Fanfics Brasil - 1° Capítulo - Rebeldes Caminho ao sol

Fanfic: Caminho ao sol


Capítulo: 1° Capítulo - Rebeldes

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- Otávio,
acorda – a voz de alguém chamava ao longe, mas estava mais perto do que
pensava.


Resmungos.


- Vamos,
acorda. Não chamar de novo!


O quarto –
típico de um jovem de classe média alta - encheu-se com a luz do sol da manhã
quando uma senhora de estatura mediana abriu a cortina e a janela.
Encontrava-se num vestido de cor azul claro que lhe batia nos joelhos e touca
branca que lhe cobria os cabelos parcialmente grisalhos. Parecia ter seus
cinqüenta e poucos anos.


- Vamos,
Otávio... acorda – chamou mais uma vez, chacoalhando um garoto esparramado na
cama.


O mesmo
pareceu se despertar rapidamente. Virou-se para a senhora e gritou:


- Eu já
ouvi! Pensa que sou surdo?


O rosto da
senhora corou e ao mesmo tempo parecia assustado.


- O que é?
– a voz do garoto rugiu, grossa. – Vai ficar aí parada?


A senhora
fez que não com a cabeça e saiu em dispara pela porta entreaberta.


Otávio
esfregou os olhos e o rosto. Seu celular despertou e ele também pareceu
despertar.


Tomou banho
e aprontou-se. Pegou sua mochila e desceu.


 


Sentados à
mesa, encontravam-se um homem alto, encorpado e de feições intimidadoras; uma
mulher também alta, jovial, que naquele dia parecia triste; e Otávio.


Comiam no
mais puro silêncio.


- Esse café
está amargo – reclamou Otávio ao prová-lo.


- Quer que
eu faça outro, senhor? – perguntou a senhora que o acordara. Estava parada a
alguns metros da mesa.


- Não! –
respondeu rispidamente. – Da próxima vez, vê se faça direito.


- O que
foi, meu filho? – perguntou a mulher. Sua voz era suave. – Acordou com o pé
esquerdo?


- Acordei.


- Então,
considere o problema seu – disse. – Ângela não tem nada haver com o seu mau
humor.


Otávio
fuzilou a mãe com um olhar.


- E não
adianta fazer esse olhar. Sua mãe tem toda a razão – disse o pai.


- Ótimo, deem
sempre razões aos empregados, por que assim, um dia, eles não respeitarão mais
vocês – xingou, alterando o tom de voz.


            -
Cala a boca – gritou o pai.


            -
Acalmem-se, pessoal – pediu Ângela. – Não precisam brigar logo de manhã.


- Nada disso, Ângela. Otávio tem que aprender a respeitar os
outros – repreendeu o pai. Sua voz grossa ecoando pela sala de jantar.


Otávio levantou ferozmente e saiu da sala. Instante depois, se
pôde ouvir o som da porta principal bater.


 


´´´´


 


A rua estava deserta, as casas quietas, o sol subia pelo céu; o
calor misturava com a brisa gelada da manhã.


            - Renata – chamou uma mulher envolta
a um roupão. Seus cabelos ruivos lhe cobriam o rosto, e ela a todo o momento
tentava tirá-los de sua visão.


A garota virou.


- O que foi, mamãe? – perguntou assustada.


Sua mãe era alta e magra; acabava de sair de seu quarto com os
cabelos emaranhados.


- Você esqueceu seu vale transporte.


Renata passou o fichário para a outra mão e pegou um pequeno cartão
de plástico.


- Obrigada, mamãe – agradeceu num sorriso.


- Vá com Deus, minha filha. Tome cuidado.


 


Renata nunca vira o ponto de ônibus tão cheio. Parecia que
todos de seu bairro combinaram de pegar ônibus no mesmo horário.


O cheiro de comida provindo das marmitas dos trabalhadores
misturava-se com os perfumes fortes que algumas mulheres usavam. Um cheiro
horroroso que fazia qualquer um passar mal... menos aqueles que já tinham se
acostumado.


O ônibus chegou dentro de alguns minutos e estacionou para que
todos pudessem entrar.


Era um empurra, empurra. Gritos do tipo: “Ei, você está
cortando fila!” ou “Guarda um lugar para mim”.


Quando chegou a vez de Renata já não havia mais lugar no ônibus
em tão ela fora obrigada a seguir na parte da frente ao lado do motorista que
vez ou outra lançava olhares e sorrisinhos para ela. No mesmo tempo em que
agradecia, ela praguejava: agradecia pelo fato de o motorista dirigir com o
vidro aberto fazendo com que o cheiro de comida e perfume não lhe tomasse as
narinas, já que o restante das janelas estava fechado; praguejava por que já se
sentia incomodada com os olhares e sorrisos do motorista.


- Você mora no Mario Decuni? – perguntou o motorista.


Renata fingiu não ouvir e continuou a olhar para o horizonte pela
grande janela do ônibus.


- Oi! – chamou o motorista. Seu bigode estilo Fred Mercury
ergueu-se em mais um sorrisinho.


