Fanfic: - Fora da Lei - AYA ♥ [adp]

Anahí fechou a mão em torno da alça da bolsa.

—Ouça, não vou deixar me intimidar por um homem que me conhece desde que brincava de boneca...
—Três!
—Além disso, não me importa se for um...
—Quatro!

Anahí girou sobre seus tornozelos sem terminar a frase e dirigiu-se para a porta lateral da escola. O próximo número era o último aviso de uma humilhação pública. Recordava muitas vezes atrás no passado, para prejuízo dela. Quando Alfonso colocava algo na cabeça...!

—Só estou te agradando para te fazer acreditar que controla a situação —provocou—. Não acredite que estou fugindo.

Alfonso ocultou um sorriso até que retornou a volumosa caminhonete negra que conduzia.

Naquela mesma semana, viram Jack Clark roubando, um empregado, quando carregou na conta do rancho umas botas muito caras. Anahi tinha visto a fatura e tinha chamado a Alfonso para ver. Despediram-no na hora. Anahi não disse a Alfonso que Clark esava intimidando-a, nem que estava ameaçando-a para não dizer nada a Alfonso.

Vários dias depois da demissão, seu novo novilho Salers apareceu morto em um pasto. A Anahi parecia uma morte provocada. O touro estava são, e se negava a acreditar na afirmação de Alfonso que tinha ingerido ervas indigestas quando outros quatro touros do mesmo pasto continuavam vivos. No fim das contas, Jack Clark tinha jurado vingar-se. Mas Alfonso descartava as suspeitas, e inclusive se queixou a Maude, a governanta, de que Anahi estava tentando chamar a atenção, porque não estava lhe dando muita atenção ultimamente, ocupado como estava com a companhia cinematográfica. Aquilo a enfureceu. Contou a seu capataz, Nick Bate, sua teoria, e lhe pediu que vigiasse o pasto .A vezes, Alfonso a tratava como a uma criança. Não estava acostumado a incomodá-la mas, ultimamente, estava irritante.

Duas semanas depois, no sábado bem cedo, Alfonso se apresentou em seu land rover negro seguido de outro 4x4 enorme de cor bordô repleto de pessoas. Entre elas, estava o representante da Secretaria de Cultura e um diretor que Anahí reconheceu imediatamente. Anahí não tinha esperado ver gente famosa. O grupo também era formado por um ajudante de direção e outras quatro pessoas que foram apresentadas como parte da equipe, incluídos o diretor de fotografia e um técnico de som.

Anahí averiguou que a estrela do filme era uma supermodelo, uma linda jovem que, por desgraça, jamais tinha montado a cavalo.

—Isso limitará as cenas com as cabeças de gado —disse o diretor a Alfonso com uma gargalhada—. Claro que Tippy Moore não sabe nada de gado. Pode ser que a tenha visto nas capas das revistas. Chamam-na a Vaga-lume da Georgia. Esta vai ser seu primeiro filme, mas foi uma bomba nos testes. Possui um talento natural.

Alfonso franziu os lábios, e lhe iluminaram os olhos.

—Eu a vi na capa de um anuncio de trajes de banho —confessou—. Todos os norte-americanos com sangue nas veias sabem quem é.

Anahí se sentiu incomodada . Lançou um olhar a Alfonso, consciente de seu interesse, e desejou de gemer. Estavam casados, mas não tocava nela. Gostava dela, mimava-a, mas nada mais. Nem sequer a tinha beijado no dia do casamento. Era um jarro de água fria pensar que, em dois meses, tudo teria acabado. Anahí tinha tentado de mil maneiras chamar sua atenção, inclusive brincando sobre um garoto da escola que queria casar-se com ela. Era mentira, e Alfonso sabia. Depois disso, não acreditava em nada do que ela dizia. Observou seu físico alto e sexy e se perguntou o que diria se uma noite, enquanto revisava os livros, ela entrasse em seu escritorio e ficasse nua para ele.

Então, recordou as terríveis cicatrize que tinha nas costas, as que seu pai, em plena bebedeira, tinha infligido com um chicote curto aos dezesseis anos.

Anahí tinha tentado salvar a sua pobre potra das chicotadas e seu pai, que em troca, enfureceu-se com ela. Ainda recordava a dor. Seu pai tinha deixado sua camisa em farrapos.

Aquele sábado pela manhã, Alfonso tinha ido ao rancho para falar de negócios com seu pai quando ainda trabalhava para os Rangers de Santo Antonio.

Grande parte do acontecido ela não se lembrava, mas Anahí recordava com claridade como Alfonso se aproximou perto do curral com tão ameaçadoramente que seu pai tinha soltado o chicote e tinha começado a recuar. Não lhe serviu de nada. Alfonso o encheu de murros e, segundos mais tarde, o bêbado estava caído, inconsiente. Alfonso o prendeu no abrigo dos arreios.

Depois, ele a levantou em braços com ternura, murmurando palavras de consolo, gritando a Maude, o governanta, com voz rouca, para que chamasse à polícia e à ambulância. Depositou-a na ambulância ele mesmo, e viajou com ela ao hospital, enquanto a mãe inválida de Anahí chorava com amargura no alpendre e seu pai era preso. Alfonso denunciou Tom Portillo e este foi para a cadeia.

Nunca mais, disse Alfonso com frieza, esse homem ia levantar a mão para Anahí.
Mas o dano permanecia. As Feridas demoraram semanas para fechar. Não tinha dinheiro para cirurgia plástica. Assim Anahi tinha cicatrizes brancas paralelas nas costas, dos ombros até a cintura. Complexavam-na tanto que, apesar das brincadeiras, jamais tinha tido coragem para despir-se diante de Alfonso, ou de nenhum outro homem. De todas as formas, Alfonso só queria desfazer-se dela. Não queria casar-se. Adorava seu trabalho, e sua liberdade. Dizia isso sempre.

Mas sabia quem era Tippy Moore. Quase todos os homens sabiam. Tinha rosto de anjo e um corpo que pedia carícias. Ao contrário da pobre Anahi, que tinha um rosto passável e um corpo parecido ao do monstro Frankenstein.

Alfonso e o diretor, Joel Harper, estavam falando de usar um dos cavalos para uma cena, e a conveniência de contar com o apoio do capataz, Nick Bate, durante a filmagem.

—Também necessitaremos de segurança —disse Harper em tom pensativo—. Eu gosto de contar com a polícia local, quando posso, mas isto fica fora dos limites do município, não?