Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu ignorei todos os sinais até ser tarde demais, mal havia começado a primeira aula quando me chamaram a sala do diretor, mas foi quando eu me levantei que eu percebi que Alfonso tinha razão e eu deveria ter permanecido deitada, a febre piorara e eu sentia minha cabeça pesada.

Fui até a sala do diretor curiosa e ao mesmo tempo temerosa, repassando todos os meus atos da última semana pensando se havia feito alguma coisa errada. Bati na porta e entrei. Estanquei na entrada quando vi meus pais sentados confortavelmente no sofá do diretor que parecia estar bastante nervoso com a presença deles. Não tive mais tempo para registrar mais do que isso, quando minha mãe me viu entrando ficou de pé imediatamente e correu para me abraçar.

— Mamãe está me sufocando. –Disse tentando afastá-la um pouco para respirar.

— Desculpa Annie. –Ela se afastou, enxugando uma lágrima que se formara em seus olhos com um lenço de tecido, não de papel, daqueles bordados a mão com as suas iniciais. –É que faz tanto tempo que não nos víamos.

Me aproximei e dei um beijo em meu pai, aparentando estar calma, como se aquela fosse uma visita meramente social, o que eu sabia que não era.

— Então... O que os trazem aqui?

Papai me indicou que eu me sentasse no sofá a sua frente, enquanto minha mãe voltava para seu lugar, ao lado dele.

— Ouvi historias. –Ele começou. Sua voz grave e ressoante cheia de autoridade natural. –De que você está vivendo com seu professor.

Meu rosto ficou vermelho involuntariamente. Eu estava com vergonha, mas também estava com raiva.

— O senhor está me vigiando? –Perguntei horrorizada. Dessa vez, foi o meu pai quem ficou sem graça.

— Bom... Annie, docinho. Vo-Você é minha única filha, tenho que zelar pelo seu bem. E também...- Ele foi cortado no meio da frase quando uma batida na porta o interrompeu e Alfonso entrou no escritório.

— Mandou me chamar diretor? –Ele olhou a cena com curiosidade, me fazendo uma pergunta muda do que estava acontecendo. Virei o rosto achando que já tinha gente demais naquele circo.

— E-Esse é o professor de quem estávamos falando. –O diretor os apresentou retirando um lenço de seu paletó e enxugando a testa soada.

— HÁ! –Meu pai soltou ao examiná-lo. –Eu conheço você!

Aconteceu o que eu mais temia. Me no sofá querendo que a terra me tragasse. Isso não podia estar acontecendo comigo! Por favor não diga o que eu estou pensando! Por favor não diga!

— Veja Beatrice quem é! –Ele apontou Alfonso com o dedo para minha mãe que ajeitando os óculos com mão o olhou mais de perto e lentamente a compreensão invadiu seu rosto.

— Mas é Alfonso Herrera! Ahhh! –Ela soltou um gritinho esganiçado como se fosse uma adolescente e eu me perguntei não pela primeira vez, por que eu me levantei hoje?

— Lemos todos os seus livros. –Meu pai falou encantado. –Minha esposa e eu somos seus fãs.

E o que estava destinado a ser um mar de sangue se tornara uma conversa amigável. Meus pais entabularam uma conversa sobre cada um dos livros de Alfonso e tentaram arrancar cada vírgula do próximo livro. Alfonso se sentou ao meu lado descontraído e eu parecia ser a única a notar seu braço em torno de mim acariciando meu braço distraidamente. Irritava-me o modo como ele me arranjava qualquer desculpa para me tocar.

Afinal o que eu era para ele? Um passatempo? Uma substituta de um amor não correspondido? Uma conveniente mãe para seu filho? Ele não me dizia nada sobre o futuro e eu tampouco perguntaria.

Ele conversaram pelo que me pareceu ser uma eternidade até meu pai receber uma ligação do escritório e a contra gosto ele pôs fim a conversa, mas antes que ele se levantasse o diretor interrompeu.

— Espere, e quanto ao assunto que os trouxe aqui? Sua filha está morando com um professor da universidade. –Ele disse quase mordaz. Pelo visto ter sido ignorando não fez nada bem para seu ego.

— Sim! –Meu pai se recompôs. –Verdade! O que pretendem fazer a respeito?

— Ah, quanto a isso não se preocupe Sr. Portillo, nós já estamos fazendo os preparativos para o casamento. –Ele disse assim, normal. Como se estivesse discutindo o clima, quase saiu como: Amanha vai fazer sol, acho que vou fazer um churrasco no quintal.

— Por que está dizendo isso?! –Gritei irritada. Como ele pode tratar dessas coisas de maneira tão casual? Ele estava fazendo novamente, preparando sua teia e esperando pacientemente que sua presa se enrole nela. Me levantei já não suportando ficar mais sentada, mas o fiz rápido demais, com toda a tensão em que estava não havia percebido que a febre subira, perdi o equilíbrio e teria desabado no chão se mãos fortes não tivessem me segurado.

— Por que você nunca me escuta? –Ele falou me colocando no colo. –Quantas vezes mais isso terá que acontecer até que passe a me ouvir? –Encostei a cabeça em seu ombro cansada.

— Alfonso. –Chamei baixinho.

—Hm? –Perguntou, já estávamos indo para a enfermaria, meus pais logo atrás nos seguindo.

— Idiota. –Ele sorriu, atribuindo isso a alta febre.

— Certo. Agora durma. –Foi uma ordem que eu não tive problema nenhum em obedecer e antes de chegarmos a enfermaria eu adormeci em seu braços.