Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu não quis tomar café da manhã, na verdade eu me arrumei o mais rápido que conseguir e quase fui correndo até a porta. Não olhei pra Alfonso ou pra Caio. Sabia que me dobraria aos seus desejos se continuasse naquela casa e antes mesmo que Alfonso pudesse preparar outra “armadilha” eu fugi.

Eu o evitava sempre que o via na faculdade, evitava cruzar caminho com ele e quando isso acontecia fugia antes mesmo que ele dissesse algo. Partia minha alma pensar em Caio, mas era melhor para ele. Eu não era sua verdadeira mãe, um dia ele entenderá isso e já não precisará mais de mim e Alfonso mais cedo ou mais tarde se cansaria, perceberia que eu não parecia em nada com sua falecida esposa. Logo eu me tornaria obsoleta para eles e temo que para mim, esquecê-los não seja tão fácil.

— Você tem andando muito triste ultimamente. –Maite me olhava preocupada.

Estávamos sentadas debaixo de um frondoso carvalho próximo ao pequeno muro que dividia o campus de saúde com o de exatas. Minhas duas ultimas aulas foram cancelas e Maite gazeou as duas ultimas dela para ficar comigo. Meu olhar estava fixo na janela do segundo andar, lembrando-se de um dia em que parecia ter ocorrido em outra vida.

— Nada é só que... –Parei. Eu não sabia se contava ou não para ela.

— É sobre o Professor Herrera? –Ela perguntou delicadamente, analisando minha reação ao nome dele e não ficou desapontada quando viu que acertou.

— Como soube? –Ela sorriu como se fosse a resposta fosse óbvia.

— Todos sabem o que aconteceu com Thomas no portão de entrada. –Gemi baixinho lembrando da cena. –E também... Depois daquele dia na sala de aula, ficou meio óbvio para todo mundo que ele está interessado em você.

— Que dia? –Perguntei horrorizada, com medo de saber a resposta.

— Você não soube? –Neguei com a cabeça. –Ele estava dando aula quando viu que três garotos estavam conversando por SMS e decidiu ler à conversa para toda a sala. No começo não era nada demais, falavam de um caloura de medicina e de uma aposta para ver quem a convidaria para sair, ao que ela dissesse sim venceria. Ainda não entendeu? –Ela perguntou impaciente quando eu não esbocei reação. –Essa garota era você. Quando ele soube de quem se tratava ficou louco, mandou os três para a direção, não via algo parecido a isso acontecer desde o primário. –Ela riu com gosto. –Ele conseguiu a suspensão dos garotos por três dias.

— E ficou por isso mesmo? –Perguntei. Meus olhos arregalados mostrando o horror que sentia. Alfonso conseguiu suspender três garotos só com isso?!

— Ah querida, parece que você não entendeu bem como as coisas funcionam por aqui. O Prof. Herrera é famoso, isso trás prestigio a faculdade, pessoas de diversos locais do país vem para essa universidade somente para ter aulas com ele. O que ele quer, ele consegue. E afinal você não é uma qualquer não é? Provavelmente é a garota mais rica daqui, eu conheço o diretor, ele é movido por dinheiro e você querida, o tem de sobra.

Ela sorriu como se pedisse desculpas pelo último comentário e eu dei de ombros não me importando, não era como se eu fosse ficar com raiva por ela dizer a verdade apesar de no fundo me incomodar um pouco pelo modo como ela disse.

— Mas então? Eu estou certa não é? Você não tem nada com o Prof. Herrera.

— Eu... Eu não sei. –Me vi dizendo, sem forças para mentir querendo colocar para fora tudo que eu estava sentindo. –Sabe, ele foi meu primeiro. –Eu tentei sorrir, mas o sorriso saiu deformado, as lagrimas caindo sem permissão. –E eu nem ao menos sei se isso significou alguma coisa para ele.

— Você. Você perdeu sua virgindade com aquele idiota?! –Ela quase gritou no meu rosto. Podia ver a raiva borbulhando por detrás de seus negros olhos. Ela deve ter percebido que me assustou, pois rapidamente se acalmou sentando-se sobre as pernas, com os olhos fechados, respirando fundo. –Como pôde? Você é muito melhor do que ele!

— Eu não sei se me classificaria como sendo superior a ele. –Aquela conversa estava tomando rumos estranhos.

— Viu! –Ela falou como se tivesse ganhado um ponto. –É isso que a faz superior, porque você o é e mesmo assim é humilde demais para admitir. Minha lógica é irrefutável. –Ela sorriu como se pusesse fim a uma brincadeira em que saiu ganhadora.

Eu estava confusa demais assimilando suas súbitas oscilações de humor para tentar rebater isso.

— Certo eh... certo. –Concordei sem saber com que e me levantei. –Vou na biblioteca pegar um livro de biofísica, você vem?

— Não querida eu já vou indo.