Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Capitulo um

Eu tive aquele sonho de novo. O sonho em que aquele homem
aparece... Eu tenho tido esses sonhos a mais de um ano e recentemente, quase todos
os dias. Deve haver algo errado comigo...

Aquele homem nos meus sonhos tinha olhos gentis, e também era
bonitinho. Ele parecia me amar muito e me fazia feliz em meus sonhos. Acho que
o chamei de Poncho... Aquele rosto me é tão familiar, mas não consigo me
lembrar. Afastei esses pensamentos da minha mente, realmente não era uma hora
boa para pensar nisso.

Parada em frente aos enormes portões de ferro de uma das mais
importantes universidades do país, eu tentava me convencer de que eu podia
fazer isso. Eu já não era mais a bonequinha de porcelana que vivia na última
prateleira.

Eu nasci com sopro no coração e a única cura seria fazer um
transplante, mas eu tinha muita de chance de morrer na mesa de cirurgia, por
isso meus pais se recusaram a autorizar o transplante. Como consequência disso,
passei boa parte de minha infância presa em uma cama.

Jamais estudei em um colégio ou brinquei com outras crianças,
pois os remédios me deixavam exausta. Minhas lições eram dadas por tutores que
vinham em horários desregulados dependendo de meu estado de saúde.

Quando completei dezoito anos e pude responder por mim mesma
decidi fazer a cirurgia. Tinha iguais chances de sobreviver e me aferrei a
isso. A operação foi um sucesso, mas a recuperação demorada. Um ano e meio
depois decidi sair de casa, pretendia trabalhar e pagar a faculdade, mas como
única condição para meus pais permitirem que eu fosse morar só era que
desistisse dessa ideia de trabalhar e que eles me dariam uma quantia mensal
para os gastos.

Apesar de meu pai possuir diversas empresas de importação eu
não me sinto bem aceitando essa mesada e pretendo trabalhar logo que for
possível. Mas antes disso, eu tenho que enfrentar o meu primeiro desafio.
Observei todos os jovens da minha idade, que passavam por mim em direção ao
enorme prédio da faculdade, sem me notarem. Era inicio de semestre e havia
muitos calouros como eu, deslocados e perdidos.

Eu não sabia o que fazer. Eu jamais havia estado em um lugar
com tantas pessoas antes e fiquei tentando me convencer de dar meia volta e
tentar de novo amanhã. Era exatamente o que eu ia fazer quando uma voz tão conhecida
e estranha ao mesmo tempo me imobilizou.

—Assustador não é? –O som
reverberou por todo meu corpo, o coração dando saltos de alegria em meu peito. Ele
parou a meu lado, me regalando um sorriso. As mãos nos bolsos da calça de seu
terno com alguns amassados. Sem gravata. Ele odeia usá-las.

—Ei! Herrera! Está
atrasado! –Um homem atarracado usando o uniforme de inspetor gritou.

Ele me deu um último
sorriso e caminhou na direção do inspetor.

—Meus alunos não vão
explodir a sala se eu me atrasar uns minutos.

—E por acaso não foi isso
que aconteceu no semestre passado? –Ele deixou essa passar com um de seus
sorrisos despreocupados e foi em direção a sua sala de aula.

Volte! Eu queria gritar.
Quem é você? Volte!

—É melhor você se apressar
se quiser pegar a primeira aula. –Disse o inspetor me arrancando de meu torpor.
–Você é a filha do Sr. Puente não é? Recebi recomendações especificas sobre
você. Estava te esperando.

Suspirei. É claro que
estava. Meu pai tinha bastante dinheiro para fazer até mesmo com que esta
universidade de prestigio se curve a seus caprichos.

—Aquele homem, quem era
ele? –Perguntei, ignorando o último comentário do inspetor.

—Você quer dizer Alfonso
Herrera, o dramaturgo? Ele está aqui como professor de literatura, começou esse
ano. Ele é mais ou menos como professor de celebridades...

Isso faz sentindo. Pensei
enquanto o inspetor continuava a despejar um balde de elogios a Alfonso
Herrera. Devo ter visto ele na TV antes. Hã? Aquela pessoa nos meus sonhos era
mesmo o Prof. Herrera?

Por causa do meu encontro
inesperado com o inspetor que não parava de falar acabei chegado atrasada na
primeira aula e fiquei vermelha de vergonha quando o professor chamou minha
atenção na frente de todos.

Me sentei na última fila e
me encolhi de vergonha. Todo esse ambiente era novo e eu estava tão nervosa com
a primeira vez que eu ia estudar com outras pessoas da minha idade que não
havia dormido bem na noite anterior e quando por fim cochilei tive sonhos bem
pervertidos com... Só em pensar nisso meu rosto fica púrpura.

Pensar sobre isso me fez
lembrar do que eu ouvi uma vez que se você sonha com uma celebridade
provavelmente você conhece ela. Não! Isso deve ser coincidência, mesmo que o
rosto seja parecido eu o chamei de “Poncho” em meus sonhos, não “Alfonso”. A
verdade é que eu gostaria que aquele cara dos meus sonhos existisse no mundo
real.

Em que eu estou pensado?!
Essa é a primeira vez eu não consigo prestar atenção nos estudos por causa de
garotos, mas também não é como se eu tivesse conhecido muitos, passei quase
dezoito anos presa a uma cama. Entre minha casa e o hospital não é como se eu
pudesse conhecer muita gente. Eu não culpo meus pais por isso, eu sei que se
recusaram a aprovar a cirurgia porque 
temiam me perder, mas eles não perceberam quando o amor deles se
converteu em uma prisão pra mim.

Por isso quando completei a
maioridade fiz a cirurgia apesar de saber do temor de meus pais, não aguentava
mais viver naquela prisão de remédios, exames dolorosos e dias solitários. Um
ano e meio após a cirurgia sai de casa, 
aluguei meu próprio apartamento. –Com o dinheiro deles, mas isso logo
mudará. –E entrei na faculdade de medicina. Quero me tornar Cardiologista
pediátrica! E tendo esse pensamento em mente resolvi prestar atenção na aula
(finalmente).

Mas era um assunto básico,
composição celular, vi isso a tempos. A voz do professor era monótona e me dava
sono, apesar da euforia do primeiro dia eu não conseguia me manter acordada,
apoiei a cabeça na mesinha...