Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

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—Alfonso eu estou te chamando! –Sorri olhando para o meu melhor amigo de infância. Ele levantou a cabeça distraído do menu do restaurante em que estávamos.

— Disse algo? –Perguntou distraído.

— Você precisa mesmo ler com tanto afinco um cardápio? –Debochei.

— Está tudo em francês aqui. Não podemos pedir um cardápio que esteja em nosso idioma pelo menos?

— Não. –Neguei enfaticamente. –Este restaurante é de Christopher, Alfonso! É sua inauguração, tenha paciência!

Sorri enquanto o humor de Alfonso só piorava quando pedia uma comida e essa vinha em minúsculas porções, menores do que o normal pensei disfarçando um sorriso, certa de que Christopher estava fazendo de propósito.

— Eu vou na cozinha. –Ele disse de mau humor. –É melhor ele me dar comida de gente e do tamanho normal se não quiser que eu perca certos anéis no dia.

Ele saiu me deixando confusa com o comentário. Anéis?

Mas não precisei esperar muito para descobrir quando uma orquestra no restaurante começou a tocar uma música romântica e de terno e gravata, saindo da cozinha Christopher caminhou em minha direção, se ajoelhando tirou uma pequena caixa de seu bolso...

— Você quer se casar comigo?

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— É um menino. –O médico disse, mostrando no ultrassom a pequena imagem do meu bebê de cinco meses. Olhei para Christopher emocionada, sua mão apertava firme a minha, olhando fixamente para o seu filho no monitor.

Eu estava tão feliz...

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Mais imagens me assaltaram, lembranças de Caio, do seu primeiro dentinho, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, momentos felizes de Dulce, Christopher e seu filho.

— Chega! –Gritei aos prantos. Meu coração doía, minha cabeça latejava, era demais para mim. Mas as imagens continuaram passando vívidas em minha mente.

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— Eu não acredito que você esqueceu minha lingerie no banheiro do hotel! –Gritei furiosa assim que chegamos a casa e eu percebi que estava faltando coisas na minha mala.

Eu só pedira isso a ele! Pegue minha calcinha e sutiã que deixei no banheiro e coloque na mala Caio chorava desesperado por atenção e eu tentava acalmá-lo enquanto falava com um atendente da recepção do hotel excepcionalmente lerdo que se recusava a entender que a viagem que estava programada para dois dias teria que ser cancelada porque Caio estava com febre.

Mal passamos uma noite no hotel e Caio pegara uma febre alta e estava muito enjoado, então decidimos cancelar as férias que havíamos programados a mais de meses atrás. E eu cuidara de tudo para partimos, só havia pedido que ele guardasse esses dois itens na mala e ele esqueceu.

— Não precisa ficar tão chateada por conta de uma lingerie, compre outra e esqueça.

— Não vou deixar uma calcinha minha usada num banheiro de hotel! E se algum tarado a encontrar! –Grite horrorizada com pensamento que me ocorreu.

— Eu não acredito...

Eu nunca cheguei a saber o que ele ia dizer, ele tombou diante de mim e minha vida feliz virou cinzas.

Christopher foi levado as pressas para o hospital, os médicos me disseram que ele tinha cardiomiopatia causada por um vírus, que ele provavelmente já tinha isso por anos, mas só agora se manifestou e que precisava de um transplante de coração.

Eu não queria me separar dele em nenhum momento, Alfonso viera no mesmo instante e se oferecera para ficar cuidando de Caio. Eu quase desabei de tanta gratidão. Ele era um primo distante de Christopher, sua única família e meu único amigo a quem eu confiaria meu filho. Quando Caio nasceu Christopher e eu decidimos dar a guarda de Caio a Alfonso caso algo acontecesse conosco, nenhum dos dois possuía parentes próximos o suficiente para confiarmos a guarda do menino. E naquele instante eu sabia que tínhamos feito a coisa certa.

E eu esperei. Esperei por meses que algum doador compatível aparecesse, mas ele nunca veio.

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— Para, por favor para! –Chorei encolhida no chão, a dor de Dulce se misturando com a minha, se intensificando. Por que eu tinha que ver isso?! Para que?!

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— Você disse que queria ficar comigo para sempre e eu aceitei, me pediu em casamento e eu disse sim, você queria uma família e eu te dei um filho! O que mais eu preciso te dar?! Eu te dei tudo o que eu tinha, tudo o que você queria! E é assim que você me agradece? Eu te odeio! Eu te odeio! –Bati com força na lápide de granito. Gritando de dor e desespero.

Por que ele teve que me deixar sozinha?!

— Por que você foi embora sem mim? Nós íamos juntos, lembra! –Bati mais uma vez, sem força nenhuma, desabando sobre a lápide. –Você prometeu. Disse que morreríamos juntos, como o casal d’O diário de uma paixão.

E ali, sentada em frente a lápide dele eu chorei, chorei até não ter mais lágrimas em meus olhos, até não ter mais forças para soluçar, até que a única coisa que eu conseguia fazer era respirar. Eu não choraria mais por ele, eu ainda tinha um filho dele. Um pedacinho dele que ainda estava vivo e precisava de mim.

— Christopher... –Falei com a voz rouca erguendo a mão e tocando seu nome em alto relevo. –Eu prometo que quando eu morrer doarei meu coração, assim outra pessoa vai poder viver aquilo que nós não terminamos. Ela poderá ter um final feliz com seu amor... Quem sabe...