Fanfic: Uma reviravolta ? - TERMINADA *--*

Capítulo Oito – Dulce Narrando

Quando eu,
Mai, Annie, Poncho e Christian chegamos ao cinema, a fila estava enorme. Poncho
e Chris se candidataram a comprar os ingressos e nós compraríamos as cocas e
pipocas. Minha cabeça começava a doer com o barulho de conversas e risadas das
pessoas em volta, mas nada falei. Mai e Annie conversavam sobre como tinha sido
a negociação da minha casa. Annie queria saber de tudo, e ficou chocada ao
saber que eu disse aquilo para Christopher.

- Mas,
espera um pouco... quais foram suas palavras exatas? – perguntou ela excitada.
Antes que eu respondesse Mai disse as palavras decoradas de tanto repetir.

- “Eu só não quero a memória dos meus pais
enterrada junto com a sua vida depois que casar com ela!”.

- Oh My God! Sério que você falou isso Dul? UAU,
você sabe o que fez parecer para eles, não sabe?

- Não fiz
parecer nada Annie. Apenas que eu não quero que ele e a vadia da Sophia vão
morar na minha casa! – disse, olhando para fora. – Eu vou na Boutique da mãe da
Sarah. Não demoro, preciso falar com ela.

- Tudo bem.
Vamos entrar, mas guardamos um lugar pra você, ok?

- Ok.

Acenei para
os garotos, e sai. Atravessei a rua, e em vez de ir até a boutique, do outro
lado da rua, dobrei a esquina. Sabia que tinha um parque por ali, e precisava
respirar o ar da noite. Minha cabeça estava cheia e ainda mais os barulhos de
dentro do salão principal do cinema me deixaram atordoada. Respirei fundo e
atravessei a rua novamente, indo até o parque. Achei um banquinho e me sentei.
Cansada, eu levantei o rosto para o céu, sentindo o vento frio penetrar meus
cabelos espessos e escuros, também meu rosto e minhas roupas. A garoa super
fina pinicava meu rosto de uma forma deliciosa.

- Hm...
muuuuiito booniitaaa vooocê! – assustada abri meus olhos e encarei o homem á
minha frente. Era um morador de rua, vestindo trapos sujos e emporcalhados.

Levantei num
pulo e tentei me afastar, mas sua mão grande e suja me agarrou o pulso, e por
mais incrível que pareça não conseguir me afastar mais, sendo impedida por ele.
Ele sorriu, desdentado e me puxou para si. Estava começando a fora desesperada.
O parque estava vazio aquele horário, e com o frio... Ninguém estava por perto,
e eu não conseguia raciocinar direito. Senti as lágrimas quentes e salgadas
contra os meus lábios, percebendo que estava chorando de desespero.

Meu único
impulso foi gritar!

-
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – gritei desesperadamente,
e alto. O homem se assustou, mas não afrouxou seus braços em minha cintura.
Comecei a esmurrá-lo no peito para que se afastasse, mas não surtiu tanto
efeito. Até que de repente ele se afasta de mim, e eu me vi no chão, no meio
das flores do parque, já molhadas pela chuva que começara a cair.

Meu rosto
estava banhado pelas lágrimas e logo meus cabelos estavam banhados pela chuva.
O quente das lágrimas com o frio da chuva me ajudou a respirar com calma. Mas,
me assustei novamente, com braços que me ergueram pela cintura, me ajudando a
levantar, mas no desespero comecei a bater no peito da pessoa novamente,
achando que era o homem novamente. Não tinha mais muitas forças para
continuar...

- Ei...
shhh, calma. Ei, Dul! Shh, calma! – percebi que era conhecido, uma voz
masculina, mas não identifiquei. Respirei fundo e as lágrimas continuaram
rolando. Me deixei ser arrastada até o banco novamente, que agora estava um
tanto molhado pela chuva, mas minhas roupas não estavam tão diferentes.

Ele me puxou
para seus braços e eu me apoiei sobre ele, encostando minha cabeça em seu
peito. Os soluços estavam mais espaçados agora, mas misturava-se com a chuva.

- Vamos sair
da chuva, você vai ficar gripada. – ele resmungou, mas eu quase não ouvi. Senti
ele me levantar novamente e me levar aos trancos e barrancos para longe dali.

Logo
estávamos de baixo de uma marquise de uma loja, onde estava seco. Ainda estava
atordoada, mas minha mente começou a raciocinar. Eu conhecia aquela voz, eu
sabia disso. Aquela voz nunca me foi estranha mas... Sim, era ele!

Os braços
dele estavam á minha volta, me segurando em pé. Meu corpo estava em choque e
ele sussurrava coisas tranquilas como “vai ficar tudo bem” “shhh, não se
preocupe”. Eu coloquei a mão em seu peito e tentei me afastar. Minha visão
estava se adaptando ao escuro que estava debaixo da marquise, mas logo eu
consegui ver seus traços fortes e delineados. Eu tinha certeza que era ele.

- Dul, ei,
se acalme, ok?

- Chris...
Uckermann, se afaste! – eu consegui colocar minha voz, um tanto de força pelo
menos.

- Dul... ei,
você não consegue nem ficar em pé! – ele disse calmo, como se eu não tivesse
dito nada.

- Uckermann,
se afaste. – repeti, com mais força, encarando-o nos olhos, assim que minha voz
se firmou e minha visão clareou. Ele me encarou igualmente e senti um lampejo
de dor passar por seus olhos mas logo passou.

- Pare de me
chamar de Uckermann. Odeio isso, e você sabe.

- Não, não
sei. Você não é mais o mesmo de antes! – consegui tirar seus braços da minha
cintura e dei dois passos para trás, firmando meu equilíbrio.

- Dul, você
ta toda molhada. Vem aqui. Acho que tem um hotel por aqui...

- Uckermann.
Não! Eu tenho a minha vida. Eu tive que reconstruí-la, e não vou deixar que
ninguém venha para destruir novamente.

- Dul, o que
diabos você esta falando?

- Éramos
crianças Christopher, apenas crianças, mas todos têm sentimentos, e no pior
momento da minha vida, meu melhor amigo simplesmente não pareceu no colégio
aquele dia, e depois no outro, e no outro... Como você acha que eu fiquei?

- Dulce...
eu tinha a minha vida! Eu tenho a minha vida! – ele retrucou, não acreditando.

- Eu também
tinha a minha. Eu tinha. Pois essa que esta aqui na sua frente não é a mesma!

- Não é
mesmo. É mais fria, e arrogante.