Nenhuma resposta.


- Ainda está longe da Rua Laurelli?


- Uns vinte minutos.


- Pare no próximo ponto para eu descer, por favor – pediu.


- E a passagem? Você ainda não rodou a roleta.


- Não seja por isso. – Renata abriu sua bolsa e tirou duas
notas de dois reais e entregou ao motorista. – Pode ficar com o troco.


O motorista coçou a pança e estendeu a mão para pegar o
dinheiro. Quando ambas as mãos se encontraram, ele acariciou a de Renata que a
puxou rapidamente.


- Tem certeza de que quer descer no próximo ponto? Você estará
muito longe da Rua Laurelli.


- Não tem problema.


Foram mais alguns instantes rodando até o ônibus chegar ao
próximo ponto. Renata desceu sem falar nada.


- De nada – falou o motorista sorrindo maliciosamente.


Renata não sabia se realmente estava distante de sua nova
escola, mas começou a caminhar, sem hesitar. Perguntou para várias pessoas que
a mandavam para várias direções.


O sol já ardia. E faltava meia hora para o inicio das aulas.


- Olá, com licença – pediu para um casal de namoradas que vinha
caminhando na direção oposta. – Podem-me dizer como faço para chegar à Rua
Laurelli?


O casal foi generoso e a ajudou. Deu as coordenadas descrevendo
detalhadamente alguns pontos de referência.


- Você vai levar uns quinze minutos para chegar lá. Caso se
perca, pare num posto de gasolina e pergunte – disse o namorado: alto, moreno e
musculoso.


- Obrigada.


            - Não há de quer – a namorada
respondeu.


E então Renata começou a caminhar novamente.


Agora mais segura.


 


´´´´


 


            - Bruno, levante – chamou uma voz grossa ao pé de seu ouvido.


            - Mas já é hora? – perguntou num
resmungo.


            - Sim. E não podemos nos atrasar para
o primeiro dia de aula.


            - Só mais um minuto.


            - Não, não.


            - Vaaamos – chamou a voz mais uma
vez.


            - Nããão quero.


            Então Bruno sentiu algo lhe tocar os
lábios.


            Ele abriu os olhos. Um garoto ruivo,
de olhos verdes como esmeraldas e sorriso esbranquiçado, acabara de lhe beijar.


            - Agora eu vou.


            Os dois se levantaram da cama
bagunçada, foram para o banho e depois se aprontaram.


            - Bom dia, pessoas – saudou Bruno ao
sentar-se à mesa para o café da manhã.


            - Bom dia – responderam todos.


            - Como foi à noite, maninho? –
perguntou o irmão do garoto ruivo. Tinha alguns traços do irmão mais novo e um
sorriso malicioso.


            - Foi ótima.


            - Hummm... – fez uma mulher de
estatura alta, também ruiva, de pele tão branca que se podiam ver algumas
veias. – O que os dois fizeram, hein?


            - Nada de mais, mamãe.


            - Acredito...


            - Deixe-os em paz, Monique.


            - Não posso mais brincar com o meu
filho e o meu genro, Alexandre?


            Alexandre era o típico pai que
andava na moda. Usava brinco na orelha. Praticava esportes para manter o corpo em
forma. Tinha tatuagens; e não estava nem aí para o que pensavam dele. Tipo: A
vida é minha e eu faço o que bem entender com ela.


            - Claro que pode, Mo. Mas não à mesa
– disse, mexendo nos fios também ruivos de seus cabelos.


            - Não vão começar a discutir, vão? –
repreendeu o filho mais velho.


            - Hoje não, Caio – respondeu
Monique.


            - E como seus pais estão, Bruno? –
perguntou Alexandre.


            - Chatos como sempre.


            - Não diga isso, Bruninho. Os pais
nunca são chatos. Nós só tomamos as medidas que achamos necessárias para a
proteção de vocês.


            - Então dispenso as medidas de
proteção tomadas por meus pais.


            Riram, mas logo o café da manhã
seguiu-se em puro silêncio. Nesse tempo, Alexandre e Caio saíram para
trabalhar, restando somente Monique, o filho e Bruno.


            - É melhor irmos andando também,
Bruno.


            - Esperem, crianças! Eu também vou.


            - Não precisa, mãe. A senhora não
tem que trabalhar?


            - Hoje é a minha folga, então
aproveitei e marquei uma hora com um tatuador.


            - A senhora vai fazer uma tatuagem?
– espantou o filho.


            - Não, vou acender uma vela para São
Benedito, Willian. Claro que vou fazer uma tatuagem!


            - Então vamos! – chamou Bruno.


            - Vão andando que eu vou subir para
pegar a minha bolsa.


           


´´´´


            - Carla, Carla! – chamou alguém que
estava parado em frente ao portão automático.


            - Já estou indo! – gritou uma moça
mediana, de cabelos loiros e compridos.


            Ela entrou e logo saiu com a mochila
nas costas.


            - Bom dia, Gabriel.


