Fanfic: - Fora da Lei - AYA ♥ [adp]

"Notava-se", pensou, mas não ia dizer.
—Obrigado pela torta e pelo café —disse Grier em voz baixa.
—De nada.

Deu a volta e foi andando pelo corredor. Tinha as costas muito retas, e um andar peculiar, de uma suavidade vagamente inquietante. Caminhava como um caçador.
Quando chegou aos degraus do alpendre, deu a volta tão depressa que Anahí perdeu o equilíbrio e teve que agarrar-se em um dos postes.

—Você gosta da pizza? —perguntou Grier com brutalidade. Anahí ainda estava recuperando-se daquela repentina parada.
—ah... Sim.
—na sexta-feira de noite —continuou, com os olhos entreabridos—. Há uma orquestra. Dança?
—Sim.
—O que faria Alfonso se saísse com outro homem?

Estava nervosa.

—Bom... Não sei. Não acredito que lhe importe —acrescentou—. Não temos essa nivel de relação.
—Pode ser que ele se importe que saia comigo —disse com —. Sabe mais coisas de mim que a maioria das pessoas daqui.

Anahí estava intrigada e surpreendida.

—É um homem malvado?

Algo terrível passou em seus olhos escuros.

—Já fui —respondeu—. Mas agora não sou mais.

O semblante de Anahí se suavizou. Olhou-o e se perguntou se se dava conta do muito que o delatavam seus olhos. Viam-se pesadelos neles.
Soltou o poste e deu um passo para ele.

—Todos temos cicatrizes —disse, entendendo o que Alfonso havia dito na cozinha outro dia—. Algumas se vêem, outras não, mas todos as temos.

Cash entreabriu os olhos.

—As minhas são profundas.

Ela começou a sorrir.

—As minhas também. Mas, de repente, não me preocupam tanto. Já não parecem tão graves.

O peito do Cash se elevou e desceu. Sentia-se leve.

—Tem razão. As minhas tampouco —sorriu.
—O único lugar que serve pizza e cerveja e tem orquestra é o Shea`S. Está na estrada de Vitória —lhe disse—, Alfonso nunca vai ali, e não ligará se eu for.

—Cuidarei de você —disse Grier. Anahí suspirou.
—Sempre teve gente cuidando de mim toda minha vida, e dentro de dois meses serei maior de idade —o olhou em seu rosto—. Tenho que aprender a me cuidar sozinha.
—Fez bem de me falar isso —disse, e seu olhar se suavizou—. Sou um perito em defesa pessoal.
—Não me referia a essa classe de cuidados —murmurou.
— mas te ensinarei, de qualquer modo. Sabe disparar?
—Alfonso me ensinou a atirar ao prato —lhe disse—. Sou um monstro com o calibre 28. Tenho minha própria arma, uma escopeta Browning —não acrescentou que fazia anos que não disparava.

Cash sorriu, surpreso. Muitas mulheres tinham medo das armas.

—Quem iria imaginar! Eb Scott tem um bom campo de tiro. E Deixa-nos praticar nele. te Ensinarei a disparar uma pistola ao estilo do FBI.
—Sabe montar a cavalo?

Cash vacilou.

—Posso. Mas eu não gosto.

Certamente, era um homem de cidade, adivinhou Anahí, e não sabia muito de cavalos nem de ranchos.

—Eu não gosto das pistolas —lhe confessou. Ele se encolheu de ombros.
—Não se pode gostamos de tudo — a olhava com emoções contraditórias—. Suponho que sou muito velho para ti.

Cash, que era alguns anos mais velho que Alfonso, considerava-a uma menina. Possivelmente Alfonso também acreditasse nisso, e por isso era resistente a quelquer intimidade com ela. Saber disso doía.

—Pelo contrário... —murmurou Grier, interpretando mal o olhar de decepção do Anahí— Que diabos. Essa estrela de cinema que já é uma avó acaba de casar-se com um homem de vinte e cinco anos.

Ao Anahí lhe iluminaram os olhos.

—Está se declarando? depois de duas fatias de bolo? Caramba, imagine se te preparasse o jantar!

Cash deu uma gargalhada. Fazia muito tempo que não ria assim. Tinha a impressão de que todos os cantos frios e mortos de sua alma estavam se aquecendo.