadesbesoscapitulo dedicado a vc e a ciitah A escapada não poderia ter resultado melhor. Aquela noite o teatro de variedades no Soho tinha sido escolhido como lugar de reunião de famílias de classe média e de algumas mulheres ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 416
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elizacwb Postado em 21/12/2012 - 15:31:40
amei o final dessa web, amei, que lindos...envolvente, excitante, emocionante, aiai muito boa mesmo
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biacasablancasdeppemidio Postado em 20/12/2012 - 00:55:16
preciso de leitoras .. web com cenas hot http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=19720
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:52
AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:51
AAAAAAAAAAAAAAAAAA que lindo *-* se casaram finalmente *-*
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:50
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:49
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:48
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:47
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jl Postado em 20/01/2012 - 16:31:46
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