Fanfic: - Fora da Lei - AYA ♥ [adp]

Ensinei-lhe esses golpes de artes marciais que emprega com tanta eloqüência ultimamente.

—Caramba! —exclamou Anahí, claramente impressionada.
—Não faça essa cara —murmurou Cash—. Me deixa sem graça.
Ela inclinou a cabeça ao recordar uma anedota sobre ele.

—E sente saudades que Alfonso não seja muito convencional? Ouvi dizer que usou a câmera de seu carro patrulha para gravar um casal que estava no assento traseiro de um veículo estacionado...
Cash Riu entre dentes.
—Não era a câmara do carro patrulha, a câmera era minha. E gravei a dois agentes da polícia local que conhecia. Eu os Fiz- prometer que se comportariam com mais decoro antes de lhes dar a única cópia da fita.
—Seria um inimigo temível —assinalou Anahí. Cash assentiu, mas não sorriu.
A seu redor, a orquestra estava tocando as primeiras notas. Estava formada por dois violões, um violino e um teclado.
—Olá, o que gosta de tomar? —perguntou-lhes a garçonete, uma mulher amadurecida.
—Pizza e cerveja —lhe disse Grier.
—Pizza e café —pediu Anahí.
—Não quer cerveja? —perguntou a mulher.
—Ainda não sou maior de idade. E meu... tutor — escolheu a palavra com cuidado—, é ranger.
—É Annie —disse a mulher ao momento, e Riu—, Me encantei com o Alfonso quando fomos jovens, mas ele estava saindo com essa jovem de Vitória. Romperam por causa de seu trabalho, não?

Anahí assentiu.
- Há mulheres que não suportam o perigo.
- A ti não te parece incomodar - disse a empregada, com atrevimento, olhando Grier com atenção. Afastou-se para pedir a comida.
Anahí riu-se ao ver o olhar curioso de Grier.
- Não, não sou medricas - corroborou. - Às vezes, preocupo-me, mas não muito. Alfonso sabe tomar conta dele próprio. E tu também, imagino.
- Bastante bem - assentiu Grier.

O local estava a encher quando Anahí e Grier acabaram a pizza e as suas bebidas. A música era agradável, pensou Anahí, vendo os pares a dançar danças populares na pista.

- Dão cursos de danças populares no centro cultural - comentou Anahí a Grier. - Mas eu não tenho muito jeito. - Prefiro os ritmos latinos, mas nunca conheci ninguém que soubesse dançá-los, exceto Matt Caldwell. E agora está casado.
Grier sorria de orelha a orelha.
- A modéstia impede-me de te dizer que ganhei um premio num concurso de tango quando estava na Argentina.

Ela olhava para ele contendo a respiração.

- Sabe dançar o tango? O que é que faz aqui sentado? Vamos! - deu-lhe a mão e arrastou-o para a pista. Aproximou-se do chefe da banda.
- Sammy, sabe tocar alguma música latina? - perguntou ao jovem, um dos seus antigos colegas de escola. Este riu.
- Claro! - fez sinal aos seus colegas para pararem de tocar e falou com eles durante uns segundos. O pianista sorriu de orelha a orelha e dispôs-se a afinar o seu instrumento. Começou a tocar um ritmo latino animado.

O público desimpediu a pista, prevendo algo especial.

- É melhor que seja mesmo bom - disse Anahí a Cash com um sorriso. - Não é fácil agradar a este público. Não se importam de vaiar os pares que se acham bons bailarinos. Matt Caldwell e a sua mulher, Leslie são uma lenda.

- Não me vão vaiar - prometeu-lhe Cash. Agarrou-Lhe a cintura e a mão direita com uma leveza de profissional, marcou o ritmo com a cabeça e, depois, começou a fazê-la girar com uma facilidade devastadora.

Anahí seguiu-o com muito esforço. Um colega da escola, filho de emigrantes hispânicos, ensinou- lhe várias danças latinas e assegurou-Lhe que ela tinha jeito. Mas Grier superava-a em habilidade. Fixou-se nos seus passos e imitou-o com um talento natural. A meio da canção, Anahí já estava a incluir passos e movimentos próprios. Quando a banda foi baixando o ritmo, o público marcava-o com as palmas das mãos.

Cash fêz-la dar voltas até ele e inclinou-a para trás como remate. Toda a gente aplaudiu. Voltou a endireitá-la, puxou-a para si com outra volta e os dois inclinaram-se. Anahí estava sem respiração. Cash respirava como se não fosse nada.

Conduziu-a à mesa rindo-se.

- Vamos ver se Caldwell supera isto - disse. Anahí riu, quase ofegante pelo esforço.
- Estou fora de forma - murmurou. - Tenho que sair de casa com mais frequência. - Bem, meninos, estavam fantásticos! - disse a garçonete ao passar junto da sua mesa. - Querem outra rodada?
- Obrigado - disse Grier e passou-lhe a sua garrafa vazia.
- Eu também - acrescentou Anahí e aproximou o seu copo da borda da mesa.
- Já volto - prometeu a mulher com um sorriso.
- E Alfonso? Sabe dançar? - perguntou Cash.
- Só se alguém lhe disparar nos pés.
- Nunca verei tal coisa.
- Agora que dizes isso - disse Anahí e inclinou-se para a frente. - Preciso que me aconselhes. Tenho quase a certeza de que alguém envenenou um dos nossos novilhos. Alfonso não acredita em mim.

Cash era todo ouvidos.

- Conta-me.
- Comprámos um touro Salers jovem no princípio de Setembro. Os Hart têm um novilho Salers de dois anos e Leo Hart ia comprar outro a Fred Brewster, um que era filho do mesmo macho que o nosso. Mas encontraram o touro de Fred morto num pasto e como Hart telefonou a Alfonso interessado no nosso. O nosso morreu antes do de Fred e, por isso, limitámo-nos a enterrá-lo com uma escavadora que nos emprestaram.
- Não pediram para realizarem autópsia? Anahí fez uma careta.
- Cash, o ano passado corria tudo às mil maravilhas. Mas tivemos muitas inundações na Primavera e no Verão e, para cúmulo, os preços da carne caíram. Agora, tudo o que ganhamos vai para pagar os meus estudos e para o apartamento que Alfonso tem em Victoria. Vendemos gado para pagar despesas extra e compramos mais quando temos forragem suficiente para o alimentar - tinha o olhar turvo. - São tempos difíceis, Sabe como é.

Cash não sabia. Tinha uma pequena fortuna guardada em bancos estrangeiros. Tinha-a juntado no início da sua profissão, quando realizava missões secretas de alto risco para diversos governos. Não o divulgava aos quatro ventos, mas já podia ter se reformado há algum tempo. Ter um trabalho convencional mantinha o seu instinto afinado e permitia-lhe ocultar a sua verdadeira situação económica. E a sua verdadeira formação.

- Em qualquer caso - prosseguiu Anahí, - Alfonso disse que eu não verifiquei o pasto antes de levar para lá os touros e que então eles se puseram a comer trevos e deu-lhes uma cólica. Como não usámos antibiótico como prevenção e também não podemos comprar óleos vegetais para esse fim, Alfonso disse que o tanino dos trevos foi o que lhes provocou a cólica - suspirou com impaciência. - Sei escolher pastos tão bem quanto ele e não sou assim tão parva ao ponto de deixar os novilhos vulneráveis num pasto sem lhes dar de comer feno ou forragem. E os touros Hereford estavam lá ao mesmo tempo, os quatro. Eles não tiveram cólicas.
- Não disse isso a Alfonso?
Anahí assentiu.