Fanfic: - Fora da Lei - AYA ♥ [adp]

—Isso teria graça: eu, atriz de cinema —ficou olhando a torta, imóvel —. Poderia ser a estrela de um filme de terror se vestisse um traje de banho e me filmassem pelas costas.

Houve um silêncio de perplexidade. Anahí serviu uma fatia de torta em um prato, pôs-lhe um garfo e o levou a Alfonso. Este tomou a mão de Anahí e a sentou em seus joelhos.

—me escute —disse com a voz grave e tenra que empregava quando via sofrer a uma criatura—. Todo mundo tem cicatrizes. Pode ser que não se vejam, mas estão aí. Ao homem que te amar não lhe importarão umas poucas linhas brancas.

Anahí inclinou a cabeça, tentando não fazê-lo ver o muito que a afetava sua proximidade. Gostava do pós-barba que usava, o aroma a limpo de sua roupa, o leve aroma do couro do cinto.

—Como sabe que são brancas? —perguntou-lhe.

Alfonso lhe lançou um olhar de cachorro velho e afrouxou a gravata, desabotoou os primeiros botões da camisa e deixou descoberto um peito bronzeado salpicado de pêlo encaracolado.

Anahí o tinha visto várias vezes sem camisa, mas sempre desviava o olhar.Alfonso abriu a camisa e a impecável camiseta branca que vestia debaixo e apontou um franzido de pele no ombro, de que partiam linhas brancas.

—Uma pistola de calibre vinte e dois —disse, e atraiu a mão de Anahí para a cicatriz—Toque.

Ela tinha a mão gelada. Tremeu ao coloca-la sobre aquela carne morna e musculosa.

—é grossa—disse quase sem fôlego.
—é desagradável? —insistiu Alfonso. Ela sorriu.
—Não. ...
—Nenhuma de suas cicatrizes é feia assim —acrescentou- feche minha camisa.

Era íntimo, excitante, realizar aquela pequena tarefa. Sorriu como uma boba.

—Isto é novo.
—O que?
—Nunca me tinha deixado sentar em seus joelhos —lhe recordou. Alfonso a olhava com uma expressão indecifrável.
—Não deixo que ninguém se sente em meus joelhos.

Ela franziu os lábios ao lhe fechar o botão do pescoço.

—Tem medo que tente te despir?

Anahí viu que seu peito subia, mas quando elevou o olhar, Alfonso estava impassível. Um humor contido brilhava em seus olhos.

—Isso não te serviria de muito —comentou.
—por que não?

Alfonso arqueou uma sobrancelha.

—Não saberia o que fazer comigo quando eu estivesse nu.

Ouviu-se o barulho de umas batatas caindo pelo chão. Alfonso e Anahí voltaram a cabeça para a soleira, onde Maude, com as mãos segurando a borda de seu avental, seguia deixando as batatas cairem a seus pés.

—Posso saber o que está acontecendo? —perguntou Alfonso em tom sombrio. Maude a olhava com olhos muito abertos.
—Já sei —disse Anahí, sorrindo—. Acredita que estou te despindo. Não é nada disso, Maude —acrescentou, e lhe mostrou o dedo anelar—. Estamos casados.

Alfonso a olhou com desaprovação e a colocou no chão com suavidade. Ele se recostou na cadeira e terminou de fechar a camisa.

—Estava-lhe mostrando uma de minhas cicatrizes —disse Alfonso a Maude.

Maude tinha recolhido as batatas e tentava com todas suas forças não dizer nenhuma tolice. Mas aquele comentário inocente provocou um estalo de risada.

—Não, Maude —gemeu Alfonso, ficando em pé—.foi muito inocente. É verdade que me estava mostrando a cicatriz.

Maude assentiu com entusiasmo e concentrou sua atenção nas batatas. Lançou um rápido olhar a Alfonso, que a observava zangado ao mesmo tempo que se levava uma parte da torta de maçã à boca.

—é claro —concordou Maude. Alfonso estreitou os olhos.
—Estou armado —assinalou.

Maude soltou a faca e a batata que estava cortando e abriu os braços.

—Eu também —disse, e arqueou repetidas vezes as sobrancelhas.

Ele a olhou com irritação, ela e depois Anahí, que sorria de orelha a orelha

—Agora já sei com quem aprende as essas brincadeiras —disse a Maude.
—Está com ciúme porque não sabe fazer brincadeiras — comentou Anahí com olhar travesso.

Alfonso lhe lançou um olhar ameaçador e continuou comendo torta.