Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu fiquei pensando no que ele havia me dito por muito tempo até decidir que me preocuparia com isso quando chegasse a hora. Maite até agora fora uma ótima pessoa, bastante prestativa e gentil o que me fizera pensar se ela realmente tivera culpe sobre esse tal evento ocorrido no semestre passado.

Assisti ao resto das aulas sem mais nenhuma novidade, acompanhei o fluxo de alunos que seguiam para a saída e já nos portões de entrada ouvi alguém me chamar.

— Oi. –Ele disse sorrindo. Ele estudava na minha sala, tinha 22 talvez 23 anos, estava sempre vestido impecavelmente com roupa despojada e seu cabelo loiro cuidadosamente arrumado para que parecesse despenteado. –Anahí, certo?

Eu confirmei com a cabeça e esperei ele se apresentar, talvez ele pensasse que eu já soubesse seu nome, mas como continuei em silencio se apresentou.

— Sou Thomas, mas pode me chamar de Tom.

— Hm, prazer em conhecê-lo. –Disse sem graça e curiosa ao mesmo tempo;

— Então, Any. Posso te chamar de Any? –Ele perguntou, mas não esperou resposta e continuou. –Você é muito bonita, a mais bonita da nossa sala eu diria, por isso eu vim aqui te chamar para almoçarmos juntos.

A melhor palavra para descrever o que eu sentia naquele momento era: Choque. Eu nem ao menos conseguia discernir se ele só estava querendo brincar com minha cara ou me ofender porque aquilo passou longe de ser um elogio.

— Já estava cansado de tanto esperar. –Disse uma voz próxima ao meu ouvindo causando arrepios por todo o meu corpo. Gritei de susto ao mesmo tempo em que me afastava, mas Alfonso foi mais rápido e me prendeu junto ao seu corpo, o rosto a centímetros do meu. –Que cruel Anahí, fazendo um homem esperar tanto por você. E quanto a você. –E com um olhar assassino voltou-se para Thomas. –E quanto a você, não fale com minha mulher com tanta confiança, moleque.

— Pr... Professor Herrera. –Thomas perdera toda a confiança de antes, deu um passo atrás querendo por mais distancia entre ele e a aura assassina de Alfonso.

— Tem mais alguma coisa para dizer?

— De... De repente lembrei que tenho coisas pra fazer! Tenho que ir!

E em menos de cinco segundos ele sumiu de vista, batendo o recorde mundial com certeza. Eu nem havia percebido que ainda estava nos braços de Alfonso quando ele saiu me puxando em direção ao estacionamento da faculdade.

— Eu tiro os olhos de você por um minuto e você já está a flertar com outros homens!

Ele abriu a porta do carro com força, mas as mãos que me ajudaram a entrar no carro foram extremamente gentis.

— Desculpe, mas eu não lembro em que momento isso se tornou da sua conta. E quem te deu o direito de dizer que sou sua mulher?! –Disse abrindo a porta do carro pra sair. Eu não ia ficar a sós num carro com ele, não mesmo.

— No carro!  -Disse sério enquanto fechava novamente minha porta e dava a volta no carro para entrar.

Eu permaneci quieta. Eu não queria enfrentar esse novo Alfonso, não o conhecia direito, nem ao menos sabia do que seria capaz se decidisse descontar sua raiva em mim. Ele entrou e ao invés de ligar o carro encostou a cabeça no banco e ficou respirando fundo, tentando se acalmar.

— Desculpe. –Disse ele finalmente, já mais calmo.

— Esquece.

Apoiei a cabeça na janela e fiquei olhando sem prestar atenção  quando ele fez a manobra para sair do estacionamento. Eu não estava prestando muito atenção às casas pelas quais passávamos, as pessoas andando em seus carros ao nosso lado ou a pé pelas calçadas. Só conseguia ouvir o ribombar frenético do coração de Dulce, feliz por estar tão próxima a Alfonso, seu cheiro era mais intenso dentro do carro. Minhas mãos coçavam por tocá-lo. Era necessário usar de todas as minhas forças para não ergue-las e tocar a mão que estava pousada displicente em sua coxa.

Tão absorta estava que me assustei com a freada brusca de Alfonso, ele soltou um palavrão enquanto mudava a marcha e continuava a dirigir. Um motoqueiro havia cruzado um sinal vermelho quase se chocando conosco. O susto me fez olhar em volta e descobrir que eu não fazia ideia de para onde estávamos indo.

— Para onde está me levando? –Ele soltou um meio sorriso desviando os olhos da estrada rapidamente.

— Estava mesmo me perguntando quando você perguntaria isso.

— E então? –Insisti quando ele continuou calado.

— Venha comigo um momento. –Disse entrando na garagem de um condomínio e estacionando.

— Por que me trouxa para sua casa? –Se ele pensava que eu ia pra cama com ele novamente se enganava. Mas só esse pensamento me fez perder o fôlego e meu coração palpitar de expectativa.

Eu ia dizer isso a ele quando vi seu rosto. Estava cansado e triste. Vê-lo desse jeito partiu meu coração, eu queria abraça-lo até sua dor ir embora, mas me mantive firme no meu lugar. São as emoções de Dulce, disse a mim mesma, não sou eu!

— Ele... Sabe, quando Dulce morreu, Caio estava com ela no carro, ele não teve nenhum arranhão, os paramédicos disseram que foi um milagre, a passo que Dulce morreu no impacto. O carro ficou tão destruído que os bombeiros passaram duas horas para conseguir tirá-los das ferragens. Eu não consigo imaginar o inferno pelo qual ele passou. Desde então ele não disse uma palavra, não demonstra interesse em nada, eu não sei o que aconteceu, mas desde que ele te conheceu se vê diferente. Hoje ele desapareceu da creche. –Ele deu um sorriso sem humor. –Acho que estava tentando te procurar. Talvez você possa fazer com que o tempo parado de Caio se mova novamente. Por favor, você pode ir vê-lo?