Fanfic: - Fora da Lei - AYA ♥ [adp]

—Ele dirige uma caminhonete; não tem assento de atrás.
—Sabe muito bem o que quero dizer!
—E não é sua atitude o que me preocupa.

Anahí arqueou as sobrancelhas.

—Por que não? Cre que não sei como se faz? Sei o que acontece um homem e uma mulher, embora não seja a voz da experiência.
—Sei —murmurou Alfonso com ironia.
—Como disse?

Alfonso voltou a pigarrear.

—O Pagamento a fatura da televisão à cabo.

Ela ficou imóvel; nunca tinha lhe passado pela cabeça. Alfonso inclinou a sua.

—Os títulos falam por si mesmos. Companheiros de cama. Luxúria na areia. A virgem curiosa... Quer que continue?

Anahi gemeu e cobriu a cara com as mãos.

—Só lembre-se que o que vê é planejado e é pura fantasia. Na vida real, não é assim.

Separou dois dedos e o olhou pela fresta, curiosa. Ele se recostou na cadeira, consciente de sua experiência ante aquele olhar.

—Dois beijos e uma carícia, e fazem o amor durante horas com gemidos sensuais e expressões atormentadas, em posições que nem sequer existem no Kama Sutra —lhe explicou.

Ela seguia observando, atenta. Alfonso exalou um comprido suspiro.

—Anahi, uma mulher não aceita o corpo de um homem tão depressa, nem tão facilmente, sem carícias prévias. E a maioria dos homens não duram tanto para percorrer todo o catálogo de posições escandalosas. Com uma costuma bastar.

Tinha o rosto em chamas, mas emprestava total atenção às palavras de Alfonso ao mesmo tempo que tentava dissimulá-lo. E ele estava ansioso de lhe demonstrar, mais que lhe contar, quão satisfatória podia ser uma união física. De repente, sentia coisas que não queria sentir. E pela única mulher da terra que ficava fora de seu alcance, embora fosse a única esposa que tinha tido.

Alfonso apurou o café e a olhou com irritação.

—Não me importa que saia com o Grier, sempre que for discreta —disse, detestando as palavras na hora que as pronunciou com indiferença deliberada. Imobilizou-a com seus olhos negros—. Mas não passe do limite com ele.

Anahi sabia ao que se referia e se sentiu ofendida.

— Como se fosse a fazê-lo, Alfonso!
—Até que se anule, continua sendo um matrimônio —continuou—. E várias pessoas da cidade sabem.
—Entendo por que se preocupam tanto com as intrigas... —começou a dizer, e mordeu a língua, porque era um tema que ele detestava. Ele elevou o queixo e entreabriu os olhos de forma perigosa.
—Meu pai era sacerdote —disse com aspereza—. Imagina o que foi para ele, e para mim, que toda Jacobsville falasse de minha mãe e de seu namorico com o vice-presidente da fábrica? Nem sequer tentaram ocultá-lo. Foi viver com ele quando ainda continuava casada com meu pai. Todo mundo sabia. Todos seus paroquianos, e tinha que dar sermões todo os domingos. Quando seu amante a deixou por outra mais jovem, lhe suplicou que a deixasse voltar para casa e fez como se nada tivesse acontecido. Meu pai tentou aceitá-la de novo.
Baixou o olhar à mesa, consumido pela lembrança daqueles dias. 
-Mas seu pai, apesar de sua fé, tinha sido incapaz de esquecer o que sua esposa tinha feito- Em seu mundo, como no de Alfonso, os votos eram sagrados.
—no final, foram as intrigas que impediram de esquecer. Não terminaram, nem sequer depois de minha mãe ter deixado seu amante. Alguns dos paroquianos se negavam a falar com ela. Isso afetou meu pai , embora tentava combater a reação. Ao final, pediu-lhe que partisse, e ela se foi, sem replicar.

—Só tinha doze anos quando ocorreu, não? —perguntou Anahí com suavidade, tratando de lhe surrupiar informação. Nunca falava de seus pais.

Alfonso assentiu.

—Eu adorava ela. E meu pai também, mas não pôde superar a traição. Era muito pública para que qualquer dos dois a superasse, inclusive em uma pequena cidade.
-Anahi queria esticar a mão sobre a mesa para cobrir a dele, mas sabia que Alfonsoa afastaria. Era inacessível quando falava do passado.
—Ela te escreveu?
—Meu pai lhe disse que podia fazê-lo, mas foi para o Kansas, na casa de uma prima e, ao que parece, nunca voltou a olhar atrás —jogou com a asa de sua xícara de café—. Nos inteiramos de que voltou a casar-se e de que teve um bebê vários anos antes de morrer. A única coisa que recebemos foi o aviso de seu funeral e uma foto enrugada de papai e de mim que ela levava na carteira —tinha a voz tensa, e se endireitou na cadeira.
—Teve um menino ou uma menina? —perguntou Anahí.
—Uma menina — Alfonso tinha o olhar perdido—. Morreu de meningite aos seis anos, e minha mãe faleceu em um acidente de carro vários meses depois —apertou os dentes—. Era uma boa mãe —acrescentou em tom distraído—, embora fosse uma péssima esposa.

Alfonso falou em voz baixa.
—Às vezes, as pessoas se apaixonam por quem não devem —começou a dizer—. Acredito que não podem evitá-lo.

Ele a olhou com seus olhos negros.

—Em meu livro, se fizer uma promessa ante Deus, cumpre-a. Ponto.

Anahí suspirou, pensando que era muito pouco provável que Alfonso tivesse mantido a promessa que lhe tinha feito ao casar-se com ela, mas não o disse.
—Suponho que lamentava o que lhe tinha feito a seu pai.