            - Bom dia. Preparada para o começo
das aulas?


            - Estou – respondeu Carla não muito
animada.


            O sol se estendia entre os prédios
centrais quando Gabriel anunciou 6h30.


            - Não chegaremos a tempo.


            - Não se continuarmos a andar como
duas lesmas. Vamos!


            Ambos apertaram o passo. Passavam
apressados pelos pedestres que vinham de todas as partes.


            Ouviu-se uma buzina.


            Continuaram a andar.


            Mais uma vez a buzina chamou. Mas
dessa vez acompanhada de uma voz.


            - Carla! Carla!


            A garota parou e voltou alguns
passos. Gabriel a acompanhando.


            A buzina vinha de um Crossfox
branco.


            - Silvio?


            - Querem uma carona? – perguntou um
garoto moreno, de olhar rígido e voz grossa; encontrava-se sentado no banco do
passageiro.


            - Claro!


            - Obrigado, Silvio – agradeceu
Gabriel ao bater a porta do carro.


            - De nada.


            O motorista era o pai de Silvio.
Tinha os traços do filho, mas ele aparentava ser mais alto e forte. Fitou
Gabriel pelo retrovisor por todo o percurso.


            - Entregues, crianças – disse ao
estacionar numa vaga a poucos metros da escola.


            - Criança é a vovozinha – xingou
Carla, rindo logo depois.


            - Olha como fala comigo, hein,
mocinha? – riu o pai de Silvio. – Tchau, Gabriel.


            - Tchau, tchau. Obrigado pela
carona.


            - Não há de quer. Aparece lá em
casa.


            Gabriel ficara meio constrangido ao
perceber os olhares do homem para ele, e agora pelo Aparece lá em casa.


            Ele deu as costas para o homem e foi
de encontro a Carla.


            Silvio já estava com a sua turma da
escola.


            - Carla – chamou num sussurro a
amiga -, o pai do Silvio é meio estranho, você não acha?


            - Por quê?


            - Não sei. Eu fiquei com medo dele.


            - Eu sei do que está falando. É
sobre as olhadas que ele te deu, não é?


            - Você viu?


            - Claro que vi. Acha que sou cega?


            - Quando saí do carro, ele disse
para eu aparecer lá na casa dele.


            Carla riu.


            - O que foi? – assustou Gabriel.


            - E o que você falou?


            - Nada.


            - Quanta ingenuidade, Gabriel – riu
Carla, logo correndo na direção de um grupinho de meninas, gritando.


            Gabriel chegou logo atrás,
cumprimentando cada garota – umas quatro – mas sem o mesmo entusiasmo de Carla.


 


´´´´


           


            O pequeno apartamento estava um
pouco bagunçado, com roupas amontoadas pelos cantos, sapatos espalhados, e as
sobras da pizza que fora o jantar da noite passada em cima da mesinha de
centro.


            - Papai – chamou num bocejo um
garoto exíguo, de cabelos castanhos e desleixados, e a estampa do sono em seu
rosto. – Papai!


            O homem a quem o garoto chamava
resmungou.


            - O que foi?


            - Estamos atrasados.


            - Que horas são?


            - 6h30.


            O homem arregalou os olhos de
repente.


            - Como?! – despertou.


            - 6h30.


            - Estamos atrasados! – exclamou,
levantando num pulo.


            - Como se eu não soubesse – o garoto
bocejou novamente, calmo.


            - Você tem que estar na escola às
7h00, Heitor.


            - Eu sei.


            - E o que você está fazendo aí
parado? Vamos nos aprontar.


           


            Eram 6h45 quando o pai de Heitor
saiu com o carro do estacionamento do prédio. O homem estava metido num smoking
meio amarrotado e batucava no volante, demonstrando sua ansiedade.


            - Você está me deixando nervoso com
esses batuques, sr. Rogério.


            - Oh, desculpe – pediu o homem,
contraindo as mãos.


            O sinal abriu e Rogério acelerou.


            Em poucos minutos, para ser exato
6h58, Heitor descia do carro e rumava na direção do portão.


            - Atrasado novamente, Heitor –
analisou o porteiro.


            - Como sempre, sr. Lourival, a culpa
é do meu pai. Ele dorme demais, e se não fosse eu, ainda estaríamos dormindo –
respondeu, acrescentando um riso. – Tenha um bom dia.


            - Você também, Heitor.


           


´´´´


 


            No fim das contas o sinal tocou às
07h15. E o portão fora fechado às 07h20.


            Os atrasados tiveram sorte nesse
dia.


            E então, de onde Otávio, Renata,
Bruno, Carla e Heitor estavam, eles saíram para o início de mais um ano
escolar.



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Autor(a): lemond

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • misterdumpet Postado em 10/08/2011 - 11:57:07

    Nesta Segunda Feira 15/08 , estreia DESVIO DE CONDUTA, uma webnovela que vai fazer você compreender que ser bom ou ser mau é uma questão de opinião. http://www.e-novelas.com.br/?q=webnovela&id=12089


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